Controle Reflexo da Ventilação durante o Exercício em pacientes com Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida: Interação entre o Quimiorreflexo Carotídeo e o Metaborreflexo Muscular

Controle da Ventilação em Insuficiência Cardíaca

Informações do documento

Autor

Alessandro Da Costa Machado

Escola

Universidade Federal Fluminense

Curso Ciências Cardiovasculares
Tipo de documento Tese de Doutorado
Local Niterói
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 3.39 MB

Resumo

I.Resposta Ventilatória Exacerbada ao Exercício em Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida IC FEr

Este estudo investiga os mecanismos responsáveis pela hiperpneia (respiração acelerada) ao exercício em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (IC-FEr). A pesquisa centra-se na interação entre o quimiorreflexo carotídeo e o metaborreflexo muscular, avaliando se a ativação simultânea desses reflexos resulta em respostas respiratórias maiores do que a soma de suas ações isoladas. A dispneia é um sintoma significativo da IC-FEr e compreender sua fisiopatologia durante o exercício é crucial.

1. Introdução A Resposta Ventilatória Exacerbada na IC FEr

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (IC-FEr) se caracteriza pela incapacidade do coração em fornecer perfusão adequada aos órgãos. A dispneia, cansaço e fadiga induzidos pelo exercício físico são sintomas relevantes da IC-FEr, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A prevalência da IC-FEr é significativa, especialmente em idosos, e apesar dos avanços no tratamento, a morbidade e mortalidade permanecem altas, com taxas significativas de reinternação hospitalar. A IC-FEr apresenta distúrbios no controle respiratório durante o exercício, incluindo alta frequência respiratória (Fr) com volume corrente (Vt) normal ou reduzido. Este padrão taquipneico leva à rigidez pulmonar, aumento do trabalho e custo respiratório, diminuindo a tolerância ao exercício e piorando o prognóstico. Os mecanismos por trás dessa disfunção respiratória ainda não são totalmente compreendidos, justificando a necessidade de pesquisas que investiguem a interação de reflexos neurais no controle da respiração, como a hiper-resposta do metaborreflexo e do quimiorreflexo carotídeo. A compreensão desses mecanismos é crucial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes para melhorar a qualidade de vida e o prognóstico desses pacientes.

2. Mecanismos Neurofisiológicos Quimiorreflexo Carotídeo e Metaborreflexo Muscular

O estudo se concentra na interação entre dois reflexos cruciais no controle da ventilação: o quimiorreflexo carotídeo e o metaborreflexo muscular. A hiper-resposta do quimiorreflexo carotídeo à inalação de ar hipóxico em repouso, e a hiper-resposta do metaborreflexo à ativação de aferências musculares sensíveis a metabólitos durante o exercício, são investigadas. O objetivo principal é determinar se a ativação simultânea desses dois reflexos resulta em respostas respiratórias maiores do que a soma das respostas individuais, indicando uma possível interação hiperaditiva ou sinérgica. A hipersensibilidade dos quimiorreceptores periféricos na IC-FEr é um fator de risco independente de morte. Em modelos animais, a hipoperfusão tecidual na IC-FEr leva a alterações na sinalização de angiotensina II/receptor AT1 e óxido nítrico sintase/óxido nítrico nos corpos carotídeos, amplificando a resposta quimiorreflexa à hipóxia. Essa disfunção gera efeitos nos sistemas respiratório, circulatório e neuro-hormonal, contribuindo para o aumento da ventilação e alterações no padrão respiratório. O efeito da ativação do metaborreflexo na IC-FEr é controverso na literatura, com discrepâncias atribuíveis a diferentes modelos de exercício e desfechos avaliados. Entretanto, em exercícios com grandes grupos musculares, a oclusão circulatória pós-exercício (mantendo o metaborreflexo ativo) mostra níveis mais elevados de ventilação em pacientes com IC-FEr em comparação com controles saudáveis.

3. Metodologia Protocolo Experimental e Variáveis Medidas

Dez pacientes com IC-FEr realizaram um teste de exercício em cicloergômetro, pedalando por 4 minutos a 60% da carga de trabalho máxima, seguido de 2 minutos de recuperação passiva. Durante a recuperação, quatro condições experimentais foram aplicadas: (a) inalação de 21% de O2 (quimiorreflexo ativo) com circulação livre nas pernas (metaborreflexo desativado); (b) inalação de 100% de O2 (quimiorreflexo desativado) com circulação ocluída nas pernas (metaborreflexo ativado); (c) inalação de 21% de O2 (quimiorreflexo ativo) com circulação ocluída nas pernas (ambos os reflexos ativos); e (d) inalação de 100% de O2 com circulação livre nas pernas (ambos os reflexos desativados – controle). A ventilação minuto (V̇E), frequência respiratória (Fr), volume corrente (Vt), tempo inspiratório (Ti) e tempo expiratório (Te) foram medidos em cada condição. A sensibilidade quimiorreflexa foi avaliada pelo método da hipóxia transitória, utilizando inalação de nitrogênio. A oclusão circulatória das coxas foi usada para ativar o metaborreflexo, com pressão 20 mmHg acima da pressão arterial sistólica máxima. Os sujeitos foram familiarizados com a oclusão circulatória antes do experimento. Um sistema de respiração permitia a entrega de ar ambiente (21% de O2) ou de ar hiperóxico (100% de O2) para manipular a atividade do quimiorreflexo. Um sistema de re-respiração visava manter a pressão parcial de CO2 no final do exercício.

4. Resultados e Discussão Interação entre Quimiorreflexo e Metaborreflexo

A ativação isolada do quimiorreflexo carotídeo ou do metaborreflexo muscular não alterou significativamente a ventilação minuto (V̇E), frequência respiratória (Fr) ou volume corrente (Vt) em comparação com a condição controle. Entretanto, a ativação simultânea de ambos os reflexos resultou em um aumento significativo na V̇E e na Fr, sugerindo uma interação hiperaditiva entre eles na regulação da resposta ventilatória. A interação foi aditiva para V̇E e hiperaditiva para Fr. A ausência de efeito na condição de ativação isolada dos reflexos não é atribuída à falta de potência estatística. A sensibilidade do quimiorreflexo carotídeo em repouso pode modular a interação. O estudo não foi projetado para identificar o local preciso da interação (central ou periférica), mas é possível que haja potenciação dos sinais aferentes no núcleo do trato solitário. A ativação do metaborreflexo pode também aumentar a atividade dos quimiorreceptores carotídeos via aumento da atividade simpática. A avaliação da interação durante o exercício, e não apenas na recuperação, poderia revelar efeitos mais pronunciados. A limitação do estudo reside na ausência de um grupo controle saudável, o que impede conclusões definitivas sobre a especificidade da interação hiperaditiva em pacientes com IC-FEr. Futuros estudos com grupos controle são necessários para fortalecer as conclusões.

II.Metodologia Avaliação dos Reflexos Carotídeo e Metaborreflexo

Dez pacientes com IC-FEr realizaram exercício em cicloergômetro a 60% da carga máxima. Foram avaliadas quatro condições: 1) ativação isolada do quimiorreflexo carotídeo (inalação de 21% de O2, circulação livre nas pernas); 2) ativação isolada do metaborreflexo muscular (inalação de 100% de O2, oclusão circulatória das pernas); 3) ativação simultânea de ambos os reflexos (21% de O2, oclusão circulatória); e 4) condição controle (100% de O2, circulação livre). As variáveis analisadas incluíram ventilação minuto (V̇E), frequência respiratória (Fr) e volume corrente (Vt), além da saturação de oxigênio (SpO2).

1. Protocolo de Exercício e Recuperação

O estudo utilizou um protocolo de exercício em cicloergômetro, onde dez pacientes com IC-FEr pedalaram por 4 minutos a 60% de sua carga de trabalho máxima. Após o exercício, um período de recuperação passiva de 2 minutos foi implementado. Este período de recuperação foi crucial para a manipulação experimental dos reflexos carotídeo e metaborreflexo, permitindo a avaliação isolada e combinada de seus efeitos na resposta ventilatória. A intensidade do exercício (60% da carga máxima) foi selecionada para garantir um nível de esforço suficiente para ativar os mecanismos fisiológicos de interesse, mas evitando fadiga excessiva que pudesse interferir nos resultados. A duração do exercício e recuperação foram rigorosamente controladas para garantir a padronização do protocolo entre os participantes e a obtenção de dados confiáveis. A escolha do cicloergômetro como modalidade de exercício se justifica pela capacidade de controlar a intensidade do esforço e pela ativação de grandes grupos musculares, permitindo uma avaliação mais robusta do metaborreflexo, facilitando também a oclusão circulatória subsequente das pernas.

2. Manipulação dos Reflexos Quimiorreflexo Carotídeo e Metaborreflexo Muscular

Para isolar e avaliar os efeitos individuais e combinados dos reflexos, foram utilizadas quatro condições experimentais durante o período de recuperação de 2 minutos. Na condição (a), a inalação de 21% de O2 ativava o quimiorreflexo carotídeo, enquanto a circulação livre nas pernas desativava o metaborreflexo, isolando o efeito do primeiro. A condição (b) inverteu a situação, com inalação de 100% de O2 (desativando o quimiorreflexo) e oclusão circulatória das pernas (ativando o metaborreflexo). A condição (c) ativou simultaneamente ambos os reflexos através da inalação de 21% de O2 e oclusão circulatória. Finalmente, a condição (d) serviu como controle, inativando ambos os reflexos com inalação de 100% de O2 e circulação livre nas pernas. A manipulação da concentração de oxigênio no ar inalado foi realizada apenas durante a recuperação para evitar alterações na entrega de oxigênio aos músculos esqueléticos durante o exercício, o que poderia influenciar a resposta metabólica. A duração da hiperoxia foi limitada a 2 minutos para evitar efeitos paradoxais excitatorios sobre a regulação da ventilação. A oclusão circulatória, com pressão 20 mmHg acima da pressão arterial sistólica máxima, foi iniciada 5 segundos antes do término do exercício. O uso de um sistema de re-respiração visava manter a pressão parcial de CO2, evitando que a oclusão circulatória deprimisse os quimiorreceptores.

3. Mensuração das Variáveis Fisiológicas

Diversas variáveis fisiológicas foram medidas durante o protocolo experimental para avaliar a resposta respiratória. A ventilação minuto (V̇E), frequência respiratória (Fr) e volume corrente (Vt) foram parâmetros chave na avaliação da resposta ventilatória aos estímulos. Além disso, o tempo inspiratório (Ti) e o tempo expiratório (Te) também foram registrados para uma análise mais detalhada do padrão respiratório. A saturação de oxigênio (SpO2) foi monitorada continuamente para garantir a segurança dos participantes e para fornecer informações adicionais sobre a resposta cardiovascular. Os dados respiratórios e de troca gasosa pulmonar foram obtidos respiração a respiração utilizando um analisador metabólico. A sensibilidade quimiorreflexa foi avaliada através do método da hipóxia transitória, com inalações repetidas de nitrogênio puro e registro das respostas ventilatórias e de saturação de oxigênio. Uma análise estatística rigorosa, incluindo ANOVA de duas vias e teste t de Student, foi utilizada para comparar as alterações nas variáveis entre as diferentes condições experimentais. Dados outliers foram identificados e tratados para garantir a precisão das análises.

III.Resultados Interação Hiperaditiva dos Reflexos

A ativação isolada de cada reflexo não alterou significativamente a V̇E, Fr ou Vt em comparação com o controle. No entanto, a ativação simultânea do quimiorreflexo carotídeo e do metaborreflexo muscular aumentou significativamente a V̇E e a Fr, indicando uma interação hiperaditiva entre os dois reflexos na regulação do padrão respiratório em pacientes com IC-FEr. Essa interação pode contribuir para a hiperpneia excessiva observada durante o exercício nesses pacientes.

1. Resposta à Ativação Isolada dos Reflexos

Os resultados demonstraram que a ativação isolada do quimiorreflexo carotídeo (condição a - inalação de 21% de O2 com circulação livre nas pernas) ou do metaborreflexo muscular (condição b - inalação de 100% de O2 com circulação ocluída nas pernas) não produziu alterações significativas na ventilação minuto (V̇E) e no padrão respiratório em comparação com a condição controle (condição d - inalação de 100% de O2 com circulação livre). Isto indica que, isoladamente, a ativação destes reflexos, nas condições experimentais estabelecidas, não teve um impacto mensurável na resposta respiratória dos pacientes com IC-FEr durante a fase de recuperação do exercício. A ausência de mudanças significativas em ambos os casos sugere que o efeito combinado desses dois sistemas é essencial para o aumento da ventilação observado na IC-FEr. A semelhança entre as respostas das condições (a) e (b) com o controle (d) reforça a necessidade de avaliar a ação conjunta desses dois reflexos para entender a fisiopatologia da hiperpneia no contexto da IC-FEr.

2. Resposta à Ativação Simultânea dos Reflexos Efeito Hiperaditivo

Contrariamente à ativação isolada, a ativação simultânea do quimiorreflexo carotídeo e do metaborreflexo muscular (condição c - inalação de 21% de O2 com circulação ocluída nas pernas) resultou em aumento significativo na ventilação minuto (V̇E) e na frequência respiratória (Fr) em relação à condição controle. O volume corrente (Vc) não se alterou significativamente. A análise estatística revelou que as alterações na V̇E e na Fr, na condição de ativação simultânea, foram maiores do que a soma das alterações observadas nas condições de ativação isolada, indicando uma interação hiperaditiva ou sinérgica entre os dois reflexos. Isso sugere que o efeito conjunto dos dois reflexos na regulação da resposta ventilatória é maior do que a simples soma de seus efeitos individuais. O fato de a interação ser maior que a soma individual reforça a ideia de um processo fisiológico complexo que envolve uma interação significativa entre o quimiorreflexo carotídeo e o metaborreflexo muscular na regulação da respiração durante a recuperação do exercício em pacientes com IC-FEr.

3. Análise Comparativa e Implicações

A comparação entre as diferentes condições experimentais permitiu concluir que a ativação simultânea do quimiorreflexo carotídeo e do metaborreflexo muscular induz alterações significativamente maiores na ventilação minuto (V̇E), frequência respiratória (Fr), tempo inspiratório (Ti) e tempo expiratório (Te) do que a soma das alterações observadas quando os reflexos foram ativados isoladamente. Este efeito hiperaditivo demonstra uma interação complexa e sinérgica entre esses dois mecanismos fisiológicos na regulação do padrão respiratório em pacientes com IC-FEr. A constatação da interação hiperaditiva ressalta a importância da consideração simultânea desses dois reflexos na busca por uma compreensão completa dos mecanismos que contribuem para a hiperpneia no contexto da IC-FEr. O estudo evidencia que a abordagem isolada de cada reflexo não é suficiente para explicar o aumento da ventilação observado nestes pacientes, sendo fundamental considerar suas interações sinérgicas.

IV.Discussão e Limitações

Os resultados sugerem que a interação entre o quimiorreflexo carotídeo e o metaborreflexo muscular desempenha um papel importante na resposta ventilatória ao exercício em pacientes com IC-FEr. A ausência de um grupo controle saudável é uma limitação do estudo. A pesquisa sugere que a severidade da IC-FEr e a sensibilidade basal do quimiorreflexo carotídeo podem influenciar a magnitude da interação entre os reflexos. Futuras pesquisas devem investigar a interação destes reflexos durante o exercício, e não apenas na recuperação, para aprofundar a compreensão da dispneia na IC-FEr.

1. Validação da Interação Hiperaditiva

A discussão inicia com a confirmação da interação hiperaditiva entre o quimiorreflexo carotídeo e o metaborreflexo muscular na regulação da resposta ventilatória em pacientes com IC-FEr. Os resultados demonstram que a ativação simultânea desses reflexos produz um aumento na ventilação minuto (V̇E) e na frequência respiratória (Fr) superior à soma dos efeitos individuais. Este achado principal reforça a complexidade do controle da respiração na IC-FEr, indicando que a simples soma dos efeitos de reflexos isolados não explica completamente a resposta ventilatória exagerada ao exercício. A constatação da interação hiperaditiva sugere a existência de mecanismos de integração neural que amplificam as respostas respiratórias, potencialmente através de mecanismos de sinalização sinérgica no sistema nervoso central ou periférico. A pesquisa busca aprofundar o entendimento destes mecanismos para melhorar as intervenções terapêuticas.

2. Comparação com Estudos em Indivíduos Saudáveis

A discussão compara os resultados obtidos com estudos anteriores em indivíduos saudáveis. Esses estudos também apontaram para uma tendência de maior resposta ventilatória com a ativação simultânea do quimiorreflexo carotídeo e do metaborreflexo muscular, porém sem uma análise completa que permitisse concluir sobre o efeito hiperaditivo como neste estudo. A comparação destaca a potencial diferença na magnitude da interação entre os reflexos, com uma resposta possivelmente mais pronunciada em pacientes com IC-FEr. Esta possível diferença pode estar relacionada com a condição patológica da IC-FEr, que afeta o funcionamento normal dos sistemas respiratório e cardiovascular, alterando a sensibilidade e a resposta dos quimiorreceptores e metaborreceptores musculares. A comparação com estudos em indivíduos saudáveis enfatiza a relevância do estudo para a compreensão da fisiopatologia específica da IC-FEr.

3. Limitações do Estudo e Direções Futuras

A principal limitação do estudo é a ausência de um grupo controle saudável, pareado por idade e sexo, para comparação direta com os pacientes com IC-FEr. A inclusão de um grupo controle permitiria uma avaliação mais precisa da especificidade da interação hiperaditiva observada na IC-FEr. A hipótese inicial de uma resposta hiperaditiva na ventilação minuto (V̇E) não foi totalmente confirmada, sendo observada uma resposta aditiva. A possível explicação para isso é a severidade da condição nos pacientes estudados, com apenas um deles apresentando sensibilidade de repouso do quimiorreflexo carotídeo acima da normalidade. O estudo não investigou o local e o mecanismo exato da interação entre os reflexos, sendo possível interação tanto no sistema nervoso central como periférico. Como sugestão para pesquisas futuras, é apontada a necessidade de investigar a interação dos reflexos durante o exercício, e não apenas na recuperação, para obter uma compreensão mais completa da resposta ventilatória na IC-FEr. A análise da interação durante o exercício é importante pois outros reflexos, como o comando central e o mecanorreceptor muscular, podem interagir com os reflexos estudados.