
Darwinismo: Evolução e Condição Humana
Informações do documento
Autor | Viviane Balbinot Tussi |
instructor | Paulo Afonso Hartmann, Dr. |
Escola | Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS |
Curso | História da Ciência |
Tipo de documento | Monografia |
Local | Erechim |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 514.93 KB |
Resumo
I.A Teoria da Evolução de Darwin Uma Visão Geral
Este estudo bibliográfico analisa a Teoria da Evolução de Darwin, focando na seleção natural como mecanismo principal da evolução. A obra seminal, "A Origem das Espécies", revolucionou o pensamento científico ao propor a origem comum de todas as espécies, incluindo o homem, que compartilha um ancestral comum com os símios, desafiando a visão teleológica e sobrenatural predominante. A viagem de Darwin a bordo do navio Beagle foi crucial na coleta de dados que fundamentaram sua teoria, influenciada também pelas ideias de Lyell (geologia) e Malthus ("luta pela existência"), além do legado de seu avô, Erasmus Darwin, naturalista. O avanço da genética e da biologia molecular corroboram a evolução.
1. A Revolução Darwiniana e a Mudança de Paradigma
O trabalho apresenta um estudo bibliográfico sobre a teoria evolucionista darwiniana, destacando sua importância para a compreensão do mundo natural e sua influência na mudança da posição do homem. Inicialmente, descreve a visão teleológica de mundo, baseada em uma origem sobrenatural e um propósito final. A publicação de "A Origem das Espécies", no século XIX, marcou uma revolução no pensamento, substituindo a visão sobrenatural por uma perspectiva naturalista. A seleção natural é apresentada como o mecanismo fundamental da evolução, ocorrendo ao longo das gerações. Darwin propõe também a origem comum das espécies, deslocando o homem de sua posição privilegiada e mostrando sua relação ancestral com os símios. O desenvolvimento da genética e da biologia molecular fornecem evidências adicionais para a compreensão da natureza biológica humana e suas similaridades e diferenças com o comportamento animal, ressaltando a capacidade humana de associação de ideias e construção de conhecimento.
2. Influências na Formulação da Teoria de Darwin
A formulação da teoria de Darwin foi influenciada por diversos fatores, sendo a viagem de cinco anos a bordo do navio Beagle crucial para a coleta de dados sobre animais e plantas. O trabalho de Charles Lyell em geologia contribuiu para o entendimento da imensidão do tempo geológico. As ideias de Thomas Malthus sobre a "luta pela existência" também influenciaram a concepção da seleção natural. A influência familiar, particularmente a de seu avô, Erasmus Darwin, naturalista, também desempenhou um papel importante. A pesquisa ressalta a complexa rede de influências que contribuíram para a construção da teoria da evolução, mostrando que a obra de Darwin não surgiu no vácuo, mas foi produto de um contexto histórico e científico específico.
3. A Teoria da Evolução e o Questionamento da Visão Sobrenatural
Com o avanço da ciência moderna e o desenvolvimento da teoria da evolução, a visão sobrenatural como explicação para os processos biológicos passou a ser questionada. A ciência, aberta a novos fatos e hipóteses, contrasta com a teologia, que apresenta um certo grau de inviolabilidade. A capacidade da ciência de testar e refutar hipóteses é fundamental, ao contrário da busca por explicações metafísicas e espirituais pela teologia. A curiosidade e o desejo de compreender o mundo são os motores da ciência, buscando entender e interferir nas forças e recursos naturais, ao passo que a visão religiosa apresentava uma explicação estática do mundo, contrastando com a dinâmica da seleção natural.
4. A Evolução Humana Evidências e Processos
O estudo da evolução humana se iniciou com observações de semelhanças morfológicas entre homens e macacos. O gênero Homo, ao qual pertence a espécie humana, originou-se dos australopitecinos, fósseis africanos. O bipedalismo e o aumento do tamanho do cérebro foram fundamentais no processo de humanização. Antes de Darwin, a visão predominante era de um mundo recente e imutável, com espécies criadas separadamente e sem parentesco. O ser humano era visto como separado do mundo natural, superior a ele. Darwin, com sua teoria, alterou essa perspectiva, mostrando a origem comum das espécies e a inserção do homem no processo evolutivo.
5. Darwin e a Seleção Natural Mecanismos e Resistências
A proposição da seleção natural por Darwin encontrou resistência devido a ideologias dominantes como o criacionismo, o reducionismo, a teleologia, o essencialismo e o fisicalismo. O livro de Malthus, “Ensaio sobre o princípio da população”, forneceu subsídios teóricos para a teoria de Darwin, explicando como a taxa de aumento populacional é limitada por fatores como doenças, acidentes e escassez de recursos. Darwin, como naturalista, utilizou métodos comparativos, observação e experimentação para construir sua teoria, buscando evidências no passado. Ele enfatizou a função seletiva do ambiente, modificando a compreensão do papel ambiental no século XIX. Embora seu trabalho revolucionário tenha impactado profundamente a ciência, a teoria de Darwin também enfrentou resistências significativas por desafiar as crenças vigentes na época.
II.Lamarckismo e as Bases da Teoria Darwiniana
Antes de Darwin, Jean-Baptiste de Lamarck já havia proposto uma teoria evolucionista, baseada no uso e desuso de órgãos e na herança de caracteres adquiridos (Lamarckismo). Embora suas hipóteses fossem diferentes, o trabalho de Lamarck contribuiu para o desenvolvimento da teoria darwiniana, fornecendo um contexto para a compreensão da transformação dos seres vivos ao longo do tempo a partir de ancestrais primitivos. A principal diferença é que Darwin focou na seleção natural como motor da mudança, enquanto Lamarck enfatizou a adaptação individual como fator principal de evolução. A teoria da evolução é tema de debate ainda hoje.
1. Lamarck e sua Teoria Evolucionista
Antes da teoria de Darwin, Jean-Baptiste Lamarck, naturalista francês, já havia proposto uma teoria evolucionista. Lamarck buscou explicar o mecanismo do processo evolutivo dos seres vivos, postulando as teorias do uso e desuso dos órgãos e da transmissão dos caracteres adquiridos. Segundo Lamarck, as modificações nos seres vivos ocorriam devido a uma tendência natural de complexificação e uma interação dinâmica entre os organismos e o ambiente. Uma alteração no ambiente exigia aumento ou diminuição do uso de partes do corpo, modificando sua estrutura. Essa nova característica, se as condições persistissem, repetia-se em novas gerações, fixando-se e transmitindo-se aos descendentes. Frezzatti Junior (2011) destaca que o trabalho de Lamarck foi a primeira grande tentativa de construir uma teoria ampla sobre a modificação dos seres vivos, identificando que estes se desenvolveram a partir de ancestrais primitivos. Contudo, Caponi (2007) propõe uma interpretação diferente, sugerindo que as modificações não são respostas às exigências do meio, mas recursos para enfrentar as circunstâncias.
2. Lamarckismo vs. Darwinismo Diferenças e Influências
A teoria darwiniana, baseada em um modelo variacional de mudança, difere do Lamarckismo. Na visão darwiniana, uma população modifica-se não porque cada indivíduo passa por desenvolvimentos paralelos durante a vida, mas sim porque existe variação entre os indivíduos, e algumas variantes produzem mais descendentes que outras (Lewontin, 2000 apud Caponi, 2005). Embora menos evidente, a teoria lamarckiana contribuiu para a história da ciência e para a edificação da teoria darwiniana. Darwin, inclusive, considerou o princípio da hereditariedade dos caracteres adquiridos, proposto por Lamarck, como necessário para explicar a formação de espécies, mesmo admitindo a importância da seleção natural. A diferença crucial reside na ênfase: Lamarck na modificação individual e Darwin na variação dentro de populações e na seleção natural como o mecanismo principal de mudança evolutiva. A contribuição de Lamarck, apesar de suas limitações, forneceu um importante passo na construção do pensamento evolucionista.
III.A Origem Comum e a Seleção Natural
Darwin observou a diversidade de tentilhões nas Ilhas Galápagos, deduzindo que uma única espécie ancestral poderia gerar diversas espécies descendentes (origem comum). A seleção natural, um dos pilares da teoria da evolução, explica como as variações favoráveis são preservadas, enquanto as desfavoráveis são eliminadas, conduzindo à adaptação ao ambiente. Darwin baseou-se no princípio malthusiano da "luta pela existência", inferindo que a competição por recursos limitados impulsiona a seleção natural. A sobrevivência não garante a transmissão genética; a reprodução bem sucedida é vital. A seleção natural atua ao longo de gerações, modificando populações, não indivíduos isoladamente. A seleção natural é um processo chave na evolução das espécies.
1. A Origem Comum Evidências da Viagem do Beagle
Darwin propôs e defendeu a origem comum das espécies baseando-se em observações realizadas durante sua viagem a bordo do navio Beagle. Observando os tentilhões (Geospiza spp.) das Ilhas Galápagos, Darwin percebeu semelhanças morfológicas entre as espécies das ilhas e uma espécie continental. Essa observação levou à dedução de que uma espécie poderia produzir espécies descendentes, postulando que cada grupo de organismos derivava de um ancestral comum. Mayr (2008) destaca essa observação como fundamental para a construção da teoria da origem comum. A viagem do Beagle, portanto, não foi apenas uma jornada geográfica, mas um marco crucial na formação do pensamento evolucionista de Darwin, fornecendo evidências empíricas para a sua teoria.
2. A Seleção Natural Mecanismo da Evolução
A seleção natural, segundo Darwin, explica o mecanismo pelo qual a evolução ocorre. Essa proposição enfrentou resistência, confrontando ideologias como o criacionismo e a teleologia. Darwin, baseado no aumento exponencial de populações, sua estabilidade vegetativa e a limitação de recursos, inferiu que haveria competição entre indivíduos ("luta pela existência"). Essa competição, aliada à variabilidade entre indivíduos e hereditariedade da variação, levaria à sobrevivência diferencial e, ao longo das gerações, à evolução. Mayr (2008) aponta que a sobrevivência sozinha não garante a contribuição genética para a próxima geração; atributos reprodutivos são igualmente importantes. A seleção natural é, portanto, um processo que ocorre ao longo de uma sequência de gerações, sendo atualmente aceita como o processo responsável pela evolução, selecionando as características que maximizam a capacidade reprodutiva.
3. Gradualismo e Extinções em Massa
A teoria de Darwin postula um gradualismo na evolução, embora reconheça a ocorrência de eventos raros de extinções em massa. Para Darwin, essas extinções, relacionadas a impactos de asteroides, eventos tectônicos, mudanças climáticas, etc, são sobrepostas ao ciclo normal de variação e seleção. As espécies que sobrevivem a essas catástrofes formam populações fundadoras, adaptando-se a novos ambientes e trilhando novos caminhos evolutivos. A ênfase no gradualismo, no entanto, tem sido questionada ao longo da história da biologia evolutiva, com a descoberta de eventos de especiação rápida, que representam desafios à visão original de Darwin.
4. Influências e Publicação da Teoria
Darwin demorou a publicar sua teoria, buscando provas significativas e uma explicação clara do mecanismo da evolução. A leitura de Malthus forneceu a chave para entender a "luta pela existência" como agente da seleção natural. O medo de que Alfred Russel Wallace, co-descobridor da seleção natural, o antecipasse também motivou a publicação. A teoria de Darwin, apesar de sua originalidade, teve antecipações, com destaque para a influência de seu avô, Erasmus Darwin, um evolucionista que já discutia ideias relativas às mudanças na natureza ao longo do tempo, contribuindo, assim, para o contexto intelectual que permitiu a formulação da teoria de seleção natural. A complexa interação entre as ideias de Darwin e o contexto sociocientífico da sua época reforça a natureza histórica do conhecimento científico.
IV.A Evolução Humana Do Australopithecus ao Homo Sapiens
A evolução humana, estudada a partir de achados fósseis como o Homem de Neandertal e o Homo erectus (descoberto por Dubois em Java), mostra a origem do gênero Homo a partir dos australopitecinos. A postura ereta, o aumento do tamanho do cérebro, e a mudança da dieta (para carnívora) foram fatores cruciais na hominização. Mudanças climáticas na África também influenciaram a evolução dos hominídeos, que se adaptaram à savana. A descoberta do fogo contribuiu para a fabricação de ferramentas. A evolução humana é um processo complexo, moldado por fatores genéticos e ambientais.
1. Evidências Fósseis e a Origem do Gênero Homo
O estudo moderno da origem dos hominídeos inicia-se com a descoberta do Homem de Neandertal em 1849. Por quarenta anos, os fósseis encontrados eram apenas de Homo sapiens ou neandertais. Em 1892, Dubois encontrou o Pithecanthropus erectus em Java, e posteriormente, o Homem de Pequim na China (1921). Esses achados, combinados com fósseis africanos, levaram à classificação da espécie Homo erectus (Mayr, 2008). O gênero Homo, ao qual pertence a espécie humana, originou-se dos australopitecinos, fósseis africanos. O bipedalismo e o aumento do tamanho do cérebro foram fatores cruciais nesse processo de humanização, evidenciando uma evolução gradual a partir de ancestrais comuns. A descoberta de diferentes espécies de hominídeos ao longo do tempo forneceu evidências para o entendimento da complexa linha evolutiva humana.
2. A Postura Ereta e o Desenvolvimento do Cérebro
Sigmund Freud sugeriu que a postura ereta reorientou nossos sentidos, desvalorizando o olfato e estimulando a visão e a estimulação sexual, favorecendo a civilização. A liberação das mãos para manipulação também influenciou o aumento da inteligência. Entretanto, antropólogos não consideram cérebro e postura totalmente independentes, apontando que a postura obteve mudanças mais rápidas que o cérebro, sendo a liberação das mãos o principal fator para o crescimento evolutivo do cérebro (Freud apud Gould, 1999). Karl Ernst Von Baer (1828 apud Gould, 1999) e G. E. Smith, um século depois, enfatizaram a importância do desenvolvimento cerebral na diferenciação entre homens e outros animais, considerando a postura ereta e a linguagem como consequências desse desenvolvimento, e não como causas.
3. Influências Ambientais e o Surgimento do Homo
A evolução do Homo a partir dos australopitecinos foi influenciada por mudanças climáticas, principalmente a aridez na África, levando-os a se adaptarem à savana e a hábitos carnívoros. A descoberta do fogo auxiliou os primeiros hominídeos na confecção de ferramentas, uma vez que se tornaram bípedes terrestres com braços mais curtos e pernas mais longas. O aumento do tamanho do cérebro foi a característica mais marcante do gênero Homo. Essas mudanças foram fundamentais no processo de hominização (Mayr, 2005). A adaptação a um ambiente em transformação, portanto, teve um papel significativo na moldagem das características físicas e comportamentais do gênero Homo.
4. Neodarwinismo e a Perspectiva Genética
As ideias de Richard Dawkins, um dos principais neodarwinistas, destacam a evolução em nível de genes ou genoma. Dawkins defende que os genes são transmitidos através das gerações, influenciando a forma e o comportamento dos seres. Ele critica a teleologia e o finalismo na natureza, negando a ideia de perfeição e propósito na vida. Para Dawkins, a seleção natural é um princípio cósmico, atuando em todos os lugares onde existe vida. Ele também ressalta a possível raridade da vida no universo, uma vez que não há evidências de sua existência em outros planetas (Fabian, 2009). A visão genética da evolução enfatiza a importância dos mecanismos de herança na transmissão de características e na adaptação ao longo do tempo.
V.A Evolução Humana e o Comportamento Natureza e Cultura
Darwin argumentou que não há diferença fundamental entre a mente humana e a dos mamíferos superiores, ressaltando a importância dos estudos comparativos de comportamento. Embora compartilhemos características com animais, a capacidade de raciocínio e a construção de conhecimento nos diferenciam. A evolução humana envolveu tanto a evolução biológica quanto a cultural. A vida social, a busca por recursos e a adaptação ao ambiente influenciaram o desenvolvimento comportamental. O bipedismo impactou a maternagem, aumentando a dependência infantil e estimulando o crescimento do cérebro. A evolução cultural e a hereditariedade moldam o comportamento humano, incluindo as emoções. Darwin aborda isso em "A expressão das emoções nos homens e animais".
1. A Natureza Humana Similaridades e Diferenças com os Animais
Darwin, em sua obra "A descendência do homem", afirma que não há diferença fundamental entre o homem e os mamíferos superiores em termos de faculdades mentais (Darwin, 1871 apud Lima, 2009). Isso não significa igualdade, mas sim a possibilidade de estudos comparativos. A ausência de diferença fundamental indica que o homem não ocupa uma posição especial, compartilhando muitas características com outros animais. Homens e animais compartilham instintos naturais e capacidade de aprender, modificando seu comportamento pela experiência (Darwin, 1952 apud Mattos, 2007). A distintividade humana, embora presente, é vista como uma consequência inevitável do processo evolutivo, não como uma separação ontológica (Darwin apud Howard, 2003). A comparação com animais, portanto, ajuda a elucidar a natureza humana dentro do contexto evolutivo.
2. Evolução Cultural e a Integração em Grupos
A evolução humana também envolveu um processo de evolução cultural, principalmente em relação à integração do grupo. Hábitos terrestres levaram à formação de grupos maiores para proteção e busca eficiente de recursos. Isso resultou em um grupo-alvo de seleção, onde mudanças comportamentais e psicológicas facilitaram a sobrevivência, prosperidade e sucesso reprodutivo (Mayr, 2008). Características como receptividade sexual contínua das fêmeas, ovulação sem sinais externos, desenvolvimento da menopausa e extensão da expectativa de vida, ausentes em macacos, são exemplos dessa evolução cultural e sua interação com a seleção natural. A cultura, portanto, moldou e continua moldando a evolução humana em conjunto com os fatores genéticos.
3. A Influência do Ambiente e as Emoções
O ambiente natural e cultural influenciam profundamente o comportamento humano, incluindo as emoções, muitas das quais são compartilhadas com animais, como raiva, medo e alegria (Lima, 2009). Darwin, em "A expressão das emoções nos homens e animais", argumenta que as expressões emocionais são produto do processo evolutivo. A universalidade dessas expressões sugere uma divergência recente de um ancestral comum para todas as raças humanas (Darwin, 1872 apud Maia, s.d.). A espécie humana é influenciada por fatores hereditários e culturais, com valores individuais resultantes de tendências inatas e aprendizado (Mayr, 2008). A aquisição de comportamentos ocorre principalmente pela observação de membros do grupo cultural, mas a capacidade de comportamento ético sofre influência hereditária.
4. Os Três Princípios de Darwin para a Expressão das Emoções
Darwin identifica três princípios para a maioria das expressões e gestos involuntários em humanos e animais: o princípio dos hábitos associados úteis (ações que, repetidas, tornam-se habituais); o princípio da antítese (expressões opostas a ações opostas); e o princípio da ação direta do sistema nervoso (expressões resultantes da excitação nervosa). Esses princípios demonstram a ligação entre biologia e comportamento, mostrando que expressões emocionais não são arbitrárias, mas sim frutos de processos fisiológicos e adaptativos. A compreensão desses princípios contribui para a interpretação do comportamento humano em um contexto evolutivo, mostrando a continuidade entre o humano e o animal no que diz respeito à expressão emocional.
VI.Conclusão O Legado de Darwin e a Teoria da Evolução
A Teoria da Evolução de Darwin, baseada na seleção natural e na origem comum, continua relevante para a compreensão da diversidade biológica e da evolução humana. Apesar da resistência inicial, especialmente por desafiar visões teleológicas e sobrenaturais, a teoria é hoje amplamente aceita pela comunidade científica, sustentada por evidências da genética e biologia molecular. Darwin, influenciado por seu avô, Erasmus Darwin, e por outros pensadores como Lyell e Malthus, legou uma visão mecanicista da natureza, superando a explicação divina, mostrando que a evolução é um processo contínuo e adaptativo.
1. O Legado Científico de Darwin e sua Influência
Este estudo sobre a teoria da evolução de Darwin, apresentada em "A Origem das Espécies", demonstra sua importância contínua para o entendimento da natureza e da diversidade biológica. A visão mecanicista da natureza proposta por Darwin desmistificou a criação divina e a visão teleológica finalista. A evolução, sob o prisma darwiniano, demonstra que as espécies possuem ancestrais comuns e evoluem, permanecendo as melhor adaptadas ao ambiente, reproduzindo-se e transmitindo suas características ao longo das gerações. A teoria encontrou resistência, principalmente em relação à seleção natural e por retirar o homem de sua posição privilegiada. Atualmente aceita pela comunidade científica, ainda enfrenta resistência em setores da sociedade, sendo surpreendente a persistência da invocação da fé para explicar fenômenos naturais, mesmo diante da contribuição científica de Darwin.
2. As Influências na Construção da Teoria de Darwin
A construção da teoria de Darwin foi influenciada por diversos fatores. Sua viagem como naturalista a bordo do navio Beagle permitiu observações e coleta de material biológico. Os estudos sobre as ideias de Lyell em geologia também foram cruciais. A influência familiar, especialmente de seu avô, Erasmus Darwin (um evolucionista com visão teleológica), é destacada. Darwin, mesmo sendo considerado um grande cientista, buscou embasamento em outras concepções para edificar sua teoria. A ideia de evolução já existia antes de Darwin, especialmente nas teorias de Lamarck, mas o mecanismo responsável pelo processo evolutivo — a seleção natural — foi edificado por Darwin, deixando um grande legado científico.
3. O Homem na Perspectiva Evolucionista Comportamento e Razão
A teoria da evolução de Darwin revolucionou a forma como o homem se vê, mostrando-o como uma espécie animal com características inatas e culturais. O comportamento humano pode ser comparado ao de outros animais, mas a razão possibilita aos humanos a aquisição de conhecimento através da associação de ideias e obtenção de conclusões, indo além do instinto ou repetição de fatos. A aquisição de características comportamentais assemelha-se à origem de novas espécies, com alguns comportamentos se diferenciando e sobressaindo em relação a outros. A obra de Darwin, portanto, impactou não apenas a biologia, mas também a compreensão da própria condição humana, integrando-a à dinâmica da evolução.