A articulação curricular entre o ensino artístico especializado e o ensino geral

Articulação Curricular: Ensino Artístico

Informações do documento

Autor

Sofia Lebre

instructor Prof. Doutor Rodrigo Queiroz e Melo
Escola

Universidade Católica Portuguesa

Curso Ciências da Educação - Administração e Organização Escolar
Tipo de documento Dissertação de Mestrado
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 805.15 KB

Resumo

I.Caracterização das Escolas de Dança

Este estudo caracteriza três escolas de dança portuguesas: Escola de Dança do Conservatório Nacional (EDCN), Escola de Dança Ana Mangericão (EDAM) e Academia de Dança de Setúbal (ADCS). A EDAM, por exemplo, destaca-se como um projeto pessoal, criado por Ana Mangericão, apesar de não possuir ensino secundário. A pesquisa analisa como a gestão curricular e a liderança em sala de aula impactam a integração do ensino artístico no currículo regular, um tema central para a educação artística em Portugal.

1. Apresentação das Escolas

O estudo focaliza três escolas de dança portuguesas: a Escola de Dança do Conservatório Nacional (EDCN), a Escola de Dança Ana Mangericão (EDAM) e a Academia de Dança de Setúbal (ADCS). A pesquisa apresenta uma caracterização destas instituições, descrevendo seus contextos e especificidades. A EDAM, em particular, é destacada como um projeto fundado por Ana Mangericão, fruto de um esforço pessoal significativo para obter reconhecimento do Ministério da Educação, embora não possua o ensino secundário. A localização da EDAM em um bairro residencial próximo a outras escolas, como o Colégio Marista de Carcavelos e a Escola Secundária Fernando Lopes Graça, demonstra uma tentativa de articulação com o sistema educacional regular. Esta descrição inicial das escolas estabelece o cenário para a análise posterior sobre a integração do ensino artístico especializado no currículo regular português, um ponto chave para a pesquisa e fundamental para compreender os desafios da gestão curricular nesses contextos.

2. A Escola de Dança Ana Mangericão Um Estudo de Caso

A Escola de Dança Ana Mangericão (EDAM) surge como um caso de estudo relevante, representando tanto os sucessos quanto as limitações de uma iniciativa individual no âmbito do ensino artístico. O texto destaca a EDAM como resultado do sonho e trabalho árduo de Ana Mangericão, que lutou pela sua aprovação pelo Ministério da Educação. No entanto, é explicitada a sua incompletude, pela ausência do ensino secundário, uma característica que pode influenciar na articulação com o ensino regular e a retenção dos alunos, especialmente aqueles com o objetivo de seguir uma carreira profissional na dança. A sua localização em um bairro com outros estabelecimentos de ensino indica a busca de sinergias e parcerias, para facilitar o acesso dos alunos aos diferentes níveis de educação. A descrição da EDAM, portanto, vai além de um simples perfil, servindo como um exemplo da complexidade que envolve a gestão e a integração do ensino artístico, no âmbito do sistema educativo português, e os desafios enfrentados por instituições menores em comparação com os conservatórios.

3. Contexto e Articulação com o Ensino Regular

A caracterização das escolas de dança não se limita à sua estrutura individual, mas também à sua inserção no contexto do sistema educativo português e a articulação com o ensino regular. O documento explicita a relação entre as escolas de dança e outras instituições de ensino próximas, salientando a importância da integração com o ensino artístico especializado. A menção a escolas como o Colégio Marista de Carcavelos e a Escola Secundária Fernando Lopes Graça revela uma preocupação com a articulação curricular e a possibilidade de oferecer uma educação mais completa aos alunos. O texto sugere que a construção do currículo formal nessas escolas leva em conta as particularidades do seu contexto e as aprendizagens pretendidas para os alunos, incluindo a necessidade de articular o ensino artístico especializado com o ensino regular, algo que posteriormente será analisado de forma mais aprofundada na investigação. A complexidade dessa articulação é um aspeto crucial a ser investigado, principalmente no que tange à gestão curricular.

II.Gestão Curricular e o Ensino Artístico

A pesquisa investiga a integração do ensino artístico especializado (como a dança) no currículo regular das escolas portuguesas. A análise centra-se na gestão curricular em diferentes níveis: a nível organizacional, nas práticas pedagógicas dos docentes e na articulação entre o ensino artístico e o ensino regular. A pesquisa examina a construção curricular, a diferenciação curricular e a reconstrução curricular, identificando desafios na conciliação de horários e na gestão das diferenças entre alunos em regimes de ensino regulares e articulados. O estudo aborda a importância do projeto curricular de escola e do projeto curricular de turma na integração efetiva do ensino artístico.

1. O Papel da Liderança em Sala de Aula na Gestão Curricular

O documento destaca a importância da liderança em sala de aula e da gestão curricular no contexto da educação artística. A eficácia do diretor de turma é crucial para a integração do ensino artístico no currículo regular. O texto argumenta que é nesse nível que a performance do diretor de turma se torna mais evidente, influenciando diretamente a articulação entre o ensino artístico especializado e as demais disciplinas. A capacidade do diretor de turma em coordenar os docentes, gerir as diferenças entre os alunos e promover a colaboração entre professores de áreas distintas é fundamental para garantir o sucesso da integração curricular. A análise da gestão curricular, portanto, não pode ser dissociada da liderança e da capacidade de coordenação do diretor de turma, fatores decisivos para a efetiva integração do ensino artístico no dia a dia escolar.

2. Integração do Ensino Artístico no Projeto Curricular da Escola

Um dos focos principais do estudo é a integração das componentes de ensino artístico no projeto curricular da escola. Isso abrange a análise da integração em três níveis: organização escolar, práticas pedagógicas dos docentes e a articulação entre ensino artístico e regular. A pesquisa explora a forma como o projeto curricular de escola, o projeto curricular de ciclo, de ano e de disciplina, entre outros documentos, refletem a integração do ensino artístico. O objetivo é compreender como essa integração é operacionalizada na prática, desde a gestão de horários até às estratégias pedagógicas. O sucesso dessa integração é fundamental para que os alunos possam desfrutar de uma educação completa, aliando a formação artística e a formação geral. A lei de bases do sistema educativo é citada como base legal para a inclusão da arte na formação integral do aluno, reforçando a importância desta análise.

3. Desafios na Conciliação do Ensino Artístico e Regular Regimes Articulado e Integrado

O estudo aborda os desafios da conciliação entre o ensino artístico especializado e o ensino regular, analisando os regimes articulado e integrado. No regime articulado, alunos frequentam escolas distintas, gerando dificuldades de articulação de horários e possíveis sobreposições. Já no regime integrado, as disciplinas de formação geral e artística são frequentadas na mesma escola, facilitando a comunicação e a colaboração entre professores. A pesquisa aponta a inexistência de formação inicial em alguns casos, o número insuficiente de escolas e dificuldades de articulação de horários como fatores que levam alunos a frequentarem simultaneamente escolas regulares e de ensino artístico especializado em regime complementar. O documento destaca a importância da sensibilização dos professores e a necessidade de esforços conjuntos para garantir o sucesso dos alunos em ambos os contextos. A diferença no esforço exigido para conciliar os dois tipos de ensino é também um fator destacado.

4. Construção Diferenciação e Reconstrução Curricular

A pesquisa analisa a gestão curricular sob diferentes perspectivas: construção, diferenciação e reconstrução curricular. A construção curricular refere-se à criação de currículos em áreas abertas, onde a autonomia docente é essencial. A diferenciação curricular aborda a necessidade de considerar as diferenças individuais dos alunos, incluindo aspectos culturais, sociais e de ritmo de aprendizagem, adaptando as estratégias pedagógicas para atender a essas particularidades. A reconstrução curricular, por sua vez, implica uma revisão do currículo formal, adaptando-o às necessidades específicas da turma, após uma análise da sua situação. Estas três dimensões da gestão curricular são interdependentes e refletem a necessidade de flexibilidade e adaptação para o sucesso da integração do ensino artístico, especialmente em turmas com alunos em regimes de ensino distintos. A citação de Carrilho Ribeiro (1992) sobre currículos seletivos ilustra a complexidade inerente à gestão de um currículo que contemple as diversidades de aprendizagem e as especificidades do ensino artístico.

5. Implicações da Gestão Curricular em Diferentes Níveis

As implicações da gestão curricular são analisadas em diferentes níveis: docente, diretor de turma e escola. Para os docentes, implica uma maior colaboração e partilha de informações, valorizando a função colegial do conselho de turma. O diretor de turma precisa articular a gestão de alunos, pais e professores, integrando as diferentes vertentes para o bom funcionamento do projeto curricular da escola. No nível da escola, através do projeto educativo, as opções e prioridades de aprendizagem definem o currículo. A citação de Roldão (2000) sobre o conceito de projeto como algo contextualizado, orientado para um fim e apropriado pelas pessoas envolvidas, destaca a necessidade de uma gestão curricular dinâmica e participativa. A pesquisa identifica uma lacuna na atenção à indispensabilidade de uma gestão curricular adequada para o ensino artístico especializado, sugerindo ajustes curriculares para melhor atender aos objetivos dos alunos.

III.Metodologia e Recolha de Dados

A metodologia empregue inclui entrevistas com seis diretores de escola e três diretores de turma, utilizando-se a análise de conteúdo e a entrevista como técnicas de recolha e análise de dados. O objetivo principal é verificar como as componentes de ensino artístico se integram no projeto curricular, nas práticas pedagógicas e na articulação entre os dois tipos de ensino. A pesquisa destaca a importância da comunicação e colaboração entre professores de ensino regular e de ensino artístico especializado para o sucesso da integração curricular.

1. Objetivos e Questões de Pesquisa

O objetivo principal do estudo é verificar como as componentes de ensino artístico se integram no ensino regular, analisando a integração a nível organizacional, nas práticas pedagógicas dos docentes e na articulação entre os dois tipos de ensino. A pesquisa busca entender como o ensino artístico, especialmente a dança, é integrado no projeto curricular da escola, considerando os diversos documentos curriculares: projeto curricular de escola, projeto curricular de ciclo, de ano e de disciplina, programação anual, programação de aula, etc. A investigação se propõe a responder à questão central de como o ensino artístico especializado se integra no sistema educativo português, considerando as suas especificidades e os desafios de gestão curricular que tal integração acarreta. O estudo busca, portanto, uma compreensão holística da integração do ensino artístico, desde as suas bases legais até a sua efetiva aplicação em sala de aula.

2. Opções Metodológicas e Instrumentos de Recolha de Dados

Para alcançar os objetivos propostos, a investigação adotou uma abordagem qualitativa, utilizando como principal instrumento de recolha de dados a entrevista. Foram realizadas nove entrevistas, sendo seis com diretores de escola e três com diretores de turma. A escolha da entrevista se justifica pela necessidade de aprofundar as diferentes perspectivas sobre a integração do ensino artístico. Para a análise dos dados, foram utilizadas as técnicas de análise de conteúdo, permitindo uma análise sistemática e aprofundada das informações recolhidas. A combinação da entrevista com a análise de conteúdo permitiu uma compreensão abrangente dos desafios e das práticas relacionadas com a gestão curricular no contexto da integração do ensino artístico no currículo regular. A metodologia escolhida, portanto, visa garantir a obtenção de dados ricos e detalhados, capazes de fornecer uma compreensão profunda do fenómeno em estudo.

3. Participantes da Pesquisa e Análise dos Dados

A recolha de dados envolveu a participação de nove indivíduos: seis diretores de escola e três diretores de turma. A escolha destes participantes se justifica pela sua posição estratégica na gestão curricular e na articulação entre o ensino artístico e o ensino regular. Os diretores de escola oferecem uma perspetiva macro da integração curricular, enquanto os diretores de turma fornecem um olhar micro sobre as práticas pedagógicas e a interação com os alunos. A análise da informação recolhida se centra na compreensão da forma como o ensino artístico é integrado nos documentos curriculares, nas práticas pedagógicas dos docentes e na articulação entre os dois tipos de ensino. A técnica de análise de conteúdo permite extrair temas e padrões relevantes a partir do conjunto de dados, fornecendo elementos para discussão e conclusão do estudo. A diversidade de perspectivas obtidas através da seleção de participantes garante uma análise mais completa e abrangente do tema da gestão curricular.

IV.Resultados e Discussão Integração do Ensino Artístico

Os resultados revelam diferentes graus de integração do ensino artístico no currículo regular. Algumas escolas demonstram uma integração bem-sucedida, com projetos curriculares que incluem espetáculos e orquestras, enquanto outras demonstram dificuldades de articulação e falta de integração efetiva do ensino artístico. A pesquisa identifica uma lacuna de compreensão sobre a gestão curricular por parte dos responsáveis escolares, particularmente os diretores de turma. O estudo aponta a necessidade de adaptação curricular para atender às necessidades específicas dos alunos que frequentam o ensino artístico especializado, enfatizando a importância de uma abordagem holística que valorize a educação integral do aluno.

1. Níveis de Integração do Ensino Artístico no Currículo Regular

A pesquisa revela diferentes níveis de integração do ensino artístico no currículo regular das escolas analisadas. Em alguns casos, a integração é plena, com o projeto curricular de turma incluindo objetivos específicos como espetáculos, formação de orquestras e até a criação de pequenas companhias de dança. Nesses casos, o ensino artístico está totalmente integrado nas atividades da turma e direciona as atividades para atingir esses objetivos. Por outro lado, em outros casos, a preocupação com o projeto curricular da turma se limita à gestão de horários e aprovação dos planos pedagógicos, indicando uma menor integração do ensino artístico nas atividades da sala de aula. Essa disparidade demonstra a necessidade de uma análise mais aprofundada das práticas de gestão curricular em diferentes contextos, para entender as razões por trás dessa variação e identificar boas práticas que possam ser replicadas.

2. A Importância da Gestão Curricular e a Perspectiva dos Diretores

A análise dos dados revela uma lacuna na compreensão da gestão curricular por parte dos responsáveis escolares, principalmente os diretores de turma. No início do ano letivo, a prioridade de muitos diretores de turma é a organização dos horários e a formação das turmas, focando-se na junção dos alunos que optaram pelo ensino artístico. Embora as reuniões de concelho de turma e momentos de avaliação sejam oportunidades para a comunicação entre professores, a pesquisa sugere que a gestão curricular como um todo não está sendo suficientemente contemplada. A observação de que “fazer tudo igual para todos é muito complicado” ressalta a complexidade de lidar com a diversidade de alunos em diferentes regimes de ensino. A necessidade de adaptações curriculares, específicas para os alunos do ensino artístico, fica evidente na falta de atenção à indispensabilidade de uma gestão curricular efetiva, apontando para a necessidade de revisão das práticas e de um melhor entendimento sobre o tema.

3. Diferenças entre Alunos de Ensino Artístico e Ensino Regular

O estudo destaca diferenças notórias entre alunos do ensino artístico e do ensino regular, em termos de atitude e desempenho académico. Os diretores de turma relatam que alunos do ensino artístico geralmente se destacam em outras disciplinas, sendo descritos como alunos organizados, dedicados e que cumprem com as tarefas solicitadas. Essa observação sugere que a disciplina e organização adquiridas no ensino artístico podem ter um efeito positivo em outras áreas de aprendizagem. Professores, em geral, demonstram preferência por lecionar para esses alunos, reforçando a ideia de um impacto positivo. Contudo, a falta de adaptação curricular nas disciplinas de ensino regular, especialmente até o final do terceiro ciclo, mostra a necessidade de uma maior atenção à gestão curricular para equilibrar as demandas de ambos os regimes de ensino. A integração do ensino artístico, portanto, não deve ser vista como algo isolado, mas sim como um elemento que pode contribuir positivamente para a formação integral do aluno.

4. Adaptações Curriculares e a Perspectiva das Escolas de Ensino Artístico

A pesquisa observa que as escolas de ensino artístico especializado de regime integrado já apresentam algumas adaptações curriculares, principalmente em disciplinas técnicas e cargas horárias, especialmente no ensino secundário. No entanto, a ausência de adaptações nas disciplinas de ensino regular, até o final do terceiro ciclo, é um ponto crítico. A afirmação de um diretor de escola de que o currículo é exatamente o mesmo e que “há uma adaptação a algumas das cargas horárias, mas os programas em si são exatamente os mesmos que nas outras escolas”, demonstra a necessidade de uma reflexão sobre as práticas de gestão curricular. A inclusão do ensino artístico articulado no projeto escola, com remodelações físicas para criar infraestruturas adequadas (ex: auditório), representa um esforço na construção curricular, mas não garante, por si só, a integração efetiva e adequada do currículo artístico no contexto geral da escola. A pesquisa revela, portanto, que uma gestão curricular mais eficaz e atenta às particularidades dos alunos do ensino artístico é crucial.

5. Conclusões e Limitações do Estudo

A pesquisa conclui que, na amostra estudada, há uma falta de atenção à gestão curricular por parte dos responsáveis das escolas e diretores de turma. A percepção de que alunos de ensino artístico são “iguais aos outros” minimiza as necessidades específicas de adaptação curricular. A conclusão sugere que, para um ensino artístico alternativo, o currículo nacional precisa de ajustes para melhor atender aos objetivos finais dos alunos, principalmente através do projeto curricular de turma. Um exemplo dessa falta de atenção é a posição de um diretor de turma que considera o currículo como funcional e não necessita de alterações. A pesquisa aponta a necessidade de mais estudos sobre a história do ensino artístico em Portugal e a importância de conduzir entrevistas com questões mais específicas sobre gestão curricular em futuras investigações para aprofundar o tema.

V.Contribuições do Ensino Artístico da Dança

O estudo destaca as contribuições do ensino artístico da dança para a formação integral da pessoa, promovendo o desenvolvimento da personalidade, da criatividade e da auto-estima. A dança é apresentada como um meio privilegiado para estimular a expressão, a percepção e a compreensão, com conexões interdisciplinares com a música, matemática, geometria e outras áreas do conhecimento. A pesquisa conclui que o ensino artístico, particularmente a dança, oferece uma mais-valia para a sociedade, porém ressalta a necessidade de maior atenção à gestão curricular para otimizar a integração do ensino artístico no sistema educacional português.

1. A Dança como Instrumento de Formação Integral

O estudo destaca a dança como um elemento fundamental na formação global e integral do indivíduo. A dança é apresentada como uma atividade que abrange pensamento, sensibilidade e corpo, explorando a natureza humana através do movimento e da expressão. A sua prática permite o desenvolvimento da personalidade de forma autónoma e crítica, numa permanente interação com o mundo. Além disso, a dança proporciona um território de prazer, liberdade e vivência lúdica, contribuindo para a afirmação do indivíduo e o reforço da auto-estima, através da realização e reconhecimento pelos pares. Essa formação integral, promovida através da dança, vai além do desenvolvimento físico e artístico, abrangendo também aspectos afetivos, cognitivos e sociais. A dança, portanto, não é vista apenas como uma disciplina artística, mas como um instrumento pedagógico completo que contribui para uma educação mais completa e significativa.

2. A Dança no Contexto Escolar Estimulando a Expressão e a Compreensão

No contexto escolar, a dança é vista como um mecanismo privilegiado para estimular os alunos a conhecer formas expressivas de pensar, perceber e compreender o mundo. Através da psicomotricidade, a dança proporciona um meio para desenvolver a comunicação e a expressão pessoal. O estudo também destaca as potencialidades interdisciplinares da dança, que se relaciona com a música, o ritmo, a dinâmica, a matemática, a geometria, a geografia e a arquitetura, demonstrando a capacidade da dança de integrar diversas áreas do conhecimento. A dança, assim, se apresenta como um instrumento pedagógico versátil que contribui para uma aprendizagem mais abrangente e significativa, indo além das suas fronteiras disciplinares e enriquecendo a formação integral do aluno. O seu papel na educação é visto como fundamental para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, culturais, sensoriais e estéticas.

3. A Dança como Mais Valia para a Sociedade e a Necessidade de Formação Contínua

A conclusão do estudo destaca o ensino artístico da dança como uma “mais-valia” para a sociedade, ao promover a singularidade de cada indivíduo e facilitar sua expressão. A dança é apontada como um espaço de realização pessoal, contribuindo para o desenvolvimento da autoestima e da coerência interna. Além disso, o ensino artístico, em geral, gera nos alunos a necessidade permanente de formação ao longo da vida, impulsionando a procura de atualização e conhecimento contínuo. A observação sobre a falta de interesse pelos objetivos dos alunos no que se refere à sua opção pela via do ensino artístico especializado indica uma área que precisa de atenção para potencializar os benefícios desse tipo de ensino. O estudo, portanto, não se limita a analisar a dança como uma disciplina, mas a considerá-la um instrumento de desenvolvimento pessoal e social, com potencial de enriquecer a sociedade através da formação integral dos seus praticantes.