
Pragas em Camélias: Guia Fitossanitário
Informações do documento
Autor | Carina Amaral Costa |
Escola | Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias |
Curso | Ciências Agrárias |
Local | Ponta Delgada, São Miguel, Açores |
Tipo de documento | Dissertação de Mestrado |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 554.80 KB |
Resumo
I. na Ilha de São Miguel
Este estudo, realizado entre Agosto de 2010 e Dezembro de 2012 no Parque Terra Nostra, Ilha de São Miguel, Açores, focou-se na prospeção de pragas e doenças em quatro espécies de cameleiras: Camellia japonica, Camellia reticulata, Camellia sasanqua e híbridos. As pragas identificadas incluíram afídeos (Toxoptera aurantii), cochonilhas (Chrysomphalus dictyospermi, Fiorinia fioriniae, Coccus hesperidium, Planococcus citri) e tripes (Heliothrips haemorrhoidalis, Hercinothrips bicinctus, Thrips flavus). Embora tenham sido observados sintomas de ácaros fitófagos, apenas foram identificados ácaros fitoseídeos (Amblyseius andersoni, Amblyseius herbicolus), importantes para o controlo biológico. Os fungos de interesse económico encontrados foram: Glomerella cingulata, Glomerella acutata, Phomopsis sp., Pestalotiopsis heterocornis, Pestalotiopsis neglecta, Monochaetia camelliae e Ciborinia camelliae. O estudo visou determinar a incidência e severidade destas pragas e doenças em cada espécie de cameleira ao longo do ano, para otimizar os tratamentos fitossanitários.
1. Introdução e Objetivo do Estudo
O estudo, realizado no Parque Terra Nostra, Ilha de São Miguel, entre agosto de 2010 e dezembro de 2012, teve como objetivo principal a prospeção de pragas e doenças em quatro espécies de cameleiras: Camellia japonica, Camellia reticulata, Camellia sasanqua e híbridos. A motivação subjacente era melhorar o conhecimento fitossanitário destas plantas, permitindo identificar problemas antecipadamente e otimizar os métodos de proteção. O estudo foi realizado em conjunto com o Parque Terra Nostra, reconhecido pela sua coleção de cameleiras, com o intuito de otimizar os tratamentos fitossanitários e garantir a saúde das plantas considerando o seu valor ornamental e económico. A pesquisa, realizada no âmbito de um mestrado em Engenharia Agronômica na Universidade dos Açores, almeja contribuir para o manejo eficiente dessas plantas.
2. Pragas Identificadas
Foram identificadas diversas pragas em diferentes espécies de cameleiras. Entre os insetos, destacam-se o afídeo Toxoptera aurantii, várias espécies de cochonilhas (Chrysomphalus dictyospermi, Fiorinia fioriniae, Coccus hesperidium, e Planococcus citri) e diferentes tipos de tripes (Heliothrips haemorrhoidalis, Hercinothrips bicinctus e Thrips flavus). Apesar de terem sido observados sintomas de ácaros fitófagos, prejudiciais às cameleiras, a identificação apenas foi possível para os ácaros fitoseídeos Amblyseius andersoni e Amblyseius herbicolus, importantes por atuarem como controle biológico natural de ácaros fitófagos. A identificação precisa destas pragas é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de combate e preservação das plantas.
3. Fungos Identificados
O estudo também identificou vários fungos de interesse económico nas cameleiras. Foram encontrados Glomerella cingulata, Glomerella acutata, Phomopsis sp., Pestalotiopsis heterocornis, Pestalotiopsis neglecta, Monochaetia camelliae e Ciborinia camelliae. A presença destes fungos representa uma ameaça significativa à saúde das plantas, justificando-se o seu estudo aprofundado para o desenvolvimento de medidas de controle adequadas. A identificação dos fungos é fundamental para direcionar os tratamentos fitossanitários de forma precisa e eficaz, contribuindo para a conservação da coleção de cameleiras.
II.Resultados Incidência de Pragas
A incidência de afídeos foi maior em Maio, afetando principalmente Camellia reticulata e Camellia japonica. As populações de cochonilhas foram mais elevadas em Janeiro, Fevereiro e Abril, com Camellia reticulata como a espécie mais afetada. A maior percentagem de folhas com ácaros (13,75%) ocorreu em Agosto. Em relação aos tripes, Camellia reticulata e Camellia Híbrida foram mais atacadas em Setembro, enquanto Camellia japonica e Camellia sasanqua em Outubro.
1. Afídeos
A análise da incidência de afídeos (Toxoptera aurantii) mostrou maior presença no mês de maio. As espécies de cameleiras mais afetadas por essa praga foram Camellia reticulata e Camellia japonica. A avaliação da infestação envolveu a análise de um número significativo de folhas (100 folhas velhas e 100 folhas novas por planta), além de gomos florais e foliares, permitindo uma avaliação precisa da distribuição dos afídeos nas diferentes partes da planta. A distribuição dos dados referentes ao ataque de afídeos foi analisada ao longo dos meses, possibilitando a identificação dos períodos de maior incidência e a consequente orientação de estratégias de controle mais eficazes. Essa informação detalhada sobre a temporalidade e intensidade do ataque de afídeos é crucial para a gestão eficiente de pragas em cameleiras.
2. Cochonilhas
As populações de cochonilhas apresentaram maior densidade nos meses de janeiro, fevereiro e abril. A espécie Camellia reticulata se mostrou como a mais vulnerável ao ataque dessas pragas. O estudo abrangeu uma análise minuciosa em diferentes órgãos vegetativos, permitindo avaliar a distribuição das cochonilhas e sua intensidade ao longo dos meses. A análise comparativa entre espécies e meses, utilizando testes estatísticos apropriados, visou determinar a suscetibilidade de cada espécie e o período de maior risco. Compreender o padrão sazonal das infestações de cochonilhas é essencial para implementar medidas de controle eficazes e oportunas.
3. Ácaros
O mês de agosto registrou a maior percentagem de folhas ocupadas por ácaros (13,75%). Embora sintomas de ácaros fitófagos tenham sido observados em algumas cultivares, a identificação específica foi possível apenas para ácaros fitoseídeos (Amblyseius andersoni e Amblyseius herbicolus), importantes para o controle biológico natural de ácaros fitófagos. Apesar da identificação limitada de ácaros fitófagos, a elevada percentagem de folhas com ácaros em agosto indica a necessidade de monitoramento contínuo. A presença de ácaros predadores sugere a possibilidade de manejo integrado de pragas, combinando o controle biológico com outras estratégias de proteção das cameleiras.
4. Tripes
As espécies Camellia reticulata e Camellia Híbrida mostraram maior incidência de tripes em setembro, com médias de capturas mensais em armadilhas cromotrópicas de 18,67 e 20,17, respectivamente. Camellia japonica e Camellia sasanqua foram mais afetadas em outubro, com médias de 17,17 e 19,33. A utilização de armadilhas cromotrópicas (azuis e amarelas) permitiu uma quantificação precisa da população de tripes. A análise comparativa entre as espécies e os meses permitiu identificar o período de maior risco de infestação por tripes em cada espécie de cameleira, fornecendo dados relevantes para a implementação de medidas de controle eficazes e direcionadas.
III.Resultados Incidência de Fungos
A espécie Camellia sasanqua apresentou a maior incidência de fungos de interesse económico. Em geral, Glomerella sp. e Ciborinia camelliae foram os fungos mais incidentes em todas as espécies estudadas. A análise da incidência e severidade dos fungos foi realizada em diferentes órgãos vegetativos das cameleiras.
1. Incidência Geral de Fungos
A espécie Camellia sasanqua apresentou a maior incidência de fungos com interesse económico. Para todas as cameleiras estudadas (Camellia japonica, Camellia reticulata, Camellia sasanqua e híbridos), os fungos mais prevalentes foram os do gênero Glomerella sp. e a espécie Ciborinia camelliae. A identificação destes fungos, Glomerella cingulata, Glomerella acutata, Phomopsis sp., Pestalotiopsis heterocornis, Pestalotiopsis neglecta, Monochaetia camelliae e Ciborinia camelliae, foi crucial para a compreensão dos problemas fitossanitários que afetam as cameleiras. A análise da incidência permitiu uma avaliação da suscetibilidade de cada espécie a diferentes patógenos fúngicos, fornecendo dados relevantes para a adoção de medidas de controle mais direcionadas e eficientes na preservação das plantas.
2. Análise por Espécie
Embora a Camellia sasanqua tenha apresentado a maior incidência geral, a análise detalhada da incidência fúngica focou-se individualmente em cada espécie de cameleira. Esta abordagem permitiu identificar padrões específicos de infecção fúngica para cada tipo de planta. A comparação entre as espécies possibilitou uma melhor compreensão da suscetibilidade de cada uma delas aos diferentes fungos encontrados e permitiu uma análise mais precisa dos fatores que influenciam a incidência. Essa diferenciação por espécie é fundamental para a implementação de estratégias de gestão de doenças mais eficazes e adaptadas às necessidades específicas de cada tipo de cameleira.
IV.Parque Terra Nostra e Importância do Estudo
O estudo foi conduzido no Parque Terra Nostra, Freguesia de Furnas, Ilha de São Miguel, que possui uma vasta coleção de cameleiras (mais de 600 exemplares), incluindo variedades antigas e recentes. A pesquisa contribui para a otimização dos tratamentos fitossanitários no Parque, considerando a importância da manutenção desta coleção para o seu valor ornamental e económico. A data de introdução das cameleiras na Europa é debatida, mas o primeiro carregamento de chá chegou à Europa através da Holanda em 1610 (Ackerman, 2007).
1. Parque Terra Nostra Cenário do Estudo
O estudo foi conduzido no Parque Terra Nostra, localizado na Freguesia de Furnas, Ilha de São Miguel, Açores. Este parque é conhecido internacionalmente pela sua diversidade de plantas e árvores exóticas, possuindo uma vasta coleção de cameleiras, com mais de 600 exemplares de diferentes espécies e cultivares. A coleção inclui variedades antigas e recentes, contribuindo significativamente para o enriquecimento paisagístico do parque, com floração que se estende do outono à primavera. A localização do estudo no Parque Terra Nostra assegura a relevância dos resultados para a gestão e conservação desta importante coleção botânica, fornecendo informações cruciais para a preservação do patrimônio vegetal da região.
2. Importância e Relevância do Estudo
A manutenção da coleção de cameleiras no Parque Terra Nostra é crucial para a gestão do parque. O estudo contribuiu para otimizar os tratamentos fitossanitários, considerando as diferentes espécies e variedades existentes. A pesquisa teve como objetivo melhorar o conhecimento sobre os problemas fitossanitários das cameleiras na ilha de São Miguel, melhorando a eficácia dos tratamentos e reduzindo os custos. A informação gerada é crucial para a proteção de espécies e cultivares de difícil propagação, dado o seu valor ornamental e económico. A pesquisa destaca a necessidade de assegurar a proteção fitossanitária destas plantas de elevado valor.
3. Introdução das Cameleiras na Europa e em Portugal
As datas de introdução das cameleiras na Europa variam na literatura. Segundo Ackerman (2007), o primeiro carregamento de chá chegou à Europa através da Holanda em 1610. Acredita-se que a cameleira tenha sido introduzida na Inglaterra em 1739 e em Portugal entre 1800 e 1810, trazida por comerciantes de vinho do Porto. Este contexto histórico destaca a longa trajetória das cameleiras na Europa e em Portugal, realçando a importância da pesquisa para a preservação das variedades existentes, especialmente na Ilha de São Miguel, onde uma coleção significativa dessas plantas se encontra no Parque Terra Nostra. A pesquisa preenche uma lacuna de conhecimento sobre a saúde das cameleiras em um contexto específico e historicamente relevante.