Uma Aproximação aos Sacramentos: Contributo de Schillebeeckx e Semmelroth

A encarnação do Filho de Deus é fundamental para a fé cristã. Ao contrário de outras religiões, onde a experiência do Divino é mais subjetiva, no cristianismo, Deus se torna visível através de Jesus. Ele é o Filho de Deus, que assume a natureza humana, exceto no pecado. A salvação da humanidade é possível através do encontro com este Deus encarnado. Bento XVI destaca que o início da vida cristã não é uma decisão ética, mas um encontro com uma Pessoa que transforma a vida. A corporeidade é essencial para a manifestação de Deus, e a Igreja é o mistério desse encontro através dos sacramentos. A pesquisa se originou de um seminário teológico sobre sacramentalidade, enfatizando a importância dos sacramentos como gestos de Cristo e a Igreja como sacramento original. A inquietação com a cultura atual, que desvaloriza o encontro pessoal, também motivou a pesquisa.

O trabalho é dividido em três capítulos. O primeiro capítulo analisa os pressupostos da teologia sacramental na eclesiologia do corpo de Cristo, utilizando a obra de São Tomás de Aquino. O segundo capítulo foca na aproximação teológica de E. Schillebeeckx e O. Semmelroth, explorando suas contribuições para a teologia sacramental. O terceiro capítulo busca elaborar uma síntese sistemática dos elementos discutidos anteriormente. A eclesiologia do corpo de Cristo é crucial para entender a relação entre Cristo e a Igreja, a visibilidade e a invisibilidade, e a diversidade de carismas. A compreensão do sinal sacramental é um pressuposto antropológico essencial para a economia sacramental.

E. Schillebeeckx e O. Semmelroth oferecem uma visão sacramental da Igreja. Schillebeeckx argumenta que a essência da religião é a relação pessoal entre o homem e Deus, enquanto Semmelroth destaca a Igreja como sacramento original. Ambos enfatizam que os sacramentos são gestos de Cristo que se realizam na Igreja. A Igreja é vista como um sinal eficaz da salvação, onde a graça de Deus se torna visível. A relação entre Cristo e a Igreja é mística, e a celebração dos sacramentos é um meio de aplicar os frutos da redenção. A importância do Espírito Santo é central, pois os sacramentos são ações do Espírito que tocam a vida dos homens.

Os sacramentos são gestos de Cristo realizados pela Igreja. Para serem válidos, devem ter origem em Cristo, serem formados por matéria e palavras, e ter a intenção do ministro. O Concílio de Trento afirma que os sacramentos comunicam a graça ao sujeito que não impõe obstáculos. A relação entre a Igreja e os sacramentos é vital, pois a Igreja não é apenas administradora, mas a raiz viva das ações sacramentais. A visão sacramental da Igreja é uma analogia entre os sacramentos e a Igreja, evidenciando a unidade entre a humanidade e a divindade. A Igreja é um sinal da unidade da humanidade e do cosmos, refletindo a presença de Deus no mundo.

A dissertação atualiza o contributo de E. Schillebeeckx e O. Semmelroth para a teologia sacramental. A sacramentalidade é central para a compreensão da relação entre Cristo e a Igreja. A Igreja é vista como o prolongamento do mistério de Cristo, onde os sacramentos são sinais que tornam presentes os gestos de Cristo. A visão mariana da Igreja é destacada, representando a atitude de acolhimento e resposta à graça. A reflexão sobre a sacramentalidade é relevante para o mundo contemporâneo, onde a Igreja se apresenta como um sinal de esperança e unidade, convidando a humanidade a um encontro com Deus.