Vermicompostagem: Atividades Educacionais

Esta seção introduz a vermicompostagem como uma estratégia pedagógica para a alfabetização científica e educação ambiental crítica. Descreve a vermicompostagem como um processo que transforma resíduos orgânicos sólidos em vermicomposto, um fertilizante de alta qualidade. A atividade prática na escola visa a sensibilização e educação ambiental, problematizando a geração e o gerenciamento de resíduos. O desenvolvimento da vermicompostagem na escola promove a alfabetização científica dos estudantes, integrando diferentes disciplinas e contextualizando os conteúdos de forma mais dinâmica e relevante. A pesquisa, de caráter qualitativo e exploratório, teve como objetivo avaliar a alfabetização científica dos alunos através de relatos produzidos após a aplicação de atividades propostas, baseando-se nos indicadores de Alfabetização Científica de Sasseron (2008). A escolha da vermicompostagem como temática justifica-se pela sua capacidade de integrar conceitos científicos e a educação ambiental crítica.

A metodologia da pesquisa utilizou os indicadores de Alfabetização Científica propostos por Sasseron (2008), divididos em três subcategorias: Obtenção de Dados (classificação, seriação e organização da informação); Estruturação do Pensamento (raciocínio lógico e raciocínio proporcional); e Estabelecendo Relações (levantamento e teste de hipóteses, previsão, justificativa e explicação). A análise dos relatos dos alunos após a intervenção pedagógica permitiu avaliar o desenvolvimento dessas habilidades. Os resultados indicaram um bom desenvolvimento na subcategoria Obtenção de Dados, mas mostraram que as subcategorias Estruturação do Pensamento e Estabelecendo Relações precisam de mais atenção no processo de ensino-aprendizagem. A importância dos indicadores de Alfabetização Científica é destacada, pois representam competências próprias das ciências e do fazer científico, utilizadas na resolução, discussão e divulgação de problemas científicos.

A seção define a Alfabetização Científica (AC) como um processo de compreensão e aplicação de significados acerca dos assuntos científicos para melhor entender o mundo, incluindo habilidades e atitudes que auxiliam no entendimento de fenômenos e suas relações com o mundo. A Educação Ambiental (EA) é apresentada como um conjunto de práticas pedagógicas relacionadas às questões ambientais, visando a mudança de valores e atitudes e o desenvolvimento de habilidades para a tomada de decisões em conflitos ambientais. A concepção crítica da EA, segundo Sauvé (2005), é revolucionária e emancipatória, baseada na dialética e numa visão sistêmica do ambiente. Os indicadores de AC, segundo Sasseron e Carvalho (2008), são importantes para analisar e avaliar as argumentações dos alunos, principalmente quando tentam justificar ou explicar ideias sobre fenômenos. A presença de um indicador não inviabiliza a presença de outro, sendo todos importantes para uma avaliação completa do processo de aprendizagem.

Esta seção apresenta dados alarmantes sobre a produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil. São citados números expressivos: 79,9 milhões de toneladas de RSU produzidas anualmente em todo o país, com 8858 toneladas geradas diariamente no Paraná, representando uma média de 0,748 kg por habitante/dia (ABRELP, 2015). A maior parte desses resíduos é destinada a aterros sanitários (cerca de 70%), enquanto uma parcela menor vai para aterros controlados (20%) e lixões (10%). O descarte incorreto causa poluição ambiental (ar, água e solo) e problemas de saúde pública. A compreensão dos conceitos relacionados ao gerenciamento de resíduos é crucial para sua valorização, especialmente dos resíduos orgânicos. A seção introduz a vermicompostagem como uma alternativa sustentável e eficiente para lidar com esse problema, enfatizando sua importância para a educação ambiental e a alfabetização científica.

A vermicompostagem é apresentada como uma solução para o problema do acúmulo de resíduos orgânicos. O processo, que utiliza minhocas e microrganismos para transformar resíduos orgânicos em vermicomposto (um fertilizante de alta qualidade), é destacado como uma prática sustentável, eficiente e de fácil implementação em pequena escala. A seção enfatiza o potencial pedagógico da vermicompostagem para estimular a alfabetização científica dos alunos. A organização, seriação e classificação das informações relativas aos resíduos sólidos são apontadas como atividades que desenvolvem habilidades de obtenção de dados, enquanto a discussão das consequências do descarte inadequado contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico e proporcional. Questões sobre consumo, quantidade de resíduos produzidos e o destino dos resíduos, além da possibilidade dos resíduos se tornarem geradores de renda, são temas que podem estimular o levantamento e teste de hipóteses, justificativas, previsões e explicações dos conhecimentos pelos alunos.

Esta seção descreve as minhocas (Reino Animal, Filo Annelida, Classe Oligochaeta), destacando suas características morfológicas (corpo cilíndrico, dividido em anéis, presença de cerdas e clitelo) e fisiológicas (hermafroditismo, fecundação cruzada, desenvolvimento direto). A importância ecológica das minhocas é ressaltada, especialmente sua contribuição para a fertilidade do solo. Há menção a estudos históricos que demonstram a relação entre a atividade das minhocas e a fertilidade do solo, como o trabalho de Darwin (1937), “A formação do mofo vegetal por meio da ação das minhocas”. A atividade prática proposta envolve a observação direta das minhocas, analisando sua textura, segmentos, cerdas e clitelo, além da observação de vasos sanguíneos e corações laterais a olho nu. A seção também destaca o papel das minhocas na agricultura e a importância do seu bem-estar nos sistemas de vermicompostagem, incluindo a pesquisa sobre o significado de termos relacionados à reprodução das minhocas, e a necessidade de entender suas características para garantir o sucesso da vermicompostagem.

A vermicompostagem é apresentada como um processo rápido, eficiente e sustentável para a produção de vermicomposto, um fertilizante orgânico de alta qualidade. A técnica contribui para reduzir o volume de resíduos orgânicos que seriam destinados a lixões ou aterros sanitários, podendo ser feita em pequena escala. O processo ocorre pela ação integrada de microrganismos e minhocas na degradação de resíduos orgânicos. As partículas orgânicas passam pelo intestino das minhocas e sofrem decomposição, formando coprólitos (fezes) ricos em macro e micronutrientes, facilmente assimiláveis pelas plantas. A seção também enfatiza a necessidade de cuidados na manutenção dos vermicompostores, alertando contra a adição de frutas cítricas e restos de alimentos gordurosos. A atividade prática inclui a investigação bibliográfica sobre os motivos para evitar esses tipos de resíduos no sistema, além da explicação da importância de cuidados específicos para garantir o bem-estar das minhocas e o sucesso da vermicompostagem.

Esta seção fornece instruções detalhadas para a montagem de vermicompostores utilizando caixas organizadoras, preferencialmente pretas, por sua facilidade de armazenamento e transporte. A construção é descrita como simples e de baixo custo, adequada para espaços como laboratórios de ciências ou outros locais disponíveis na escola. O processo envolve a perfuração de furos em duas das três caixas, com a caixa sem furos servindo de base para a coleta do lixiviado. A instalação de uma torneira plástica nessa caixa facilita a coleta. A etapa de ativação do vermicompostor inclui a adição de uma cama de minhocas (aproximadamente 450 minhocas adultas) sobre uma camada de húmus de 5 cm de altura. O processo de introdução das minhocas é descrito como natural, aguardando que elas se instalem no vermicomposto. A simplicidade da estrutura e a facilidade de montagem visam tornar a atividade acessível e prática para o ambiente escolar, promovendo a reciclagem de resíduos orgânicos.

A seção enfatiza a importância da manutenção diária do vermicompostor, incluindo observações regulares e anotações dos aspectos relevantes. A adição diária de substrato, de acordo com a quantidade de minhocas, é fundamental para evitar excesso de umidade, produção excessiva de lixiviado, presença de moscas e a morte ou fuga das minhocas. A quantidade de substrato a ser adicionada diariamente deve ser calculada com base na quantidade de minhocas presentes no sistema (sugere-se o auxílio do professor de matemática para calcular a quantidade adequada usando regra de três e uma balança analítica). A utilização de resíduos orgânicos provenientes da cantina escolar é incentivada como forma de reduzir a quantidade de resíduos gerados pela escola e alimentar os vermicompostores. A obtenção de produtos como o lixiviado e o vermicomposto (húmus de minhoca), biofertilizantes de alta qualidade, é destacada como um resultado importante, podendo ser usados em hortas pedagógicas para demonstrar a reciclagem da matéria e o ciclo dos nutrientes.

Esta seção descreve uma atividade interdisciplinar que integra o projeto de vermicompostagem com a área de artes. A atividade centra-se na releitura das obras de Ivan Cruz, especificamente sua série “Brincadeiras de Criança”, utilizando a técnica de colagem com resíduos recicláveis. Os objetivos incluem identificar diferentes tipos de texturas táteis (naturais e artificiais), reconhecer os principais tipos de resíduos recicláveis e conhecer a vida e obra de Ivan Cruz. O processo envolve pesquisa bibliográfica sobre o artista, representação gráfica de uma brincadeira infantil e a escolha de uma obra de Ivan Cruz para ser recriada com resíduos recicláveis. A atividade promove a integração entre o projeto de vermicompostagem e as artes, utilizando resíduos reciclados como materiais artísticos, destacando o reaproveitamento de materiais e a conscientização ambiental. O método inclui pesquisa bibliográfica online sobre a vida e obra de Ivan Cruz, representação por desenho de uma brincadeira infantil, apresentação de algumas obras da série “Brincadeiras de Criança”, escolha de uma obra para releitura, e a criação da obra utilizando a técnica da colagem com resíduos recicláveis. Materiais como cola e tesoura são utilizados na atividade, culminando na exposição dos trabalhos na biblioteca da escola.

Esta seção apresenta uma atividade que integra a temática da vermicompostagem com a literatura, utilizando trechos das obras de Júlio Verne. A atividade propõe a leitura e interpretação de trechos dos livros “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Vinte Mil Léguas Submarinas”, relacionando o conteúdo textual com o tema do solo e a vermicompostagem. Os alunos são incentivados a realizar atividades de interpretação textual, focando em passagens relacionadas ao solo e criando uma história em quadrinhos que conecte esses trechos com o processo de vermicompostagem. O objetivo é promover a interdisciplinaridade, conectando a literatura com a ciência e a educação ambiental. Recursos didáticos sugeridos incluem a apresentação do audiolivro “Viagem ao Mundo em 80 Dias” e a utilização de trechos selecionados dos livros de Júlio Verne, que podem ser acessados por meio do endereço eletrônico http://www.elivros-gratis.net/livros-gratis-julio-verne.asp. Sugere-se ainda, como material complementar, o vídeo “O solo”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=goSKS5Dickg, que aborda o ciclo de vida das minhocas e sua importância na reciclagem de matéria orgânica na natureza.