Causas de mortalidade em leitões lactentes na maternidade

Mortalidade em Leitões Lactentes

Informações do documento

Autor

Carolina Freiberger Coelho

instructor Lucélia Hauptli
Escola

Universidade Federal de Santa Catarina

Curso Zootecnia
Tipo de documento Trabalho de Conclusão de Curso
Local Florianópolis, SC
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 2.04 MB

Resumo

I.Mortalidade de Leitões Lactentes em Granjas Suínas

Este estudo investigou a mortalidade de leitões lactentes em duas granjas comerciais de suínos (Unidades Produtoras de Leitões - UPLs) no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina, entre agosto e novembro de 2015. Foram analisadas 105 leitegadas, totalizando 1424 leitões nascidos, com uma taxa de mortalidade de 13,83%. A principal causa de mortalidade foi o esmagamento de leitões (43,88%), seguido de baixo peso ao nascer (14,80%) e fraqueza (4,59%). Um preocupante 36,22% das mortes foram classificadas como 'outras causas', indicando a necessidade de melhor manejo de leitões e treinamento da mão-de-obra.

1. Objetivo e Metodologia

O estudo objetivou mensurar a prevalência e as causas mais frequentes de mortalidade de leitões lactentes na maternidade, avaliando a influência do tamanho da leitegada e propondo estratégias corretivas. A pesquisa ocorreu no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina, no Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, de agosto a novembro de 2015. Dados de duas granjas comerciais (Unidades Produtoras de Leitões - UPLs) foram analisados. Foram avaliadas 105 leitegadas, com um total de 1424 leitões nascidos. A metodologia envolveu análise descritiva dos dados de mortalidade, com comparação entre classes de tamanho de leitegada utilizando análise de variância e o teste de Tukey (nível de significância de 5%). A empresa Agriness, através do seu software S2 Comercial, forneceu os dados sobre as causas de mortalidade dos leitões.

2. Resultados da Mortalidade e Principais Causas

Dos 1424 leitões nascidos, 196 vieram a óbito, representando uma taxa de mortalidade de 13,83%, superior à média encontrada em outros estudos (7,19% - Abrahão et al., 2004; 7,43% - Júnior et al., 2014; 5,53% - Fraga, 2007). A principal causa de mortalidade foi o esmagamento (43,88%), seguido por baixo peso ao nascer (14,80%) e fraqueza (4,59%). Chama atenção o alto percentual (36,22%) de óbitos classificados como 'outras causas', indicando falhas no diagnóstico e na identificação precisa dos fatores que levaram à morte dos leitões. Esse dado destaca a importância da mão-de-obra capacitada e do acompanhamento adequado na maternidade.

3. Análise da Mortalidade por Tamanho da Leitegada

A análise considerou três classes de tamanho de leitegada: até 12 leitões, 13 a 15 leitões, e 16 ou mais leitões. Observou-se que a taxa de mortalidade aumentou significativamente com o tamanho da leitegada, principalmente devido ao aumento da incidência de 'outras causas' nas classes maiores. O esmagamento se manteve como a principal causa de morte em todas as classes, porém a falta de espaço e o manejo inadequado em leitegadas maiores contribuíram para o aumento da mortalidade. Leitões de leitegadas maiores permanecem mais tempo próximos ao aparelho mamário, aumentando o risco de esmagamento. A falta de ingestão de colostro também se mostrou mais significativa em leitegadas grandes, impactando negativamente no peso e na imunidade dos leitões.

4. Fatores de Risco e Recomendações

Vários fatores contribuem para a alta mortalidade, incluindo o baixo peso ao nascer (leitões com menos de 1 kg têm cerca de 40% de mortalidade - Pinheiro, 2014), a falta de ingestão de colostro, e a deficiência na termorregulação dos leitões recém-nascidos, levando-os a procurar calor junto à porca e aumentando o risco de esmagamento. A baixa relação funcionário/matriz nas granjas estudadas (1:200, enquanto a recomendação é de 1:50 para sistemas sem automação - Embrapa, 2003) dificulta o monitoramento constante e a intervenção rápida em casos de risco. Para reduzir a mortalidade, recomenda-se maior investimento em mão-de-obra especializada, treinamento para a identificação precoce de problemas, supervisão constante, principalmente na primeira semana de vida, e manutenção adequada do abrigo escamoteador. A escassez de mão de obra no ambiente rural também é um desafio, impactando a produtividade e os custos na suinocultura (APS, 2013).

II.Análise das Causas de Mortalidade

A análise detalhou as causas de mortalidade de leitões, correlacionando-as com o tamanho da leitegada. Leitões com baixo peso ao nascer (<1kg) apresentaram alta mortalidade. A alta prolificidade das matrizes, embora desejável para a suinocultura, contribui para o nascimento de leitões menores e mais frágeis. A falta de ingestão de colostro também se mostrou um fator crucial. O esmagamento é altamente influenciado pela temperatura inadequada do abrigo escamoteador, levando os leitões a buscarem calor junto à porca. A deficiência na mão-de-obra capacitada e o acompanhamento insuficiente na maternidade suína foram apontados como fatores que contribuem para o alto índice de 'outras causas' de mortalidade.

1. Esmagamento de Leitões

O esmagamento representou a principal causa de mortalidade (43,88%), corroborando com outros estudos que apontam esse fator como significativo (52% - Aires et al., 2014). Leitões recém-nascidos, com seu sistema de termorregulação imaturo, buscam calor junto à mãe, aumentando a vulnerabilidade ao esmagamento. Um abrigo escamoteador em bom funcionamento e com temperatura adequada (28°C a 30°C - Bierhals & Magnabósco, 2014) é fundamental para minimizar esse risco, incentivando os leitões a se afastarem da porca. A sazonalidade também influencia: nos meses de outono e inverno, com temperaturas mais baixas, os leitões permanecem mais tempo no escamoteador, reduzindo a probabilidade de esmagamento (Abrahão et al., 2004). Mesmo com estruturas adequadas nas granjas (temperatura ambiente média de 20°C, barras de proteção e abrigos escamoteadores), a presença constante de funcionários na maternidade é crucial para evitar esmagamentos, principalmente na primeira semana de vida dos leitões.

2. Baixo Peso ao Nascer e Fraqueza

O baixo peso ao nascer foi a segunda causa mais frequente (14,80%), sendo que leitões com menos de 1 kg têm cerca de 40% de chance de morrer (Pinheiro, 2014). Esses leitões demoram mais para mamar e para atingir o peso de abate, gerando perdas econômicas. Júnior et al. (2014) encontraram 14,36% das mortes nos primeiros seis dias de vida associadas a baixo peso (<800g). A fraqueza, por sua vez, contribuiu com 4,59% das mortes. Aires et al. (2014) registraram um índice maior (30%), geralmente associado à agalaxia (falta de leite) ou exposição ao frio. A ingestão insuficiente de colostro, que fornece imunoglobulinas e energia vital nas primeiras horas de vida, aumenta a suscetibilidade a doenças e à fraqueza (Campos, 2008; Cypriano, 2008), levando a uma maior probabilidade de óbito. A falta de colostro pode resultar em perda de até 9% do peso corporal (ABCS, 2014).

3. Outras Causas de Mortalidade

Um preocupante 36,22% das mortes foram classificadas como 'outras causas', incluindo hemorragia, intoxicação, acidentes, agressão da mãe, refugo e splay leg. Essa alta porcentagem indica uma deficiência no acompanhamento e na capacidade de diagnosticar as causas de mortalidade, enfatizando a necessidade de mão-de-obra especializada e treinamento adequado dos funcionários (Abrahão et al., 2004). A maior ocorrência de 'outras causas' em leitegadas maiores (classes 2 e 3) sugere que a superlotação, falta de espaço, e problemas de higiene podem ser fatores contribuintes. A melhoria na identificação e registro das causas de morte é crucial para a implementação de medidas corretivas eficazes.

III.Impacto do Tamanho da Leitegada na Mortalidade

A pesquisa comparou a mortalidade em três classes de tamanho de leitegada: até 12 leitões, 13 a 15 leitões, e 16 ou mais leitões. Observou-se que leitegadas maiores apresentaram maior taxa de mortalidade, principalmente devido ao aumento de 'outras causas'. Embora o esmagamento tenha sido a principal causa em todas as classes, a falta de espaço e a dificuldade de manejo em leitegadas maiores contribuíram significativamente. A média de leitões por leitegada foi de 13,56.

1. Tamanho da Leitegada e Mortalidade Geral

O estudo analisou a relação entre o tamanho da leitegada e a taxa de mortalidade de leitões. Três classes de tamanho foram definidas: até 12 leitões, 13 a 15 leitões e 16 ou mais leitões. A pesquisa constatou que a mortalidade aumentou significativamente à medida que o tamanho da leitegada crescia. Essa correlação é consistente com a literatura, que indica que leitegadas maiores resultam em leitões com menor peso ao nascer, aumentando a vulnerabilidade à mortalidade (Fraga et al., 2007). A média de leitões por leitegada no estudo foi de 13,56. A análise de variância com teste de Tukey (nível de significância de 5%) foi empregada para comparar as médias de mortalidade entre as classes de tamanho de leitegada.

2. Análise das Causas de Mortalidade por Classe de Leitegada

A análise detalhou as causas de mortalidade em cada classe de tamanho de leitegada. O esmagamento foi a principal causa de morte em todas as classes, sem diferença estatística significativa (P>0,05) entre elas, indicando que o número de leitões na baia não foi o fator determinante para esse tipo de óbito. Entretanto, a proporção de mortes atribuídas à categoria 'outras causas' foi significativamente maior em leitegadas maiores (classes 2 e 3). Isso sugere que outros fatores relacionados à maior lotação, como competição por espaço, disputas entre leitões e problemas de higiene nas baias, contribuem para o aumento da mortalidade em leitegadas grandes. A necessidade de limpeza mais frequente em baias com maior lotação foi destacada.

3. Implicações e Recomendações

Os resultados demonstram que, embora o esmagamento seja um problema constante, independente do tamanho da leitegada, a maior lotação em leitegadas maiores contribui significativamente para o aumento da mortalidade por outras causas. A presença contínua de funcionários na maternidade, prestando assistência aos partos e aos leitões, particularmente os menores, se mostra crucial. A supervisão constante, especialmente nos primeiros dias de vida, ajuda a reduzir a ocorrência de esmagamentos e agressões pela matriz, além de facilitar a identificação de alterações comportamentais e, consequentemente, a redução da mortalidade. O estudo reforça a necessidade de um manejo mais atento em leitegadas maiores para minimizar os riscos e aumentar a sobrevivência dos leitões.

IV.Recomendações e Conclusões

O estudo concluiu que a alta taxa de mortalidade de leitões está relacionada a múltiplos fatores, incluindo o esmagamento, baixo peso ao nascer, e a falta de manejo adequado na maternidade suína. A melhoria na mão-de-obra, treinamento especializado, monitoramento constante dos leitões, principalmente na primeira semana de vida, e a manutenção adequada do abrigo escamoteador são cruciais para reduzir a mortalidade. A falta de mão-de-obra especializada nas granjas (aproximadamente 1 funcionário para 200 matrizes, enquanto 1 para 50 é recomendado) impacta diretamente na detecção precoce de problemas e na redução da mortalidade, representando um custo significativo na produção de suínos. O estudo destaca a importância de investir em treinamento e melhorar as condições de manejo para otimizar a produção e a rentabilidade na suinocultura.

1. Principais Constatções e Taxa de Mortalidade

O estudo revelou uma taxa de mortalidade de leitões lactentes de 13,83%, superior à média reportada em outros estudos (7,19% - Abrahão et al., 2004; 7,43% - Júnior et al., 2014; 5,53% - Fraga, 2007). Esmagamento (43,88%), baixo peso ao nascer (14,80%) e fraqueza (4,59%) foram as principais causas identificadas. No entanto, um alto percentual de mortes (36,22%) foi classificado como 'outras causas', salientando a necessidade de aprimoramento no monitoramento e na capacitação da mão-de-obra para um diagnóstico mais preciso das causas de mortalidade. A média de leitões por leitegada foi de 13,56.

2. Necessidade de Melhoria no Manejo e na Mão de Obra

A alta taxa de mortalidade e o significativo número de óbitos classificados como 'outras causas' apontam para a necessidade de melhorias significativas no manejo dos leitões e na qualificação da mão-de-obra nas granjas. A presença contínua de funcionários na maternidade, com treinamento adequado para a identificação precoce de problemas e assistência aos leitões, principalmente na primeira semana de vida, é crucial. A supervisão constante visa reduzir esmagamentos, agressões e mortes por causas não identificadas. A relação atual de funcionários por matriz (1:200) nas granjas estudadas é insuficiente, sendo recomendado um índice de 1:50 (Embrapa, 2003) para sistemas sem automação, o que demonstra a necessidade de investimento em recursos humanos.

3. Implicações Econômicas e Custo da Mão de Obra

A alta mortalidade representa perdas econômicas significativas para os produtores. A melhoria do manejo e a capacitação da mão-de-obra, embora essenciais, demandam investimento. Segundo a CIAS (2015), a mão-de-obra representa o segundo maior custo na produção de leitões (9,15%), atrás apenas da alimentação (62,32%). A escassez de mão-de-obra no meio rural, devido à urbanização, agrava esse problema (APS, 2013). Portanto, é necessário um planejamento estratégico para balancear o custo da mão-de-obra com a necessidade de um monitoramento eficiente para reduzir a mortalidade e melhorar a rentabilidade da produção suína.