Ácido salicílico no desenvolvimento de plantas e nas características físico-químicas de frutas de morango ‘milsei-tudla’

Ácido Salicílico em Morangos 'Milsei-Tudla'

Informações do documento

Autor

Fernando Trevisan

Escola

Universidade Federal da Fronteira Sul

Curso Agronomia
Tipo de documento Trabalho de conclusão de curso
Local Laranjeiras do Sul, PR
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 577.17 KB

Resumo

I.Resumo do Estudo Efeito do Ácido Salicílico em Morangueiros

Este estudo investigou o efeito da aplicação de ácido salicílico (AS) em diferentes concentrações (1,0mM, 2,0mM, 3,0mM, 4,0mM e 0mM - controle) no crescimento e nas características físico-químicas de morangos da cultivar Milsei-Tudla. O ácido salicílico, conhecido como elicitor, foi aplicado quinzenalmente e mensalmente a partir do plantio. A pesquisa, realizada em Laranjeiras do Sul-PR (25º23’39,4”S, 52º23’41,7”W, 840m de altitude), utilizou mudas padronizadas (9,62 cm de altura, 6,39 cm de comprimento de raiz e 2,36 mm de diâmetro de caule) plantadas em sacos de polietileno (slabs) com substrato comercial Carolina Padrão®. Os resultados serão analisados em relação aos teores de clorofila (A, B e total), massa fresca, diâmetro, sólidos solúveis (SS), acidez titulável, pH, antocianinas e atividade de água das frutas.

1. Introdução O Ácido Salicílico e a Cultura do Morangueiro

O resumo inicia estabelecendo o contexto da pesquisa, destacando o interesse comercial da cultura do morangueiro (Fragaria × ananassa Duch.) devido a suas características atrativas ao consumidor (coloração avermelhada, aroma, sabor suave e propriedades nutracêuticas). A alta demanda e valor de mercado impulsionam a expansão das áreas de cultivo, tornando-se uma alternativa para a agricultura familiar. O estudo menciona o cultivo fora do solo (semi-hidropônico) como uma opção, apesar das desvantagens relacionadas a investimento inicial, qualificação dos produtores e custos com assistência técnica. A busca por alimentos saudáveis motiva a investigação do ácido salicílico (AS) como elicitor, substância capaz de estimular respostas das plantas a patógenos, como uma possível alternativa para melhorar a qualidade da produção de morangos. O uso do ácido salicílico em pós-colheita em outras culturas já demonstrou resultados positivos em relação à manutenção da qualidade, retardando a maturação e reduzindo a incidência de podridões. Por fim, a introdução ressalta a escassez de pesquisas com o uso de AS em morangueiros e o potencial desta substância como elicitor na expressão de resistência a estresses bióticos e abióticos.

2. Objetivo e Hipóteses Melhoria Fisiológica e Qualidade dos Morangos

O objetivo principal do trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de ácido salicílico no cultivo do morangueiro cv. Milsei-Tudla, buscando identificar as melhorias que sua aplicação pode proporcionar às características fisiológicas das plantas e à qualidade físico-química das frutas. A hipótese implícita é que a aplicação de ácido salicílico promoveria melhorias nas características da planta e da fruta. O ácido salicílico foi utilizado em diferentes concentrações (1,0mM, 2,0mM, 3,0mM, 4,0mM) com um grupo controle (0mM), aplicados em duas frequências: quinzenalmente e mensalmente, a partir do plantio. A expectativa é que o ácido salicílico, por suas propriedades como elicitor, promova mudanças positivas, refletidas no aumento dos teores de clorofila e em alterações físico-químicas significativas nos frutos.

3. Localização Materiais e Métodos Detalhes da Pesquisa

A pesquisa foi conduzida no Sítio Coqueiro Alto, em Laranjeiras do Sul - PR (coordenadas: 25º23’39,4”S, 52º23’41,7”W; altitude: 840m), região com clima temperado (Cfb). Foram utilizadas mudas da cultivar Milsei-Tudla, padronizadas em altura (9,62 cm), comprimento de raiz (6,39 cm) e diâmetro do caule (2,36 mm). As mudas foram plantadas em sacos de polietileno (slabs) com substrato comercial Carolina Padrão®. O experimento utilizou delineamento inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 5 x 2 (concentrações de AS x frequência de aplicação). Foram realizadas avaliações em plantas (número de folhas, coroas, diâmetro do caule, e teores de clorofila A, B e total em três frações da planta) e em frutos (massa fresca, diâmetro, coloração, sólidos solúveis, acidez titulável, pH, antocianinas e atividade de água). As análises das frutas foram realizadas no laboratório de Análise de Alimentos da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Laranjeiras do Sul-PR, imediatamente após a colheita. A análise estatística empregou o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

II.Metodologia Aplicação do Ácido Salicílico e Análise de Dados

O experimento utilizou delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 2 (concentração x período de aplicação). Foram avaliadas as características fisiológicas das plantas (número de folhas e coroas, diâmetro do caule e teores de clorofila em três frações da planta) e as características físico-químicas das frutas (massa fresca, diâmetro, coloração (ºHue), sólidos solúveis (°Brix), acidez titulável (% de Ácido Cítrico), pH, antocianinas (mg/100g) e atividade de água). As análises de pós-colheita foram realizadas no laboratório de Análise de Alimentos da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Laranjeiras do Sul-PR.

1. Delineamento Experimental e Tratamentos Ácido Salicílico e Cultivo de Morango

A metodologia empregou um delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), em um esquema fatorial 5 x 2, considerando cinco concentrações de ácido salicílico (1,0mM, 2,0mM, 3,0mM, 4,0mM e 0mM - controle) e dois períodos de aplicação (quinzenal e mensal). A escolha do DIC se justifica pela sua simplicidade e adequação para comparar tratamentos. O uso de dois períodos de aplicação permitiu avaliar a influência da frequência na resposta das plantas. A cultivar estudada foi Milsei-Tudla, e as plantas foram cultivadas em sacos de polietileno (slabs) com substrato Carolina Padrão®, contendo turfa de Sphagno, vermiculita expandida, calcário dolomítico, gesso agrícola e fertilizante NPK. A uniformidade das mudas foi assegurada através da padronização em altura, comprimento de raiz e diâmetro do caule, medidos com régua milimetrada e paquímetro digital, respectivamente. As plantas foram cultivadas em um sítio localizado no município de Laranjeiras do Sul - PR, com clima classificado como Cfb.

2. Variáveis e Instrumentos de Medição Análise das Plantas e Frutos

Ao final do ciclo produtivo, foram analisadas variáveis relacionadas ao crescimento das plantas: número de folhas e coroas, medidos manualmente; e diâmetro do caule, medido com paquímetro digital. Os teores de clorofila a, b e total foram determinados em três frações distintas da planta (superior, mediana e inferior), utilizando um clorofilômetro Falker modelo cloroFILOG CFL1030. O número de repetições variou entre 4 e 10, dependendo da variável analisada. Para a análise das frutas, coletadas imediatamente após a colheita, foram avaliadas as seguintes características físico-químicas: massa fresca (balança de precisão), diâmetro (paquímetro digital), coloração (colorímetro portátil Konica Minolta CR400), sólidos solúveis (°Brix, refratômetro digital), acidez titulável (% de ácido cítrico, titulometria), pH (pHmetro de mesa), antocianinas (espectrofotômetro, após extração em metanol acidificado), e atividade de água (analisador de aw Novasina AG Lanchem Lab Master CH8863). Foram utilizadas três repetições com seis frutos em cada. A razão entre sólidos solúveis e acidez titulável (Rattio) também foi calculada.

3. Análise Estatística Tratamento de Dados e Interpretação

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística utilizando o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade para comparar as médias dos tratamentos. Este teste foi empregado para verificar diferenças significativas entre as concentrações de ácido salicílico e os períodos de aplicação nas diversas variáveis analisadas. A análise estatística permitiu identificar o efeito significativo do ácido salicílico sobre os parâmetros estudados e determinar as concentrações e períodos de aplicação que resultaram em maior impacto sobre o crescimento da planta e a qualidade dos frutos. As figuras e tabelas apresentadas no trabalho mostram graficamente os resultados obtidos, facilitando a compreensão e interpretação dos dados.

III.Resultados Preliminares Impacto do Ácido Salicílico na Clorofila e Frutos

O ácido salicílico promoveu aumento nos teores de clorofila, principalmente nas concentrações de 2, 3 e 4mM na fração inferior das plantas. Observou-se também influência nas características físico-químicas dos morangos. Frutas com maior diâmetro foram observadas em todas as concentrações de AS em comparação ao controle, com destaque para as concentrações de 1,0mM e 2,0mM. Em relação aos sólidos solúveis (SS), houve redução com o aumento da concentração de AS. A acidez titulável não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos, exceto pela testemunha que apresentou maior valor. A coloração das frutas não apresentou diferença significativa entre os tratamentos.

1. Teores de Clorofila Efeito do Ácido Salicílico na Fotossíntese

A análise dos resultados mostrou que o ácido salicílico influenciou significativamente os teores de clorofila. Para a clorofila A, as concentrações de 2, 3 e 4 mM apresentaram valores superiores à testemunha na fração inferior das plantas. Já o teor de clorofila B apresentou uma curva crescente a partir da concentração de 1,0 mM, sendo a concentração de 4,0 mM a que apresentou maiores teores em todas as frações (inferior, mediana e superior). Somente a clorofila total (a+b) na fração superior apresentou significância estatística, com maior teor associado à maior concentração de AS. Esses resultados contrastam com alguns estudos prévios, como o de Hegazi e El-Shrayi (2007) em feijão, que observaram redução nos teores de clorofila com aplicação de AS, e o de Gorni (2015) em mil-folhas, que encontrou aumento significativo apenas na clorofila a e total em concentrações específicas. O aumento nos teores de clorofila indica um potencial incremento na fotossíntese, o que pode impactar positivamente o crescimento e desenvolvimento da planta.

2. Características Físico Químicas dos Frutos Influência do Ácido Salicílico na Qualidade do Morango

Em relação às características físico-químicas dos frutos, o estudo observou aumento no diâmetro das frutas em todas as concentrações de ácido salicílico em comparação à testemunha, com os maiores diâmetros atribuídos às concentrações de 1,0 mM e 2,0 mM. Essa observação sugere uma possível relação entre o ácido salicílico e o aumento do tamanho dos frutos, embora concentrações maiores (3,0 mM e 4,0 mM) possam apresentar um efeito antagônico. A massa fresca também apresentou correlação direta com o diâmetro nas concentrações de 1,0 mM e 2,0 mM. Todas as concentrações de AS resultaram em frutos classificados na classe 15 (diâmetro de 15 a 35 mm), segundo normas da CEAGESP (2009), indicando sua aptidão para comercialização. No entanto, para os sólidos solúveis (SS), observou-se uma redução nos teores com o aumento da concentração de AS, um resultado semelhante ao relatado por Borsatti (2014) em acerola e Sanches et al. (2015) em jabuticabas. A coloração dos frutos e a acidez titulável não mostraram diferenças significativas entre os tratamentos, exceto pela testemunha que apresentou maior acidez.

IV.Conclusão e Implicações Produção de Morangos Saudáveis

Os resultados indicam que a aplicação de ácido salicílico pode ser uma alternativa para a produção de morangos com melhor qualidade, influenciando positivamente os teores de clorofila e o tamanho dos frutos. Estudos futuros devem explorar as concentrações ótimas para maximizar os efeitos benéficos do AS, sem afetar negativamente os sólidos solúveis e outras propriedades relevantes para a comercialização, garantindo a produção de alimentos saudáveis.

1. Síntese de Clorofila e Crescimento Vegetal Implicações Fotossintéticas

A aplicação de ácido salicílico induziu a síntese de clorofilas, resultando em incrementos fotossintéticos. Este aumento na produção de energia pelas plantas, consequentemente, levou a um acúmulo de massa fresca e aumento no diâmetro dos frutos. A relação entre a maior concentração de ácido salicílico e a maior produção de clorofila sugere uma possível correlação entre o elicitor e o processo fotossintético. A ausência de diferença significativa em variáveis como diâmetro do caule, número de folhas e de coroas, indica que o efeito do ácido salicílico pode ser mais pronunciado na produção de energia e no desenvolvimento dos frutos, ao invés de impactar significativamente o crescimento vegetativo da planta. Comparando com estudos anteriores, a pesquisa obteve resultados diferentes em relação à influência do ácido salicílico na quantidade de folhas, ao contrário do observado por Gorni (2015) em mil-folhas, onde houve redução em algumas concentrações. Esse achado destaca a importância de estudos específicos para cada cultivar e condição de cultivo.

2. Qualidade da Fruta Análise das Características Físico Químicas

A aplicação do ácido salicílico resultou em frutos com maior diâmetro em todas as concentrações testadas em relação à testemunha, sendo os maiores incrementos observados nas concentrações de 1,0 mM e 2,0 mM. Há uma correlação direta entre massa fresca e diâmetro nessas concentrações. Apesar do aumento no diâmetro e na massa fresca, houve uma redução nos sólidos solúveis (SS) com o aumento das concentrações de ácido salicílico, um resultado semelhante ao encontrado em outros estudos com acerola (Borsatti, 2014) e jabuticabas (Sanches et al., 2015). A acidez titulável não apresentou diferenças significativas, exceto pela testemunha, que mostrou maior valor. A coloração dos frutos também não apresentou variações significativas, contrariamente ao observado por Moreno et al. (2015) em amora preta. Apesar disso, todas as concentrações de AS geraram frutos enquadrados na classe 15 de comercialização (15-35mm de diâmetro) segundo a CEAGESP (2009), indicando que, mesmo com redução de sólidos solúveis em algumas concentrações, os frutos se mantêm aptos para o mercado.

3. Conclusões e Perspectivas Futuras Otimização da Aplicação do Ácido Salicílico

Em resumo, a aplicação de ácido salicílico demonstrou potencial para melhorar a qualidade dos morangos, influenciando positivamente os teores de clorofila e o tamanho dos frutos. Entretanto, a redução dos sólidos solúveis em algumas concentrações indica a necessidade de estudos adicionais para determinar a concentração ideal de AS, que maximize os benefícios sem afetar negativamente a qualidade sensorial e nutricional dos morangos. O estudo aponta a necessidade de investigar mais a fundo a interação entre a concentração do ácido salicílico, a frequência de aplicação e a resposta da cultivar Milsei-Tudla, visando otimizar a técnica e garantir uma produção de morangos saudáveis e de alta qualidade para o mercado consumidor. Pesquisas futuras devem focar na avaliação sensorial e na análise de outros compostos bioativos para uma avaliação completa da qualidade dos frutos.