Acompanhamento da produção de sementes básicas de milho na Monsanto do Brasil

Produção de Sementes de Milho

Informações do documento

Autor

Felipe Schlichting Da Silva

Escola

Universidade Federal De Santa Catarina

Curso Agronomia
Tipo de documento Relatório De Estágio Curricular Supervisionado
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 848.69 KB

Resumo

I. Referencial Teórico Agronegócio e a Cultura do Milho

Este trabalho aborda o agronegócio brasileiro, focando na produção de sementes de milho ( Zea mays) como importante geradora de riquezas. O milho, uma planta C4 com alta eficiência fotossintética, apresenta grande relevância na segurança alimentar global, com o Brasil desempenhando papel crucial na demanda crescente por alimentos. O documento detalha aspectos da cultura do milho, incluindo seu ciclo de desenvolvimento (110-180 dias), influência da radiação solar e temperatura na produtividade, e a importância da época de semeadura ideal para maximizar o rendimento. Aspectos genéticos e fisiológicos das sementes são cruciais para garantir a qualidade e o sucesso da produção.

4.1 Agronegócio

O agronegócio é apresentado como uma das principais fontes de riqueza do Brasil, colocando o país entre as nações mais competitivas na produção de commodities agrícolas. A alta competitividade é atribuída a investimentos em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, resultando em aumento exponencial da produtividade (Frischtak, 2014). A expansão da cultura do milho é detalhada, desde o Novo Mundo até as regiões temperadas do Mediterrâneo, com os exploradores europeus como principais responsáveis pela sua disseminação pela África e, posteriormente, pelo Oriente. Essa expansão se deve à versatilidade e facilidade de adaptação climática e de solo do milho. O texto destaca ainda a crescente demanda por alimentos, estimada em 20% nos próximos 10 anos, e a expectativa de que o Brasil atenda cerca de 40% dessa demanda, reforçando a importância estratégica da produção de milho.

4.3 Cultura do Milho

A seção descreve o milho (Zea mays) como uma planta monocotiledônea da família Gramineae/Poaceae, gênero Zea, com origem na Mesoamérica (México). É uma planta monoica (órgãos sexuais masculinos e femininos separados na mesma planta) e alógama (reprodução cruzada). A inflorescência masculina é o pendão, e a feminina, a espiga (Machado & Parteniani, 1998). O processo metabólico do milho é favorecido por temperaturas elevadas (ótimo entre 24°C e 30°C), influenciando diretamente na produção de matéria seca. Temperaturas abaixo de 10°C inibem o crescimento, enquanto temperaturas acima de 30°C, especialmente à noite, reduzem a produção de grãos (Cruz et al., 2008). A compreensão dos processos fisiológicos da planta é fundamental para a tomada de decisões no campo (Klar, 1984), considerando a absorção e transpiração de água, a resistência estomática e a disponibilidade hídrica do solo.

4.3.5 Época de Semeadura

A época de semeadura afeta o crescimento e desenvolvimento do milho, dependendo da umidade do solo, temperatura, radiação solar e fotoperíodo, fatores que variam regionalmente. A semeadura ideal coincide a floração com os dias mais longos e o enchimento de grãos com temperaturas elevadas e alta radiação solar (Cruz et al., 2010). Estas condições climáticas são cruciais para garantir o rendimento máximo da lavoura.

4.3.4 Radiação Solar

A radiação solar é essencial para a fotossíntese do milho. A redução da intensidade luminosa (30% a 40%) por longos períodos atrasa a maturação ou reduz a produção, pois cerca de 90% da matéria seca provém da fixação de CO2 na fotossíntese (Cruz et al., 2008). A intensidade e duração da insolação são fatores-chave para o desenvolvimento e a produtividade da planta.

4.3.6 Ciclo de Desenvolvimento

O ciclo do milho no Brasil varia de 110 a 180 dias, dependendo do genótipo (superprecoce, precoce ou tardio) (Fancelli & Dourado Neto, 2000). As fases fenológicas são influenciadas por fatores climáticos como umidade relativa, temperatura do ar e do solo, chuva, radiação solar e fotoperíodo (Costa, 1994), e sua duração varia conforme região, ano e data de semeadura. O desenvolvimento da semente, em angiospermas, envolve o embrião (fertilização do óvulo), endosperma, perisperma e a testa (casca).

4.6.1 Genéticos

A qualidade genética das sementes de milho abrange pureza varietal, potencial produtivo, resistência a pragas e doenças, precocidade, qualidade do grão e resistência a condições adversas (Peske, 2012). Essas características são influenciadas pelo ambiente e observadas no desenvolvimento das plantas. A germinação, definida como a emergência e desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião, é expressa em porcentagem e padronizada internacionalmente. Testes de germinação avaliam a qualidade fisiológica, mas as condições ideais do teste podem diferir das condições de campo (Carvalho et al., 2012). Sementes sadias e livres de patógenos (bactérias, fungos, nematoides e vírus) são essenciais para a propagação, pois patógenos podem causar surtos de doenças (Peske, 2006).

4.7 Ponto Ótimo de Colheita

A umidade da semente, expressa em porcentagem em relação ao peso úmido, influencia significativamente seu desempenho (Costa et al., 1983). O ponto ótimo de colheita é determinado pelo teor de umidade, idealmente entre 35% e 25% para o milho, para minimizar danos mecânicos e facilitar a debulha. Atrasos na colheita reduzem a germinação e o vigor e aumentam a infecção por fungos (Monsanto).

II. Atividades Desenvolvidas Manufatura de Sementes Básicas de Milho na Monsanto

O estágio na Monsanto do Brasil, realizado em unidades de beneficiamento em Cachoeira Dourada e Paracatu (Minas Gerais), permitiu acompanhar a cadeia produtiva de sementes básicas de milho. O trabalho envolveu a avaliação de plantabilidade, com foco na população de plantas e competição intraespecífica; a remoção de plantas atípicas por meio do rouguing nos estágios V4 e pré-florescimento; a avaliação de pragas e doenças que afetam a qualidade fisiológica das sementes; e a determinação do ponto ótimo de colheita para garantir a qualidade das sementes. A produção ocorre em parceria com cooperantes em Minas Gerais, Goiás e São Paulo, utilizando pivôs centrais de irrigação. Um projeto de melhoria de um dashboard, ferramenta de tomada de decisão para o planejamento de safras, visando definir metas de produtividade e alocação de recursos para cada cultivar, também foi desenvolvido.

5.1 Cadeia de Produção de Sementes Básicas de Milho

O estágio na Monsanto do Brasil focou na cadeia de produção de sementes básicas de milho, abrangendo desde o entendimento do processo produtivo até a manutenção da qualidade dos campos e o fluxo de trabalho em unidades de beneficiamento. A experiência incluiu o acompanhamento de diversas etapas da safra, como planejamento, plantio, acompanhamento da qualidade dos campos, colheita e beneficiamento das sementes genéticas de milho (Zea mays). O estágio foi realizado no departamento de manufatura de sementes básicas, em parceria com cooperantes que devem possuir estrutura de irrigação com pivôs centrais, localizados principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, distribuídos em seis núcleos produtores. O objetivo era compreender os fatores que afetam a qualidade do produto final: a semente ensacada, desde o recebimento até o ensaque, visitando as unidades de beneficiamento em Cachoeira Dourada e Paracatu, Minas Gerais.

5.2.1 Plantabilidade

A plantabilidade, etapa crucial onde se aplicam cerca de 70% dos investimentos, define a população de plantas, principal componente do rendimento da cultura do milho (Fancelli & Dourado Neto, 2000). Avaliações do estande de plantas e do percentual de plantas duplas (competição intraespecífica) foram realizadas durante visitas a cooperantes. Plantas duplas podem levar a plantas dominadas, com atraso de desenvolvimento em relação ao padrão da lavoura. Um exemplo prático ilustra a diferença na uniformidade de dois lotes de sementes do mesmo material, com diferentes taxas de germinação e vigor (93% e 46% vs. 98% e 97%), demonstrando a importância da qualidade da semente para um bom desenvolvimento.

5.2.3 Rouguing

A prática do rouguing, remoção de plantas atípicas, é essencial para garantir a pureza varietal, genética e física das sementes (Embrapa, 2005). A remoção de plantas indesejáveis é uma atividade trabalhosa e dispendiosa, realizada em momentos críticos do ciclo da planta (estágios V4 e pré-florescimento). A presença de uma planta atípica tem impacto exponencial em safras subsequentes, demandando atenção e ação imediata.

5.2.4 Pragas e Moléstias

Avaliações da ocorrência de pragas e doenças foram realizadas durante todo o ciclo da cultura, fornecendo informações para decisões sobre controle, produtos e manejo. Os agrônomos reportaram os resultados, pois estes fatores impactam diretamente na condição fisiológica da planta e, consequentemente, na qualidade fisiológica das sementes de milho (Zea mays). Exemplos de problemas incluem enfezamento branco e ataque de lagarta do cartucho.

5.2.5 Desenvolvimento das Sementes e Pausas de Qualidade

Avaliações de granação no estádio fenológico R3 permitem estimar a produção e avaliar a condição sanitária da espiga, impactando a qualidade fisiológica. As “pausas de qualidade”, encontros da equipe técnica (agrônomos, liderança e técnicos de campo), visam treinar e discutir boas práticas de manejo e condução dos campos, buscando entregar um produto de qualidade superior. Um exemplo é o treinamento sobre identificação de plantas atípicas em Cristalina/GO.

5.2.6 Ponto Ótimo de Colheita e 5.2.7 Colheita

O ponto ótimo de colheita, fundamental para a manutenção da qualidade fisiológica das sementes, ocorre quando o conteúdo de água das sementes está entre 35% e 25%, alcançado através da secagem natural a campo. Atrasos na colheita reduzem a germinação e o vigor e aumentam a infecção por fungos. A colheita mecanizada em espiga visa evitar danos mecânicos. Inspeção e limpeza minuciosas das máquinas colhedoras e caminhões são cruciais para evitar contaminação varietal. O processo de beneficiamento nas unidades de Cachoeira Dourada e Paracatu (MG) foi também observado, desde o recebimento até o ensaque.

5.3 Desenvolvimento de um Dashboard para Tomada de Decisão

O projeto de um dashboard, um painel de indicadores para planejamento de safras, visa melhorar a tomada de decisão na definição das metas de produtividade para cada material alocado aos cooperantes. As características essenciais do dashboard são rapidez, exatidão e dinamismo. Resultados incluem a definição de produtividades por linhagem e ambiente, janelas de cultivo adequadas e rendimentos nas usinas. Definir metas assertivas é crucial para evitar superprodução (estoque obsoleto) e subprodução (falta de atendimento aos clientes), impactando diretamente na imagem e reputação da empresa.

III.Resultados do Projeto de Melhoria do Dashboard

O projeto do dashboard permitiu definir as produtividades ideais de cada linhagem de milho por ambiente, as janelas de cultivo mais adequadas (cedo, normal, tarde), e os rendimentos nas usinas. A ferramenta auxilia na tomada de decisões estratégicas, evitando a superprodução (gerando estoques obsoletos) ou a subprodução (impactando negativamente os clientes). A produtividade dos materiais impacta diretamente nos custos da alocação de áreas, incluindo pagamentos aos cooperantes, insumos, e mão de obra do rouguing.

1. Definição de Metas de Produtividade

O principal resultado do projeto foi a definição precisa das metas de produtividade para cada linhagem de milho, considerando o ambiente ideal de cultivo. Isso incluiu a determinação das janelas de cultivo mais adequadas (cedo, normal ou tarde), levando em consideração fatores como clima e condições de solo. A análise também quantificou os rendimentos nas usinas, ou seja, a quantidade de material que sobra após o processo de beneficiamento, desde o recebimento até o ensaque. Esta informação é crítica para o planejamento eficiente da produção, garantindo que a empresa tenha a quantidade ideal de sementes para atender a demanda do mercado, sem gerar desperdícios ou faltas de produto.

2. Impacto Financeiro da Definição Assertiva de Metas

A importância de definir metas de produtividade de forma assertiva é enfatizada pelo impacto financeiro significativo que a imprecisão pode gerar. A produção excessiva leva a alocação de áreas maiores para os cooperantes, gerando estoque obsoleto e custos com armazenagem de sacos de sementes não utilizados. Por outro lado, a subprodução resulta na incapacidade de atender à demanda dos clientes, causando prejuízos ainda maiores, afetando a imagem e reputação da empresa. O projeto, portanto, contribui para a otimização dos recursos e a garantia da sustentabilidade financeira da operação.

3. Utilização do Dashboard para Planejamento de Safras

O dashboard desenvolvido permite identificar padrões nas produtividades das diferentes linhagens de milho, criando uma base estatística robusta para tomada de decisões mais informadas. A ferramenta é usada no planejamento das safras e na definição das metas de produtividade para cada material que será plantado. A produtividade impacta diretamente na quantidade de área a ser alocada e nos custos associados, como pagamento aos cooperantes, aplicação de produtos químicos, aluguel de máquinas e implementos agrícolas, transporte e mão de obra para o rouguing. O objetivo é garantir uma produção eficiente e rentável, baseada em dados e análises.