A Memória e a Identidade da Comunidade Linha Jacaré em Cândido de Abreu/PR

A Memória e a Identidade da Comunidade Linha Jacaré em Cândido de Abreu/PR

Document information

school

Universidade Estadual de Maringá

major História
year 2023
place Cândido de Abreu
document_type projeto de graduação
language Portuguese
pages 58
format | PDF
size 2.07 MB
  • Identidade
  • História
  • Territorialização

summary

I. Processos de Territorialização

A análise dos processos de territorialização na comunidade Linha Jacaré revela a complexidade da formação social e cultural da região. A ocupação inicial, marcada pelo desaparecimento das populações indígenas, contrasta com a recente ocupação por posseiros, caboclos e imigrantes. A partir da segunda metade do século XX, uma nova identidade emergiu, refletindo a interação entre diferentes grupos sociais. O estudo dos ciclos econômicos, especialmente o ciclo da madeira e da suinocultura, é fundamental para entender a formação da identidade regional. A lógica camponesa, resultante do contato com diversas culturas, também desempenha um papel crucial na construção dessa identidade. A pesquisa, através de entrevistas na modalidade de história oral, busca levantar questões sobre as origens da comunidade e sua identidade regional.

1.1 A Importância da História Oral

A metodologia da história oral é essencial para capturar as narrativas dos primeiros moradores da comunidade Linha Jacaré. Essa abordagem permite uma compreensão mais profunda das experiências vividas e das memórias coletivas. As entrevistas revelam a valorização dos sujeitos que habitavam o território, incluindo caboclos, imigrantes e indígenas. A história oral não é apenas um instrumento de pesquisa, mas uma forma de dar voz a grupos sociais frequentemente marginalizados. A sistematização das entrevistas possibilita a construção de um conhecimento que respeita a diversidade e as raízes culturais da comunidade.

II. Formação da Comunidade

A formação da comunidade Linha Jacaré está intimamente ligada à Colônia de Thereza Cristina, estabelecida em 1847. Sob a liderança de Jean Maurice Faivre, a colônia buscou implementar um modelo de cooperativismo, mas a superlotação levou à formação de novas comunidades ao redor. A exploração da madeira, realizada por serrarias, foi um fator determinante para o desenvolvimento econômico da região. A presença de imigrantes e a lógica produtiva camponesa moldaram a estrutura social, onde as mulheres desempenhavam papéis fundamentais na agricultura e na manutenção da vida comunitária. A cultura popular, expressa em festas e bailes, também é um aspecto importante da identidade local.

2.1 A Exploração da Madeira

A exploração da madeira na comunidade Linha Jacaré, especialmente pela serraria dos irmãos Buhrer, foi um marco na história local. A extração de pinheiros e a formação de pastagens para gado transformaram a paisagem e a economia da região. O trabalho manual, realizado por indígenas e imigrantes, destaca a interdependência entre os grupos sociais. A narrativa de Tibúrcio de Jesus Pontes ilustra a vida cotidiana e os desafios enfrentados pelos trabalhadores, revelando a riqueza da experiência humana em meio à exploração econômica.

III. Identidade e Memória Coletiva

A identidade da comunidade Linha Jacaré é construída a partir de uma memória coletiva que abrange a presença indígena, a imigração e as relações sociais. A miscigenação entre caboclos e imigrantes é um tema recorrente nas entrevistas, evidenciando a complexidade das interações sociais. A colônia de Tereza Cristina, embora não tenha alcançado os resultados esperados, contribuiu para a formação de uma nova história na região. A luta pela terra e a resistência dos grupos sociais são aspectos centrais na construção da identidade local, refletindo as tensões e as transformações ao longo do tempo.

3.1 A Luta pela Terra

A questão da terra é fundamental para entender as dinâmicas sociais na comunidade Linha Jacaré. A posse da terra, muitas vezes adquirida de forma irregular, gerou conflitos e tensões entre os grupos. A narrativa de Dona Arlete destaca a luta dos pequenos agricultores contra a exploração e a marginalização. A relação entre os imigrantes e os caboclos, marcada por preconceitos e desigualdades, revela a complexidade das interações sociais. A memória coletiva, portanto, é um elemento vital para a construção da identidade e para a compreensão das lutas históricas da comunidade.

document reference

  • A colonização do território paranaense e o dinamismo dos municípios da frente Norte (ALMEIDA, Ana Claudia Silva)
  • Estudo toponímico do Caminho do Peabiru: contribuição ao resgate da história do Paraná (ANANIAS, A.C.C.S. ZAMARIANO, M.)
  • A madeira na economia paranaense (LAVALLE, Ainda Mansani)
  • Posseiros, grileiros e latifundiários: A luta pela posse da terra em Porecatu (1950) (STECA, Lucinéia Cunha)
  • História do Paraná (WACHOWICZ, Ruy C.)