Avaliação de matrizes suínas submetidas à inseminação artificial intracervical e intrauterina com diferentes concentrações espermáticas

Insseminação Artificial em Suínos

Informações do documento

Autor

Josiane Hannoff Pilon

Escola

Universidade Federal de Santa Catarina

Curso Zootecnia
Local Florianópolis
Tipo de documento Trabalho de Conclusão de Curso
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 646.79 KB

Resumo

I.Resumo do Estudo Eficiência da Inseminação Artificial em Suínos

Este estudo avaliou a eficiência reprodutiva de matrizes suínas utilizando diferentes técnicas de inseminação artificial: intracervical (IAIC) e intrauterina (IAIU). A pesquisa utilizou dados de 111 matrizes da Granja Pilon, localizada em Orleans – SC, coletados entre junho de 2010 e março de 2011, e registrados no software Agriness S2 Comercial. Três tratamentos foram comparados: T1 (controle - IAIC com 3 bilhões de espermatozoides), T2 (IAIU com 1,5 bilhões), e T3 (IAIU com 1 bilhão). As variáveis analisadas foram número de leitões nascidos totais e vivos, natimortos, mumificados, e peso médio ao nascer. A suinocultura brasileira, que ocupa posição de destaque na produção e exportação mundial de carne suína, teve um crescimento substancial nos últimos anos, impulsionado por avanços tecnológicos como a IA. Os resultados serão cruciais para otimizar a produção de suínos e melhorar a taxa de prenhez.

1. Introdução e Objetivo do Estudo

O estudo investiga a eficiência reprodutiva de matrizes suínas após a inseminação artificial, comparando as técnicas intrauterina e intracervical. A suinocultura brasileira, que ocupa a quarta posição no ranking mundial de produção e exportação de carne suína, tem apresentado crescimento significativo nas últimas décadas, impulsionado por avanços tecnológicos, incluindo a inseminação artificial. O objetivo principal é analisar dados coletados em uma unidade produtora de leitões (UPL) para verificar a eficiência reprodutiva das matrizes inseminadas por esses dois métodos. A análise busca contribuir para a otimização das técnicas de inseminação artificial e para o aumento da produtividade na suinocultura. O foco é a análise de dados concretos, visando resultados práticos para a melhoria da eficiência reprodutiva, a partir de um conjunto de dados reais de uma granja específica. O avanço tecnológico na suinocultura e a busca por maior eficiência reprodutiva são os pilares deste estudo, que se concentra na avaliação de dados de uma granja, utilizando o software Agriness S2 Comercial para análise dos resultados.

2. Descrição da Metodologia

O estudo utilizou um banco de dados da Granja Pilon, em Orleans (SC), abrangendo o período de junho de 2010 a março de 2011. Os dados, registrados no software Agriness S2 Comercial, incluíram informações de 111 matrizes suínas com ordens de parto de 1 a 9, totalizando 117 coberturas. A metodologia dividiu as matrizes em três grupos de tratamento: T1 (controle), com inseminação intracervical (IAIC) utilizando 3 bilhões de espermatozoides por dose em 100ml de diluente; T2, com inseminação intrauterina (IAIU) com 1,5 bilhões de espermatozoides em 50ml; e T3, com IAIU com 1 bilhão de espermatozoides em 50ml. As variáveis analisadas foram o número de leitões nascidos totais e vivos, o número de leitões natimortos e mumificados, e o peso médio ao nascer. A análise estatística utilizou análise de variância com 5% de significância e o teste de Tukey para comparação de médias, em busca de diferenças significativas entre os grupos de tratamento, considerando as diferentes técnicas de inseminação artificial e concentrações espermáticas usadas. A Granja Pilon, com sua localização em Orleans - SC, serviu como fonte de dados crucial para este estudo.

3. Análise dos Resultados e Discussão

A análise estatística dos dados revelou que não houve diferenças significativas (P>0,05) entre os grupos de tratamento no número de leitões nascidos vivos, natimortos, mumificados, e no peso médio ao nascer. Entretanto, uma diferença significativa (P<0,05) foi encontrada no número total de leitões nascidos, sendo menor no grupo submetido à inseminação intrauterina com a menor concentração de espermatozoides (T3). A taxa de prenhez foi superior a 90% em todos os grupos, indicando a eficácia das técnicas de inseminação artificial empregadas. Os resultados obtidos são comparados com médias estaduais (Santa Catarina) e nacionais de 2011, mostrando similaridades na média de leitões nascidos totais, com exceção do peso médio ao nascer. Uma possível explicação para a menor quantidade de leitões nascidos totais no grupo T3 é a experiência da equipe da Central de Inseminação com a técnica IAIU, uma vez que era recente a manipulação de doses com diferentes volumes e concentrações, o que pode ter levado a erros na diluição e contagem de espermatozoides. Outros fatores que podem ter impactado os resultados são a qualidade do sêmen e a habilidade técnica na execução da inseminação intrauterina.

II.Importância Econômica da Suinocultura no Brasil e Inseminação Artificial

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne suína mundialmente, com a região Sul concentrando grande parte das matrizes suínas. Em 2014, a produção brasileira alcançou aproximadamente 3,4 milhões de toneladas em equivalente-carcaça, representando um crescimento significativo. A inseminação artificial (IA) se destaca como tecnologia reprodutiva, permitindo a difusão de animais geneticamente superiores, otimizando o uso de reprodutores e melhorando os índices reprodutivos. A IA oferece vantagens como maior número de doses por ejaculado, reduzindo problemas sanitários associados à monta natural. Apesar de a IA intracervical ser a técnica mais comum, a IA intrauterina tem demonstrado potencial para melhorar a eficiência reprodutiva, requerendo menor concentração espermática.

1. Panorama Econômico da Suinocultura Brasileira

A suinocultura brasileira tem demonstrado um crescimento considerável nas últimas décadas, tanto em tecnologia quanto em qualidade da produção de carne. O Brasil ocupa atualmente a quarta posição mundial em produção e exportação de carne suína, exportando para mais de 70 países. Em 2014, a produção atingiu cerca de 3,4 milhões de toneladas em equivalente-carcaça, um aumento aproximado de 33% em relação a 2003 (2,56 milhões de toneladas). A taxa de exportação também cresceu, chegando a 620 milhões de toneladas em equivalente-carcaça em 2014. Embora o número de matrizes tenha crescido apenas 1,5% entre 2003 (2,07 milhões) e 2014 (2,1 milhões), principalmente nos principais estados produtores, o aumento substancial na produção de carne demonstra maior eficiência no manejo. Dez estados brasileiros (São Paulo, Minas Gerais, Piauí, Mato Grosso, Maranhão, Goiás, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) concentram cerca de 2,13 milhões de matrizes, sendo 1,2 milhões na região Sul. Em 2014, o rebanho brasileiro totalizava aproximadamente 39 milhões de animais, consolidando o país na terceira posição no ranking mundial em número de cabeças (ROPPA, 2014 e GRUPO AGRO, 2015).

2. Inseminação Artificial Uma Tecnologia Chave

A inseminação artificial (IA) é uma biotécnica reprodutiva fundamental na suinocultura moderna, permitindo o uso de reprodutores geneticamente superiores e o descarte de ejaculados de baixa qualidade. Um único ejaculado em monta natural equivale a uma única cobertura, enquanto na IA, um ejaculado gera, em média, 20 a 25 doses com 3 x 10⁹ espermatozóides (DALLANORA, 2014). Isso maximiza o uso dos ejaculados e melhora a eficiência reprodutiva do rebanho. A IA contribui para o melhoramento genético, aumentando os índices produtivos e reprodutivos e a rentabilidade, além de reduzir problemas sanitários comuns à monta natural (BENNEMANN, 2008). No Brasil, a IA começou a ser usada comercialmente na década de 1970, se consolidando a partir de 1975 com a instalação de Centrais de Inseminação Artificial (CIA) em Estrela (RS) e Concórdia (SC). A disseminação da técnica se deu por meio de instituições públicas e associações de produtores. O sucesso da IA depende de fatores como diagnóstico preciso de cio, qualidade da dose inseminante, qualidade genética das matrizes e protocolos de IA adequados (BENNEMANN, 2008; DALLANORA, 2014).

III.Metodologia e Resultados da Pesquisa

A pesquisa utilizou dados da Granja Pilon em Orleans (SC) com 117 coberturas em 111 matrizes suínas, de junho de 2010 a março de 2011. Foram avaliados três tratamentos distintos de inseminação artificial (IAIC e IAIU com diferentes concentrações de espermatozoides). Os resultados mostraram que não houve diferença significativa (P>0,05) entre os métodos na maioria das variáveis, exceto para o número de leitões nascidos totais (P<0,05). O número de leitões nascidos totais foi menor na inseminação intrauterina com a menor concentração de espermatozoides (1 bilhão/50 mL). A taxa de prenhez ficou acima de 90% em todos os grupos, mostrando a eficácia das técnicas aplicadas. A pesquisa destaca a importância da experiência da equipe no manejo da inseminação intrauterina para obter melhores resultados. A média de leitões nascidos totais foi semelhante à média de Santa Catarina e do Brasil em 2011 (cerca de 12 leitões).

1. Coleta e Análise de Dados

O estudo utilizou dados zootécnicos da Granja Pilon, localizada em Orleans - SC, abrangendo o período de junho de 2010 a março de 2011. Esses dados foram registrados no software Agriness S2 Comercial e incluíram informações de 111 matrizes suínas, com ordens de parto variando de 1 a 9, resultando em 117 coberturas. As matrizes foram divididas em três grupos de tratamento para a comparação de diferentes técnicas e concentrações de inseminação artificial. O grupo T1 (controle) recebeu inseminação intracervical (IAIC) com 3 bilhões de espermatozoides por dose em 100ml de diluente; o grupo T2 recebeu inseminação intrauterina (IAIU) com 1,5 bilhões de espermatozoides em 50ml; e o grupo T3 recebeu IAIU com 1 bilhão de espermatozoides em 50ml. As variáveis analisadas incluíram o número de leitões nascidos totais e vivos, o número de leitões natimortos e mumificados, e o peso médio ao nascer de cada leitão. A escolha da Granja Pilon, sua localização e o período de coleta de dados foram fundamentais para a pesquisa, fornecendo um conjunto de dados específico para análise.

2. Resultados da Análise Estatística

A análise estatística, que utilizou análise de variância com 5% de significância (P<0,05) e o teste de Tukey para comparação de médias, mostrou resultados interessantes. Não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) entre os tratamentos no número de leitões nascidos vivos, natimortos, mumificados, e no peso médio ao nascer. Entretanto, houve diferença significativa (P<0,05) no número total de leitões nascidos, sendo este menor no grupo T3 (IAIU com 1 bilhão de espermatozoides), com uma redução de 2,76 leitões em comparação ao grupo controle (IAIC). A taxa de prenhez foi superior a 90% em todos os grupos, sugerindo a eficácia geral das técnicas de inseminação artificial. A média de leitões nascidos totais se mostrou semelhante à média do estado de Santa Catarina (12,51) e à média brasileira de 2011 (12,83), de acordo com dados do Agriness Sistemas e Tecnologia de Informação Ltda. O peso médio ao nascer apresentou um incremento de 200 gramas em comparação à média brasileira, um ponto que merece consideração.

3. Discussão dos Resultados e Limitações

Os resultados obtidos, embora mostrem uma taxa de prenhez acima de 90% em todos os grupos, sugerem que a experiência da equipe na execução da inseminação intrauterina pode influenciar os resultados. A manipulação de doses com diferentes volumes e concentrações, uma prática relativamente nova na Central de Inseminação na época da coleta de dados, pode ter contribuído para erros na diluição e contagem de espermatozoides. A qualidade do sêmen, adquirida externamente, e possíveis problemas na coleta também são fatores que poderiam ter impactado os resultados. A técnica de inseminação intrauterina, apesar de simples, requer cuidados especiais devido à sensibilidade do aparelho reprodutivo da fêmea, exigindo treinamento adequado da equipe. Como as fêmeas do estudo foram as primeiras a serem submetidas à IAIU na propriedade, a falta de experiência prévia pode ter afetado a precisão dos procedimentos. A comparação com outros estudos, como Bennemann et al. (2007) e Watson e Behan (2002), mostra resultados variados, enfatizando a complexidade dos fatores que influenciam a eficiência reprodutiva em suínos.