Biodiversidade da Ilha Graciosa
Informações do documento
| Autor | Carlos Medeiros |
| Escola | Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, Serviços de Ambiente de São Miguel |
| Curso | Biologia, Ecologia, Ciências Ambientais |
| Local | Ponta Delgada |
| Tipo de documento | Relatório de Expedição Científica |
| Idioma | Portuguese |
| Formato | |
| Tamanho | 658.04 KB |
Resumo
I.Metodologia de Pesquisa da Biodiversidade na Ilha Graciosa
Este estudo investigou a biodiversidade da Ilha Graciosa, Açores, Portugal, focando-se na flora e fauna. A pesquisa utilizou metodologias de saídas de campo com diferentes equipas especializadas em malacologia, ornitologia e luta biológica, acompanhando os trabalhos das equipas do Professor Doutor Frias Martins (Malacologia), Professora Doutora Fátima Melo Medeiros (Ornitologia), e Professor Doutor Luís Silva (Luta Biológica - Flora). A seleção dos 59 locais de amostragem foi determinada pelas equipas, resultando numa abordagem não homogênea, mas abrangendo levantamentos da flora costeira, flora em matas de incenso (incluindo a espécie invasora Pittosporum undulatum), e identificação de aves, incluindo espécies endémicas e espécies invasoras.
1. Enquadramento da Pesquisa e Equipas de Trabalho
A pesquisa sobre a biodiversidade da Ilha Graciosa, Açores, teve como estratégia principal a realização de saídas de campo com diferentes equipas especializadas. Especificamente, foram acompanhadas as equipas de Malacologia, liderada pelo Professor Doutor Frias Martins, Professora Doutora Regina Cunha e Doutora Paula Lourenço; Ornitologia, com a Professora Doutora Fátima Melo Medeiros e Doutora Ana Pranto; e Luta Biológica - Flora, sob a responsabilidade do Professor Doutor Luís Silva e Doutor Nuno Cordeiro. A expedição científica Graciosa 2004 proporcionou uma oportunidade única para a aquisição e reciclagem de conhecimentos em diversas áreas da biologia, considerando que cada equipa possuía objetivos distintos. Devido a limitações logísticas, as equipas de Biologia Marinha e Geografia não puderam ser acompanhadas. A calendarização do trabalho de campo dependia da disponibilidade e objetivos de cada equipa a cada dia, sendo este um fator crucial para a organização da pesquisa. O principal princípio norteador foi a importância da informação para a comunicação e tomada de decisões em conservação da natureza.
2. Seleção dos Locais de Amostragem e Temas de Pesquisa
A seleção dos 59 locais de amostragem foi conduzida por cada equipa individualmente, de acordo com seu próprio planejamento. Este método resultou num conjunto de pontos não linear, refletindo a combinação dos planos de várias equipes e a coincidência dos dias de trabalho em campo. A Figura 1 ilustra os pontos amostrados, mostrando zonas de maior concentração devido à realização de transectos com pontos distanciados de 100 metros. Os principais temas de pesquisa incluíam levantamentos da flora costeira, levantamentos da flora em matas de incenso com a respectiva caracterização dessas matas, identificação de aves marinhas e a detecção de espécies de aves nunca antes registadas na Ilha Graciosa. A diversidade de critérios de seleção dos locais demonstra a abrangência e a complexidade da pesquisa, direcionando a abordagem para diferentes aspectos da biodiversidade da ilha.
3. Princípios e Objetivos da Participação na Expedição
A participação na expedição científica teve como princípios fundamentais a importância da informação na comunicação e tomada de decisões na área da conservação da natureza. Este princípio direcionou a metodologia e os objetivos da pesquisa, que buscou levantar dados relevantes sobre a biodiversidade da ilha Graciosa. Os objetivos estabelecidos eram intrinsecamente ligados à disponibilidade e planejamento individual de cada equipe participante, o que influenciou diretamente a abrangência e os métodos de coleta de dados. A busca pela aquisição de conhecimento foi um objetivo chave, o que justifica a não exaustividade dos levantamentos e o aumento gradual no número de espécies de flora identificáveis à medida que o trabalho de campo progredia. Esta abordagem demonstra a natureza exploratória e evolutiva do estudo. A recolha da informação e formação adicional, mencionadas inicialmente, foram fatores cruciais para a obtenção de resultados mais completos.
II.Resultados Levantamento de Espécies na Ilha Graciosa
Os resultados, embora não exaustivos, revelam uma maior presença de espécies introduzidas na ilha Graciosa, com destaque para o Pittosporum undulatum (Incenso), encontrado em cerca de metade dos locais amostrados. Entre as espécies endémicas, Myrica faya (Faia-da-Terra), Daucus carota ssp. azorica (Cenoura-Brava), e Erica azorica (Urze) foram as mais frequentes. A análise da avifauna identificou espécies comuns e algumas raras, como o Garajau-rosado (Sterna dougallii) e o Pintassilgo (Carduelis carduelis parva). A pesquisa destaca a necessidade de estudos mais aprofundados para uma avaliação completa da biodiversidade da Ilha Graciosa, considerando as limitações da amostragem, que não quantificou espécimes e não abrangeu todos os habitats. A ausência de algumas espécies em pontos iniciais pode dever-se à aquisição de conhecimento durante o trabalho de campo. As informações registradas incluem coordenadas geográficas e altitudes aproximadas dos pontos de amostragem.
1. Registros de Espécies e Informações Adicionais
O levantamento registrou diversas espécies em cada ponto de amostragem, incluindo informações como coordenadas geográficas (aproximadas), altitude (aproximada) e identificação de áreas protegidas, quando aplicável. As listas de espécies foram elaboradas para cada ponto, permitindo uma análise inicial da biodiversidade. É importante salientar que os levantamentos não foram exaustivos, devido a objetivos variáveis e à própria aquisição de conhecimento ao longo do trabalho de campo. A identificação de novas espécies de flora foi gradual, demonstrando que a experiência e o conhecimento adquiridos durante o estudo tiveram impacto na identificação e registro das espécies. Uma análise mais detalhada das espécies encontradas será apresentada após a descrição individual de cada ponto de amostragem, fornecendo um panorama mais completo da biodiversidade da área.
2. Análise da Flora Espécies Introduzidas e Endémicas
A análise da flora revelou uma maior presença de espécies introduzidas, sendo o Pittosporum undulatum (Incenso), uma espécie invasora, a mais identificada (49,2% dos pontos). Apesar de haver um certo viés devido à amostragem em matas de incenso (cerca de 10% do total de pontos), a abundância desta espécie é evidente. A vegetação endémica mostrou-se menos representativa, com exceção de três espécies: Myrica faya (Faia-da-Terra) presente em 37,3% dos locais, Daucus carota ssp. azorica (Cenoura-Brava) em 32,2% dos pontos, e Erica azorica (Urze) em 18,6% dos locais. As demais espécies endémicas mostraram-se pouco frequentes, indicando uma baixa representatividade da flora endémica na amostragem. Este dado reforça a necessidade de estudos mais aprofundados para uma avaliação completa da flora endêmica da ilha.
3. Análise da Avifauna Espécies Comuns e Raras
A maioria das aves nidificantes identificadas são espécies comuns. Como exceção, foram registados visitantes ocasionais, como o Garajau-rosado (Sterna dougallii), uma espécie rara. Outra espécie considerada rara é o Pintassilgo (Carduelis carduelis parva), que é, de acordo com os dados apresentados, uma espécie de ave introduzida nos Açores e residente na Ilha Graciosa. A análise da avifauna confirma a presença de espécies comuns e ressalta a ocorrência de espécies raras, fornecendo dados valiosos para a compreensão da composição e do estado de conservação das aves na região. Os dados obtidos sobre as aves, assim como os dados sobre flora e moluscos, precisam ser contextualizados considerando as limitações da amostragem para evitar generalizações incorretas sobre a situação da biodiversidade em toda a Ilha Graciosa.
4. Limitações da Amostragem e Generalizações
A extrapolação dos resultados para uma generalização sobre toda a ilha Graciosa não é linear devido a várias limitações da amostragem. A amostragem não foi homogênea geograficamente, não houve quantificação de espécimes em cada ponto, e nem todos os tipos de habitat foram contemplados. Além disso, algumas espécies detectadas nos pontos de amostragem posteriores são resultado da formação adquirida durante o trabalho de campo, o que pode explicar a sua “ausência” nos pontos iniciais. Estas limitações reforçam a necessidade de pesquisas adicionais e mais abrangentes para uma compreensão mais completa e precisa da biodiversidade da ilha. A heterogeneidade na amostragem e a ausência de quantificação tornam a interpretação dos dados complexa, impossibilitando generalizações sobre a distribuição das espécies em toda a ilha.
III.Conclusão e Considerações Finais sobre a Biodiversidade da Ilha Graciosa
O estudo preliminar sobre a biodiversidade da Ilha Graciosa destaca a predominância de espécies introduzidas e a presença de importantes espécies endémicas. A pesquisa ressalta a necessidade de investigações mais amplas para uma compreensão completa da situação da conservação da natureza na ilha. A metodologia utilizada, embora eficaz para uma primeira avaliação, apresenta limitações que devem ser consideradas em estudos futuros, tais como a falta de homogeneidade na amostragem e a ausência de quantificação dos espécimes. Os resultados fornecem uma base importante para a monitorização da biodiversidade e para o desenvolvimento de estratégias de conservação na região dos Açores, Portugal.
1. Síntese dos Resultados e Limitações da Amostragem
O estudo sobre a biodiversidade da Ilha Graciosa revelou uma predominância de espécies introduzidas, com o Pittosporum undulatum (Incenso) como a espécie mais frequente, presente em aproximadamente metade dos locais amostrados. Apesar de um possível viés na amostragem devido ao foco em matas de incenso, a abundância desta espécie invasora é significativa. Em contraponto, a vegetação endémica apresentou menor representatividade, com exceção de Myrica faya, Daucus carota ssp. azorica, e Erica azorica, que mostraram maior frequência. A avifauna apresentou, em sua maioria, espécies comuns, com exceções pontuais de espécies raras como o Garajau-rosado (Sterna dougallii) e o Pintassilgo (Carduelis carduelis parva). A pesquisa destaca a necessidade de estudos mais aprofundados para uma avaliação completa da biodiversidade da ilha, considerando as limitações da amostragem, que não foi homogênea na área geográfica, não quantificou os espécimes e não contemplou todos os tipos de habitat. A ausência de algumas espécies nos primeiros pontos de amostragem pode ser atribuída à formação adquirida ao longo do trabalho de campo.
2. Considerações sobre a Representatividade dos Dados e Necessidade de Pesquisas Futuras
A generalização dos resultados para toda a ilha Graciosa é complexa devido às limitações metodológicas. A amostragem não homogênea, a ausência de quantificação dos espécimes e a cobertura incompleta dos habitats impedem conclusões definitivas sobre a distribuição e abundância das espécies. A alta frequência do Pittosporum undulatum, apesar do viés da amostragem, aponta para uma possível alta abundância desta espécie invasora na ilha. A baixa representatividade das espécies endémicas, com exceção das três espécies mais abundantes, indica a necessidade de estudos mais extensivos e detalhados para uma compreensão mais completa da flora endêmica da Ilha Graciosa. Considerando os dados obtidos e as limitações da pesquisa, futuros trabalhos deverão priorizar uma amostragem mais representativa, com quantificação de espécimes e abrangendo todos os habitats relevantes para a biodiversidade da ilha, permitindo conclusões mais robustas e informativas para estratégias de conservação ambiental.
