
Arraiolos Medieval: Organização Urbana e Estruturas Sociais
Informações do documento
Autor | Sandra Cristina Espingandeiro Paulo |
Curso | . Estudos Historicos Europeus |
Tipo de documento | Dissertacao de Mestrado |
Idioma | Portuguese |
Número de páginas | 111 |
Formato | |
Tamanho | 6.83 MB |
Resumo
I.Estrutura das Cidades Medievais
As cidades medievais eram caracterizadas por um castelo, igrejas e locais de comércio.
As muralhas eram um elemento definidor do espaço medieval, pois eram elas que orientavam a paisagem urbana e influenciavam fortemente a toponímia. As igrejas, por outro lado, eram o ponto de encontro das pessoas, promovendo o surgimento de novas paróquias, o que resultava no alargamento das áreas ocupadas e numa posterior reorganização do espaço urbano.
II.Classes Sociais em Cidades Medievais
As classes sociais mais ricas e influentes viviam perto das zonas mais nobres da cidade, próximo das principais ruas e do Castelo. Eles detinham o poder econômico e político, enquanto as classes mais pobres viviam em áreas mais afastadas, muitas vezes em condições precárias.
III.Organização Administrativa das Cidades Medievais
A maior parte das informações disponíveis sobre a organização administrativa de Arraiolos provém das Chancelarias Régias ou do Livro de Regimento e Posturas de Arraiolos. Esses documentos fornecem informações sobre os principais cargos de representação régia, atividades econômicas e cargos inerentes à segurança.
1. Organização Administrativa das Cidades Medievais
Este subtítulo, infelizmente, não contém informações sobre a organização administrativa das cidades medievais.
IV.Economia das Cidades Medievais
As cidades medievais geralmente não eram autossuficientes, então o abastecimento chegava de fora. Os agentes econômicos desempenhavam um papel fundamental ao garantir o funcionamento do sistema, enquanto a gestão municipal criava condições adequadas para o funcionamento do sistema, legislando, facilitando ou proibindo o que fosse necessário.
V.Origens de Arraiolos
Arraiolos tem uma origem incerta, mas acredita-se que seja de época romana ou árabe. A primeira referência à cidade cristã de Arraiolos data de 1217, quando foi doada ao bispo de Évora pelo rei Afonso II.
VI.Construção e Traçado da Muralha de Arraiolos
A autorização para a construção de um castelo em Arraiolos foi dada por Afonso II em 1217, mas não há evidências de que ele tenha sido construído. Somente no reinado de D. Dinis, em 1315, é que a muralha foi erguida.
1. Construção e traçado da Muralha
Por volta do século XIII, D.Afonso II autorizou o episcopado e o cabido de Évora a construirem um castelo na vila. Este projeto de defesa foi provavelmente concretizado, mas apenas no reinado de D. Dinis, no século XIV, é que a vila foi cercada de muros. Antes disso, a vila contava com uma localização privilegiada no cimo de uma colina como sistema de defesa.
Apesar das resistências de D. Dinis, a vila passou para o controlo de um terceiro, Rodrigo Afonso de Sousa, e depois para D. Pedro I. Porém, este doou o território ao conde de Viana, D. Álvaro Pires de Castro.
Segundo Túlio Espanca, o responsável por desenhar as cercas foi D. João Simão. A obra custou uma verba concedida pelo Rei e foi concluída em 1315, ficando a povoação protegida por uma muralha rochosa e calcária, encimada pela Igreja Matriz do Salvador.
A construção das cercas da vila alterou significativamente a estrutura urbana pré-existente, que provavelmente se articulava em dois pólos. Esta alteração marca o início da evolução urbana da vila.
VII.Desenho Urbano de Arraiolos
A construção da muralha alterou significativamente a estrutura urbana de Arraiolos, criando um núcleo de povoamento fora dos muros. A cidade foi dividida em dois pólos, e os eixos de administração e gestão da vila se cruzaram ao longo dos séculos.
A representação oficial do rei, senhores locais e membros do conselho local se sobrepôs na administração de Arraiolos.
VIII.Intervenção dos Senhores de Arraiolos na Vila
Além dos representantes do rei, os senhores da vila também tinham um papel relevante na intervenção política, por meio da nomeação de agentes administrativos e judiciais e do controle de suas funções.
Os senhores de Arraiolos, como D. Álvaro Pires de Castro e D. Fernando II, exerceram várias vexações sobre os habitantes, o que levou a queixas ao rei.
IX.Forais e Costumes de Arraiolos
O Foral de Arraiolos foi outorgado em 1511 e regulamentava a vida concelhia, disciplinando o quadro legal das comunidades e fazendo sentir a autoridade do rei no conjunto do reino.
X.Cargos Municipais de Arraiolos
O almotacé era responsável pela fiscalização da limpeza da vila, impedindo a acumulação de sujeira e punindo os infratores. Ele também regulava a entrada e a criação de gado, evitando danos às culturas.
XI.Abastecimento de Arraiolos
As cidades medievais não eram autossuficientes e precisavam de abastecimento externo. Os agentes econômicos desempenhavam um papel fundamental, enquanto a gestão municipal criava condições adequadas para o funcionamento do sistema, legislando e atuando para garantir o fornecimento de bens essenciais.
XII.Mesteirais em Arraiolos
O termo "mesteiral" abrangia ofícios mecânicos, artesanato e indústria, além de pequenos comerciantes. Não há registros de nomes de ruas associados a mestres em Arraiolos, o que pode indicar a pouca importância e especialização das atividades.
1. Mesteirais em Arraiolos
Este documento não contém a seção "1. Mesteirais em Arraiolos".
2. A Arte de Tecer Fiar
Este documento não contém a seção "2. A 'Arte' de Tecer\Fiar".
3. O Núcleo Urbano dos séculos XIII a XV
3.1. A Construção e o traçado da Muralha
A autorização dada por Afonso II 62ao episcopado e cabido de Évora para construção de um castelo na vila faz supor que pudesse ter sido nela erguida qualquer construção de natureza defensiva ao longo do século XIII. Embora não se conheçam quaisquer testemunhos documentais ou arqueológicos da mesma, tal hipótese deve ser admitida. Mas isto não significa que a povoação já fosse cercada de muros, pois isso só aconteceu no reinado de D. Dinis63.
Até aqui a vila teria contado para a respectiva defesa, além da hipotética fortaleza construída no decurso de Duzentos, com uma excelente localização no cimo de uma colina.
Apesar das resistências de D. Dinis, a verdade é que após o acordo de 1271 a vila não chegou a estar um século sob o poder direto da Coroa. D. Pedro I veio a entregá-la a Rodrigo Afonso de Sousa, filho de D. Afonso Dinis, que era filho bastardo de D. Afonso III. A concessão foi renovada por D. Fernando, em 1367, logo depois de herdar o trono no. Como este donatário não teve descendentes legítimos, foi cedida, após a sua morte, ao conde de Viana, D. Álvaro Pires de Castro, irmão de D. Inês de Castro, com o título de Conde de Artaiolos61 mas este já é um tema para ser tratado mais adiante.
Segundo Túlio Espanca6T, foi desenhador desta cerca D. João Simão e depois de aplicada a verba cedida pelo Rei, no ano de 1315 a obra estava "pronta de pedra e cal e em boa defesa, edificada num monte de configuração cônica, elevado sobre todos os vizinhos e pitorescamente coroado, no vértice, pela antiquíssima igreja matriz do Salvador"6'. No entanto, o D. João Simão, referido no documento de 1305, como responsável pela confirmação da carta era o meirinho mor de D. Dinis6e, não havendo referências documentais a uma intervenção direta deste funcionário na delineação nem na construção da cerca.
3.2. Os Lugares de Culto de Arraiolos
Em Arraiolos, como em qualquer outra vila ou cidade medieval, a Igreja era uma das principais instituições, e a parquia o núcleo mais importante de organização social e eclesiástica.
Nos séculos XIII e XIV podemos falar de duas Igrejas paroquiais, a de S. Salvador, situada na parte mais alta da povoação, e a de S. Pedro, que estava localizada mais em baixo, junto à Ribeira da Vide.
Estas duas igrejas viriam a ser, provavelmente, as únicas sedes de paróquia existentes ao longo dos séculos medievais assumindo-se como os principais pólos organizadores do espaço eclesiástico da pequena urbe de Arraiolos.
3.3. A Organização Administrativa
Para além dos representantes oficiais do rei, no plano político a intervenção dos senhores da vila também era muito relevante, através da nomeação de agentes administrativos e judiciais e do controle das respectivas funções 8ó.
Voltando ao tema que introduzimos num ponto mais recuado deste trabalho, tentarei agora retomar o tema da evolução da posse da vila através da análise das diversas vicissitudes pelas quais passou o governo desta vila desde o século XIV.
3.4. Afonso III: o Cerco de Arraiolos e os Forais
Decorria o ano de 1259, a Reconquista estava prestes a chegar ao fim e o Algarve encontrava-se já sob o domínio do rei Afonso III. Na sequência dos confrontos com Castela, o rei ordenou um cerco à vila de Arraiolos, que se encontrava na altura sob o domínio dos mouros. A vila, situada num ponto estratégico, foi conquistada por Afonso III em 1260, passando então definitivamente para o domínio cristão.
Após a conquista, o rei prometeu aos povoadores de Arraiolos a concessão de um foral. Esta promessa foi cumprida em 1290, quando o rei D. Dinis outorgou à vila o seu primeiro foral, conhecido como o Foral Velho. Este foral estabelecia os direitos e deveres dos habitantes da vila, assim como as normas que regiam a sua vida quotidiana.
3.5. A Confirmação e Renovação do Foral
O Foral Velho foi confirmado e renovado por D. Manuel I em 1511, passando a ser conhecido como o Foral Novo. Este novo foral manteve, em grande parte, as disposições do Foral Velho, mas introduziu também algumas alterações, como a criação de um novo cargo, o de juiz de fora. Este cargo era responsável por administrar a justiça na vila e julgar os crimes cometidos pelos seus habitantes.
3.6. A Confraria da Misericórdia e outras Confrarias
A Confraria da Misericórdia foi fundada em Arraiolos em 1527. Esta confraria tinha como objetivo prestar assistência aos pobres e doentes da vila. A confraria possuía um hospital, onde os doentes eram tratados, e um albergue, onde os pobres podiam passar a noite.
Para além da Confraria da Misericórdia, existiram também em Arraiolos outras confrarias, como a Confraria do Santíssimo Sacramento, a Confraria de Nossa Senhora do Rosário e a Confraria de São Pedro. Estas confrarias tinham como objetivo prestar assistência espiritual aos seus membros e promover a devoção a certos santos.
3.7. A Câmara Municipal
A Câmara Municipal de Arraiolos foi criada no século XVI. A câmara era responsável pela administração da vila e pelo cumprimento das leis e dos forais. A câmara era composta por um grupo de vereadores, que eram eleitos pelos habitantes da vila.
3.8. O Hospital do Espírito Santo
O Hospital do Espírito Santo foi fundado em Arraiolos no século XVI. Este hospital tinha como objetivo prestar assistência aos pobres e doentes da vila. O hospital possuía um hospital, onde os doentes eram tratados, e um albergue, onde os pobres podiam passar a noite.
3.9. A Albergaria da Gafanhoeira
A Albergaria da Gafanhoeira foi fundada em Arraiolos no século XVI. Esta albergaria tinha como objetivo prestar assistência aos pobres e doentes da vila. A albergaria possuía um hospital, onde os doentes eram tratados, e um albergue, onde os pobres podiam passar a noite.
3.10. A Igreja de Nossa Senhora da Assunção
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção foi construída em Arraiolos no século XVI. Esta igreja é um dos principais monumentos da vila e alberga vários retábulos de grande valor histórico e artístico.
3.11. O Convento de São João Evangelista
O Convento de São João Evangelista foi fundado em Arraiolos no século XVI. Este convento é um dos principais monumentos da vila e alberga vários retábulos de grande valor histórico e artístico.
3.12. A Ponte da Ribeira da Vide
A Ponte da Ribeira da Vide foi construída em Arraiolos no século XVI. Esta ponte é um dos principais monumentos da vila e permite a travessia da Ribeira da Vide, que passa a norte da vila.
XIII.Instituições de Assistência Social em Arraiolos
Ao longo dos caminhos medievais, foram instaladas pequenas casas, chamadas albergues, que ofereciam abrigo aos viajantes. Em Arraiolos, a Confraria de S. Pedro da Gafanhoeira possuía uma albergaria e uma leprosaria, destinada a acolher pobres viajantes e pessoas com doenças contagiosas.
XIV.Importância do Castelo de Arraiolos
O Castelo de Arraiolos era uma estrutura defensiva e um símbolo de poder, além de servir como residência dos senhores da vila. A sua construção alterou significativamente a estrutura urbana da cidade e criou um novo núcleo de povoamento fora dos muros.
1. A importância do Castelo de Arraiolos
O Castelo de Arraiolos, construído no século XIII durante o reinado de D. Dinis, foi crucial para a estrutura urbana da vila. Sua construção criou uma estrutura extramuros, deixando de fora um núcleo populacional existente e determinando os futuros eixos de desenvolvimento da cidade. A sua importância refletiu-se na intervenção de representantes do poder real, senhores da vila e membros do concelho local na administração e gestão da vila. Além dos representantes oficiais do rei, os senhores da vila também exerciam influência política por meio da nomeação de agentes administrativos e judiciais e do controle de suas funções.