
Hub Porto: Inovação Social no Mercado de Trabalho
Informações do documento
Autor | Nádia Joana Anunciação Oliveira |
instructor | Professor Doutor Carlos Gonçalves |
Escola | Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Sociologia |
Curso | Sociologia |
Tipo de documento | Relatório de Estágio |
city | Porto |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.09 MB |
Resumo
I.O Impacto da Globalização e da Sociedade da Informação no Mercado de Trabalho Português
Este estudo analisa os efeitos da globalização e da Sociedade da Informação no mercado de trabalho português, focando-se na crescente precariedade do emprego e na emergência de novas formas de trabalho. A flexibilidade do emprego, impulsionada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), leva a uma crescente desigualdade no acesso a oportunidades, com reflexos na configuração do mundo do trabalho. A pesquisa aborda as transformações de uma economia industrial para uma economia de serviços, destacando o aumento do conhecimento como fator-chave e a consequente necessidade de atualização profissional.
1. Novos Ritmos Sociais e a Globalização
A seção inicia abordando a emergência de novos ritmos sociais inerentes ao fenômeno da globalização. A expansão das relações políticas, econômicas e sociais estabelece elevados níveis de ligação cultural, facilitada pelos avanços das tecnologias de informação e comunicação. Isso leva à abertura de novas perspectivas e à necessidade de interpretar o impacto social, principalmente na configuração do mundo do trabalho. O desenvolvimento de novas tecnologias, criando diversas redes de comunicação, se torna indissociável da forma de atuação e regulação social. As estratégias para a conquista do espaço social são induzidas pela forma como essas redes se manifestam. A análise foca nos efeitos das dinâmicas da globalização no mercado de trabalho, traduzindo os efeitos de uma cultura globalizada com reflexos desiguais, colocando atores sociais em diferentes patamares de acesso a oportunidades laborais. A citação de Cantista (2005:5) introduz a temática, destacando a complexidade e a necessidade de análise. A discussão sobre o início da globalização, questionando a ideia de sua origem na década de 80 e apontando para a época dos descobrimentos, demonstra uma perspectiva histórica mais ampla.
2. A Visão de Sennett sobre o Capitalismo Global e a Sociedade
Sennett (2007) é citado para abordar o capitalismo global e seu impacto nos comportamentos sociais. O autor busca o paralelismo entre conceito e realidade, pautado por evoluções sociais e políticas. A superficialidade e a falta de profundidade na sociedade são destacadas, com o ator social focando mais em suas potenciais capacidades do que no que realmente sabe fazer. A nova economia, associada ao novo capitalismo, gera novas problemáticas sociais. Sennett descreve uma cultura do novo capitalismo onde elementos econômicos se difundem na organização social, interferindo na vida dos indivíduos, especialmente na esfera laboral. A citação de Sennett (1999) enfatiza a transformação do capitalismo para um modelo mais flexível, contrastando com a burocracia rígida. A flexibilidade do trabalho leva a relações com laços não baseados em longo prazo, gerando dinâmicas de mudanças e incertezas constantes. O desafio para as sociedades atuais, segundo Sennett, é desenvolver mecanismos de longo prazo, inseridos em uma regulação de curto prazo, buscando soluções para a questão da rotina por meio da reestruturação do trabalho e de instituições mais flexíveis. A flexibilidade afeta o caráter individual, tornando as condutas mais degradantes devido à superficialidade. Uma nova ética do trabalho, considerada maléfica, é apresentada, valorizando a polivalência e a adaptação acima da experiência.
3. A Globalização segundo Held e o Processo de Mundialização
A globalização é apresentada como um processo espontâneo, decorrente da evolução do mercado capitalista. Held (2000) define a globalização como um processo que engloba transformação na organização espacial das relações e transações sociais, expressa em fluxos transcontinentais e inter-regionais e redes de atividade, interação e poder. Envolve a transposição de fronteiras nacionais em atividades econômicas, sociais e políticas, com intensificação das interconexões e fluxos de trocas (investimentos financeiros, migrações e culturais). O processo atual é marcado pela aceleração da difusão de ideias, bens, informação, capitais e pessoas. Essa intensidade, extensividade e velocidade das trocas levam a uma interdependência global em todos os níveis da vida social. A discussão inclui uma breve comparação entre os termos 'globalização' e 'mundialização', salientando algumas discrepâncias sem aprofundar a distinção. A intensidade da discussão sobre o conceito de globalização aponta para a necessidade de compreender sua complexidade, impactos diversos e diferentes interpretações.
4. Sociedade de Informação Tecnologias da Informação e Comunicação TIC e o Impacto no Emprego
A sociedade de informação é caracterizada pela expansão de um quarto setor de atividade – a indústria relacionada com a informação. A aplicação das tecnologias da informação se torna a principal fonte de crescimento econômico, e a sociedade cresce em torno da informação. A reflexão sobre a indissociabilidade das TIC e do contexto social destaca que suas projeções vão além de sua própria autonomia. Este impacto desperta o interesse científico em relação ao impacto desta nova sociedade na vida dos atores sociais, modificando padrões de referência e valores. Considerando uma relação interativa entre tecnologia e sociedade, uma ampla gama de desenvolvimentos futuros é projetada. A discussão sobre o crescimento do conhecimento e o conceito de sociedade pós-industrial (Bell, 1973; Kovács, 2002) contextualiza o aumento dos empregos terciários, o incremento da ciência e da escolarização da população, especialmente nos anos 60 nos países ocidentais, com a crescente importância da meritocracia no acesso ao trabalho. A expansão do conhecimento como o único setor em expansão na economia de alta tecnologia é um aspecto central, mas ressalta-se a limitação do emprego neste setor apenas para uma elite.
5. A Sociedade em Rede e suas Implicações no Mercado de Trabalho
O texto introduz o conceito de sociedade em rede, destacando sua complexidade e a dependência da vida social de ligações estabelecidas em determinadas redes, com relações intrínsecas. A aplicabilidade sociológica desse conceito implica a análise das formas de organização humana e a articulação entre grupos e instituições. A interligação entre redes sociais e redes tecnológicas com estrutura física e elementos de comunicação é enfatizada, com o desenvolvimento de novas tecnologias e a criação de diversas redes de comunicação, fundamentais para o desenvolvimento das redes sociais. As estratégias de conquista do espaço social são relacionadas com as potencialidades das redes tecnológicas e a troca de informação. A sociedade em rede é definida por altos níveis de educação, autonomia e capacidade de resolução de problemas. Seu funcionamento é descrito como uma imposição da morfologia social à ação social, refletindo situações de dominação e mudança social. A citação de Randolph (1999:45) destaca a busca de articulação entre o local e o global, o particular e o universal, nas interconexões das identidades dos atores com o pluralismo. As redes estabelecem pontos de intersecção entre conteúdos (econômico, político, cultural e social) e formas (local, nacional e mundial).
6. Economia Informacional Internet e a Mercantilização da Vida Social
A economia informacional (Castells, 2003) é caracterizada pela velocidade dos contatos e a circulação da informação. Sua lógica é marcada pela importância econômica das comunicações (Internet, telefones celulares, publicidade online). Este capitalismo informacional, explorado por Castells, acentua a rapidez, a troca e a facilidade de estabelecer ligações, contrapondo-se às dificuldades de comunicação devido à distância geográfica em momentos anteriores da história da humanidade. A apetência por produtos relacionados com a informática é outro aspecto fundamental. A Internet é vista como base do comércio eletrônico e o predomínio da virtualidade gera uma diferenciação no simbolismo, afastando-se da relação com os outros e direcionando-se para algo imaginário, com menor contato social devido ao tempo dedicado às TIC. A economia informacional é dependente do avanço tecnológico e científico, inserida em uma sociedade capitalista, com a lógica entre capital e trabalho, padrões de produtividade maiores e a predominância da troca de produtos e bens. A mercantilização da vida social é apresentada como uma marca das sociedades contemporâneas, em que tudo adquire valor econômico e de transação, com o valor cobrado relacionado à formação e especialização, implicando maior investimento em qualificações.
7. Crise na Sociedade do Trabalho e o Declínio da Centralidade do Trabalho
A seção discute a crise na sociedade do trabalho desde os anos 80, com o fim da centralidade do trabalho nas relações sociais e na formação de identidades coletivas. Uma projeção de uma sociedade centrada no lazer em vez do trabalho, resultado da revolução científico-tecnológica (final dos anos 60), é mencionada. Trabalho e produção perdem a capacidade de estruturar a sociedade, surgindo novos cenários, atores e racionalidades. A citação de Offe (1995:32) evidencia que quanto mais tempo as pessoas passam fora do trabalho, mais percebem que ele é insuficiente para organizar suas vidas. A precariedade do trabalho diminui sua importância como fator de realização. Em uma economia mundializada, com a lógica financeira e rendibilidade de curto prazo, empresas buscam flexibilidade e custos reduzidos para produzir mais com menos, resultando na redução e flexibilização do emprego e aumento da força de trabalho flexível. A transição de uma economia baseada na indústria para uma economia baseada em serviços é destacada, com novas formas de trabalho que podem apresentar grandes oportunidades, mas também uma profunda ambivalência para aqueles que se sentem enclausurados em um mundo em constante mutação.
8. Consequências Negativas das TIC e a Precariedade do Mercado de Trabalho
Uma das consequências negativas da utilização das TIC é a redução do papel humano na economia e o desemprego massivo. A possibilidade de fornecer competências e informações independentemente de agentes humanos, incorporadas em mercadorias informacionais para computadores, torna a produção menos dependente do homem. As TIC suprimem postos de trabalho, conforme apontado por diversos autores. Na economia high-tech, apenas o setor do conhecimento está em expansão, garantindo emprego apenas para uma elite. As alterações nas últimas décadas levam o mercado de trabalho a uma acentuada precariedade, com muitos trabalhadores recebendo o salário mínimo nacional, trabalhando em part-time e sem acesso a regalias. A precariedade se aprofunda pela penetração negativa na trajetória profissional dos indivíduos e pela diminuição dos mecanismos de defesa dos trabalhadores. O mercado de trabalho se torna cada vez mais flexível, buscando força de trabalho a menor custo, mais produtiva e competitiva. A citação de Moniz e Kovács (2001) reforça a convicção empresarial de que a flexibilidade do emprego é uma fonte de competitividade. O final do século XX e início do XXI é caracterizado pela centralidade da flexibilidade na gestão e organização do trabalho, com estratégias para enfrentar a competitividade do mercado global.
II.O Empreendedorismo e a Inovação Social como Respostas aos Desafios do Mercado de Trabalho
Face à precariedade e à incerteza no mercado de trabalho, o estudo destaca o empreendedorismo e a inovação social como potenciais soluções. A pesquisa investiga como o empreendedorismo, impulsionado pela necessidade de auto-emprego, pode contribuir para a criação de valor e a melhoria da situação profissional dos indivíduos. A inovação social, por sua vez, é apresentada como um instrumento para gerar mudança social e promover a inclusão social, atendendo a necessidades não cobertas pelo mercado. O estudo explora o conceito de capital social e o papel das redes sociais na promoção do empreendedorismo e da inovação social.
1. Empreendedorismo Conceito e Características
O texto define empreendedorismo como associado à criação de valor e produtividade, otimizando recursos e eficiência econômica. O empreendedor é a força impulsionadora da nova economia, podendo trabalhar em empresas ou por conta própria, explorando oportunidades identificadas. A origem francesa do termo (intrepreneur) é mencionada, referindo-se a alguém que empreende um projeto significativo. A capacidade de fazer as coisas de forma diferente, propiciando o crescimento econômico, é destacada. Dees (1998) destaca que empreendedores descobrem possibilidades e provocam mudanças, indo além de suas ações concretas, incluindo comportamento e postura. O empreendedorismo aproveita níveis de baixa produtividade para gerar maior produtividade e retorno, segundo Dees. A citação de Sousa (2008: 37/38) contrasta a visão de risco com a visão de oportunidade do empreendedor, enfatizando a segurança na exploração de oportunidades. O empreendedorismo atual é visto como uma atitude associada ao progresso econômico e desenvolvimento cultural e social, uma forma de criar autoemprego e ingressar na corrente produtiva e social, exigindo mudanças de atitude.
2. Empreendedorismo e o Mercado de Trabalho Atual
O empreendedorismo é apresentado como uma resposta ao desafio de ingresso e permanência no mundo do trabalho. Arriscar, inovar e criar novos negócios é visto como uma forma de autoemprego e inserção na corrente produtiva e social. A necessidade de mudança de atitude, traduzida em comportamentos empreendedores, envolve o reconhecimento de oportunidades e sua capitalização. Ser empreendedor é ter o objetivo e a capacidade de agir para obter mudança, implicando predisposições dinâmicas e soluções de transformação social. A recriação da realidade, a partir da sua desconstrução, é fundamental e associada a um forte caráter inovador. O contexto atual, com necessidade de mão de obra técnica, excesso de licenciados e desemprego, aumento da esperança média de vida e consequente maior capacidade financeira da segurança social, e um número crescente de pessoas excluídas socialmente, tudo agravado pela recessão econômica, promove a integração do conceito de empreendedorismo social, ao serviço do desenvolvimento e defesa de causas sociais. A sustentabilidade financeira se torna essencial para o desenvolvimento de projetos em rede.
3. Redes Sociais e Capital Social no Empreendedorismo
A importância das redes sociais para o empreendedorismo é destacada. A integração em uma rede social proporciona acesso a informações sobre oportunidades, e a rede social de um indivíduo determina a amplitude de informações acessíveis (Sousa, 2008:13). As oportunidades em redes sociais atraem indivíduos com ideias empreendedoras que buscam estruturas econômicas e sociais para sustentar seus projetos. O papel das redes sociais na criação e obtenção de emprego é fundamental, concedendo acesso a redes que, de outra forma, seriam de difícil acesso. A construção de redes sociais é uma estratégia de luta e cooperação para transformar a sociedade fragmentada (Jara, 1999:7). Relacionamentos de confiança, reciprocidade e cooperação facilitam a construção de processos de mudança social e desenvolvimento, enriquecendo o tecido social (Jara, 1999:17). Putnam define capital social como aspectos da organização social (redes, normas e confiança) que facilitam a coordenação e cooperação para benefício mútuo. O capital social é apresentado como um conjunto de recursos adquiridos pelo indivíduo em um determinado contexto, através de sua rede, possibilitando mais-valia social. A informação e o conhecimento atuam como credenciais para o acesso a recursos, mas a pertença coletiva pode levar a uma acomodação e inibição da procura de caminhos alternativos, especialmente em grupos com elevado controle social.
4. Inovação Social e Mudança Social
A inovação social é apresentada como um instrumento para gerar mudança social, atendendo a necessidades humanas não abrangidas pelo mercado e promovendo a inclusão social. A inovação social é diferenciada da inovação tecnológica, sendo não mercantil, coletiva e com a intenção de transformar relações sociais (André; Abreu, 2006:125). A inovação social envolve mecanismos que pressupõem atitudes pautadas pela mudança, refutando princípios ineficientes na melhoria da qualidade de vida. A inovação social se articula com a criação de novos planos de atuação em fenômenos sociais com debilidades. O surgimento de modalidades que contribuam para uma sociedade diferente, com oportunidades no mundo do trabalho e evitando a exclusão laboral, é enfatizado. A conduta social é melhorada pelo reforço das relações sociais, implicando a expansão da cidadania, redução da exclusão social, empowerment, participação ativa na esfera pública, rentabilização de recursos humanos e transformação de dinâmicas econômicas e sociais (Figueirôa, 2008:25). A ANDC (Associação Nacional de Direito ao Crédito), fundada em 1998, e inspirada no Grameen Bank, promove o microcrédito, incentivando a iniciativa econômica individual.
III.O Hub Porto Um Caso de Estudo em Inovação Social e Empreendedorismo
O estudo de caso centra-se no Hub Porto, um espaço de coworking tutelado pela Junta de Freguesia de Paranhos, no Porto, que promove o empreendedorismo e a inovação social. O Hub Porto oferece diferentes tarifários de adesão (Hub Contacto, Hub 25, Hub 50, Hub 100, Hub Ilimitado), com preços entre 8€ e 120€ mensais. A pesquisa avalia a satisfação dos utilizadores, analisando o seu perfil sociodemográfico e a sua percepção do espaço como um impulsionador de novas dinâmicas de emprego e de mudança social. A análise inclui dados quantitativos (inquérito com questionário, utilizando o software SPSS) e qualitativos (entrevistas semi-diretivas), com o objetivo de compreender o impacto do Hub Porto no combate ao desemprego e na promoção do empreendedorismo na cidade do Porto.
1. O Hub Porto Descrição e Objetivos
O estudo de caso centra-se no Hub Porto, um espaço inovador de coworking localizado em Paranhos, Porto, Portugal, e tutelado pela Junta de Freguesia de Paranhos. Sua finalidade é alavancar projetos inovadores e impulsionar alterações na situação profissional dos indivíduos associados, gerando benefícios para a sociedade. O Hub Porto utiliza conceitos de empreendedorismo, inovação social e mudança social, com mecanismos de captação sociológica para apreender seus efeitos na vida social. A implementação deste espaço, como promotor de novas dinâmicas de empregabilidade e mudança social, despertou o interesse analítico do estudo, que busca fornecer elementos interpretativos sobre a temática. O Hub Porto se apropria de conceitos como empreendedorismo, inovação social e mudança social, utilizando mecanismos de captação sociológica para entender seus efeitos na vida social dos indivíduos. A implementação do espaço, como promotor de novas dinâmicas de empregabilidade e mudança social, motivou a pesquisa, buscando elementos interpretativos para essa temática. São explorados os benefícios e impactos do espaço na vida dos indivíduos e na sociedade.
2. Tarifários e Serviços do Hub Porto
O Hub Porto oferece cinco planos de adesão: Hub Contacto (5 horas mensais, 8 Euros), Hub 25 (25 horas, 35 Euros), Hub 50 (50 horas, 65 Euros), Hub 100 (até 100 horas, 85 Euros) e Hub Ilimitado (220 horas, 120 Euros + 5 horas de sala de reuniões). A adesão proporciona acesso à plataforma mundial Hub, programação mensal, participação em eventos (gratuita ou com desconto) e descontos em reservas nas instalações. O Hub disponibiliza serviços de consultoria e busca estabelecer contatos para os projetos dos seus membros através de parcerias. Esta estrutura tarifária demonstra a intenção do Hub de oferecer opções diversas e acessíveis, atendendo a diferentes necessidades e perfis de utilizadores. A oferta de serviços complementares, como consultoria e networking, reforça a proposta de valor do espaço, buscando auxiliar os seus membros no desenvolvimento de seus projetos e negócios. A integração na rede global Hub amplia as oportunidades para os participantes.
3. Análise Quantitativa Inquérito por Questionário
Um inquérito por questionário foi elaborado para caracterizar sociodemograficamente os utilizadores do Hub Porto, definindo o perfil-tipo. Os objetivos são obter conhecimento sobre os modos de vida, condições, opiniões, valores e comportamentos da população. Para além da caracterização sociodemográfica, o inquérito obtém dados institucionais (satisfação, grau de importância, tempo de uso). A análise busca um retrato geral institucional, com repercussões em alterações de aspectos institucionais, refletindo as opiniões dos inquiridos. Variáveis como idade, grau de escolaridade e profissão direcionam para as tendências manifestas. O uso do SPSS para análise de dados é destacado, com tratamento de dados focando nas características mais evidentes, casos recorrentes e posições individuais. A estatística descritiva organiza, descreve e resume a informação, sendo crucial para o enfoque analítico e resposta aos objetivos do estudo. Os resultados preliminares da análise da idade apontam para uma média de 34 anos, com valores mais relevantes entre 29 e 43 anos (cada um com 10% dos inquiridos).
4. Análise Qualitativa Entrevistas Semi Diretivas
Entrevistas semi-diretivas foram realizadas com seis membros do Hub Porto, incluindo uma socióloga e uma museóloga da equipe, considerados informantes privilegiados. A técnica de entrevista semi-diretiva permite desmistificar os significados que os indivíduos atribuem à sua inserção institucional, com um caráter mais intimista, sem ser totalmente aberta nem dirigida a um número preciso de perguntas. As entrevistas investigaram a percepção dos membros sobre o Hub, suas potencialidades, e a sua contribuição para o empreendedorismo e a inovação social. As entrevistas revelam a percepção do Hub como um contexto adequado às necessidades de desenvolvimento de projetos, reunindo características valiosas e um preço acessível. O apoio prestado pelo Hub ganha relevo, conferindo consistência ao enfoque analítico. Os depoimentos demonstram que o Hub é considerado uma oportunidade para implementar projetos, com a dimensão econômica sendo fundamental para as escolhas individuais. O Hub é visto como um serviço de qualidade em uma lógica de mercado de trabalho distinta.
5. Percepção do Hub como Propulsor de Mudança Social e Empregabilidade
O estudo investiga se o Hub Porto é um propulsor de mudança social, com novas dinâmicas de empreendedorismo e inovação social. Os entrevistados descrevem o Hub como um espaço que só faz sentido com empreendedores, com agitação, partilha de ideias, e como um modelo de negócio que permite projeção e credibilidade no mercado (Entrevistado D). O Hub é considerado um bom salto para pessoas com ideais empreendedores, por conta de seu preparo físico e técnico, preços acessíveis e serviços prestados (Entrevistado A). O conceito base é o empreendedorismo, com estratégias para superar desafios profissionais e ser competitivo no mercado. Os serviços do Hub atendem aos elementos essenciais para trabalhos inovadores com cariz empreendedor. Embora a visão positiva predomine, há sugestões de melhorias, como maior divulgação dos projetos para melhor projeção no mercado de trabalho (Entrevistado C). O acesso a espaços de trabalho é visto como intervenção para uma sociedade mais equilibrada economicamente (Entrevistado E), mas o Hub ainda não alcança plenamente quem mais precisa.
6. Ambiente de Trabalho Partilha e Networking no Hub Porto
Os entrevistados valorizam o ambiente de trabalho no Hub Porto, com maior liberdade, descontração e partilha em comparação com locais de trabalho tradicionais (Entrevistado B). A ausência de portas e o ambiente conjunto, mesmo em projetos individuais, são destaques positivos. O ‘Wine-Time’ às sextas-feiras exemplifica a integração do lazer no local de trabalho. Há valorização transversal da articulação entre o ambiente e a qualidade do trabalho, com a cor, luz e ausência de rigidez contribuindo para a inspiração (Entrevistado A). A junção de diferentes áreas e a busca de cooperação e auxílio na resolução de aspectos específicos são importantes. A interação e a rede de contatos são consideradas cruciais para a execução de projetos profissionais. A partilha é fundamental e está no coração do conceito, indo ao encontro das novas formas de trabalhar (Entrevistado D). A integração em uma equipe de trabalho, mesmo em projetos individuais, é uma mais-valia. Apesar do ambiente positivo, a falta de articulação com parcerias para gerar benefícios aos membros do Hub é apontada como um ponto a melhorar.
7. Hub Porto como Impulsionador de Novos Domínios Profissionais
A capacidade do Hub Porto de impulsionar novos domínios profissionais é analisada, com opiniões divergentes. Embora reconhecido o potencial, alguns entrevistados acreditam que ainda é limitado e requer maior alcance para além dos membros (Entrevistado F). As condições oferecidas pelo Hub são consideradas capazes de promover outros domínios profissionais. Outro entrevistado (Entrevistado C) considera que o Hub é mais um impulsionador da otimização da qualidade do trabalho e serviços do que um fator direto de inserção no mercado de trabalho, argumentando que o conceito ainda é muito recente para impulsionar novos domínios profissionais. A capacidade de aproveitamento das oportunidades pelos indivíduos é crucial, com o Hub fornecendo as condições, mas cabendo aos indivíduos promover a mudança (Entrevistado F). A análise demonstra a importância de ir além do básico (espaço de trabalho e reuniões) e destacar a ajuda técnica, networking e escoamento de informação.
8. Conclusões sobre o Hub Porto
O Hub Porto é visto como uma base de apoio para o desenvolvimento de ideais empreendedores, com características físicas e técnicas adequadas às carências dos membros. Apesar de sua concepção consistente e objetiva, a pesquisa detectou falhas na articulação com parcerias, essenciais para gerar benefícios aos membros. A troca de informação e escoamento de potenciais não são suficientes, limitando o serviço prestado. O Hub demonstra potencial, mas a estrutura precisa de maior exploração. A percepção de rede é significativa, com os membros se vendo como ‘nós’ interligados, valorizando a partilha e sinergias, reforçando a concepção do Hub como um espaço de criação de sinergias. No entanto, a capacidade do Hub em impulsionar novos domínios profissionais ainda é limitada, necessitando de mecanismos mais eficazes para superar a desigualdade de acesso a oportunidades. A pesquisa sugere a necessidade de um trabalho mais equilibrado, integrando as dinâmicas estruturais do Hub, para atingir plenamente seu potencial.
IV.Resultados da Pesquisa e Conclusões
A análise dos dados indica que o Hub Porto é percebido pelos seus membros como um espaço inovador que promove a partilha de conhecimento e a criação de sinergias. Apesar de ser considerado um impulsionador da qualidade do trabalho, a pesquisa identifica áreas para melhoria, nomeadamente na divulgação dos projetos e na articulação com parcerias para promover o empreendedorismo e a inserção no mercado de trabalho. O estudo conclui que o Hub Porto, embora promissor, ainda precisa de fortalecer os mecanismos para impulsionar efetivamente novos domínios profissionais e atingir plenamente o seu potencial como plataforma de inovação social e geração de emprego na região do Porto. O coworking se apresenta como um modelo inovador, mas sua adoção ainda enfrenta resistência em algumas regiões de Portugal, sendo o Porto um exemplo de pioneirismo, apesar de desafios.
1. Resultados do Inquérito Perfil dos Utilizadores e Satisfação
A análise do inquérito revela uma média de idade dos utilizadores do Hub Porto de 34 anos, com maior concentração entre 29 e 43 anos. A maioria (70%) dos inquiridos trabalha em regime de tempo integral, com 12,5% em tempo parcial, 7,5% desempregados e 5% estudantes (a tempo inteiro ou trabalhador-estudante). A pesquisa destaca a importância da partilha e da criação de sinergias, reforçando a novidade do conceito e sua crescente importância na sociedade. O grau de satisfação com o Hub Porto é elevado, com 50% dos inquiridos considerando-o “importante”, destacando o seu caráter inovador e a articulação entre inovação e novas formas de trabalho. Os graus de satisfação inferiores são menos expressivos, embora a dificuldade em encontrar um espaço com as características do Hub abranja 12,5% dos casos. A satisfação com as 'hosts' (responsáveis pelo funcionamento diário) é também positiva, com 51,3% dos inquiridos muito satisfeitos e 46,2% satisfeitos. No entanto, a satisfação com as parcerias estabelecidas é menor, com 10% dos membros 'nada satisfeitos' e 10% 'pouco satisfeitos', apontando a necessidade de melhorias neste serviço.
2. Resultados das Entrevistas Percepções e Sugestões dos Membros
As entrevistas semi-diretivas com seis membros do Hub Porto (incluindo uma socióloga e uma museóloga da equipe) fornecem insights sobre a percepção do espaço. O Hub é visto como uma oportunidade de implementar projetos e mudar o mundo, com o fator econômico sendo fundamental nas escolhas. O ambiente é valorizado por ser mais relaxado, com maior liberdade e partilha, em contraste com a formalidade de escritórios tradicionais. A partilha é considerada fundamental e crucial para o conceito Hub, promovendo novas formas de trabalhar e um espírito de equipe, mesmo em projetos individuais. Embora o Hub seja elogiado por suas condições físicas e técnicas, e por facilitar o ingresso no mercado de trabalho, há sugestões para melhorias, como maior divulgação dos projetos desenvolvidos para uma melhor projeção no mercado. A percepção do Hub como motor de inovação social, embora presente, ainda precisa de maior alcance, especialmente para aqueles que mais necessitam. O Hub é considerado um impulsionador da otimização da qualidade do trabalho e serviços prestados, mas sua capacidade de inserção direta no mercado de trabalho ainda é vista como incipiente.
3. Conclusões Gerais O Hub Porto como Plataforma de Inovação Social
A pesquisa conclui que o Hub Porto é percebido como um espaço inovador que promove a partilha e a criação de sinergias entre seus membros, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e um ambiente de trabalho inspirador. Embora seja visto como um facilitador no processo de ingresso e desenvolvimento profissional, a pesquisa aponta para a necessidade de aprimorar a articulação com parcerias para maximizar os benefícios para os membros e impulsionar o surgimento de novos domínios profissionais. O sucesso do Hub também depende da capacidade individual de cada membro em aproveitar as oportunidades oferecidas. A pesquisa demonstra que a concepção do Hub como uma plataforma de inovação social para a difusão do empreendedorismo é amplamente assumida pelos seus membros. No entanto, o estudo ressalta a necessidade de fortalecer a estrutura e a divulgação dos projetos para alcançar plenamente seu potencial na promoção do empreendedorismo e da inserção profissional em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e precarizado. O coworking, embora um modelo de futuro, encontra desafios em sua implementação plena em Portugal.