A empatia também se ensina. Um estudo no âmbito da Educação para os Direitos Humanos com alunos do 6.º ano de escolaridade

Ensinando Empatia: Um Estudo

Informações do documento

Autor

Marisa Soares Barbosa

instructor/editor Gabriela Barbosa
Escola

Não especificado no texto, mas é um mestrado em Ensino 1º e 2º CEB

Curso Ensino 1º e 2º CEB - Português e História e Geografia de Portugal
Tipo de documento Relatório Final de Prática de Ensino Supervisionada
Ano de publicação Não especificado
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 3.36 MB

Resumo

I.O Impacto da Extração de Recursos para a Produção de Materiais Tecnológicos Perspetivas Estudantis

Este estudo de caso qualitativo investigou as opiniões de 15 estudantes sobre o custo humano associado à extração de recursos para a produção de tecnologia, com foco nos minerais de conflito provenientes da República Democrática do Congo. Utilizando questionários e observação de sessões de ensino, a pesquisa revelou uma falta inicial de consciencialização dos estudantes sobre as implicações éticas da produção de tecnologia, como o trabalho infantil e as violações de direitos humanos. Após uma sequência didática de 4 semanas, focada em Educação para o Desenvolvimento (ED) e desenvolvimento sustentável, muitas das perceções iniciais dos alunos foram alteradas, demonstrando um desejo de intervir por um mundo mais justo. A metodologia incluiu estudo de caso, questionários, e observação em sala de aula, permitindo a análise de dados qualitativos. O estudo destaca a importância da Educação para o Desenvolvimento na promoção da empatia e do pensamento crítico em relação ao consumo consciente e à justiça social.

1. Introdução Enquadramento do Estudo e Questão de Investigação

O estudo parte da problemática da extração de recursos minerais, como os minerais de conflito na República Democrática do Congo, que contribuem para conflitos armados e violações de direitos humanos. A pesquisa, um estudo de caso qualitativo com 15 estudantes, visa compreender as opiniões destes sobre os custos humanos associados à extração de recursos para produção de materiais tecnológicos. A metodologia envolveu dois questionários e observação das sessões de uma sequência didática de quatro semanas. Os resultados preliminares indicam que os alunos demonstravam inicialmente desconhecimento das implicações da fabricação de tecnologia, mas após a intervenção pedagógica, muitas de suas concepções mudaram, mostrando desejo de um papel mais ativo em prol de um mundo mais justo. A pesquisa busca contribuir para a consciencialização dos estudantes sobre as complexas relações entre o consumo de tecnologia e a realidade socioeconômica e ambiental em países produtores de matérias-primas.

2. Metodologia Abordagem Qualitativa e Instrumentos de Recolha de Dados

A investigação utilizou uma metodologia qualitativa, especificamente um estudo de caso, focando-se na compreensão das perspetivas individuais dos estudantes. A recolha de dados baseou-se na análise de dois questionários aplicados em momentos distintos (inicial e final da intervenção pedagógica) e na observação participante das sessões de ensino. Os questionários permitiram avaliar as concepções iniciais dos alunos sobre a problemática e comparar essas percepções com as opiniões após a intervenção educativa, possibilitando a análise de correlação entre as respostas. A observação das sessões permitiu recolher dados sobre a participação dos alunos, as suas reações às atividades propostas e as suas interações durante as discussões, fornecendo dados ricos e contextualizados para a análise. A integração de múltiplas fontes de dados, questionários e observação, fortaleceu a validade e a riqueza da análise qualitativa.

3. Resultados Mudança de Perspetivas e Consciencialização

Os resultados do estudo revelaram que, inicialmente, os estudantes demonstravam desconhecimento das implicações éticas e sociais da produção de tecnologia, mostrando-se alheios às questões de direitos humanos e condições de trabalho, incluindo o trabalho infantil, associadas à extração de recursos. Após a implementação da sequência didática de quatro semanas, centrada na Educação para o Desenvolvimento (ED) e no tema do consumo responsável, verificou-se uma significativa mudança nas suas perspetivas. Muitos alunos demonstraram uma maior consciencialização sobre o custo humano da produção tecnológica, expressando um desejo de um maior envolvimento em ações que promovam um mundo mais justo e sustentável. Esta alteração nas perceções demonstra a efetividade da intervenção pedagógica em promover o pensamento crítico e a empatia em relação a questões globais complexas.

II.Contexto da Intervenção Educativa

A intervenção ocorreu numa escola em Portugal, numa freguesia com cerca de 13 km² e 2.962 habitantes (dados de 2011), onde a agricultura e o pequeno comércio são atividades económicas predominantes. A escola, inaugurada em 2010, dispõe de boas condições e recursos tecnológicos. A turma-alvo era composta por 15 alunos (10 meninas e 5 meninos) entre 11 e 12 anos, provenientes de 9 freguesias diferentes. A análise do contexto socioeconómico familiar revelou uma diversidade de profissões e níveis de educação dos pais, sendo a maioria das crianças transportada de automóvel ou autocarro para a escola.

1. A Freguesia e o Contexto Socioeconômico

A intervenção educativa ocorreu numa freguesia portuguesa com uma área aproximada de 13 km² e uma população de 2962 habitantes em 2011, segundo dados da Junta de Freguesia. As principais atividades económicas são a agricultura e o pequeno comércio, incluindo oficinas de carpintaria e padarias. A freguesia possui uma cultura rica, com tradições festivas, nomeadamente religiosas, valores patrimoniais, gastronomia e artesanato. A comunidade local é ativa, com diversos grupos e associações que trabalham na preservação do patrimônio cultural e histórico através de eventos e festividades. Este contexto local, com suas características socioeconômicas e culturais, influenciou a escolha e adaptação das metodologias de ensino, buscando integrar o conhecimento prévio dos alunos e valorizar a sua identidade local. A proximidade da comunidade e o seu envolvimento nas atividades da escola foram também relevantes para a intervenção.

2. O Centro Escolar Infraestrutura e Recursos

O edifício do Centro Escolar, inaugurado em 2010, é relativamente recente e possui dois andares. O rés-do-chão inclui ginásio, sala de arrumos, casas de banho e salas de aula (duas para o 1º e 2º anos, e duas para apoio e artes). O primeiro andar dispõe de sala de professores, sala administrativa, sala de primeiros socorros, casas de banho, cantina, biblioteca e salas de aula (duas para o 3º e 4º anos e uma sala de apoio). As salas de aula estão bem equipadas com computadores, acesso à internet, projetores e quadros interativos. A escola dispõe de vastos recursos didáticos e pedagógicos. A infraestrutura moderna e os recursos tecnológicos disponíveis, criam um ambiente favorável à implementação de metodologias de ensino inovadoras e ao uso de recursos digitais em sala de aula, aspectos importantes para a intervenção pedagógica descrita no estudo.

3. A Turma Características dos Alunos e Contexto Familiar

O estudo focou-se numa turma do 6º ano de escolaridade composta por quinze alunos (dez meninas e cinco meninos) com idades entre 11 e 12 anos. Os alunos são provenientes de nove freguesias distintas, mas próximas da escola. A maioria utiliza transporte (sete de automóvel e sete de autocarro), sendo apenas um aluno que se desloca a pé. A turma possui acesso a computadores e à internet em suas residências. Nos seus tempos livres, os alunos participam em atividades desportivas e musicais, e demonstram gostar de ler, estudar, assistir televisão e usar computadores. Em relação à formação académica dos pais (trinta pais no total), a maior parte concluiu o ensino secundário, enquanto cinco possuem formação a nível de licenciatura. As profissões dos pais são diversificadas, com maior incidência nos setores de serviços e indústria. A maioria dos encarregados de educação são as mães dos alunos. Esta informação sobre as características dos alunos e o seu contexto familiar foi essencial para a adaptação das estratégias pedagógicas e a compreensão das suas necessidades e dificuldades de aprendizagem.

III.Desafios e Potencialidades da Turma

Observações em sala de aula revelaram diferentes níveis de aprendizagem na turma. Alguns alunos apresentaram dificuldades de atenção/concentração, ritmo lento na execução de tarefas e imaturidade, enquanto outros demonstraram autonomia e interesse. No domínio da língua portuguesa, verificou-se boa comunicação oral, embora com escasso vocabulário. Na leitura, a fluência era maior que a expressividade. Na escrita, problemas de caligrafia, ortografia e estruturação de textos foram observados. Estas informações foram cruciais para a adaptação das metodologias de ensino e a criação de planificações adequadas às necessidades dos alunos, promovendo uma aprendizagem diversificada e eficaz.

1. Níveis de Atenção e Desempenho Escolar

Observações em sala de aula revelaram uma heterogeneidade significativa no desempenho e atenção dos alunos. Uma parte considerável da turma demonstrava dificuldades de concentração, apresentando ritmo lento na execução de tarefas e, em alguns casos, desistência. Esses alunos exibiram indícios de imaturidade e falta de empenho. Além disso, algumas crianças apresentavam dificuldades de leitura e escrita, o que impactava negativamente o seu ritmo de trabalho. Em contrapartida, um grupo de alunos se destacava pelo bom aproveitamento escolar, apresentando facilidade no desenvolvimento das aprendizagens e métodos de estudo autónomos e interessados. No geral, porém, a maioria da turma mostrava entusiasmo e vontade de participar ativamente nas aulas. Essa diversidade de perfis e níveis de aprendizagem exigiu a adoção de estratégias de ensino diferenciadas, capazes de atender as necessidades individuais de cada aluno e promover o sucesso de todos.

2. Competências em Língua Portuguesa Leitura Escrita e Compreensão

A avaliação das competências em língua portuguesa evidenciou um grupo comunicativo, participativo em discussões coletivas. Apesar disso, o vocabulário utilizado, tanto na oralidade quanto na escrita, se mostrou escasso. Na leitura, observou-se fluência em grande parte da turma, porém com pouca expressividade, embora alguns alunos apresentassem boa capacidade expressiva. A compreensão textual apresentou-se como um desafio para a maioria, revelando limitações na interpretação de textos e questões. Na escrita, um grupo significativo apresentou caligrafia deficiente, erros ortográficos, dificuldades na estruturação de textos e na utilização da pontuação, comprometendo a legibilidade. Essa análise detalhada das habilidades linguísticas permitiu o desenvolvimento de estratégias específicas para melhorar as competências de leitura, escrita e compreensão em cada aluno, considerando os pontos fortes e fracos de cada um.

3. Importância da Observação para Planejamento e Adaptação Pedagógica

A observação em sala de aula foi fundamental para a preparação da intervenção pedagógica. Permitiu uma reflexão profunda sobre as dificuldades e pontos fortes de cada aluno, individualmente e como grupo, fornecendo informações sobre suas capacidades, interesses e dificuldades, bem como sobre o contexto familiar e social. Essa observação permitiu um planejamento de estratégias e metodologias mais adequadas à realidade da turma e da prática docente. A citação de Silva (1997, p.25) – “Observar cada criança e o grupo para conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, recolher as informações sobre o contexto familiar e o meio em que as crianças vivem, são práticas necessárias para compreender melhor as características das crianças e adequar o processo educativo às suas necessidades” – resume a importância dessa fase preparatória. A adaptação das metodologias de ensino ao contexto específico da turma, considerando motivações, interesses e características individuais, foi crucial para promover novas aprendizagens.

IV.Abordagem Pedagógica e Atividades

A intervenção pedagógica utilizou diferentes tipos de textos (narrativos, poéticos, informativos) e obras literárias do Plano Nacional de Leitura (3º ano), como "O senhor do seu Nariz" e "As Aventuras de Pinóquio". Atividades de escrita criativa e exploração do Estudo do Meio (físico e social) foram implementadas, com foco no meio local, história e tradições, e outras culturas. Recursos tecnológicos e manipuláveis foram usados para promover a aprendizagem ativa e a consolidação de conteúdos. A questão central era a conscientização sobre a realidade da extração de minerais de conflito no Congo e o seu impacto na produção de tecnologia, temas trabalhados transversalmente nas várias disciplinas e atividades.

1. Abordagem Interdisciplinar e Recursos Didáticos

A abordagem pedagógica privilegiou uma perspectiva interdisciplinar, explorando diversos tipos de textos (narrativos, poéticos, informativos, cartas, convites) e obras literárias do Plano Nacional de Leitura, adaptadas ao 3º ano do ensino básico. Obras como “O senhor do seu Nariz” de Álvaro Magalhães, “As Aventuras de Pinóquio” de Carlo Collodi e “A Cor das Vogais” de Virgílio Alberto Vieira foram trabalhadas, assim como “A princesa e a serpente” de António Mota. A leitura era realizada semanalmente, dada as dificuldades de algumas crianças. As atividades de escrita criativa foram promovidas, com tarefas como continuação de histórias, criação de finais alternativos e escrita a partir de ilustrações. A planificação, textualização e revisão de textos foram trabalhadas, explorando diferentes estruturas textuais (narrativas, dialogais, cartas, receitas, convites). Apesar do entusiasmo geral da turma, notou-se grande dificuldade na escrita de textos coerentes. Para superar essa dificuldade, foram usados pequenos resumos e atividades de melhoria de textos, focando feedback e correção de falhas.

2. Estudo do Meio Físico e Social Temas e Abordagens

No Estudo do Meio Físico, o foco foi o Bloco 1 – À Descoberta de si mesmo, com temas como o corpo humano (funções vitais, órgãos e localização), a saúde (importância do ar puro e do sol, perigos de substâncias tóxicas) e a segurança (primeiros socorros, mordeduras e hemorragias). No Estudo do Meio Social (Bloco 2 – À Descoberta dos Outros e das Instituições), foram abordados temas como o passado do meio local (figuras históricas, vestígios do passado, costumes e tradições), outras culturas da comunidade e costumes e tradições de outros povos. O estudo do passado local incluiu a análise de conceitos relacionados à toponímia, estatuária, concessão de forais, construções históricas (habitações, moinhos, igrejas, pontes, pelourinhos, monumentos pré-históricos), festas, trajes e gastronomia locais. O estudo de outras culturas explorou os aspetos culturais de minorias próximas à localidade, seus costumes, língua, gastronomia e música, incluindo costumes e tradições de outros povos em diferentes partes do mundo. A integração destes temas locais e globais visou criar uma aprendizagem significativa e contextualizada.

3. Recursos e Metodologias Integração de Tecnologias e Abordagens Inovadoras

A intervenção pedagógica utilizou diversos recursos, privilegiando a diversificação de métodos didáticos. Materiais físicos como ferro de engomar a carvão, linho, bordados regionais e rocas de fiar foram usados para promover a manipulação e exploração dos mesmos, em trabalhos de grupo que estimularam a autonomia e as capacidades estéticas e cognitivas dos alunos. A apresentação dos conceitos recorreu a recursos tecnológicos (computadores, internet, projetores, quadros interativos) e materiais manipuláveis, buscando uma aprendizagem mais dinâmica e inovadora. A integração de temas relacionados à cidadania e valores éticos, por exemplo, com a relação entre valores éticos e comunidades locais (como a comunidade cigana), foi uma preocupação central. O uso de telemóveis em atividades potenciou o mobile learning, complementando as apresentações dinâmicas, vídeos, animações, imagens, músicas, questionários e jogos utilizados para a consolidação dos conteúdos. A diversidade de recursos e metodologias procurou cativar os alunos pelo prazer da aprendizagem e promover uma aprendizagem diversificada, eficaz e prazerosa, integrando-os ativamente no processo.

V.Atividade Fazer a Diferença e Reflexão sobre o Custo dos Telemóveis

A atividade 'Fazer a diferença' focou-se em soluções para atenuar os impactos negativos do ciclo de vida dos telemóveis, incluindo reciclagem, melhoria das condições de trabalho no Congo, e redução do consumo. Os alunos discutiram e priorizaram ações para um mundo mais justo e sustentável. A análise das respostas ao questionário sobre o preço dos telemóveis revelou que 60% dos alunos acreditavam que deveriam ser mais caros, refletindo a compreensão das condições de exploração no processo de fabricação. A atividade serviu para promover a reflexão crítica sobre o consumo, os impactos ambientais e a justiça social.

1. Atividade Fazer a Diferença Busca por Soluções para um Mundo Mais Justo

A atividade 'Fazer a Diferença' tinha como objetivo estimular a identificação de soluções para mitigar os impactos negativos do ciclo de vida dos telemóveis. Os alunos, inicialmente, listaram ideias num quadro, construindo um mapa de soluções. Em seguida, cada dupla recebeu um conjunto de cartões com procedimentos para um mundo mais justo e sustentável, incluindo cartões em branco para sugestões adicionais. A tarefa consistia em ordenar os cartões por ordem de importância, sem respostas certas. As prioridades de cada dupla foram discutidas e comparadas, promovendo um debate sobre as implicações do processo de fabrico dos dispositivos tecnológicos e a formação de um pensamento crítico sobre os custos associados à aquisição de novos equipamentos. A atividade visava a consciencialização sobre a necessidade de ações contínuas para um consumo mais responsável e um mundo mais equitativo.

2. Reflexão sobre o Custo dos Telemóveis Perspectivas dos Alunos

Um questionário foi aplicado para colher informações sobre a perceção dos alunos em relação ao custo dos telemóveis. A grande maioria (60%) dos alunos considerou que o preço dos telemóveis deveria ser mais elevado, enquanto 40% optou por um custo mais baixo. Na justificação das respostas, alguns alunos focaram-se nas condições de trabalho e exploração dos trabalhadores envolvidos na produção, como a falta de pagamento e violação de direitos, temas trabalhados na sequência didática. Outros, concentraram-se apenas na acessibilidade do produto para a população, considerando que um preço mais alto tornaria o telemóvel inacessível para muitos. A análise dessas respostas permitiu compreender a evolução do pensamento dos alunos após a sensibilização para a problemática em estudo, auxiliando na resposta à questão de investigação central. A divergência nas opiniões demonstra a complexidade da questão e a necessidade de uma abordagem crítica e abrangente.

VI.Conclusão Educação para um Mundo Mais Justo

O estudo conclui que as atividades implementadas foram eficazes na sensibilização dos alunos para as questões da injustiça social, desigualdade, e violência associadas à produção de tecnologia. Os alunos demonstraram maior consciência sobre o impacto do seu consumo e a importância da reciclagem e de um consumo mais responsável. A Educação para o Desenvolvimento mostrou-se uma ferramenta crucial para promover a empatia, o pensamento crítico e a cidadania global. O estudo destaca o papel fundamental do professor como mediador de aprendizagens na promoção de valores e atitudes para um mundo mais equitativo e sustentável.

1. Consciencialização sobre a Injustiça Social e Desigualdade Global

As atividades desenvolvidas no estudo demonstraram ser eficazes na sensibilização dos alunos para as questões da injustiça social, desigualdade e falta de liberdade em várias partes do mundo. Através das atividades e dos questionários, os alunos compreenderam a existência de desigualdades e conflitos, como a extração de minerais em condições desumanas e violentas em países como a República Democrática do Congo, e a relação dessas condições com o seu consumo de tecnologia. A atividade “Fazer a diferença” e as respostas obtidas evidenciaram que os participantes reconheceram a existência de injustiças no processo de extração de minerais e fabricação de material tecnológico. Identificaram ações concretas para a mudança, como a sensibilização para essas questões, a redução do consumo e a reciclagem de aparelhos tecnológicos. Compreenderam que a justiça social exige o esforço contínuo de todas as pessoas, instituições e comunidades.

2. O Papel da Educação para o Desenvolvimento ED e a Cidadania Global

O estudo demonstra o potencial da Educação para o Desenvolvimento (ED) na formação de cidadãos críticos e conscientes da realidade global. As atividades promoveram a compreensão das relações económicas, políticas e sociais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, incentivando valores de solidariedade e justiça social. A capacidade de se colocar no lugar do outro, desenvolvida através da empatia, foi crucial para a compreensão das desigualdades e a identificação de ações para um mundo mais justo. A constatação de que a empatia pode ser ensinada, e que as aulas de História e Geografia são fundamentais para promover a cidadania global, reforça a importância da ED no currículo escolar. Desenvolver, desde cedo, a capacidade de compreender e agir em prol da justiça social é uma competência essencial para contribuir para um mundo mais equitativo e sustentável.