
Arte, Caos e Complexidade
Informações do documento
Autor | Marta Riera Noceras |
instructor | Prof. Doutor José Filipe Moreira Rocha da Silva (Professor Auxiliar da Universidade de Évora) |
Escola | Universidade de Évora |
Curso | Mestrado em Artes Visuais/Intermédia |
Tipo de documento | Dissertação |
Local | Évora |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 30.92 MB |
Resumo
I.A União entre Arte e Ciência Um Novo Paradigma
Esta tese investiga a intersecção entre arte e ciência, buscando superar a histórica cisão entre essas duas culturas. O objetivo é estabelecer uma ponte, explorando as interconexões entre elas, sem, no entanto, buscar uma fusão completa (sintopia). A pesquisa analisa como conceitos científicos, como a física da cor (Newton), a química de pigmentos, a teoria da relatividade (Einstein), e a física quântica influenciaram movimentos artísticos como o Impressionismo, o Cubismo e o Abstracionismo (Kandinsky, Mondrian). A tese argumenta que a complexidade dos sistemas, a auto-organização e a dinâmica não-linear são conceitos cruciais para entender a criatividade tanto na arte quanto na ciência.
1. A proposta de união entre arte e ciência.
A tese propõe uma análise da intersecção entre arte e ciência, buscando superar a histórica separação entre esses campos. O objetivo não é fundi-las numa única disciplina (sintopia), mas sim estabelecer uma ponte, explorando as interconexões e sinergias entre elas. Essa união é vista como um novo paradigma para o conhecimento, permitindo que novas descobertas em um campo alimentem e expandam o outro através de uma espécie de 'membrana seletiva'. O trabalho reconhece o risco de ser acusado de não dominar totalmente nenhuma das áreas, mas defende a importância de trabalhar no limiar entre elas para revelar novas perspectivas e compreensões.
2. Influências da ciência na arte ao longo da história.
A tese demonstra a influência de conceitos científicos no desenvolvimento da arte, apresentando exemplos concretos. Os estudos da física sobre a cor, liderados por Newton, e os avanços na química de pigmentos e aglutinantes são destacados como fatores cruciais na evolução da pintura. A lei da complementaridade das cores influenciou os Impressionistas, enquanto a Teoria da Relatividade de Einstein, com sua modificação da concepção de espaço-tempo, impactou indiretamente o Cubismo de Braque e Picasso. No início do século XX, a cisão do átomo influenciou o trabalho dos primeiros abstracionistas, como Kandinsky e Mondrian. Essa influência mostra a permeabilidade da arte à inovação científica e a interdependência entre esses campos, apesar de sua aparente separação.
3. Limites da razão e o papel da intuição.
A tese reconhece os limites da razão e da lógica científica na compreensão da realidade. Há uma parte do mundo real que escapa a essa compreensão, devido à sua irredutibilidade. A ciência, apesar de seu rigor, não está isenta de erros, e a sua abordagem frequentemente focada na razão pode ser considerada estreita. Para expandir a compreensão do mundo, a tese defende a importância da intuição, da arte, da filosofia e da espiritualidade como meios para explorar os aspectos da realidade que escapam à lógica estrita e científica. A busca não é pelas respostas em si, mas por um novo modo de olhar para si mesmo, uma introspecção que lança nova luz sobre as preocupações e medos humanos.
4. A ciência contemporânea e a compatibilidade material humana.
A ciência moderna, com sua objetividade e foco no palpável, tem demonstrado a compatibilidade material do ser humano com o resto do mundo vivo. Nossa composição orgânica e inorgânica é semelhante à de outros seres vivos, e compartilhamos 99% do genoma com chimpanzés. Essa proximidade genética questiona a ideia de uma superioridade humana inata e levanta a questão sobre o que nos diferencia dos outros seres vivos. A metáfora bíblica do pecado original, relacionada à árvore do conhecimento do bem e do mal, é usada para ilustrar metaforicamente a complexidade desta questão existencial e a busca por entender a nossa singularidade.
II.O Homem no Mundo Inserção e Hierarquia
A tese discute a visão antropocêntrica do homem no mundo ocidental, onde ele é frequentemente posicionado no ápice de uma hierarquia vertical. Em contraste, propõe uma visão mais horizontal, reconhecendo a proximidade genética do homem com outros primatas (99% de similaridade com chimpanzés). A questão da sobrenaturalidade humana e o que nos diferencia de outros seres vivos são explorados, utilizando a metáfora do pecado original como ponto de partida para a discussão da evolução humana.
1. Visão antropocêntrica versus concepção horizontal da existência humana.
A seção inicia questionando a visão antropocêntrica predominante no mundo ocidental, que coloca o homem no topo de uma hierarquia, acima de todos os outros seres vivos. Essa perspectiva é contrastada com uma concepção horizontal, onde o homem estaria em pé de igualdade com outras espécies animais. A tese argumenta que a forte expansão humana e seu domínio sobre a natureza (domesticação de animais e plantas, extinção em massa de espécies, mudanças climáticas) levaram a essa crença na superioridade humana. A imagem tradicional do homem criado à imagem e semelhança de Deus, modelado da argila e insuflado com a essência divina, exemplifica essa visão hierárquica e vertical. No entanto, a seção prepara o terreno para uma abordagem alternativa, desafiando essa hierarquia.
2. A proximidade genética com outras espécies e a questão da sobrenaturalidade humana.
A proximidade genética entre humanos e chimpanzés (99% de similaridade no genoma) é apresentada como um contraponto à visão de superioridade humana. Essa similaridade, que nos coloca próximos na árvore filogenética, questiona a ideia de uma separação abissal entre humanos e outras espécies. A tese então formula a questão central: onde reside a nossa suposta 'sobrenaturalidade'? O que nos distingue dos demais seres vivos? Para explorar essa questão, a seção recorre à metáfora bíblica do pecado original, onde a maçã oferecida por Eva a Adão, proveniente da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, resultou na expulsão do Paraíso. Essa metáfora é utilizada para ilustrar a complexidade e a ambiguidade da condição humana e a busca pela definição de nossa singularidade.
3. A busca pela ordem e o estabelecimento de leis no mundo.
A seção destaca a necessidade inerente ao ser humano de estabelecer ordem, entendida como a disposição de elementos segundo critérios reconhecíveis. Essa busca pela ordem implica a redução de uma multiplicidade ilimitada à unidade ou a uma multiplicidade limitada, passando do indeterminado ao determinado. Desde o início de sua existência, o homem tentou estabelecer leis que regem o mundo, buscando expressar as causas por trás dos fenômenos observados e atribuir sentido à existência humana. A relação antagônica, mas complementar, entre a simplicidade dos modelos humanos e a complexidade do mundo real é enfatizada como um motor da busca por conhecimento e compreensão. A capacidade inventiva e adaptativa humana, que resultou na fabricação de ferramentas e criação de sistemas controláveis, demonstra essa busca por domínio e ordem.
III.Determinismo Caos e Sistemas Complexos
A tese explora a transição de um modelo científico baseado em sistemas dinâmicos lineares e determinísticos (Laplace, Demiurgo Determinístico) para um entendimento que integra sistemas complexos, caos e fractais (Mandelbrot). O conceito de entropia é revisado, dando lugar ao conceito de estado estacionário em desequilíbrio. A tese destaca a importância de modelos não-lineares e a influência de pensadores como Poincaré e Feigenbaum na compreensão de sistemas complexos e auto-organização. O trabalho também analisa o conceito de complexidade, contrastando-o com o reducionismo, e apresentando o pensamento complexo ou rizomático de Deleuze e Guattari como alternativa.
1. Da ciência clássica ao paradigma dos sistemas complexos.
A seção analisa a transição de um modelo científico clássico, baseado em sistemas dinâmicos lineares e determinísticos, para uma compreensão que integra sistemas complexos, caos e fractais. Na ciência clássica, a redução de fenômenos complexos a partes mais elementares era eficaz apenas em problemas com cadeias causais isoladas e poucas variáveis. Esses sistemas lineares e conservativos exibiam comportamento regular e previsível, com o todo sendo a soma das partes. Sistemas fora do equilíbrio, com transformações descontínuas, eram vistos como exceções ou aberrações. Entretanto, com o avanço da ciência, percebeu-se a inadequação deste modelo para explicar muitos fenômenos naturais, abrindo caminho para a compreensão de sistemas complexos.
2. O determinismo de Laplace e o surgimento da teoria do caos.
O princípio do Demiurgo Determinístico de Laplace, que postulava a previsibilidade completa do universo dado o conhecimento de seu estado inicial, é contrastado com o surgimento da teoria do caos. Henri Poincaré, ao tentar provar a estabilidade das órbitas planetárias (o problema dos três corpos), descobriu o comportamento caótico do sistema, fortemente dependente das condições iniciais. Essa descoberta desafiou a ideia de previsibilidade total e introduziu a noção de sistemas determinísticos, mas imprevisíveis. Sistemas caóticos apresentam irregularidade como parte intrínseca de sua dinâmica, mesmo sendo descritos por equações. A ordem e a desordem se entrelaçam, com a emergência de padrões e estruturas dentro do caos. A vida e a criatividade são vistas como emergindo nesse espaço entre ordem e desordem.
3. Sistemas não lineares entropia e estados estacionários em desequilíbrio.
A seção discute a mudança de paradigma trazida pelo conhecimento de sistemas não-lineares ou complexos, onde o todo não é a soma das partes devido à existência de interações mútuas. O conceito de entropia, inicialmente associado ao aumento da desordem no universo, é revisado, dando lugar à ideia de estados estacionários em desequilíbrio, mas equilibrados nos fluxos de energia e matéria. Esses sistemas abertos, comuns na natureza, mantêm suas propriedades de auto-permanência e auto-organização através de membranas que regulam o intercâmbio de matéria, energia e informação. A luta constante contra a degradação e a morte é característica desses sistemas abertos, que se mantém em regime estacionário através do equilíbrio de seus inputs e outputs.
4. Fractais e a geometria da irregularidade na natureza e na arte.
A seção introduz os fractais, formas geométricas complexas e detalhadas que mantêm um certo grau de regularidade em diferentes escalas de ampliação, como a auto-semelhança. Benoit Mandelbrot é mencionado por sua contribuição ao estudo de fractais e sua aplicação na representação geométrica de formas irregulares na natureza (nuvens, costas, rios, etc.). A dimensão fractal permite quantificar o grau de irregularidade constante através de diferentes escalas. A auto-semelhança é explorada como um conceito presente em diferentes escalas do universo, desde átomos até galáxias. A seção conecta essa ideia à obra de artistas como Hokusai e Leonardo da Vinci, mostrando a presença de estruturas complexas e fractais em obras de arte, particularmente na Action Painting de Jackson Pollock.
IV.A Arte na Era da Complexidade
A discussão se volta para a arte contemporânea, caracterizada pela pluralidade de estilos e abordagens, incluindo o minimal art e o land art. A tese argumenta que a auto-referencialidade do artista (autolatria) não é suficiente para a inovação artística, sendo necessária uma abertura ao jogo livre e a exploração de novas tecnologias e meios de expressão. A complexidade na arte é analisada através de exemplos como a action painting (Jackson Pollock), destacando a irregularidade e a estrutura fractal em obras artísticas.
1. Novas tecnologias e a mudança abrupta no conceito de arte.
A seção discute como novas tecnologias, métodos de reprodução e meios de expressão causaram uma mudança radical no conceito de arte. A sucessão vertiginosa de estilos artísticos, com tendências opostas coexistindo (como o minimal art, que utiliza materiais industriais, em oposição ao land art, que trabalha com materiais naturais), demonstra essa transformação. Nos últimos anos, observa-se uma busca intensa por novas formas de expressão, impulsionada pela necessidade de renovação constante para combater o tédio e a indiferença. A arte contemporânea é apresentada como eclética, multifacetada, às vezes vazia de conteúdo, outras vezes pluri-significante, refletindo a complexidade da sociedade moderna.
2. A crise da racionalidade e a necessidade de um novo paradigma.
A seção aborda a suposta crise atual das ciências, das artes e da racionalidade em geral, argumentando pela necessidade de um novo paradigma de cientificidade. O aumento do ceticismo em relação ao progresso e a perda de credibilidade dos sistemas de pensamento que buscam dar sentido às realidades sociais são destacados. O conhecimento, historicamente concebido como uma árvore com ramos que se ramificam a partir de um tronco comum, é comparado com um modelo alternativo. Este modelo alternativo é descrito como uma rede ou sistema rizomático, não hierárquico, com múltiplas conexões, entradas e saídas, permitindo a contínua evolução do conhecimento para níveis mais complexos. A complexidade, nesse novo paradigma, não é um fundamento, mas um princípio regulador que considera a realidade do tecido fenomenal onde nos encontramos.
3. O processo criativo como sistema complexo.
A criação de uma obra de arte é comparada a um sistema complexo, utilizando o exemplo da pintura figurativa. O processo iterativo de construção da obra, partindo de formas globais e adicionando detalhes gradualmente, é análogo ao trabalho científico. O pensamento do pintor é comparado ao do cientista, ambos em jogo livre, partindo de uma origem e desenvolvendo formas cada vez mais definidas. A obra de arte é apresentada como uma ordem generativa, com hierarquias dinâmicas e não rígidas, em contraste com a ordem de uma máquina onde o todo é simplesmente a soma das partes. A conclusão de uma obra é vista como uma transição de fase, um ponto de coerência interna onde qualquer modificação pode destruir o trabalho realizado.
V.A Vida como Sistema Complexo
A tese examina a vida como o exemplo mais complexo de sistema conhecido, desafiando a segunda lei da termodinâmica e questionando a visão reducionista. A evolução biológica, particularmente a teoria da seleção natural de Darwin, é analisada à luz dos sistemas complexos e da auto-organização. A importância da regulação genética e das macromutações na evolução é discutida. O surgimento da engenharia genética e suas implicações éticas e sociais também são abordadas.
1. A vida como sistema complexo desafio à segunda lei da termodinâmica.
A seção apresenta a vida como o sistema mais complexo conhecido, desafiando a segunda lei da termodinâmica. Organismos vivos demonstram ordem e intencionalidade (manutenção da vida) apesar das adversidades externas, um paradoxo em relação ao aumento da entropia previsto pela segunda lei. A visão reducionista de um ser vivo como uma máquina, com harmoniosa coordenação interna de órgãos e funções, é contrastada com a realidade de sua fragilidade material. Seres vivos são compostos de matéria extremamente perecível, similar aos elementos constituintes do resto do universo, diferenciando-se apenas pela sua combinação e inter-relação. A complexidade da vida reside nessa interação intrincada e não na resistência de seus componentes.
2. Evolução e seleção natural um processo de auto organização.
A teoria da seleção natural de Darwin é revisitada sob a ótica dos sistemas complexos. A mudança dos seres vivos é explicada como um processo de auto-organização, onde mutações conferem características diferenciadas, influenciando a performance do indivíduo no ambiente. A transmissão dessas características à descendência leva a uma retroação sobre a composição genética da população, resultando em mudanças graduais das espécies. A tese aponta para uma visão mais complexa do processo evolutivo, além da seleção natural, com a regulação genética e a ocorrência de macromutações como fatores importantes. A domesticacão de espécies é utilizada como exemplo de seleção artificial, comparada com a seleção natural como processos que atuam em diferentes escalas temporais.
3. Complexidade e auto organização em sistemas biológicos.
A seção destaca a complexidade e auto-organização em diversos níveis dos sistemas biológicos. A regulação da expressão gênica, com genes sendo ativados ou desativados em função do histórico e das interações com células vizinhas, é apresentada como exemplo da complexidade intrínseca do ADN, que vai além de um simples programa. A organização social de insetos sociais (abelhas, térmitas), sem uma inteligência central, demonstra a emergência de comportamentos globais a partir de pequenas forças individuais. Fenômenos como ciclos circadianos, sincronização de populações, ritmos temporais, e dinâmicas de predador-presa são citados como exemplos de auto-organização em ecossistemas. A complexidade da vida se manifesta em múltiplos níveis, desde a estrutura de um cristal até a organização social e aprendizagem.
4. A evolução humana e o papel da macromutação.
A evolução humana é discutida focando no aumento da capacidade craniana, postura ereta e características neotênicas como consequências de adaptações evolutivas que foram, inicialmente, desvantagens adaptativas. O aumento da capacidade craniana gerou um incremento do gasto energético e modificações esqueléticas. A postura ereta dificultou a fuga de predadores e o parto. A redução do número de descendentes, associada ao longo período de maturidade, também é destacada. Apesar dessas desvantagens, essas características permitiram um incremento no período de aprendizagem e antecipação a circunstâncias mutáveis. A tese propõe que a evolução humana foi mais dependente de mudanças na regulação do ADN e macromutações, particularmente o aumento progressivo da curvatura do esfenóide, que influenciou diversos aspectos da morfologia humana, desde a postura ereta ao aumento do volume cerebral.
VI.Bioarte Uma Intervenção Artística na Vida
Finalmente, a tese explora a bioarte e seu potencial para questionar o conceito de vida, a ética da tecnologia e as implicações da ciência na sociedade. Projetos como os da SymbioticA (Oron Catts, Ionat Zurr, Guy Ben-Ary) e outros são mencionados como exemplos de arte que trabalham com sistemas vivos, levantando questões éticas e confrontando o público com temas polêmicos.
1. Bioarte questionando a semi vida e a vida parcial.
A seção introduz a bioarte como uma forma de arte que questiona o conceito de semi-vida ou vida parcial, através da criação de esculturas colonizadas por células vivas. A SymbioticA, instituição fundada em 2000 por Oron Catts, Ionat Zurr, Guy Ben-Ary, Miranda D. Grounds e Stuart Bunt na University of Western Australia, é apresentada como um exemplo de instituição dedicada a este tipo de trabalho. O projeto se concentra em explorar os limites entre o vivo e o não-vivo, desafiando as convenções tradicionais da arte. A bioarte utiliza sistemas vivos como meio de expressão artística e investigação, levando a reflexões éticas e filosóficas sobre a natureza da vida e a manipulação biológica.
2. Projetos de Bioarte exemplos de intervenção artística na vida.
A seção descreve alguns projetos de bioarte criados pela SymbioticA, como exemplos de intervenção artística em sistemas vivos. O projeto Pig Wings (2002) e Wings Project (2000-01) são mencionados como exemplos. Outros trabalhos notáveis incluem o Disembodied Cuisine (cultura de bifes em laboratório a partir de células de rã) e o Fish & Chips Project (um braço robótico que desenha com canetas coloridas, controlado por impulsos elétricos gerados por neurônios de peixe em cultura). Esses projetos ilustram a capacidade da bioarte de criar obras provocativas que questionam os limites éticos e morais da ciência e tecnologia. A bioarte questiona não só os conceitos científicos, mas também a relação entre o ser humano, a tecnologia e a própria vida, instigando reflexões sobre as implicações das novas tecnologias na sociedade.
3. A bioarte como crítica social e questionamento ético.
A seção destaca o papel da bioarte como crítica social, mesmo que alguns trabalhos sejam considerados chocantes, antiéticos ou amorais (envolvendo morte de animais, questões sobre eutanásia, aborto, tráfico de corpos). O artista, neste contexto, assume o papel de crítico da sociedade, questionando as práticas sociais e as implicações das novas tecnologias e da ciência. Embora algumas intervenções artísticas possam ser reprováveis, o texto defende que a bioarte serve como forma de provocar um choque, gerar debates e questionar assuntos que podem colocar em risco a saúde humana, o meio ambiente e a própria existência. O texto finaliza alertando para os perigos da concentração de avanços tecnológicos nas mãos de grandes empresas.