A arte, um caminho possível? : a educação pela arte e o ensino de EMRC

Arte na EMRC: Um Caminho Pedagógico

Informações do documento

Autor

Sandra Da Silva Bartolomeu

instructor/editor Mestre Paulo Pires Do Vale
Escola

Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Teologia, Instituto Universitário de Ciências Religiosas

Curso Mestrado em Ciências Religiosas (Especialização: Educação Moral e Religiosa Católica)
Tipo de documento Relatório Final Da Prática De Ensino Supervisionada
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 4.35 MB

Resumo

I.A Pertinência da Educação Moral e Religiosa Católica EMRC no Século XXI

Este trabalho analisa a relevância da Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) num contexto de grandes transformações sociais. A EMRC, enquanto disciplina que promove a indagação existencial e a compreensão da dimensão religiosa da pessoa, contribui para a personalização e o desenvolvimento integral do aluno. O estudo contrasta a ênfase moderna em disciplinas científicas e racionalidade instrumental com a necessidade de uma educação que explore também o âmbito cultural e humanístico, incluindo a dimensão religiosa da experiência humana, e a busca pelo sentido da existência. A EMRC oferece uma chave de leitura da realidade a partir de uma perspectiva cristã, enriquecendo o leque de interpretações sem promover o endoutrinamento.

1. A Educação Moral e Religiosa Católica EMRC face aos desafios do século XXI

O texto inicia reconhecendo os desafios complexos impostos pelas grandes transformações sociais do final do século XX e início do século XXI à educação. Apresenta a Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) como uma disciplina particularmente pertinente neste contexto. A EMRC é definida como uma disciplina que fomenta a indagação sobre o sentido da existência, introduzindo o aluno ao fenómeno religioso e à sua dimensão na pessoa humana, através da cosmovisão cristã, contribuindo para o processo de personalização. O ser humano é apresentado como um ser simbólico e religioso, com as religiões como matrizes de diferentes formas de habitar o mundo. O texto argumenta que a EMRC é crucial para o desenvolvimento integral da pessoa, contrapondo-se a um modelo de educação excessivamente centrado no progresso tecnológico e econômico, em detrimento dos aspetos culturais e humanísticos.

2. A Primazia da Razão Instrumental vs. a Busca do Sentido Transcendente

O texto destaca a influência do paradigma positivista moderno na educação do século XX, particularmente nos países europeus. Os currículos escolares, influenciados por essa visão, priorizaram o progresso tecnológico e econômico, enfatizando as disciplinas científicas em detrimento das humanísticas. Essa priorização resultou no desenvolvimento de uma racionalidade instrumental, eficiente, imediatista e materialista. Consequentemente, a questão pelo sentido da existência, crucial para a experiência humana, foi relegada a segundo plano. O texto argumenta que esse enfoque curricular falha ao não desenvolver competências simbólicas e reflexivas, fundamentais para uma leitura global da realidade e para o desenvolvimento integral da pessoa humana, negligenciando a abertura a horizontes de sentido transcendentes e fundantes da experiência humana. A ausência desta dimensão, segundo o texto, impede o pleno desenvolvimento da pessoa.

3. A EMRC como Proposta de uma Chave de Leitura da Realidade

A EMRC é apresentada como uma disciplina que contribui para a missão educativa da escola, oferecendo uma perspectiva de interpretação da realidade a partir de um quadro cristão. O texto enfatiza que a EMRC enriquece o leque de perspectivas interpretativas, oferecendo não só pontos de vista científicos e históricos, mas também estéticos, éticos, filosóficos e religiosos. Isso permite que o aluno, com respeito à sua liberdade, construa a sua própria visão de sentido e projeto de vida. Em suma, a EMRC propõe um caminho de interrogação e busca a partir do universo de valores cristãos, evitando, porém, o endoutrinamento proselitista. A particularidade do ensino religioso escolar, e especificamente da EMRC, reside na sua capacidade de penetrar o âmbito da cultura e relacionar-se com outros saberes. A proposta é uma abordagem integrada, respeitosa da liberdade individual do aluno e focada na construção de uma visão de mundo pessoal.

II.Arte Religião e a Busca pelo Sentido

A relação intrínseca entre arte e religião é explorada, mostrando como a arte, através de símbolos, expressa realidades transcendentes. Desde o Paleolítico, a arte religiosa buscou representar o invisível, e a relação entre arte e fé evoluiu ao longo da história, influenciada por eventos como a Reforma e a Contra-Reforma. A arte moderna e contemporânea, mesmo em contextos secularizados, mantém referências religiosas e bíblicas, muitas vezes de forma indireta, abordando temas como o corpo, a morte, a fragilidade humana e a redenção. Artistas como Andy Warhol, Louise Bourgeois, e Francis Alÿs são mencionados como exemplos desta relação complexa entre arte e fé.

1. A Arte como Expressão do Invisível Uma Relação Intrínseca com a Religião

O texto estabelece uma forte ligação entre arte e religião, afirmando que a arte se nutre do símbolo, assim como a linguagem religiosa é inerentemente simbólica. Cores, linhas, formas e texturas na arte se tornam símbolos, mediadores de uma realidade difícil de acessar diretamente. Ao longo da história, a arte e as religiões mantiveram uma proximidade intrincada. Na religião, buscando transcender a aparência das coisas e a simples percepção sensorial, a arte foi utilizada para tornar visível o que é considerado sagrado. Os guardiões da fé, em diferentes culturas e épocas, controlaram ou mesmo proibiram imagens religiosas, demonstrando o poder simbólico dessas representações. O próprio conceito de 'imagem' é profundamente influenciado por conceitos religiosos, mesmo na atualidade.

2. A Arte Religiosa e a Modernidade Reforma Contra Reforma e a Emancipação Artística

Eventos significativos do século XVI, marcando o início da modernidade, tiveram consequências profundas para a arte, particularmente para a arte religiosa. A Reforma Protestante, criticando o excesso de veneração às imagens, rejeitou-as completamente. Em contrapartida, a Contra-Reforma submeteu a arte religiosa a uma forte censura. O surgimento da corte como mecenas libertou os artistas da obrigatoriedade de temas religiosos, resultando numa maior heterogeneidade e liberdade criativa. Embora a arte perdesse homogeneidade e disciplina, ganhou em genuinidade e profundidade, com os artistas expressando sua visão e sensibilidade pessoal com mais intensidade. O período barroco, com seus grandes místicos, refletiu esse desejo de traduzir experiências espirituais como oração e êxtase, priorizando o diálogo místico sobre dogmas.

3. Arte Contemporânea e a Persistência da Referência Religiosa

Apesar da autonomização da arte em relação à religião, a arte contemporânea continua repleta de referências religiosas, bíblicas e iconográficas, tanto explícitas como implícitas. No mundo ocidental, as referências cristãs são particularmente abundantes, presentes em artistas como Andy Warhol, Louise Bourgeois, e Francis Alÿs, entre muitos outros. Esses artistas exploram temas como o corpo, a ferida, a morte, a fragilidade humana, o mal, a marginalização, a pobreza, a redenção, a caridade e a compaixão. Mesmo em sociedades secularizadas, a arte mantém uma dívida para com as concepções religiosas e as formas que outrora corporificaram sua mensagem. O cristianismo, inegavelmente, marcou a cultura ocidental, incluindo sua sensibilidade estética e memória visual coletiva. A secularização, porém, levou a uma 'folclorização' do cristianismo, um deslocamento entre significantes e significados, transformando alguns elementos religiosos em estereótipos descontextualizados.

III.Pedagogias da Educação pela Arte e o Ensino da EMRC

O estudo investiga a aplicação de pedagogias da Educação pela Arte no ensino da EMRC. A inteligência experiencial e reflexiva, segundo Perkins, são consideradas, sendo destacado o papel da observação e da interpretação na construção de significado. Métodos como o VTS (Visual Thinking Strategies) e as abordagens Waldorf e Reggio Emilia são apresentados como modelos que utilizam a arte para promover a aprendizagem significativa e o desenvolvimento integral do aluno. A abordagem Waldorf, em particular, é analisada pela sua compatibilidade com os objetivos da EMRC, enfatizando o desenvolvimento espiritual e o uso da arte como mediação entre o físico e o espiritual. O Colégio Amor de Deus, uma escola católica, é apresentado como um caso de estudo, focando o seu Projeto Educativo centrado nos valores cristãos e na importância do amor na aprendizagem.

1. Inteligência Experiencial e Reflexiva na Apreensão da Arte

O texto defende a integração da inteligência experiencial e reflexiva no processo de ensino-aprendizagem, especialmente no contexto da arte. Perkins é citado, destacando que 'pensar por meio da observação' leva a um pensar melhor, combinando a percepção sensível (inteligência experiencial) com a abstração (inteligência reflexiva). A inteligência experiencial, baseada na percepção, é rápida e intuitiva, mas pode deixar escapar espectros mais amplos de sentido. Em contraste, a inteligência reflexiva, com operações mentais mais abstratas, permite uma compreensão mais profunda, cultivando a atenção sobre o próprio pensamento (metacognição) e promovendo aprendizagens mais significativas. A arte é apontada como um domínio que exige, especialmente, a inteligência reflexiva, pois os artistas frequentemente depositam sentidos em lugares invisíveis ao olhar comum, necessitando de uma interpretação mais elaborada. O texto enfatiza a importância de estratégias de observação e interpretação para alcançar compreensões mais abrangentes.

2. Pedagogias da Educação pela Arte VTS Waldorf e Reggio Emilia

O texto apresenta diferentes pedagogias da Educação pela Arte como alternativas para enriquecer o ensino da EMRC. O método VTS (Visual Thinking Strategies), que promove o diálogo com a obra de arte através de parcerias entre escola e museu, é destacado por facilitar o acesso à arte, construir significados, promover o debate e desenvolver a capacidade de pensar e comunicar. A pedagogia Waldorf, fundada por Rudolf Steiner, é apresentada como um modelo que valoriza o princípio espiritual da existência e utiliza a arte como mediação entre dimensões físicas e espirituais, parecendo favorável ao ensino da EMRC, embora não sendo confessional. Já a pedagogia Reggio Emilia, baseada na teoria de Loris Malaguzzi (“As Cem Linguagens da Criança”), utiliza a arte como principal veículo de aprendizagem, adotando uma pedagogia da escuta em que educador e criança aprendem conjuntamente, sem planos curriculares predeterminados. Ambas as pedagogias destacam a importância da experiência prática, da sensibilidade e da criatividade no processo de aprendizagem.

3. A Arte como Ferramenta Pedagógica na EMRC Potencialidades e Limitações

O texto explora a aplicabilidade de pedagogias da Educação pela Arte no contexto da EMRC. Apesar de reconhecer o potencial de métodos que envolvem os sentidos, a sensibilidade e a experiência prática, o texto aponta para as limitações encontradas numa experiência prática com o tema 'A Pessoa Humana' no 6º ano. A experiência, embora positiva, foi considerada tímida, sublinhando a necessidade de domínio sólido do programa da EMRC, de competências de docência (gestão de sala de aula, tempo e planificação), e de um conhecimento pedagógico da turma e reportório de obras de arte adequadas às capacidades dos alunos. O uso de recursos artísticos, como no caso do autorretrato de Frida Kahlo, mostrou-se motivador. Para a avaliação dos alunos, o foco deve estar no processo de aprendizagem e não apenas na qualidade estética do produto, utilizando a arte como meio para a aprendizagem dos conteúdos da disciplina e não como fim em si.

IV.A Pessoa Humana na EMRC Uma Abordagem Pedagógica

A unidade letiva “A Pessoa Humana” na EMRC é analisada, considerando a sua adequação ao desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos alunos do 6º ano. A importância de uma visão antropológica cristã integral e integrada é enfatizada, destacando o homem como ser relacional, vocacionado ao amor e à doação de si. O uso de recursos artísticos, como a análise da obra de Frida Kahlo, é proposto para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, promovendo a memorização significativa e a compreensão de conceitos complexos. A avaliação dos alunos deve focar o processo de aprendizagem, e não apenas o produto estético, alinhando-se com os objetivos programáticos da EMRC e com as recomendações da UNESCO.

1. A Unidade Letiva A Pessoa Humana Adequação e Desafios

A unidade letiva “A Pessoa Humana”, presente no currículo de EMRC, é analisada em relação à sua adequação a alunos do 6º ano. Embora os conteúdos sejam abordados em vários anos, a unidade é mais explícita no 9º ano (“A Dignidade da Vida Humana”). O texto argumenta que a unidade é adequada ao desenvolvimento cognitivo, social, ético e religioso de alunos com idades entre 10 e 12 anos, alinhando-se com a crescente consciência de si e abertura aos outros nessa fase. No entanto, a predominância do pensamento concreto nessa idade pode levar a uma compreensão superficial dos temas, sugerindo que a unidade poderia ser considerada precoce para muitos alunos. A heterogeneidade de desenvolvimento entre alunos do 6º ano, particularmente entre rapazes e raparigas, apresenta um desafio adicional para o professor.

2. A Visão Antropológica Cristã e seu Valor Formativo

Para o professor, a unidade letiva “A Pessoa Humana” oferece a oportunidade de transmitir uma visão global e essencial do homem segundo a perspectiva antropológica cristã. Essa visão é considerada de grande importância, tanto a nível cultural (fornecendo ferramentas conceituais para interpretação da realidade humana e das produções culturais das sociedades) como educacional. A compreensão cristã do homem, como ser criado por Deus e para Deus, vocacionado à plenitude da configuração com Ele, através da abertura à transcendência e da relação com o semelhante, é apresentada como um conjunto de princípios que podem orientar as vivências dos alunos e promover o seu desenvolvimento positivo a nível ontológico. A unidade letiva é, portanto, considerada útil e benéfica para a formação dos alunos.

3. Experiência Pedagógica e Potencial da Educação pela Arte na EMRC

A experiência prática com a unidade letiva, incluindo a exploração da temática do corpo através da análise do autorretrato de Frida Kahlo e a produção de um retrato-vitral, mostrou-se positiva e motivadora para os alunos, favorecendo a aprendizagem e a memorização significativa de conteúdos. No entanto, o uso da arte e suas pedagogias foi considerado muito tímido, ficando aquém de um caminho pedagógico alternativo para o ensino de EMRC. Para uma abordagem mais eficaz, seriam necessárias condições e competências mais robustas: domínio do programa de EMRC, competências de docência (gestão de sala de aula, tempo e planificação), conhecimento pedagógico da turma e domínio de um reportório de obras e processos artísticos adequados. O texto conclui com a afirmação de que a avaliação deve focar o processo de aprendizagem, e não apenas o produto estético, alinhando-se com os objetivos programáticos da EMRC e as recomendações da UNESCO.

V.A Arte Contemporânea como Ponte entre a Fé e a Cultura Secular

O estudo conclui que a arte contemporânea oferece uma via para a transmissão dos valores da fé cristã em contextos secularizados. A análise de obras de arte contemporânea permite acessar a cosmovisão cristã, seja por afinidade ou antítese, demonstrando que o homem pós-moderno continua a ser um ser religioso em busca de sentido. A abordagem de André Fossion, utilizando a dialética entre o sentido literal e figurado, é apresentada como uma ferramenta hermenêutica para a descoberta de valores universalizáveis, incluindo a perspectiva cristã. A beleza, como reflexo da glória de Deus (Papa Paulo VI), é reconhecida como um elemento essencial na construção de um mundo mais significativo e humanizado. O estudo enfatiza a necessidade de uma pedagogia da EMRC que utilize a arte como um meio eficaz para estabelecer uma ponte entre a fé e a cultura, ultrapassando os modelos secularistas de privatização e elitismo religioso.

1. A Arte Contemporânea como Reflexo da Condição Humana Religiosa

O texto argumenta que, apesar da secularização das sociedades contemporâneas, a arte continua profundamente influenciada por concepções religiosas e formas que um dia corporizaram a mensagem religiosa. O cristianismo, com sua forte marca na cultura ocidental, incluindo a sensibilidade estética e a memória visual coletiva, permanece presente, mesmo em formas transformadas. A fragmentação religiosa resultante da secularização gerou uma 'folclorização' do cristianismo objetivo, deslocando-se a relação entre significantes e significados. Na arte visual, formas e tipologias convencionais associadas a temas religiosos transformaram-se em estereótipos, muitas vezes deslocados de seu contexto original para veicular novos conteúdos. A análise da arte contemporânea revela que o homem pós-moderno continua sendo um ser religioso, em busca de respostas para questões existenciais fundamentais. A cultura atual, por afinidade ou antítese, sedimenta-se numa cosmovisão cristã, acessível através de uma análise cuidadosa de obras de arte contemporânea.

2. A Via Negativa e a Via Antropológico Cristã na Arte Contemporânea

O texto destaca a presença de obras de arte contemporânea que, além de configurações tradicionais do cristianismo, utilizam formas criadas fora de contextos religiosos para expressar tradições espirituais. Segundo Paulo Vale, muitas obras, para além de uma leitura superficial, estão ancoradas no acontecimento cristão. Essas obras expressam a mensagem cristã através de duas vias principais: a via negativa (espiritualista, ascética) e a via antropológico-cristã (encarnada). Elementos como abstração, metáfora, descontextualização, uso do corpo e a participação do observador são utilizados como símbolos e parábolas da mensagem cristã. A arte contemporânea, portanto, não é vista apenas como estética, mas como um processo estrutural orgânico ligado à evolução humana, presente em todas as ações que agradam aos sentidos, segundo Read. O texto destaca a capacidade da arte de educar a sensibilidade, permitindo apreender, de forma pré-racional, uma ordem 'adequada' ou 'inadequada'.

3. A Arte como Meio de Transmissão da Fé em Contextos Secularizados

O texto defende a arte como uma ponte entre o secular e o sagrado, um meio eficaz de contato com o depósito da fé, especialmente em contextos escolares secularizados. A 'Via da Beleza', proposta pelo Papa Paulo VI, de contato com a fé através do patrimônio artístico cristão, é expandida para incluir a arte contemporânea. Uma leitura atenta da arte contemporânea permite dialogar cultura atual e fé, mostrando que o homem pós-moderno é eminentemente religioso. A arte contemporânea revela a sedimentação da cosmovisão cristã na cultura atual, seja por afinidade ou antítese, acessível através da análise cuidadosa de suas obras. A 'via da arte contemporânea', possibilita, assim, exercitar um olhar de 'encarnação', encontrando na cultura atual metáforas e símbolos para a expressão do modo cristão de ver o mundo. A arte é proposta como um instrumento para a transmissão da fé de forma acessível em contextos secularizados, ultrapassando os modelos de privatização e elitismo religioso.