Organização do Espaço e Estruturas Sociais em Arraiolos Medieval

Organização do Espaço e Estruturas Sociais em Arraiolos Medieval

Document information

school

Universidade de Évora

major História
year 2023
place Évora
document_type dissertação
language Portuguese
pages 111
format | PDF
size 6.83 MB
  • História Urbana
  • Estruturas Sociais
  • Identidade Europeia

summary

I. Introdução à Organização do Espaço

A organização do espaço em Arraiolos durante o período medieval reflete a complexidade das estruturas sociais e econômicas da época. A análise da evolução da vila entre os séculos XIII e XVI revela a importância da localização geográfica em relação aos circuitos comerciais. A presença de muralhas e a disposição das ruas, como a Rua Direita, são elementos centrais na configuração urbana. A muralha não apenas delimitava o espaço físico, mas também simbolizava a segurança e a identidade da comunidade. A estrutura urbana era organizada em torno de pontos-chave, como igrejas e mercados, que serviam como centros de interação social e econômica. A análise das fontes históricas disponíveis, embora lacunosas, permite uma compreensão mais profunda da vida urbana e das dinâmicas sociais que moldaram Arraiolos.

1.1. A Importância das Muralhas

As muralhas de Arraiolos desempenhavam um papel crucial na organização do espaço. Elas não apenas protegiam a vila de invasões, mas também definiram a estrutura social, separando os habitantes em diferentes classes sociais. A construção das muralhas, iniciada no reinado de D. Dinis, foi um marco na evolução urbana, criando uma nova configuração que influenciou a disposição das ruas e a localização das habitações. A presença de portas muradas facilitava o comércio e a comunicação com o exterior, refletindo a importância estratégica da vila. A análise das muralhas e sua função na vida cotidiana revela a interdependência entre segurança e desenvolvimento urbano.

II. Estruturas Sociais e Econômicas

A estrutura social de Arraiolos era caracterizada por uma hierarquia complexa, onde a posição social influenciava diretamente o acesso a recursos e oportunidades. A presença de igrejas e instituições religiosas não apenas moldava a paisagem urbana, mas também desempenhava um papel central na vida comunitária. As paróquias eram pontos de encontro e contribuíam para o aumento populacional, resultando em uma reorganização do espaço urbano. A análise das atividades econômicas, como a agricultura e o comércio, revela a dependência da vila em relação ao exterior para suprir suas necessidades. A interação entre as classes sociais e a administração local, refletida nos forais e posturas, evidencia a dinâmica de poder e a luta por autonomia.

2.1. A Influência das Igrejas

As igrejas em Arraiolos eram mais do que locais de culto; eram centros de poder e influência. A organização social era fortemente influenciada pela presença de instituições religiosas, que moldavam a vida cotidiana e as interações sociais. A construção de novas paróquias frequentemente acompanhava o crescimento populacional, refletindo a necessidade de espaços de culto e a importância da religião na vida dos habitantes. A toponímia local, com ruas nomeadas em homenagem a santos, evidencia a influência religiosa na configuração urbana. A análise das igrejas e seu papel na sociedade revela a interconexão entre fé, poder e organização social.

III. A Gestão Municipal e a Autonomia Local

A gestão municipal em Arraiolos era marcada por uma série de documentos legais, como forais e posturas, que regulavam a vida comunitária. A autonomia local era um tema central, refletindo a luta dos habitantes por direitos e reconhecimento. A elaboração do Foral Manuelino, por exemplo, representou um esforço para consolidar a autonomia e regular as relações sociais e econômicas. A análise das posturas revela a capacidade legislativa da comunidade, permitindo uma gestão mais eficaz dos recursos e a resolução de conflitos. A interação entre o poder central e as autoridades locais era complexa, com os habitantes buscando garantir seus direitos e a manutenção da ordem social.

3.1. O Papel dos Almotacês

Os almotacês eram figuras centrais na gestão municipal, responsáveis pela fiscalização e manutenção da ordem pública. A eleição dos almotacês refletia a estrutura de poder local e a participação da comunidade na administração. Suas funções incluíam a supervisão do comércio, a limpeza das ruas e a aplicação de penas para infrações. A análise do papel dos almotacês revela a importância da governança local e a necessidade de um sistema de controle social para garantir a convivência pacífica entre os habitantes. A atuação dos almotacês ilustra a interdependência entre a administração local e a vida cotidiana dos cidadãos.

document reference

  • A Construção Medieval do Território (Amélia Aguiar Andrade)
  • A paisagem Urbana Medieval Portuguesa: Uma aproximação (Amélia Aguiar Andrade)
  • A Confraria de S. Pedro da Gafanhoeira entre a aurora e o entardecer (Maria Marta Lobo Araujo)
  • D. Dinis e a Arquitectura Militar Portuguesa (Mário Barroca)
  • Evora na Idade Média (Ângela Beirante)