Análise das Comunidades Árabes Muçulmanas em Foz do Iguaçu e a Securitização da Tríplice Fronteira

Análise das Comunidades Árabes Muçulmanas em Foz do Iguaçu e a Securitização da Tríplice Fronteira

Document information

school

Universidade Federal do Paraná

major Ciências Sociais
year 2023
place Foz do Iguaçu
document_type trabalho de conclusão de curso
language Portuguese
pages 196
format | PDF
size 2.41 MB
  • Comunidades Árabes
  • Securitização
  • Tríplice Fronteira

summary

I. Introdução

A análise da construção social da ameaça terrorista islâmica na Tríplice Fronteira é fundamental para entender as dinâmicas sociopolíticas que afetam as comunidades árabes-muçulmanas. A Teoria da Securitização oferece uma perspectiva que considera o contexto, a disposição psicocultural das audiências e as relações de poder entre os atores securitizadores e as audiências. O trabalho conclui que, embora não tenha havido uma securitização efetiva da ameaça pelo Estado brasileiro, a iniciativa promovida pelo governo dos EUA e endossada pela mídia teve consequências negativas para essas comunidades. A pesquisa se baseia em entrevistas semi-estruturadas e análise de documentos, permitindo uma compreensão mais profunda das mobilizações e articulações das audiências locais.

II. A Construção da Ameaça

A construção da ameaça terrorista na Tríplice Fronteira é influenciada por discursos que associam as comunidades árabes-muçulmanas a atividades ilícitas. A análise revela que a securitização implica a adoção de medidas emergenciais, mas a resposta dos Estados variou ao longo do tempo. A presença de discursos hegemônicos, especialmente do governo dos EUA, moldou a percepção pública e institucional sobre a segurança na região. A narrativa de que a Tríplice Fronteira é um 'santuário' para o terrorismo é contestada por evidências que mostram a falta de atividades terroristas concretas. A pesquisa destaca a importância de entender como esses discursos afetam a vida cotidiana das comunidades árabes-muçulmanas.

III. Impactos nas Comunidades Árabes Muçulmanas

As comunidades árabes-muçulmanas em Foz do Iguaçu enfrentam pressões veladas resultantes da securitização. As entrevistas revelam que, desde a década de 1970, essas comunidades têm sido alvo de discriminação e vigilância. A paranoia gerada após os atentados de 11 de setembro intensificou essas pressões, levando a um ambiente de medo e desconfiança. A presença de figuras políticas como a vereadora Anice Gazzaoui é crucial para a representação e defesa dos direitos dessas comunidades. No entanto, as retaliações e a criminalização de práticas culturais e religiosas continuam a ser um desafio significativo.

IV. A Securitização e suas Consequências

A securitização da Tríplice Fronteira, embora não formalmente reconhecida, tem implicações profundas para as comunidades árabes-muçulmanas. A pesquisa mostra que a narrativa de uma ameaça terrorista associada a essas comunidades resulta em ações discriminatórias e na criminalização de suas atividades. A análise das políticas de segurança revela que a falta de evidências concretas de terrorismo não impede a perpetuação de estigmas. A necessidade de um diálogo mais inclusivo e a promoção de políticas que respeitem os direitos humanos são essenciais para mitigar os efeitos negativos da securitização.

V. Conclusão

A análise das comunidades árabes-muçulmanas na Tríplice Fronteira revela a complexidade da securitização e suas consequências sociais. A pesquisa destaca a importância de uma abordagem crítica que desafie as narrativas hegemônicas e promova a inclusão. A construção social da ameaça terrorista deve ser reavaliada à luz das realidades vividas por essas comunidades, que buscam não apenas a sobrevivência, mas também a dignidade e o reconhecimento em um contexto de crescente vigilância e discriminação. A promoção de um entendimento mais nuançado sobre a segurança e a identidade é crucial para o futuro dessas comunidades.

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