
Educação Integral e Geografia: Análise
Informações do documento
Autor | Adilene Fátima Tormen |
instructor | Dra. Ana Maria de Oliveira Pereira |
Escola | Universidade Federal da Fronteira Sul |
Curso | Licenciatura em Geografia |
Tipo de documento | Trabalho de conclusão de curso de graduação |
Local | Erechim/RS |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 277.04 KB |
Resumo
I.O Ensino de Geografia na Educação Integral Uma Pesquisa Exploratória
Esta pesquisa qualitativa exploratória investiga o ensino-aprendizagem de Geografia no contraturno da Educação Integral, focando na construção da noção de pertencimento ao lugar. A pesquisa, realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Irany Jaime Farina, em Erechim/RS, aponta a escassez de estudos sobre o tema e a recente implantação da Educação Integral nas escolas brasileiras. Onze alunos do 9º ano do ensino fundamental participaram, respondendo a questionários sobre suas experiências com a disciplina. A pesquisa também analisou documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e o Ministério da Educação (MEC), além de trabalhos de autores como Cavalcanti, Cavalieri, Freitas, Kimura, Martins, Saviani e Soares, buscando compreender os recursos didáticos e o planejamento educacional empregados.
1. Objetivo da Pesquisa e Metodologia
O estudo tem como objetivo principal compreender o ensino-aprendizagem de Geografia no contraturno da Educação Integral. A pesquisa, de caráter exploratório e abordagem qualitativa, utilizou duas etapas principais. A primeira envolveu um levantamento bibliográfico em livros e sites, consultando autores como Cavalcanti (2015), Cavalieri (2017), Freitas (2018), Kimura (2010), Martins (2015), Saviani (2011), e Soares (2018), além de documentos do MEC e os PCNs. A segunda etapa consistiu na aplicação de um questionário a 11 alunos da Educação Integral da Escola Estadual de Ensino Médio Irany Jaime Farina, em Erechim/RS. Essa escolha se justifica pela recente implantação da Educação Integral e pela carência de pesquisas sobre o tema. A pesquisa busca verificar a contribuição das aulas de Geografia no contraturno para a construção da noção de pertencimento ao lugar pelos alunos.
2. Contexto da Educação Integral e seus Desafios
A pesquisa observa que o ensino de Geografia permite ao aluno uma leitura do mundo, considerando as constantes mudanças na paisagem, nos países e na sociedade. No entanto, a Educação Integral ainda carece de um planejamento estratégico que valorize essa importância e desperte o interesse de alunos e professores. Um dos grandes desafios apontados é a falta de planejamento e recursos didáticos, com professores frequentemente presos ao livro didático e sem promover uma troca de informações que conecte a disciplina com as experiências diárias dos alunos. A pesquisa destaca a necessidade de uma abordagem mais inclusiva, que respeite a singularidade dos alunos e promova a equidade e a sustentabilidade nos processos educativos. O Manual da Educação Integral em Jornada Ampliada (2013) é citado, enfatizando a ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas.
3. A Escola Estadual de Ensino Médio Irany Jaime Farina e o Programa de Tempo Integral
A pesquisa foi realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Irany Jaime Farina, em Erechim/RS, uma das 23 escolas estaduais selecionadas pelo Governo do Estado em 2014 para o programa de tempo integral, em consonância com a Lei nº 14.461/2014. Atualmente, é a única escola do município com esse modelo de tempo integral, segundo a Assembleia Legislativa. O questionário foi aplicado aos alunos do nono ano do ensino fundamental, turma com 23 alunos matriculados, mas com apenas 11 presentes no dia da pesquisa. A aplicação ocorreu no turno vespertino, horário do contraturno. A pesquisa cita diferentes autores e documentos oficiais para contextualizar o tema da Educação Integral e a importância da ampliação da jornada escolar, conforme o artigo 34 da LDB, que determina a ampliação progressiva do tempo de permanência do educando nos estabelecimentos de ensino.
II.Desafios e Problemas no Ensino de Geografia no Contraturno
Um dos principais problemas identificados foi a falta de planejamento estratégico e recursos didáticos para o ensino de Geografia no contraturno. Professores frequentemente dependem exclusivamente do livro didático, impedindo uma aprendizagem ativa e a conexão entre os conteúdos e as experiências cotidianas dos alunos. A pesquisa destaca a necessidade de atividades que promovam a leitura do mundo, estimulando o interesse tanto dos alunos quanto dos professores pela disciplina. A falta de integração entre o conhecimento teórico e a realidade local é um ponto crítico a ser enfrentado. A Educação Inclusiva e a busca pela equidade são temas relevantes nesse contexto, pois a proposta de Educação Integral precisa atender à singularidade dos sujeitos e às diversas realidades dos alunos.
1. Falta de Planejamento e Recursos Didáticos
A pesquisa identificou a falta de planejamento estratégico e recursos didáticos como o principal desafio no ensino de Geografia no contraturno da Educação Integral. A dependência excessiva do livro didático impede uma abordagem mais dinâmica e contextualizada, dificultando a conexão entre os conteúdos teóricos e as experiências cotidianas dos alunos. Essa carência de recursos pedagógicos compromete a capacidade de os professores se desvencilharem de uma prática tradicional e pouco engajadora, limitando a interação efetiva entre professor e aluno e a construção de um conhecimento significativo. A ausência de um planejamento estratégico que valorize a importância da Geografia e desperte o interesse dos alunos e professores é um fator crucial a ser considerado. A pesquisa sugere a necessidade de investimentos em recursos diversificados que permitam uma abordagem mais criativa e prática da disciplina.
2. A Importância da Conexão com a Realidade Cotidiana
A pesquisa destaca a necessidade crucial de conectar o ensino de Geografia à realidade dos alunos, promovendo uma aprendizagem significativa e duradoura. A falta de integração entre os conteúdos abordados em sala de aula e a realidade vivenciada pelos alunos no seu dia a dia é um obstáculo significativo para o aprendizado. A abordagem tradicional, centrada no livro didático, não permite que os alunos interliguem os conceitos geográficos com as suas experiências, comprometendo a compreensão e a fixação do conhecimento. A pesquisa aponta a importância de metodologias que permitam a construção do conhecimento de forma ativa e contextualizada, valorizando o saber prático e as vivências dos alunos. A utilização de recursos tecnológicos e atividades práticas são sugeridas como alternativas para uma abordagem mais envolvente e eficaz.
3. A Necessidade de uma Abordagem Pedagógica Renovada
Para superar os desafios apresentados, a pesquisa defende a adoção de uma abordagem pedagógica renovada no ensino de Geografia. A simples transmissão de informações, sem a devida contextualização e atividades práticas, é apontada como ineficaz para a construção de um conhecimento significativo. Autores como Lesann (2009) são mencionados para destacar a necessidade de modificar a prática de ensino, buscando a construção do conhecimento geográfico de forma associada aos alunos e suas vivências. A pesquisa destaca que as práticas atuais priorizam a solução de problemas imediatos em detrimento de questões fundamentais sobre o próprio ensino da Geografia (o que é, para que serve, seus objetivos). A pesquisa sugere atividades práticas como pesquisas, maquetes e uso de tecnologias para tornar o ensino mais atrativo e contribuir para a formação integral do aluno.
III.A Geografia como Ferramenta para a Formação do Cidadão
A pesquisa aponta para o potencial da Geografia em contribuir para a formação integral do aluno, desenvolvendo habilidades de observação, análise crítica e percepção do espaço geográfico. A disciplina pode auxiliar na compreensão da relação sociedade-natureza, incentivando a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento. O estudo ressalta a importância de metodologias que vão além da memorização, integrando saberes cotidianos e experiências dos alunos. Atividades práticas, como pesquisas, maquetes e uso de tecnologia educacional, são sugeridas para tornar o ensino de Geografia mais atrativo e significativo, promovendo o sentimento de pertencimento e a compreensão das dinâmicas da sociedade e da natureza. É crucial o planejamento de aulas que promovam a motivação do aluno e permitam uma aprendizagem ativa e contextualizada.
1. Geografia Mais que Memorização Formação Crítica
O texto defende a Geografia como uma disciplina de fundamental importância na formação dos alunos, indo além da simples memorização de informações sobre o planeta. A Geografia, segundo a pesquisa, estuda o espaço geográfico, conceito definido por Milton Santos como a conjugação de sistemas de objetos e ações (2006). O ensino da Geografia deve propiciar a observação, percepção, análise e compreensão do espaço geográfico como resultado da ação humana em interação com a natureza. Para isso, é essencial a clareza dos aspectos teórico-metodológicos da ciência geográfica, para definir objetivos e selecionar conteúdos adequados para o Ensino Fundamental e outras modalidades de ensino, tanto em sala de aula quanto fora dela. A pesquisa destaca a necessidade de uma abordagem que desenvolva nos alunos a capacidade de observar, analisar, interpretar e pensar criticamente a realidade e as transformações do mundo, envolvendo sociedade e natureza.
2. Aprendizagem Ativa e Conhecimento Cotidiano
O ensino de Geografia deve priorizar a aprendizagem ativa, incorporando os saberes, experiências e significados que os alunos já trazem para a sala de aula, incluindo os conceitos cotidianos. A disciplina deve propiciar a observação, percepção, análise e compreensão do espaço geográfico como espaço da ação humana em interação com a natureza. A metáfora do livro como guia é utilizada para ilustrar diferentes abordagens: bússola (indicando o norte), mapa (mostrando rotas), e GPS (determinando a trajetória). Paludo e Martins (2007) ressaltam que a motivação nas aulas de Geografia pode ser alcançada ao mostrar a inquietação com a busca de soluções para problemas sociais, incentivando a participação dos alunos em debates sobre temas reais e promovendo a justiça social e a igualdade. A pesquisa aponta a necessidade de ir além da simples leitura textual, buscando atividades práticas que permitam a aplicação do conhecimento adquirido.
3. Engajamento Político e Desenvolvimento de Habilidades
A Geografia, segundo a pesquisa, auxilia no engajamento político dos alunos ao fazê-los refletir sobre a realidade do mundo, abandonando a neutralidade característica da Geografia Tradicional. Mendes e Scabello (2015) são citados para destacar o engajamento político da Geografia, apresentando novas possibilidades de uma ação pedagógica redimensionada. A pesquisa observa que, além das mudanças no ensino da Geografia, os alunos buscam aulas com conteúdos variados e diversificados. A pesquisa aponta a importância de atividades que promovam a observação, registro, descrição, documentação, representação e pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais, buscando formular hipóteses e explicações sobre as relações, permanências e transformações no espaço geográfico. A inclusão de recursos tecnológicos e a abordagem da relação sociedade-natureza são importantes para o desenvolvimento do aluno como cidadão.
IV.Educação Integral e Jornada Escolar Ampliada Investimentos e Resultados
A pesquisa discute a Educação Integral e sua jornada escolar ampliada, destacando a necessidade de maiores investimentos em pessoal, alimentação e transporte escolar. O estudo cita a Lei nº 14.461/2014 que visa à concretização da Educação Integral, mencionando o exemplo da Escola Estadual de Ensino Médio Irany Jaime Farina em Erechim/RS, uma das 23 escolas estaduais selecionadas pelo Governo do Estado em 2014 para o programa de tempo integral. A pesquisa enfatiza a importância do planejamento pedagógico na Educação Integral para garantir a qualidade do ensino e aprendizagem, destacando a necessidade de uma Educação Inclusiva e sustentável, alinhada com os conceitos de equidade e sustentabilidade. O documento menciona também a ampliação progressiva da jornada escolar, com o objetivo de alcançar o tempo integral, conforme determina o art. 34 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
1. A Educação Integral Investimentos e Gastos
A seção discute a implementação da Educação Integral e a necessidade de investimentos. Escolas de tempo integral demandam maiores investimentos iniciais e correntes em pessoal, alimentação, transporte e outras necessidades. Embora a duplicação da jornada não represente necessariamente o dobro dos gastos, é essencial considerar esses custos. O documento menciona a alimentação escolar, alinhada às diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), respeitando hábitos locais e a agricultura familiar. Diversas legislações estaduais (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pernambuco) apresentam a Educação Integral como objetivo a ser atingido no ensino fundamental, reconhecendo seu potencial para aprimorar as habilidades de crianças e adolescentes (Costa, 2011). O tempo integral não precisa ser oferecido pela própria escola, podendo ser desenvolvido em projetos que envolvam órgãos federais, como o ‘Segundo Tempo’, que promove aprendizagem recreativa e lúdica.
2. A Educação Integral no Rio Grande do Sul Diretrizes e Carga Horária
No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEDUC), através de um documento orientador (2014), apresenta a ampliação progressiva da Escola em Tempo Integral no ensino fundamental, propondo uma carga horária de 8 horas diárias. Este modelo prevê uma matriz curricular flexível, coerente com as necessidades dos estudantes e da comunidade; uma proposta pedagógica baseada no trabalho e na pesquisa; e a integração entre os turnos. A SEDUC enfatiza a vivência coletiva e solidária, a criticidade e o protagonismo dos estudantes, além da participação da comunidade escolar nos processos educativos e nos planejamentos da escola. A pesquisa destaca que a ampliação da jornada escolar até o tempo integral, conforme o art. 34 da LDB, demanda maiores investimentos, mas estudos demonstram que a duplicação da jornada não resulta em gastos duplicados. O documento também destaca a importância de uma alimentação escolar adequada.
3. Tendências da Jornada Escolar no Brasil e Desigualdades Regionais
O texto apresenta dados sobre a jornada escolar média no Brasil, mostrando um aumento no tempo de permanência diária na escola em todos os estados, mas com desigualdades regionais. O Distrito Federal lidera com 4,8 horas diárias, seguido por Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro (Neri, 2017). O Centro de Políticas Sociais da FGV elaborou um Índice de Permanência na Escola (IPE), considerando matrículas, faltas e desvio da jornada em relação a uma jornada de referência de 5 horas diárias. Em 2016, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal apresentaram crescimento nas matrículas de Educação Fundamental em turnos de 5 horas ou mais. Observa-se uma tendência positiva de aumento do tempo na escola, principalmente no Sudeste, com crescimento de 6,3% para 18,5% em turnos com mais de 5 horas entre 2004 e 2006. Apesar do crescimento, persistem desigualdades nos sistemas educacionais brasileiros.
V.Conclusão A Necessidade de Planejamento e Recursos para uma Geografia Significativa
A pesquisa conclui que a Geografia na Educação Integral precisa superar a simples ocupação do tempo escolar, transformando-se em um componente curricular relevante para a formação do cidadão. Para isso, é fundamental um planejamento cuidadoso, com atividades criativas, práticas e objetivas, a utilização de recursos tecnológicos, e a valorização da motivação do professor e dos alunos. A pesquisa destaca a importância de conectar o ensino de Geografia à realidade dos estudantes, incentivando a reflexão crítica sobre o espaço geográfico e sua transformação. A Educação Integral, quando bem planejada, se mostra como um caminho promissor para a melhoria da educação no Brasil.
1. Geografia na Educação Integral Uma Conclusão Preliminar
A conclusão da pesquisa aponta que a disciplina de Geografia na Educação Integral, na forma como é atualmente ministrada, não apresenta valores significativos para a formação dos estudantes. O tempo dedicado à Geografia no contraturno não se traduz em aprendizagem efetiva, um fato que se relaciona, entre outros fatores, com a falta de motivação do professor e a consequente falta de motivação dos alunos. A pesquisa sugere que a disciplina precisa ir além da simples integração no tempo escolar, buscando contribuir ativamente para a formação do cidadão. Para alcançar este objetivo, a pesquisa destaca a necessidade de um planejamento pedagógico mais eficaz e de uma metodologia de ensino mais engajadora e significativa.
2. A Necessidade de Planejamento e Recursos Inovadores
A pesquisa enfatiza a importância de planejar aulas criativas, práticas e objetivas, utilizando recursos tecnológicos como material inspirador. A falta de planejamento e de recursos didáticos adequados é apontada como um dos principais entraves para um ensino de Geografia eficaz no contraturno. A conclusão reforça a necessidade de metodologias que contemplem a aprendizagem ativa, utilizando recursos além do livro didático, promovendo a interação dos alunos com a realidade e estimulando o desenvolvimento de habilidades de observação, análise e interpretação crítica. A pesquisa sugere o uso de atividades práticas como pesquisas, maquetes e a integração de tecnologias educacionais para tornar as aulas mais dinâmicas e significativas. A Educação Integral, portanto, necessita de um projeto pedagógico bem definido para garantir a qualidade do ensino e aprendizagem.
3. Educação Integral Uma Ferramenta para o Desenvolvimento Social
A conclusão reitera o potencial da Educação Integral como ferramenta para o desenvolvimento social e individual, proporcionando uma educação contínua por meio de projetos e práticas pedagógicas que oferecem aos alunos competências e valores para a cidadania. A pesquisa destaca que a Educação Integral pode ser um caminho para melhorias no sistema educacional brasileiro, mas ressalta a importância de um planejamento cuidadoso no projeto pedagógico, com o objetivo claro de garantir a qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos. A pesquisa evidencia a necessidade de uma mudança de paradigma no ensino de Geografia, buscando uma abordagem que valorize a participação ativa do aluno, conectando a teoria com a prática e as experiências cotidianas. A conclusão reforça a urgência de investimentos em recursos e formação docente para atingir a qualidade almejada na Educação Integral.