
Orientação Vocacional: Diversidade
Informações do documento
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 2.75 MB |
Autor | Daniela Carmo |
Tipo de documento | Relatório de Projeto |
Resumo
I.Programa de Orientação Vocacional para a Promoção da Diversidade Profissional
Este programa visa combater a segregação profissional e os estereótipos de género que afetam as igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. Através de sessões em sala de aula e atividades práticas, como visitas de estudo a empresas (ex: Filinto Mota Sucessores, A.J. Pinto, Metalúrgica Bakeware, Atlantis - Grupo Vista Alegre Atlantis) e estágios de observação, pretende-se consciencializar jovens sobre a diversidade profissional e auxiliar na sua orientação vocacional. O programa foca-se na desconstrução de preconceitos e na promoção de escolhas profissionais conscientes e realistas, considerando as tendências do mercado de trabalho e as igualdade de oportunidades para homens e mulheres. A avaliação inclui questionários, análise de grupo e feedback individual, assegurando a eficácia do programa na alteração de representações e na promoção da diversidade profissional.
1. Enquadramento e Objectivos Gerais
Esta seção contextualiza o programa de orientação vocacional, destacando as dificuldades crescentes na transição para a vida ativa e as mudanças no mercado de trabalho. Enfatiza a influência de estereótipos de feminilidade e masculinidade nas escolhas profissionais dos jovens. Os objetivos centrais do programa são o conhecimento próprio, o conhecimento das oportunidades de formação e profissão e a aprendizagem da tomada de decisão. O programa pretende auxiliar no processo de tomada de decisão, além de promover o melhor ajustamento possível entre as aspirações dos jovens e as tendências evolutivas do mercado de trabalho. A importância da articulação entre escola e mercado de trabalho é sublinhada, salientando a co-responsabilidade da sociedade, família e escola na orientação vocacional dos jovens. A escola é apresentada como um agente ativo na construção de uma cultura pró-ativa de responsabilização e autonomia, promovendo a interligação entre educação, formação e emprego.
2. Sessões e Atividades em Contexto Escolar
O programa inclui sessões em contexto escolar, visando estimular a compreensão e discussão crítica sobre conceitos de igualdade de oportunidades na perspectiva de género. As atividades promovem a reflexão sobre vivências, crenças e comportamentos influenciados por estereótipos e preconceitos, consciencializando os jovens para os mecanismos promotores da desigualdade de género associada às profissões. As sessões pretendem desconstruir o modelo laboral dominante que prejudica as mulheres e aproximar os jovens de situações reais de diversificação profissional. A metodologia prioriza a análise e reflexão em grupo, complementada por experiências de ação e materiais de apoio adaptáveis a contextos mais individualizados. O objetivo é que as escolhas dos jovens sejam mais conscientes e realistas, diminuindo o peso dos estereótipos de género.
3. Intervenção junto dos Jovens Programa de Orientação Vocacional
Esta seção detalha a intervenção direta com os jovens, através de um programa de orientação vocacional estruturado em sessões e atividades dentro e fora do contexto escolar. O programa privilegia a análise e reflexão em grupo, combinada com experiências práticas. Materiais de apoio são fornecidos para adaptação a contextos de orientação individualizada. O objetivo principal é promover a diversificação profissional, desconstruindo o discurso promotor da desigualdade e mostrando outras oportunidades profissionais muitas vezes ignoradas devido a estereótipos rígidos. A avaliação do programa visa perceber se houve apropriação do tema da igualdade de oportunidades e diversificação profissional, bem como mudanças nas representações pessoais e profissionais dos alunos, reconhecendo que a transformação das representações leva a mudanças de atitudes. Materiais de apoio estão disponíveis em DVD e um guia de sensibilização (GPS) auxilia no desenvolvimento das sessões.
4. Encontros com Profissionais e Visitas de Estudo
Esta parte descreve encontros com profissionais de ocupações não tradicionais e visitas de estudo a empresas, com o objetivo de complementar as sessões em sala de aula. No projeto EXITO, foram convidados um professor primário e uma motorista de autocarro, servindo de exemplos. As visitas de estudo são precedidas e seguidas por sessões em sala de aula com questionários (anexos 6 e 7), permitindo avaliar as expectativas e o conhecimento prévio dos alunos sobre as profissões e recolher o feedback após a visita. A escolha de empresas com boas práticas em igualdade de oportunidades e diversificação profissional é recomendada, mas visitas a empresas tradicionais também podem ser usadas para discutir a segregação profissional. O contato com o departamento de Recursos Humanos das empresas é crucial para a preparação das visitas. O projeto EXITO utilizou como exemplos empresas como Filinto Mota Sucessores (Matosinhos), A.J. Pinto (Avintes), Metalúrgica Bakeware Production (Valongo), e Atlantis - Grupo Vista Alegre Atlantis (Alcobaça).
5. Estágios de Observação e Avaliação do Programa
Os estágios de observação, realizados em áreas profissionais tradicionalmente segregadas por género, complementam as sessões e visitas de estudo. No âmbito do projeto EXITO, os alunos realizaram estágios em educação infantil e as alunas no setor automóvel. O objetivo é permitir aos jovens conhecer o conteúdo funcional de profissões não tipicamente associadas ao seu género, confrontando suas representações com a realidade e auxiliando na tomada de decisões vocacionais. A avaliação do programa é um princípio orientador, incluindo instrumentos para avaliar os resultados junto dos jovens. Uma sessão final dedicada à avaliação é fundamental para sintetizar os conteúdos, os conhecimentos apreendidos e as alterações nas representações pessoais e profissionais dos alunos. O psicólogo poderá realizar uma avaliação de monitorização de cada sessão, registando conclusões principais, utilidade e satisfação dos alunos.
II.Sessões em Contexto Escolar Igualdade de Oportunidades na Perspectiva de Género
As sessões escolares, idealmente com grupos de 8-12 alunos, abordam conceitos de igualdade de oportunidades, estereótipos de género e segregação profissional. Utilizam dinâmicas de grupo e atividades práticas para estimular a reflexão crítica sobre as escolhas vocacionais, influenciadas por fatores sociais e estereótipos de género. O objetivo é promover a diversidade profissional e a tomada de decisão consciente, desconstruindo preconceitos e promovendo a igualdade de oportunidades no futuro profissional dos jovens.
1. Objetivos e Metodologia das Sessões Escolares
As sessões em contexto escolar, idealmente com grupos de 8 a 12 alunos (com adaptações para turmas maiores), visam estimular a compreensão e discussão crítica de conceitos base relacionados à igualdade de oportunidades na perspectiva de género. A metodologia foca-se na reflexão sobre as vivências, crenças e comportamentos muitas vezes guiados por estereótipos e preconceitos. O objetivo é consciencializar os jovens para os mecanismos que promovem a desigualdade de género nas profissões e promover a reflexão sobre um modelo laboral dominante que prejudica, sobretudo, as mulheres. As sessões buscam aproximar os jovens de situações reais de diversificação profissional, incentivando uma análise crítica e desconstrução de preconceitos. A duração mínima de cada sessão é de 45 minutos, podendo ser conduzida por um psicólogo, dentro ou fora do horário letivo, em colaboração com o professor ou diretor de turma. A utilização de recursos como apresentações em PowerPoint, imagens, frases, provérbios e músicas é sugerida para complementar as discussões.
2. Atividades Práticas Desconstruindo Estereótipos de Género
Atividades práticas são propostas para promover a reflexão e desconstrução de estereótipos de género. Uma atividade sugere que os alunos associem individualmente três palavras a masculino e feminino, posteriormente categorizando-as em dicotomias (ex: passividade/atividade, público/privado). Em seguida, analisam as relações entre as subcategorias e o conteúdo valorativo das palavras. Outra atividade foca nos estereótipos profissionais, pedindo aos alunos que identifiquem profissões mais indicadas para homens, mulheres ou ambos. A comparação das listas em pares mistos e a discussão em grupo permitem identificar estereótipos e refletir sobre a segregação profissional. Uma atividade específica sobre estereótipos de género na profissão de professor/a e educador/a (baseada em Neto & al., 1999) coloca os alunos na posição de recrutadores, analisando as qualidades valorizadas e justificando suas escolhas.
III.Encontro com Profissionais de Ocupações Não Tradicionais e Visitas de Estudo
O programa inclui encontros com profissionais em ocupações não tradicionais (exemplo: professor primário e motorista de autocarro) e visitas de estudo a empresas, para confrontar as representações dos jovens com a realidade do mercado de trabalho. As visitas, que podem incluir empresas com boas práticas de igualdade de oportunidades e diversidade profissional, são preparadas e avaliadas com questionários (anexos 6 e 7) antes e depois da experiência, permitindo uma reflexão sobre a segregação profissional e a diversidade profissional em diferentes contextos.
1. Encontros com Profissionais em Ocupações Não Tradicionais
Esta seção propõe encontros entre alunos e profissionais em ocupações não tradicionalmente associadas a um género específico, complementando as atividades em sala de aula e adicionando a temática da segregação profissional. Como exemplo, o projeto EXITO utilizou um professor primário e uma motorista de autocarro. A ideia é que a discussão sobre essas profissões contribua para desconstruir estereótipos de género e ampliar a visão dos alunos sobre as possibilidades profissionais. A escolha dos profissionais convidados deve considerar a possibilidade de gerar discussões relevantes sobre a diversidade no mercado de trabalho e a superação da segregação profissional.
2. Visitas de Estudo a Empresas Aprendizagem Prática e Reflexão
As visitas de estudo, organizadas em turma, são parte fundamental do programa. Preferencialmente, as visitas deverão ser a empresas com boas práticas em igualdade de oportunidades e diversificação profissional. No entanto, mesmo visitas a empresas com funcionamento tradicional podem ser úteis para discutir a necessidade de as profissões não serem executadas obrigatoriamente por um dos sexos. A preparação inclui uma sessão em sala de aula com um questionário inicial (anexo 6) para averiguar as expectativas e o conhecimento dos alunos sobre as profissões que irão observar. Após a visita, há uma sessão de discussão para esclarecer dúvidas e analisar as respostas do questionário inicial, utilizando também um questionário final (anexo 7). É importante que os profissionais de psicologia e orientação entrem em contato com o departamento de recursos humanos das empresas para obter informações prévias sobre os postos de trabalho e seus conteúdos funcionais. O projeto EXITO realizou visitas a empresas como Filinto Mota Sucessores (Matosinhos), A.J. Pinto (Avintes), Metalúrgica Bakeware Production (Valongo), e Atlantis - Grupo Vista Alegre Atlantis (Alcobaça).
3. Estágios de Observação Conhecimento Funcional e Confronto com a Realidade
Os estágios de observação, realizados após as sessões de sensibilização e discussão em sala de aula, devem ocorrer em áreas profissionais tradicionalmente segregadas por sexo. No projeto EXITO, os estágios ocorreram num dia de férias e a inscrição foi voluntária; os alunos realizaram estágios em educação infantil e as alunas no setor automóvel. O objetivo é que os alunos conheçam o conteúdo funcional de profissões que não são maioritariamente do seu sexo, para realizarem juízos baseados na realidade e não em preconceitos. Os estágios constituem uma oportunidade de confrontar as representações individuais sobre determinada profissão com a realidade observada. A ficha de reconhecimento da aprendizagem (anexo 8) e a ficha de avaliação da experiência (anexo 9) auxiliam na avaliação do estágio. A participação ativa do psicólogo, do diretor de turma e das empresas acolhedoras é crucial para o sucesso desta atividade.
IV.Estágios de Observação Experiência Prática para a Diversidade Profissional
Os estágios de observação, realizados em áreas tradicionalmente segregadas por género (ex: educação infantil e setor automóvel), complementam o programa. Estes proporcionam aos jovens a oportunidade de observar o conteúdo funcional de diferentes profissões, confrontando suas representações com a realidade. Os estágios permitem analisar e discutir a segregação profissional e contribuem para escolhas vocacionais mais informadas e inclusivas, promovendo a diversidade profissional.
1. Objetivos e Contexto dos Estágios de Observação
Os estágios de observação, realizados após as sessões de sensibilização e discussão em sala de aula, têm como objetivo principal permitir que os alunos conheçam o conteúdo funcional de profissões não majoritariamente associadas ao seu sexo. Isso permite que eles formem juízos mais apoiados na realidade e não em preconceitos. Os estágios oferecem uma oportunidade de confrontar as representações prévias que cada jovem tem sobre determinada profissão com a realidade vivenciada no local de estágio. A experiência visa promover a diversificação profissional e desconstruir estereótipos de gênero. No projeto EXITO, os estágios ocorreram em um dia de férias, com inscrição voluntária. Os alunos realizaram estágios na área da educação infantil e as alunas no setor automóvel, exemplificando a proposta de diversificação de experiências.
2. Metodologia e Implementação dos Estágios
Os estágios de observação devem ser realizados em áreas profissionais tradicionalmente segregadas por sexo. A formação de pequenos grupos é recomendada, com os alunos passando um dia inteiro na instituição ou empresa. Idealmente, os alunos deverão ter a oportunidade de observar um conjunto de postos de trabalho selecionados, questionando e observando o conteúdo funcional de cada um. Ao final do estágio, os alunos devem preencher uma ficha de reconhecimento da aprendizagem (exemplo no anexo 8) e uma ficha de avaliação sobre a experiência (exemplo no anexo 9). A adaptação dessas fichas a outros estágios é sugerida. A participação ativa e o envolvimento do psicólogo, do diretor de turma e das instituições ou empresas acolhedoras são fundamentais para o sucesso do programa, assegurando a efetiva sensibilização e promoção da diversificação profissional com uma perspectiva de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.
V.Avaliação do Programa Medindo o Impacto na Igualdade de Oportunidades
A avaliação do programa inclui instrumentos para monitorizar as mudanças nas representações e atitudes dos jovens em relação à igualdade de oportunidades e diversidade profissional. Através de sessões finais, questionários e feedback individual, avalia-se a eficácia do programa em promover a diversidade profissional e a tomada de decisão informada, com foco na igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.
1. Princípios Orientadores da Avaliação
A avaliação do programa de orientação vocacional é apresentada como um princípio orientador, seguindo a linha do Kit Lúdico-Pedagógico NOTAI – Notas para a Igualdade. O objetivo é perceber se houve apropriação do tema da igualdade de oportunidades e diversificação profissional pelos alunos, assim como se houve alteração em suas representações pessoais e profissionais. A transformação das representações é vista como fundamental para mudar as atitudes. A avaliação busca medir o impacto do programa na promoção da igualdade de oportunidades e na diversificação profissional, analisando a eficácia na mudança de perspectivas e na tomada de decisões mais conscientes e realistas.
2. Métodos e Instrumentos de Avaliação
Algumas atividades propostas já incluem instrumentos para avaliar seus resultados junto aos jovens. No entanto, a realização de uma sessão final dedicada exclusivamente à avaliação é considerada fundamental para sintetizar os conteúdos transmitidos, os conhecimentos apreendidos e as alterações ocorridas nas representações pessoais e profissionais dos alunos. Essa sessão final funciona como um momento de consolidação e reflexão sobre o processo completo. Como complemento, o psicólogo poderá realizar uma avaliação de monitorização de cada sessão em sala de aula, utilizando um formato simples em que os alunos registram as conclusões principais, o grau de utilidade e a satisfação com cada sessão, através de uma escala qualitativa. Esta avaliação permite um acompanhamento contínuo do processo e um ajuste de metodologias caso necessário.