Características vegetativas e produtivas de Pessegueiro Cultivar Eragil em diferentes sistemas de condução na Região Oeste de Santa Catarina, Brasil

Pessegueiro Eragil: Sistemas de Condução

Informações do documento

Autor

Alison Uberti

instructor Prof. Dr. Clevison Luiz Giacobbo
Escola

Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

Curso Agronomia
Tipo de documento Trabalho de conclusão de curso de graduação
Local Chapecó
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 548.00 KB

Resumo

I.Objetivo e Metodologia da Pesquisa

Este estudo avaliou o vigor, a produção e a qualidade de frutos de pessegueiro cultivar Eragil sob diferentes sistemas de condução (Taça, Y e Líder Central) em condições edafoclimáticas do meio-oeste de Santa Catarina, Brasil. O experimento, realizado nos ciclos produtivos 2015/16 e 2016/17, comparou a densidade de plantio de 571, 1333 e 2500 plantas/ha, respectivamente, para cada sistema de poda e condução. Foram avaliadas variáveis fenológicas, o crescimento vegetativo (vigor), e a atividade produtiva das plantas, analisando-se parâmetros como diâmetro do caule, dimensão da copa, altura do fruto, sólidos solúveis e produção por planta e por área. A localização específica da pesquisa foi no campus de Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), com coordenadas 27°07'09"S, 52°42'31"O e altitude de 605 metros. O clima da região é subtropical úmido (Cfa), com inverno frio e úmido e verão moderado e seco, segundo a classificação de Köppen. O solo é classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (Embrapa, 2004).

1. Objetivo da Pesquisa

O objetivo principal do estudo foi avaliar o vigor, a produção e a qualidade dos frutos do pessegueiro cultivar Eragil sob diferentes sistemas de condução. A pesquisa buscou determinar o impacto de diferentes sistemas de condução e densidade de plantio no desempenho da cultura do pessegueiro. Tradicionalmente, o cultivo de pessegueiros no sul do Brasil é feito em baixa densidade com o sistema de condução em 'Taça'. Entretanto, o aumento da densidade de plantio tem sido explorado como estratégia para melhorar a produtividade. Assim, o estudo propôs comparar três sistemas de condução: 'Taça', 'Y' e 'Líder Central', com diferentes densidades de plantio, para avaliar qual sistema maximiza a produção e qualidade dos frutos em condições edafoclimáticas do meio-oeste de Santa Catarina. A cultivar Eragil foi escolhida para o estudo devido às suas características e importância econômica na região. A análise dos resultados busca fornecer subsídios para os produtores na escolha do sistema de cultivo mais adequado.

2. Delineamento Experimental e Localização

O experimento foi conduzido durante dois ciclos produtivos (2015/16 e 2016/17) utilizando um delineamento experimental unifatorial em blocos casualizados. Foram testados três tratamentos, correspondendo aos sistemas de condução: 'Taça' (3,5m x 5,0m, 571 plantas/ha), 'Y' (1,5m x 5,0m, 1333 plantas/ha) e 'Líder Central' (0,8m x 5,0m, 2500 plantas/ha). Cada tratamento foi replicado três vezes, com cinco plantas por parcela, sendo avaliadas apenas as três plantas centrais para minimizar o efeito de borda. O experimento foi realizado em um pomar de pessegueiros localizado na área experimental do campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), com coordenadas 27°07'09"S e 52°42'31"O, a 605 metros de altitude. As características do local foram descritas, incluindo o clima subtropical úmido (Cfa, segundo Köppen), e o solo classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (Embrapa, 2004). O monitoramento climático incluiu dados de precipitação e temperatura, comparados às normais climatológicas de 1961 a 1990.

3. Variáveis Avaliadas e Manejo do Pomar

Foram avaliadas variáveis fenológicas (início, plena e final da floração), crescimento vegetativo (vigor, medido pelo diâmetro do caule a 10cm acima da enxertia e dimensão da copa), e produtividade (número de frutos, massa fresca de frutos, altura dos frutos, sólidos solúveis medidos em °Brix). O manejo do pomar incluiu práticas de raleio manual de frutos, controle de plantas daninhas com roçadeiras (mecanizada e manual), e plantio de culturas de cobertura (aveia-preta e nabo-forrageiro) no inverno para manter a cobertura do solo e evitar a competição. As práticas de poda foram realizadas de acordo com cada sistema de condução. No sistema 'Líder Central', priorizou-se o desenvolvimento da gema apical, enquanto nos outros sistemas, o manejo de poda foi adaptado à forma de crescimento das plantas. A coleta de dados foi realizada nos dois anos de experimento, permitindo a comparação dos resultados entre os ciclos produtivos. A uniformidade nos métodos de manejo visou minimizar as variáveis que não eram foco do estudo.

II.Resultados Sistemas de Condução e Produtividade

Os resultados mostraram que o sistema de condução em Taça, apesar de apresentar maior vigor e produção por planta, teve menor produtividade por área quando comparado aos sistemas Y e Líder Central. O sistema Líder Central se destacou pela maior eficiência produtiva e maior produtividade por área, enquanto o sistema Y apresentou resultados intermediários. As diferenças na interceptação de luz foram consideradas como fator influenciando os resultados, com o sistema Taça apresentando maior interceptação e o Líder Central uma distribuição mais homogênea. A duração da colheita foi menor no sistema Líder Central, facilitando o manejo. Em relação à qualidade dos frutos, medida através dos sólidos solúveis (°Brix), não foram observadas diferenças significativas entre os sistemas de condução. O estudo cita trabalhos de outros pesquisadores, como Glenn et al. (2015), Grossman e DeJong (1998), Mayer et al. (2016), Giacobbo et al. (2003), Marini e Sowers (2000), Miller e Scorza (2002), e DeJong et al. (1999), para comparação e contextualização dos achados.

1. Produtividade e Vigor por Sistema de Condução

A análise da produtividade revelou diferenças significativas entre os sistemas de condução. O sistema 'Taça', tradicionalmente utilizado, apresentou maior vigor e produção por planta. No entanto, sua produtividade por área foi inferior aos sistemas 'Y' e 'Líder Central' devido à baixa densidade de plantio (571 plantas/ha). O sistema 'Líder Central', com a maior densidade (2500 plantas/ha), demonstrou maior produtividade e eficiência produtiva por área. O sistema 'Y' (1333 plantas/ha) apresentou valores intermediários entre os dois sistemas, sugerindo uma relação direta entre a densidade de plantio e a produtividade por área. A duração da colheita também variou, sendo menor no sistema 'Líder Central', o que pode representar uma vantagem em termos de manejo. Resultados semelhantes foram observados por outros autores (Mayer et al., 2016; Giacobbo et al., 2003; Miller e Scorza, 2002), embora existam divergências quanto à influência do sistema de condução na massa de frutos.

2. Análise de Variáveis Morfológicas e de Qualidade de Frutos

Além da produtividade, foram analisadas outras variáveis morfológicas e de qualidade dos frutos. O diâmetro do caule não apresentou diferenças significativas entre os sistemas, corroborando com os resultados de Mayer et al. (2016). A altura das plantas também não variou significativamente entre os tratamentos, com média de 2,66m, resultado similar ao encontrado por Miller e Scorza (2002). Entretanto, a dimensão da copa foi significativamente maior no sistema 'Taça' (358% maior que a média dos outros sistemas), demonstrando o impacto da baixa densidade de plantio no desenvolvimento vegetativo. A massa verde removida na poda foi maior no sistema 'Taça', indicando maior vigor e necessidade de maior mão de obra para poda. Já o sistema 'Líder Central' necessitou de menos tempo para a poda. A variável sólidos solúveis (°Brix) não mostrou diferenças significativas entre os tratamentos, indicando que os diferentes sistemas de condução não afetaram significativamente a qualidade dos frutos em termos de teor de açúcar.

3. Produção por Planta e Considerações Finais

A produção por planta apresentou diferença significativa apenas no segundo ciclo (2016/17), com o sistema 'Taça' mostrando-se superior. Essa diferença pode estar relacionada ao maior desenvolvimento vegetativo das plantas no segundo ciclo. Resultados semelhantes de maior produção por planta em sistemas de baixa densidade ('Taça') também foram encontrados por Marini, Sowers e Marini (1995). A eficiência produtiva variou entre os ciclos, possivelmente devido ao desenvolvimento vegetativo das plantas. O estudo sugere novas avaliações sobre o custo de produção, a interceptação de radiação, fluxo xilemático e análise nutricional das folhas para uma compreensão completa dos efeitos dos sistemas de condução. A influência de fatores climáticos, como o acúmulo de horas de frio, na produção de frutos também deve ser considerada.

III.Conclusões e Recomendações

O estudo conclui que a escolha do sistema de condução no cultivo de pessegueiro impacta significativamente a produtividade e a eficiência da produção. O sistema Líder Central se mostra promissor para aumentar a produtividade por área em alta densidade de plantio, enquanto o sistema Taça é vantajoso para maior produção por planta em sistemas tradicionais de baixa densidade. Sugere-se estudos futuros sobre o custo de produção em diferentes sistemas, bem como avaliações mais detalhadas de interceptação de radiação, fluxo xilemático e análise nutricional das folhas para melhor compreender os processos fisiológicos envolvidos. A pesquisa destaca a importância de considerar as condições climáticas da região, especialmente as horas de frio, para a escolha adequada de cultivares e sistemas de condução.

1. Conclusões sobre os Sistemas de Condução

O estudo conclui que a escolha do sistema de condução impacta diretamente a produtividade e a eficiência do cultivo de pessegueiros. O sistema 'Taça', tradicional no sul do Brasil, mostrou-se vantajoso em termos de vigor e produção por planta, mas com menor produtividade por área devido à baixa densidade. Já o sistema 'Líder Central', com alta densidade, apresentou maior produtividade e eficiência produtiva por área. O sistema 'Y' apresentou resultados intermediários. A qualidade dos frutos, avaliada pelo teor de sólidos solúveis (°Brix), não apresentou variações significativas entre os sistemas. A duração da colheita foi menor no sistema 'Líder Central', o que simplifica o manejo. Os resultados demonstram que a escolha do sistema de condução deve levar em consideração os objetivos de produção, sendo a alta densidade vantajosa para maior produção por área e a baixa densidade para maior produção por planta, dependendo das necessidades do produtor.

2. Recomendações para Pesquisas Futuras

O estudo recomenda a realização de pesquisas futuras para complementar as conclusões obtidas. A análise do custo de produção em diferentes sistemas de densidade de plantio é crucial para uma avaliação econômica completa da viabilidade de cada sistema. Além disso, estudos mais aprofundados sobre a interceptação de radiação solar, fluxo xilemático e análise nutricional das folhas são essenciais para uma melhor compreensão dos processos fisiológicos que influenciam a produção. Essas análises permitirão uma avaliação mais precisa da competição por recursos entre as plantas sob os diferentes sistemas de condução e densidade. Também se recomenda considerar a influência de fatores climáticos, como a quantidade de horas de frio, na escolha do cultivar e do sistema de condução mais apropriado para as condições edafoclimáticas da região.