Aquisição de Comportamentos Adaptativos em Crianças com Perturbação do Espectro do Autismo

A aquisição de comportamentos adaptativos é um tema central na educação de crianças com perturbação do espectro do autismo (PEA). Este estudo visa explorar como intervenções específicas podem facilitar a autonomia em atividades diárias, como pentear-se. A literatura aponta que, enquanto a maioria das crianças adquire comportamentos adaptativos de forma informal, crianças com PEA necessitam de intervenções sistemáticas e intensivas. O estudo de caso apresentado analisa a interação entre uma terapeuta ocupacional, uma adolescente com PEA e sua mãe, focando na promoção do comportamento de pentear-se. A observação direta e a análise de comportamentos foram fundamentais para entender a eficácia da intervenção.

A metodologia adotada foi um estudo de caso com um plano de sujeito único. A intervenção incluiu 14 sessões gravadas em vídeo, permitindo a codificação e análise dos comportamentos da adolescente e da terapeuta. Um sistema de categorias foi utilizado para observar comportamentos como pentear, recusar e fornecer instruções. Além disso, um questionário sobre comportamentos de autonomia foi aplicado à mãe antes e depois da intervenção. A análise focou na frequência, tendência e variabilidade dos comportamentos, permitindo uma avaliação detalhada do impacto da intervenção na autonomia da adolescente.

Os resultados indicam que a intervenção teve um impacto positivo na autonomia da adolescente. A mãe relatou que, após a intervenção, a filha começou a pentear-se de forma mais independente em casa. A análise dos dados mostrou uma diminuição nas recusas da adolescente em colaborar durante as sessões, sugerindo uma maior aceitação da intervenção. Além disso, a frequência de comportamentos de pentear aumentou ao longo do tempo, evidenciando a eficácia das estratégias utilizadas pela terapeuta. A observação da interação terapêutica revelou que o feedback e o apoio físico foram cruciais para a aprendizagem dos comportamentos adaptativos.

A discussão dos resultados destaca a importância de intervenções personalizadas para crianças com PEA. A aquisição de comportamentos adaptativos não é apenas uma questão de ensinar habilidades, mas também de promover a confiança e a motivação da criança. A literatura existente sugere que a educação deve ser adaptada às necessidades individuais, e este estudo reforça essa ideia. A análise das interações entre a terapeuta e a adolescente mostra que a abordagem comportamental, incluindo reforço positivo e encadeamento, pode ser eficaz na promoção da autonomia. No entanto, limitações do estudo, como a falta de uma linha de base, devem ser consideradas ao interpretar os resultados.

As conclusões deste estudo sublinham a relevância da aquisição de comportamentos adaptativos em crianças com PEA. A intervenção demonstrou que, com o suporte adequado, é possível aumentar a autonomia em atividades diárias. As implicações práticas incluem a necessidade de formação contínua para educadores e terapeutas, visando a implementação de estratégias eficazes em contextos educativos. Além disso, a pesquisa futura deve explorar a generalização das habilidades adquiridas em diferentes ambientes, como em casa e na escola, para garantir que as crianças possam aplicar o que aprenderam em suas vidas diárias.