
Perfis de Conduta de Tutores de Cães
Informações do documento
Autor | Manuela Froner Ambrosini |
instructor | Prof.(a) Maria José Höztel |
Escola | Universidade Federal de Santa Catarina |
Curso | Zootecnia |
Tipo de documento | Trabalho de Conclusão de Curso |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 873.94 KB |
Resumo
I.A Evolução da Interação Interespecífica Homem Cão
A pesquisa investiga a complexa relação entre humanos e seus cães, focando no bem-estar animal e na qualidade de vida do cão. A domesticação canina, iniciada há pelo menos 10 mil anos, resultou em uma forte interação humano-cão, onde ambos se beneficiam. Os humanos encontram nos cães companhia, apoio emocional, e até mesmo funções específicas, como na zooterapia. Já os cães encontram nos humanos recursos e segurança. Essa interação interespecífica moldou o comportamento de ambas as espécies, criando laços afetivos profundos e, simultaneamente, desafios comportamentais.
1. Histórico da Domesticação Canina e a Interação Homem Cão
A seção inicia explorando a longa história da relação entre humanos e cães, apontando para um processo de domesticação que se estende por, no mínimo, 10 mil anos, segundo diversos autores como Beaver (1999), Armenta (2010), Horowitz (2010), e Gerber & Rossi (2011). Essa jornada evolutiva revela uma preferência e interesse demonstrados pela espécie canina em relação aos humanos, levando a um aprendizado mútuo e ao desenvolvimento de habilidades de comunicação interespecífica. Horowitz (2010) destaca a capacidade dos cães em observar e interpretar o comportamento humano, facilitando a convivência. A pesquisa enfatiza que essa interação não é unilateral, ambos, humanos e caninos, compartilham emoções e necessidades, criando laços afetivos e dependência mútua. Beaver (1999) já ressaltava a dependência que muitos humanos desenvolvem por seus animais de estimação. A capacidade canina de observação e comunicação, inclusive, permite que os cães identifiquem em que estamos prestando atenção, como demonstrado em estudos por Horowitz (2010). A interação é complexa e mutuamente benéfica, com os humanos encontrando nos cães suporte emocional e físico, enquanto os cães encontram nos humanos recursos para sobrevivência, como destacado por Beaver (1999), Bennett & Rohlf (2007), Faraco (2008), e Tatibana & Costa-Val (2009).
2. A Evolução da Relação e a Diversidade de Papéis do Cão na Sociedade
A narrativa continua descrevendo a evolução da relação homem-cão, partindo da observação de lobos mais sociáveis que se aproximavam dos humanos para proteção e caça. Este processo de domesticação, ao longo do tempo, resultou na criação de uma grande variedade de raças, cada uma com aptidões distintas, distanciando os cães atuais dos lobos ancestrais (Velden, 2008; Horowitz, 2010). A seleção evolutiva permitiu a integração do cão em diversas funções sociais, como na zooterapia, como cães-guia, de resgate e policiais (Lopes & Silva, 2012). O texto reforça o papel indispensável dos cães na vida emocional e física do ser humano (Tatibana & Costa-Val, 2009). A pesquisa destaca que a relação homem-cão está constantemente se transformando, sendo esta uma nova forma de existência (Tatibana & Costa-Val, 2009; Horowitz, 2010; Gerber & Rossi, 2011). O texto argumenta que o convívio entre as espécies é tão importante para o cão quanto para o humano, com os humanos buscando nos cães alívio de carências e manutenção da saúde e os cães encontrando nos humanos recursos para a sobrevivência (Beaver, 1999; Bennett & Rohlf, 2007; Faraco, 2008; Tatibana & Costa-Val, 2009). A importância da dedicação de tempo e cuidados aos animais é também mencionada, com sugestões práticas para incorporar esses cuidados na rotina (Gerber & Rossi, 2011).
3. Antropomorfismo e a Importância da Compreensão da Natureza Canina
A seção discute o impacto do antropomorfismo, ou humanização dos animais, na relação humano-cão. O texto salienta que muitas interpretações do comportamento canino são baseadas nos próprios pensamentos e sentimentos dos tutores, levando a expectativas enganosas (Horowitz, 2010; Gerber & Costa-Val, 2009). Essa falha na compreensão da natureza canina muitas vezes resulta em problemas de comunicação e na falta de atendimento às necessidades básicas dos animais. Os cães, ressalta o texto, interpretam o mundo de forma diferente dos humanos, possuindo valores e necessidades únicas (Tatibana & Costa-Val, 2009). A incapacidade de reconhecer essas diferenças leva a uma comunicação ineficaz e à frustração em ambos os lados. A pesquisa destaca a necessidade de evitar a atribuição de sentimentos e comportamentos humanos aos cães, compreendendo suas particularidades e necessidades para garantir seu bem-estar. O texto chama a atenção para a evolução da relação homem-cão, como a domesticação de lobos mais sociáveis para diversas finalidades, evoluindo em cães com diferentes raças e aptidões, e o papel vital destes na vida dos humanos (Velden, 2008; Horowitz, 2010; Lopes & Silva, 2012). O fato de compartilharem emoções similares, como frustração, medo, ansiedade e alegria (Ferreira & Sampaio, 2010), não implica numa equivalência na forma como estas são sentidas e demonstradas.
II.Avaliação das Condutas dos Tutores de Cães
A escolha consciente de um cão é crucial para o sucesso da relação. A compra por impulso frequentemente leva ao abandono e à doação de animais. O estudo analisa diferentes perfis de tutores de cães, avaliando como suas condutas impactam o comportamento canino. A pesquisa destaca a importância da orientação profissional, do conhecimento sobre a espécie canina, e da compreensão da linguagem canina para garantir o bem-estar animal e evitar problemas. A falta de planejamento em relação a tempo, custos e adestramento canino, assim como a ausência de socialização canina, contribuem para comportamentos indesejáveis.
1. A Importância da Escolha Consciente do Cão Ideal
Esta seção destaca a relevância de uma escolha consciente na aquisição de um cão, contrastando com a compra impulsiva, motivada por modismo ou falta de planejamento. Santana e Oliveira (2004) apontam que decisões precipitadas resultam frequentemente em abandono e doação de animais. A falta de critérios na escolha pode gerar incompatibilidade entre o estilo de vida do tutor e as necessidades do cão, impactando diretamente o bem-estar do animal. Ao contrário, tutores que buscam orientação profissional ou pesquisam sobre a raça ideal demonstram maior responsabilidade e consciência na tutela do animal (Gerber & Rossi, 2011). A seção enfatiza que avaliar as condutas dos tutores frente às necessidades básicas da espécie canina, a capacidade de interpretação da linguagem canina e o conhecimento sobre a espécie são fatores determinantes para a avaliação do bem-estar e da qualidade de vida do animal (Ferreira & Sampaio, 2010). O abandono de cães é apresentado como um problema social decorrente de uma relação desequilibrada entre tutores e seus cães (Beaver, 1999). A compatibilidade entre o estilo de vida do tutor e as características do cão é crucial para evitar problemas futuros.
2. Necessidades Etológicas Caninas e o Ambiente
A seção explora as necessidades etológicas dos cães e a influência do ambiente na sua qualidade de vida. Para avaliar se um ambiente supre essas necessidades, é preciso considerar oportunidades de interação, espaço, estímulos novos e enriquecimento ambiental, além da adaptação do comportamento do animal (Maldonado & Trujillo, 2004). Locomoção e exploração territorial, componentes do instinto de sobrevivência, são destacados. A restrição ambiental pode levar ao acúmulo de energia e a comportamentos indesejados, sendo a descarga dessa energia através da execução de comportamentos ou direcionada a opções disponíveis no ambiente (Lorenz, 1995). A interação social também é crucial; a privação pode resultar em comportamentos destrutivos, inatividade ou estereotipias, como lambedura excessiva e automutilação (Beaver, 1999). A estimulação física e mental diária é essencial, e o enriquecimento ambiental, categorizado em alimentar, social, físico, cognitivo e sensorial, equilibra o sistema emocional (Maldonado & Trujillo, 2004; Del-Claro et al., 2008). Um ambiente enriquecido permite ao animal controlar seu entorno e se adaptar com mais facilidade, melhorando a aprendizagem e a resolução de problemas (Rozenzweig & Bennet, 1986; Morgan).
3. Enriquecimento Ambiental Tipos e Benefícios
Esta seção detalha os diferentes tipos de enriquecimento ambiental para cães e seus impactos no comportamento e bem-estar. O enriquecimento alimentar, que estimula comportamentos apetitivos e de sobrevivência, aumenta o repertório comportamental e promove o exercício físico e mental (Schipper et al., 2008). O enriquecimento social, vital para a espécie canina, previne comportamentos destrutivos e problemas emocionais (Rooney et al., 2009). A privação social pode levar a sintomas comparáveis à depressão em humanos. O enriquecimento sensorial, através de estímulos olfativos (como demonstrado por Graham et al., 2005 com ervas) e auditivos (Kogan et al., 2012 com música clássica), pode reduzir o estresse e melhorar o bem-estar. O estudo de Kogan et al. (2012) mostrou que a música clássica tem um efeito calmante em cães, enquanto sons mais agitados podem aumentar a ansiedade. O enriquecimento ambiental é apresentado como uma ferramenta para minimizar o estresse, manter o cão ativo mental e fisicamente, e produzir alterações biológicas positivas (Newberry, 1995). O enriquecimento, em suas diversas modalidades, contribui para um repertório comportamental mais equilibrado e um sistema emocional mais estável (Rooney et al., 2009). A pesquisa destaca a importância da socialização precoce do animal para evitar problemas comportamentais na fase adulta (Armenta, 2010; Gerber & Rossi, 2011).
III.Comportamentos Indesejados Anormais e ou Estereotipias
A pesquisa aborda diversos problemas comportamentais em cães, como agressividade canina, ansiedade de separação em cães, comportamentos destrutivos e estereotipias (ex: perseguição da cauda). Esses problemas são frequentemente relacionados ao estresse causado por fatores como ambientes sem estímulos, socialização inadequada, e falta de adestramento canino. A educação comportamental desde filhote é crucial para prevenir tais comportamentos, e o acompanhamento profissional por um especialista em comportamento canino é recomendado para a resolução de problemas complexos como agressividade.
1. Origens e Fatores do Estresse como Base para Problemas Comportamentais
A seção inicia abordando a causa raiz de muitos problemas comportamentais em cães: o estresse. A grande maioria dos problemas comportamentais em animais de companhia origina-se do estresse gerado por diversos fatores, incluindo ambientes sem estímulos, espaços inadequados, socialização deficiente, pouca interação, dependência excessiva do tutor, hiperatividade mal direcionada, castigos incorretos e dificuldades de comunicação entre tutor e cão (Armenta, 2010). O estudo de Costa et al. (2013) observou que a maioria dos cães estudados apresentava algum grau de agressividade com estranhos e outros cães. Resolver esses problemas muitas vezes requer a ajuda de um profissional especializado em comportamento canino (Gerber & Rossi, 2011), principalmente pela falta de educação comportamental e socialização adequada (Beaver, 1999; Kobelt et al., 2003). A atitude comum de isolar o animal para lidar com a agressividade, na verdade, piora o problema ao reforçar o comportamento indesejado. O texto enfatiza a necessidade de uma abordagem holística, considerando os diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento de problemas comportamentais, e a importância da intervenção profissional para uma solução eficaz. A má socialização e a falta de educação contribuem para insegurança e agressividade no cão adulto (Armenta, 2010; Gerber & Rossi, 2011).
2. Agressividade Canina Causas Consequências e Abordagens
A seção aprofunda-se no problema específico da agressividade canina, apontando que a agressão direcionada a pessoas da casa pode ser aprendida através da interação inadequada com o tutor. Quando o cão demonstra agressividade, a reação de afastamento das pessoas reforça esse comportamento (Beaver, 1999). A agressão em passeios pode ser resultado de medo decorrente de má socialização ou aprendida inconscientemente pelos tutores. Resolver esse comportamento sem a orientação de um profissional especializado é difícil (Gerber & Rossi, 2011). A abordagem comum de isolar o cão quando há agressividade, porém, tende a intensificar o problema. A agressividade direcionada a estranhos leva ao isolamento social do animal; já a agressividade para com outros animais limita sua possibilidade de passeios e atividades externas. O texto destaca a importância da educação comportamental e da socialização precoce na prevenção da agressividade (Beaver, 1999; Kobelt et al., 2003).
3. Ansiedade Depressão e Comportamentos Destrutivos Manifestações e Soluções
A seção discute outros comportamentos indesejáveis, como ansiedade, depressão e comportamentos destrutivos. A ansiedade, relacionada a sentimentos de inquietação e medo, depende da avaliação de riscos futuros baseada em experiências anteriores (Broom, 1998). A ansiedade de separação, especificamente, manifesta-se em vocalizações excessivas, comportamentos destrutivos, eliminação inapropriada, agitação e automutilação (Soares & Paixão, 2010; Beaver, 1999). Comportamentos depressivos caracterizam-se por inatividade e podem indicar problemas mais graves (Soares & Paixão, 2010). O comportamento destrutivo, natural na espécie canina, torna-se indesejável quando direcionado a objetos inapropriados. A educação comportamental, iniciada na fase de filhote, e o atendimento às necessidades energéticas são essenciais para resolver este problema (Beaver, 1999; Armenta, 2010). A inatividade, apontada como sintoma, está relacionada também à síndrome de ansiedade de separação (Hubretch et al., 1992; Armenta, 2010). Outros sintomas associados incluem automutilação, destruição do ambiente, lambedura excessiva, consumo exagerado de comida, andar em círculos e perseguição da cauda (Rooney et al., 2009; Broom & Fraser, 2010). Estereotipias como perseguição da cauda também são discutidas (Beaver, 1999).
IV.Metodologia e Resultados
Utilizando um questionário semiestruturado aplicado a 98 tutores, a pesquisa empregou análise estatística multivariada (FactoMineR no programa R) para identificar perfis de tutores. Os resultados revelaram dois perfis distintos: o Perfil A, com tutores que possuem mais cães, residem em casas, e relatam maior insatisfação e mais problemas comportamentais; e o Perfil B, com tutores mais satisfeitos, que geralmente possuem um cão, residem em apartamentos e priorizam a socialização canina e o adestramento canino. A frequência de atividades físicas entre tutor e cão também se mostrou um fator relevante. A pesquisa indica uma forte correlação entre as condutas dos tutores e a ocorrência de problemas comportamentais nos cães, destacando a importância do enriquecimento ambiental para cães.
1. Metodologia da Pesquisa Instrumentos e Análise de Dados
A metodologia empregada na pesquisa baseou-se na utilização de um questionário semiestruturado, distribuído por diversas plataformas de comunicação a proprietários de cães. Este questionário visava coletar informações sobre as condutas dos tutores e sua influência no comportamento dos cães, além de avaliar o nível de satisfação dos tutores com o comportamento de seus animais de estimação. A análise estatística multivariada foi realizada com o auxílio do pacote estatístico FactoMineR, do programa computacional R (R Development Core Team, 2011). Após a caracterização dos grupos de respostas, os dados foram submetidos ao teste Qui-quadrado de Pearson. O objetivo era estabelecer relações entre as variáveis analisadas, contribuindo para a compreensão da interação humano-cão e sua influência na satisfação dos tutores e no bem-estar dos animais. A amostra utilizada foi de conveniência, com o intuito de explorar as características da população em estudo e compreender a dinâmica da relação tutor-cão (Ventura, 2007).
2. Resultados Dois Perfis de Tutores e seus Cães
A análise dos dados revelou a formação de dois perfis distintos de tutores de cães, denominados Perfil A e Perfil B. O Perfil A engloba tutores que, na maioria das vezes, possuem mais de um cão, residem em casas, não frequentaram aulas de socialização e adestramento, e relatam maior insatisfação com o comportamento canino e uma maior quantidade de problemas comportamentais. Já o Perfil B, composto por 62 (64,6%) dos participantes da pesquisa, caracteriza-se por tutores geralmente mais satisfeitos com o comportamento de seus cães, que residem, em sua maioria, em apartamentos. Este grupo demonstra maior preocupação com a socialização e o adestramento de seus cães, resultando numa menor quantidade de problemas comportamentais relatados. A análise das variáveis, como tipo de residência, número de cães, aulas de adestramento e socialização, atividades físicas, e nível de satisfação, permitiu a diferenciação entre os perfis, destacando a influência das condutas dos tutores nas necessidades básicas do cão e no seu comportamento. A análise utilizou 14 variáveis, representadas em um gráfico de dispersão (Figura 2), explicando 19,66% da variância dos dados.
3. Discussão dos Resultados Comparação com Outros Estudos e Implicações
A discussão dos resultados compara os achados com estudos anteriores, como o de Bennett e Rohlf (2007), que indicaram que a maioria dos tutores não participa de aulas de adestramento, e que a participação nestas aulas está associada à redução de problemas comportamentais. A pesquisa destaca que apenas 38% das famílias mantém seus cães por longos períodos, sendo o abandono, doação para canis ou eutanásia consequências frequentes dos problemas comportamentais (Beaver, 1999). A pesquisa ressalta a importância de se considerar os custos de saúde, educação e recreação do cão antes da aquisição do animal (Gerber & Rossi, 2011). A análise da quantidade de problemas comportamentais demonstrou uma tendência significativa (P = 0,0685) de diferenciação entre os perfis A e B, com o Perfil B apresentando cães com significativamente menos problemas comportamentais. O estudo também analisa a satisfação com a raça do cão, que se mostrou alta em ambos os perfis, indicando que a escolha da raça, por si só, não é um fator determinante para a satisfação do tutor. A pesquisa enfatiza que a educação, a socialização e o enriquecimento ambiental são fatores importantes na redução de problemas comportamentais (Moreira, 2011; Bennett & Rohlf, 2007).
V.Conclusões
O estudo demonstra a crescente necessidade de abordar o bem-estar animal na relação humano-cão. A identificação de dois perfis de tutores, com diferentes condutas e níveis de satisfação, ressalta a importância de promover a socialização canina, o adestramento canino, e o acompanhamento profissional para prevenir problemas comportamentais em cães e garantir uma melhor qualidade de vida do cão. A pesquisa enfatiza a responsabilidade dos tutores de cães em suprir as necessidades básicas de seus animais de estimação.
1. A Importância do Bem Estar Animal e a Qualidade da Relação Tutor Cão
A conclusão principal enfatiza a crescente necessidade de se atentar às questões de bem-estar animal e à qualidade da relação tutor-cão, considerando o aumento no número de cães domesticados. A pesquisa destaca a importância de se dar a devida atenção a esses aspectos para garantir a harmonia na convivência entre humanos e seus animais de estimação. A análise dos dados permitiu a identificação de diferentes perfis de tutores e a compreensão da influência de suas condutas no comportamento dos cães e na satisfação dos próprios tutores. A pesquisa evidencia a complexa interdependência entre as necessidades dos cães e as ações de seus tutores, demonstrando a responsabilidade destes em prover um ambiente adequado e suprir as necessidades básicas de seus animais de estimação para garantir o bem-estar. O estudo revela que a simples satisfação com a raça do cão não garante o sucesso da relação, sendo necessário um olhar cuidadoso sobre outros fatores.
2. Dois Perfis de Tutores Condutas Satisfação e Problemas Comportamentais
A pesquisa identificou dois perfis de tutores com condutas distintas e níveis de satisfação diferentes. O Perfil A, caracterizado por tutores com mais cães, residindo em casas, sem aulas de socialização ou adestramento, mostrou-se mais insatisfeito com o comportamento canino e reportou um número maior de problemas comportamentais. Contrariamente, o Perfil B, majoritário na amostra (64,6%), engloba tutores que demonstram mais interesse em promover a educação comportamental e a socialização canina, possuem apenas um cão e se mostram mais satisfeitos com seu comportamento. Essa diferenciação ressalta a influência direta das condutas dos tutores no comportamento dos cães, influenciando na satisfação do tutor. A pesquisa, portanto, sublinha a necessidade de se considerar a influência das condutas dos tutores, bem como outros fatores como o atendimento às necessidades básicas do cão, um ambiente adequado e o acompanhamento profissional, para melhorar o comportamento canino e a satisfação do tutor.
3. Recomendações para Melhoria do Bem Estar Animal e da Relação Humano Cão
As conclusões reforçam a necessidade de se priorizar o bem-estar animal e a qualidade da relação tutor-cão, particularmente com o crescimento da população canina doméstica. A pesquisa recomenda a promoção da educação comportamental e da socialização canina como ferramentas essenciais para prevenir problemas e melhorar a convivência. O acompanhamento profissional é destacado como um parâmetro importante para minimizar o abandono e a doação de cães com problemas comportamentais (Alves et al., 2013; Maldonado & Trujillo, 2004; Wells). O estudo sugere que a compreensão das necessidades básicas caninas, a criação de um ambiente enriquecido e estimulante e a busca por orientação profissional são fatores cruciais para garantir uma relação harmoniosa e um ambiente favorável ao bem-estar do animal. A pesquisa indica que a educação comportamental e a socialização contribuem para uma relação mais próxima entre tutor e cão, facilitando atividades compartilhadas e reduzindo comportamentos indesejáveis (Bennett & Rohlf, 2007).
Referência do documento
- Abandonment of dogs in Latin America: review of literature / Abandono de cães na America Latina: revisão de literatura (Alves A.J.S.; Guiloux A.G.A.; Zetun C.B.; Polo G.; Braga G.B.; Panachao L.I.; Santos O.; Dias R.A.)