
Falhas Mecânicas em Próteses Fixas
Informações do documento
Autor | Ricardo Dell Antonio De Souza |
instructor | Profa. Dra. Elisa Oderich |
Escola | Universidade Federal De Santa Catarina |
Curso | Odontologia |
Tipo de documento | Trabalho De Conclusão De Curso |
Local | Florianópolis |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.12 MB |
Resumo
I.Resumo do Estudo Análise de Falhas em Próteses Fixas na UFSC
Este estudo piloto, realizado na Clínica III do curso de Odontologia da UFSC, investigou a incidência de falhas mecânicas em próteses fixas (PF) confeccionadas entre 2010 e 2014. Foram analisadas 60 PF (26 coroas unitárias, 25 retentores intrarradiculares, e 9 próteses parciais fixas (PPF)) em 20 pacientes. A principal falha identificada foi a impacção alimentar (37,1%), devido a problemas de contato proximal. Outras falhas incluíram incompatibilidade de cor e forma (17,1%), desadaptação marginal (11,4%), desgaste do material (8,3%) e contato prematuro (5,7%). A taxa de sucesso das PF foi de apenas 35%, indicando a necessidade de melhorias no planejamento e execução dos tratamentos para aumentar a longevidade e previsibilidade das próteses. O estudo destaca a importância da manutenção e o uso de registros clínicos completos.
1. Objetivo e Escopo do Estudo
O estudo teve como objetivo principal avaliar a incidência de falhas mecânicas em próteses fixas (PF) realizadas por alunos na Clínica III do curso de Odontologia da UFSC, entre os anos de 2010 e 2014. Trata-se de um estudo piloto, buscando identificar as principais causas de insucesso e fornecer dados para futuras pesquisas mais amplas. A análise focou em falhas mecânicas, excluindo problemas de origem biológica. A pesquisa analisou diferentes tipos de próteses fixas, incluindo coroas unitárias, retentores intrarradiculares e próteses parciais fixas (PPF). A coleta de dados incluiu exame clínico-radiográfico, análise de prontuários e avaliação periodontal. A taxa de sucesso das próteses fixas, considerando o período de tempo analisado, foi o foco principal da avaliação, a fim de se extrair dados relevantes sobre a necessidade de aperfeiçoamento de técnicas e protocolos. O estudo serviu como base para a formação de hipóteses a respeito do impacto do planejamento e execução dos tratamentos na longevidade das próteses fixas.
2. População e Amostra do Estudo
A população do estudo compreendeu todos os pacientes atendidos na Clínica III de Odontologia da UFSC que receberam próteses fixas entre 2010 e 2014. No entanto, a amostra do estudo foi composta por 20 pacientes que atenderam aos critérios de elegibilidade, totalizando 60 próteses fixas analisadas. A amostra incluiu 6 pacientes do sexo masculino (30%) e 14 pacientes do sexo feminino (70%), com uma idade média de 57,65 anos (variando de 39 a 80 anos). Foram analisadas 26 coroas unitárias, 25 retentores intrarradiculares e 9 próteses parciais fixas. O processo de recrutamento envolveu tentativas de contato telefônico com aproximadamente 157 pacientes da lista inicial de cerca de 2000 pacientes atendidos na clínica no período. Destes, 41 tinham números telefônicos desatualizados, 21 não haviam recebido tratamento protético, 26 mudaram de cidade ou faleceram e 12 se recusaram a participar. Dos 57 pacientes contatados com sucesso, 46 demonstraram interesse e, após avaliação, apenas 20 atenderam aos critérios de inclusão.
3. Tipos de Falhas e Taxa de Sucesso
A análise das 60 próteses fixas revelou uma alta prevalência de falhas. A falha mais comum foi a impactação alimentar devido à falta de contato proximal (37,1%). Outras falhas significativas incluíram incompatibilidade de cor e forma (17,1%), desadaptação marginal (11,4%), desgaste do material de revestimento (8,3%) e contato prematuro (5,7%). De forma geral, a taxa de sucesso das próteses fixas avaliadas foi de apenas 35%. Embora o estudo não tenha identificado fraturas da prótese, da infraestrutura, do retentor ou dentes remanescentes, ou incompatibilidade de posição, a alta taxa de falhas aponta para a necessidade de melhorias nos processos de planejamento e execução do tratamento. A análise considerou um período médio de 4 anos entre a entrega da prótese e a avaliação, durante o qual 39 das 60 próteses apresentaram ao menos um tipo de falha ou complicação protética. A pesquisa evidencia a importância do acompanhamento pós-tratamento e da implementação de um programa de manutenção e controle de próteses.
II.Metodologia da Pesquisa
A pesquisa utilizou uma abordagem retrospectiva, analisando dados clínicos e radiográficos de pacientes tratados na UFSC entre 2010 e 2014. De uma lista de aproximadamente 2000 pacientes, 157 foram contatados, resultando em 20 participantes elegíveis (6 homens e 14 mulheres, com idade média de 57,65 anos). A avaliação incluiu exame clínico, radiografias periapicais, e análise de prontuários. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (protocolo nº 800.553).
1. Seleção da Amostra e Coleta de Dados
A metodologia empregada neste estudo piloto se baseou na análise retrospectiva de dados de pacientes tratados na Clínica III de Odontologia da UFSC entre 2010 e 2014. Inicialmente, uma lista contendo aproximadamente 2000 nomes de pacientes que receberam algum tipo de prótese foi compilada. Destes, foram contatados 157 pacientes por telefone, a fim de verificar a elegibilidade para o estudo, sendo que os pacientes precisavam atender a critérios pré-estabelecidos. Após o contato, uma série de fatores levaram a uma redução significativa na amostra: 41 pacientes tinham números de telefone desatualizados, 21 não haviam recebido próteses fixas, 26 haviam mudado de cidade ou falecido, e 12 se recusaram a participar. Dos 57 pacientes contatados com sucesso, 46 expressaram interesse em participar da pesquisa. Por fim, somente 20 pacientes atenderam a todos os critérios de elegibilidade e foram incluídos no estudo, resultando em uma amostra de 60 próteses fixas (26 coroas unitárias, 25 retentores intrarradiculares e 9 próteses parciais fixas).
2. Avaliação Clínica e Radiográfica
A avaliação dos 20 pacientes incluiu um exame clínico completo, juntamente com a coleta de informações relevantes em seus prontuários. Radiografias periapicais foram realizadas para cada dente pilar envolvido nas próteses fixas, utilizando a técnica da bissetriz e posicionadores radiográficos específicos. O tempo de exposição aos raios-X foi padronizado, seguindo as instruções do fabricante do aparelho (Spectro 70X, Dabi Atlante) e do filme radiográfico (Contrast E-Speed, DFL). Os filmes foram processados manualmente, utilizando cubas disponíveis na Disciplina de Radiologia do Curso de Odontologia da UFSC. Além do exame clínico e radiográfico, foram realizadas sessões de fotografias e coleta de dados adicionais, visando uma análise completa do estado das próteses. Para garantir a ética e o respeito às normas de pesquisa, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (CEPSH-UFSC), sob o protocolo nº 800.553, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
III.Resultados e Discussão Tipos de Falhas e Fatores Contribuintes
Os resultados mostraram uma alta taxa de falhas em próteses fixas, principalmente relacionadas à falha no contato proximal. A análise comparativa com outros estudos foi limitada pela pequena amostra e pela falta de informações completas nos prontuários. Observações sobre a metalocerâmica como material predominante e a utilização de cimentos (fosfato de zinco e cimento resinoso) também foram relatadas, embora a falta de dados nos prontuários tenha dificultado a comparação com a literatura. A pesquisa apontou para a necessidade de melhorias no preparo dentário, respeitando os princípios biomecânicos de retenção, resistência e solidez, além da importância de um rigoroso planejamento protético e controle de qualidade.
1. Análise das Falhas Mecânicas em Próteses Fixas
Os resultados do estudo revelaram que, das 60 próteses fixas analisadas (26 coroas unitárias, 25 retentores intrarradiculares e 9 próteses parciais fixas), 39 apresentaram algum tipo de falha ou complicação protética após um período médio de quatro anos. A falha mais prevalente foi a impactação alimentar, causada por defeitos no contato proximal (37,1%). Outras falhas incluíram incompatibilidade de cor e forma (17,1%), desadaptação marginal (11,4%), desgaste do material de revestimento (8,3%) e contato prematuro (5,7%). Esta alta incidência de falhas resultou em uma taxa de sucesso geral de apenas 35% para os tratamentos com próteses fixas realizadas na universidade. É importante destacar que o estudo não observou casos de incompatibilidade de posição da prótese ou fraturas da restauração, infraestrutura, retentor intrarradicular ou dentes remanescentes. A análise dos dados sugere fortemente a necessidade de maior rigor no planejamento e execução dos tratamentos para melhorar a longevidade e previsibilidade das próteses fixas.
2. Discussão dos Resultados e Comparação com a Literatura
A alta prevalência de falhas no contato proximal (37,1%), observada neste estudo, não foi encontrada com a mesma frequência em outros trabalhos da literatura. Embora a amostra deste estudo seja pequena, a alta taxa de falhas sugere deficiências no planejamento e na execução dos tratamentos protéticos, além da falta de critérios claros no momento da instalação das próteses. A pesquisa mostra que apenas 17% das próteses fixas apresentavam um preparo coronário com forma de retenção adequada, enquanto 26% tinham um preparo expulsivo, e em 57% dos casos a identificação do tipo de preparo foi impossível devido à falta de informações nos prontuários. A comparação com estudos que mostram uma prevalência de 57% para próteses metalocerâmicas (Santos et al., 2003) foi dificultada pela pequena amostra e pela ausência de dados completos nos prontuários. Da mesma forma, a falta de informações sobre o tipo de cimentação utilizada (fosfato de zinco ou cimento resinoso) impediu uma análise mais detalhada e comparativa com estudos que apontam preferência por cimentos de fosfato de zinco (57,22%) e o uso menor de resinosos (25,3%). A falta de informações consistentes nos prontuários limitou significativamente a capacidade de comparar os resultados deste estudo piloto com outros trabalhos científicos na área.
IV.Limitações do Estudo
As principais limitações do estudo incluíram o tamanho da amostra (20 pacientes), a falta de padronização em radiografias, a ausência de informações completas em prontuários, e o método de amostragem por conveniência. A dificuldade de contato com pacientes, e a falta de um aparelho panorâmico na clínica foram outros fatores relevantes.
1. Tamanho da Amostra e Recrutamento de Pacientes
Uma das principais limitações deste estudo foi o pequeno tamanho da amostra, composta por apenas 20 pacientes. Este número reduzido de participantes se deve a diversos fatores no processo de recrutamento. Inicialmente, foram contatados 157 pacientes, mas muitos não puderam participar devido a informações de contato desatualizadas (26,1%), a não realização de tratamento protético (13,8%), mudança de cidade ou falecimento (16,6%), ou recusa em participar (7,6%). Mesmo entre aqueles contatados com sucesso (36,3%), nem todos atenderam aos critérios de elegibilidade (12,7% da amostra inicial), resultando na pequena amostra final. Além disso, o método de amostragem por conveniência pode ter introduzido vieses, pois pacientes sem queixas relacionadas às próteses provavelmente não se inscreveram no estudo. A pequena amostra limita a generalização dos resultados e a capacidade de realizar análises estatísticas mais robustas.
2. Falta de Padronização e Informações Incompletas
A falta de padronização em diversos aspectos da pesquisa também representou uma limitação significativa. A ausência de um aparelho panorâmico para radiografias impediu a obtenção de imagens mais completas e comparáveis entre os pacientes. A padronização na revelação dos filmes radiográficos também não foi garantida, devido à falta de equipamentos apropriados. Adicionalmente, a falta de informações completas e consistentes nos prontuários dos pacientes dificultou a análise, especialmente em relação aos tipos de cimentação usados e aos princípios biomecânicos seguidos no preparo dentário. A existência de mais de um prontuário para alguns pacientes, o preenchimento incompleto dos registros e, em alguns casos, o desaparecimento de prontuários do setor de triagem, contribuíram para a falta de dados e limitaram a capacidade de comparação com estudos previamente realizados na literatura. A inconsistência na coleta de dados prejudica a validade e a confiabilidade dos resultados.
3. Outros Fatores Limitantes
Outros fatores contribuíram para as limitações do estudo. O tamanho dos questionários utilizados na pesquisa, muitas vezes, demandava mais de uma sessão para sua conclusão, o que dificultava o retorno dos pacientes para a finalização da entrevista, impactando no número de dados coletados. A ocorrência de feriados também afetou a disponibilidade dos pacientes para as avaliações, resultando em dificuldades para a conclusão do estudo no tempo previsto. A metodologia do estudo também foi afetada pela natureza retrospectiva da pesquisa, baseada em dados já existentes, o que pode ter introduzido vieses e limitações na análise. Finalmente, a falta de padronização dos métodos e a impossibilidade de remover as próteses para análise clínica do preparo dificultaram a comparação com outros estudos.
V.Conclusão e Sugestões Futuras
Este estudo piloto sobre falhas em próteses fixas na UFSC fornece informações valiosas, embora limitado pela sua metodologia. Os achados ressaltam a importância de um planejamento protético mais preciso, melhor preenchimento de prontuários, e a implementação de um programa de manutenção e controle para aumentar a longevidade e a previsibilidade do tratamento com próteses fixas. Sugere-se a realização de estudos futuros com amostras maiores e metodologias mais robustas para confirmar e expandir os resultados encontrados neste estudo piloto.
1. Limitações da Amostra e Metodologia
Este estudo piloto, apesar de seus resultados relevantes, apresenta algumas limitações importantes. A principal delas é o tamanho reduzido da amostra, com apenas 20 pacientes, o que reduz o poder estatístico e a capacidade de generalização dos resultados para uma população maior. Este pequeno número de participantes é resultado de dificuldades no processo de recrutamento, incluindo a localização dos pacientes por telefone (com uma taxa de sucesso de apenas 36,3%), a recusa de alguns em participar e a falta de dados completos em prontuários. A amostragem por conveniência também introduz um viés, uma vez que pacientes sem problemas com suas próteses eram menos propensos a participar do estudo, resultando numa amostra tendenciosa para próteses com problemas preexistentes. A pequena amostra, combinada com o método de recrutamento, afeta a generalização dos resultados e a robustez das conclusões.
2. Falta de Padronização e Dados Incompletos
A falta de padronização em diversos aspectos da pesquisa também compromete a análise. A ausência de um aparelho de radiografia panorâmica, que permitiria imagens mais completas, é uma limitação importante. Da mesma forma, a padronização na revelação dos filmes radiográficos não foi garantida, impactando a qualidade e a comparabilidade das imagens. A deficiência mais significativa foi a falta de informações completas nos prontuários dos pacientes, prejudicando a análise da cimentação utilizada, dos princípios biomecânicos seguidos no preparo dentário e a comparação dos dados com outros estudos da literatura. A inconsistência na informação disponível nos prontuários, que incluiu a existência de múltiplos prontuários para alguns pacientes, preenchimento incompleto e o desaparecimento de registros, limitou significativamente a capacidade de realizar análises mais profundas.
3. Outras Dificuldades e Limitações
Além das limitações já mencionadas, outras dificuldades afetaram o desenvolvimento do estudo. O tempo necessário para a aplicação dos questionários, em alguns casos, exigiu mais de uma sessão, dificultando o retorno dos pacientes para a finalização da entrevista e comprometendo a coleta de dados completa. A ocorrência de feriados durante o período da pesquisa também interferiu na agenda dos participantes, afetando a realização das avaliações. A metodologia retrospectiva, baseada em dados já existentes, também introduz limitações inerentes, incluindo possíveis vieses na coleta e interpretação de informações. A impossibilidade de remover as próteses para um exame clínico completo do preparo, combinada com a falta de radiografias padronizadas e a impossibilidade de análise mais completa do preparo, também limitaram a análise e a comparação com outros estudos.