
Crônicas em sala de aula: produção textual
Informações do documento
Autor | Michelle De Araújo |
instructor | Professora Daniela Bunn |
Escola | Universidade Federal de Santa Catarina |
Curso | Licenciatura em Letras/Português |
Tipo de documento | Relatório de Estágio de Docência I |
city | Florianópolis |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 5.43 MB |
Resumo
I.Parceria Posto de Saúde Grupo de Trabalho com Adolescentes
Este programa foca em ações pedagógicas preventivas, abordando temas como sexualidade, drogas e violência em adolescentes. É uma iniciativa crucial para a saúde pública e educação preventiva, alcançando um público vulnerável e necessitado de educação preventiva e saúde sexual.
1. Descrição do Programa
O documento introduz o programa “Parceria Posto de Saúde: Grupo de Trabalho com Adolescentes”, descrevendo-o como um programa que busca desenvolver ações pedagógicas de âmbito preventivo. O foco principal está em projetos de prevenção que abordem as temáticas da sexualidade, drogas e violência, direcionados a adolescentes. Não há detalhes específicos sobre a parceria com o posto de saúde além desta menção inicial. O programa demonstra um compromisso com a saúde pública e a prevenção de comportamentos de risco em jovens. A abordagem preventiva, ao invés de apenas reativa, sugere uma visão de futuro e preocupação com a formação integral dos jovens. A falta de detalhes específicos sobre a estrutura da parceria e a metodologia utilizada deixa margem para futuras ampliações e aprofundamento do programa, que, em sua essência, procura lidar com problemas sociais complexos através de um trabalho multidisciplinar.
2. Infraestrutura Escolar e Recursos
A descrição da infraestrutura da escola revela limitações e adaptações criativas. Há uma biblioteca, descrita como um banheiro reformado, pequena, mas organizada, com diversos exemplares disponíveis aos alunos. A responsável pela biblioteca é uma professora readaptada que só comparece às segundas-feiras; nos demais dias, a professora de Português, Nádia, assume a responsabilidade, em parceria com os alunos. A existência de uma sala de tecnologias e salas para secretaria e coordenação pedagógica demonstra a infraestrutura básica necessária para o funcionamento da escola. As salas de aula possuem carteiras e cadeiras antigas, mas em boas condições, quadro negro e lousa branca. A falta de cortinas eficientes que impeçam a entrada de luz nas janelas é um problema apontado, mas com previsão de solução no Plano Político Pedagógico. Um armário com livros didáticos, com chave sob a responsabilidade da professora Nádia, completa o cenário de recursos disponíveis. Esta descrição evidencia a realidade de muitas escolas, com recursos limitados, mas também a capacidade de adaptação e a importância da colaboração entre professores e alunos para superar desafios. A menção ao Plano Político Pedagógico destaca a importância da planejamento institucional para a resolução dos problemas da escola.
3. Recursos Didáticos e Metodologias
A escassez de recursos didáticos é um ponto central. A professora Nádia recorre à reciclagem de livros didáticos antigos, orientando os alunos a recortarem e colarem atividades nos cadernos – uma prática à qual eles já estão habituados. A limitação de cotas para fotocópias reforça a necessidade de alternativas criativas. Como exemplo, para outra turma de oitava série, a professora optou por fotocópias de atividades, uma vez que não havia livros didáticos suficientes para ambas as turmas. A prática de reciclagem de materiais demonstra a capacidade de adaptação da professora em um contexto de limitação de recursos, e a maneira como ela envolve seus alunos nessa tarefa destaca a importância de uma aprendizagem prática e consciente do uso de materiais. A descrição dos recursos limitados e das soluções criativas encontradas pela professora demonstra a realidade muitas escolas e professores do país, e a importância da criatividade e adaptação para superar tais obstáculos. A necessidade de recorrer a recursos alternativos enfatiza a importância de políticas públicas que garantam recursos adequados para o desenvolvimento do processo educacional.
II.A Escola e sua Infraestrutura
A escola possui uma biblioteca (embora pequena), uma sala de tecnologias e salas administrativas. A biblioteca, um exemplo de adaptação de espaço, é mantida por uma parceria entre professores e alunos, demonstrando iniciativa e colaboração dentro da comunidade escolar.
1. A Biblioteca Um Espaço Adaptado
A escola apresenta uma biblioteca, adaptada de um antigo banheiro, descrita como pequena mas organizada, contendo diversos exemplares para os alunos. A gestão da biblioteca demonstra uma interessante dinâmica de colaboração e adaptação de recursos. Uma professora readaptada é a responsável formal, comparecendo apenas às segundas-feiras. Nos demais dias, a professora de Português, Nádia, em parceria com os alunos, garante seu funcionamento. Este arranjo ilustra a criatividade na gestão de recursos e a participação ativa da comunidade escolar na manutenção de um espaço fundamental para a aprendizagem. A iniciativa da professora Nádia de envolver os alunos na manutenção da biblioteca é um exemplo prático de como a comunidade escolar pode colaborar para melhorar a infraestrutura e os recursos disponíveis. A biblioteca, apesar de sua origem inusitada, funciona como um centro de recursos para os alunos, demonstrando que a criatividade e a colaboração podem superar as limitações de recursos.
2. Infraestrutura e Recursos em Sala de Aula
A sala de aula é descrita como ampla e bem iluminada, com carteiras e cadeiras antigas, mas em boas condições. Dois ventiladores em funcionamento garantem a ventilação. No entanto, as cortinas não retêm a luz adequadamente, atrapalhando os alunos próximos às janelas – um problema a ser resolvido, conforme o Plano Político Pedagógico. Há um quadro negro e uma lousa branca, e a pintura está em bom estado. Um armário trancado, contendo livros didáticos e outros materiais escolares, fica sob a responsabilidade da professora Nádia. A descrição detalhada da sala de aula, incluindo seus pontos positivos e negativos, fornece uma imagem real da infraestrutura escolar, destacando tanto as condições adequadas de espaço e iluminação quanto as necessidades de melhorias em alguns itens. A menção ao Plano Político Pedagógico indica a existência de um planejamento institucional que prevê melhorias na infraestrutura. A existência de um armário trancado com livros didáticos, sob a guarda da professora, sugere uma necessidade de organização e segurança de materiais em uma escola com recursos limitados.
3. Outros Espaços e Recursos da Escola
Além da biblioteca e das salas de aula, a escola conta com uma sala de tecnologias e salas para a secretaria e a coordenação pedagógica. A presença de uma sala de tecnologias indica um esforço para integrar recursos tecnológicos à educação, embora o relato revele desafios em relação à manutenção do equipamento (data-show com lente riscada). A existência das salas administrativas sugere a estrutura básica necessária para o funcionamento da escola. A combinação de recursos tecnológicos e espaços administrativos indica um esforço para integrar diferentes aspectos da organização e funcionamento escolar. A menção ao data-show com problemas na lente, que impossibilitou a projeção adequada dos slides, ilustra os desafios de manter equipamentos tecnológicos em bom estado de funcionamento em ambientes com recursos limitados. A presença de salas administrativas indica a estrutura básica para o funcionamento da escola, sugerindo uma gestão formal e planejada.
III.Aulas de Língua Portuguesa Práticas e Desafios
As aulas de Português com a professora Nádia e a estagiária Mirelle ilustram os desafios da pedagogia na prática. Recursos limitados (fotocópias, livros didáticos) levaram à reciclagem criativa de materiais. As aulas exploraram temas como sintaxe estrutural, aposto, tipos de sujeito, crase e concordância verbal, combinando teoria e atividades práticas, como a análise de crônicas. A avaliação focou em leitura e escrita, sendo destacada a importância da reescrita para aprimorar a produção textual. Autores como Clarice Lispector (e sua crônica “Por não estarem distraídos”) são exemplos de referências literárias utilizadas.
1. Recursos Limitados e Adaptação Criativa
As aulas de Língua Portuguesa enfrentam o desafio da escassez de recursos. A professora Nádia recicla livros didáticos antigos, selecionando partes úteis e orientando os alunos a recortarem as atividades para colar em seus cadernos – uma prática já familiar para eles. A restrição na cota de fotocópias reforça a necessidade de alternativas criativas. Em um exemplo específico, para atender duas turmas de oitava série com uma mesma atividade, a professora usa livros didáticos para uma e fotocópias para a outra devido à falta de material suficiente. Essa necessidade de adaptação e reaproveitamento de materiais ilustra as dificuldades enfrentadas em escolas com recursos limitados, mas também a capacidade da professora de criar soluções inovadoras e envolver os alunos no processo de aprendizagem. A estratégia da professora demonstra uma capacidade de adaptação às circunstâncias e uma preocupação em otimizar os recursos disponíveis. A reciclagem de materiais didáticos, além de ser uma solução econômica, também pode ser interpretada como uma atividade pedagógica que promove a conscientização e o reaproveitamento de recursos.
2. Conteúdos e Metodologias
O conteúdo das aulas abrange diversos temas gramaticais, incluindo sintaxe estrutural, aposto, tipos de sujeito e crase. A professora Nádia menciona a dificuldade em desenvolver atividades lúdicas em função do foco em sintaxe estrutural, indicando uma possível tensão entre a teoria gramatical e a prática pedagógica. A aula de avaliação sobre o aposto incluiu um questionário sobre hábitos de leitura, mostrando a integração de diferentes aspectos da linguagem e da aprendizagem. A professora também ressalta a importância da reescrita textual, enfatizando características das crônicas e concordâncias verbal e nominal. A variedade de temas gramaticais abordados demonstra a abrangência do currículo e a necessidade de abordar diferentes aspectos da língua portuguesa. A integração de um questionário sobre hábitos de leitura na aula de avaliação indica uma visão holística da aprendizagem da língua, conectando aspectos gramaticais com a prática da leitura. O destaque dado à reescrita demonstra a importância do processo de revisão e aprimoramento na produção textual.
3. Uso de Recursos Tecnológicos e Literários
As aulas utilizam recursos tecnológicos, como o data-show para apresentações sobre autores de crônicas (Clarice Lispector, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade), mas enfrentam problemas técnicos com o equipamento. A leitura e análise das crônicas destes autores, com perguntas norteadoras sobre o gênero, promovem a discussão e a análise textual em sala de aula. O uso do data-show, apesar dos problemas, demonstra a intenção de integrar tecnologias à prática pedagógica. A escolha da crônica como gênero textual e a utilização de autores consagrados da literatura brasileira enriquece o repertório cultural dos alunos. A análise das características do gênero crônica, com perguntas que incentivam a observação de aspectos como o fato descrito, a pessoa do discurso e a opinião do autor, indica uma abordagem pedagógica que busca a compreensão aprofundada dos textos literários. A integração da tecnologia, apesar dos desafios técnicos apresentados, demonstra a intenção de utilizar recursos diversos para tornar as aulas mais dinâmicas e envolventes.
IV.Projetos e Atividades em Sala de Aula
Aulas envolveram a leitura e análise de crônicas de autores brasileiros renomados (Clarice Lispector, Rubem Braga, etc.), explorando gêneros textuais e elementos da linguagem. Um projeto em parceria com um cineasta local (Cronicurtando) e a utilização de data-show para apresentações enriquecem a experiência de aprendizagem. Apesar de desafios técnicos (data-show com problemas), as atividades promoveram a participação ativa dos alunos na discussão e análise de textos, demonstrando a importância da interação em sala de aula.
1. Leitura e Análise de Crônicas
Uma das atividades principais envolveu a leitura e análise de crônicas de autores brasileiros consagrados, como Clarice Lispector, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino. A professora utilizou a crônica “Por não estarem distraídos”, de Clarice Lispector, como exemplo, conduzindo a análise com perguntas que exploravam as características do gênero: identificação de um fato descrito, a pessoa do discurso, o posicionamento do autor e o tipo de linguagem utilizada. Os alunos participaram ativamente, respondendo às perguntas e buscando exemplos no texto. Essa atividade demonstra uma metodologia que valoriza a leitura crítica e a análise textual, além de promover o contato com autores importantes da literatura brasileira e diferentes estilos de escrita. A escolha de autores consagrados da literatura brasileira enriquece o repertório cultural dos alunos, enquanto a metodologia de análise textual incentiva a interpretação crítica e a capacidade de identificar elementos estilísticos. A dinâmica da aula, com perguntas direcionadas, demonstra um esforço para estimular a participação ativa e reflexiva dos alunos durante a análise das crônicas.
2. Utilização do Data show e Desafios Técnicos
A professora planejou utilizar o data-show para apresentar slides com informações biográficas dos autores e ilustrações, porém encontrou dificuldades técnicas. O equipamento disponível apresentava problemas na lente, prejudicando a visualização dos slides na tela. Apesar dos problemas, a intenção de utilizar recursos tecnológicos demonstra o esforço para integrar diferentes ferramentas pedagógicas. A professora teve que improvisar, adaptando a aula e optando por uma leitura mais direta das crônicas, mas o tempo perdido demonstra a importância de garantir o bom funcionamento dos equipamentos tecnológicos na sala de aula. A experiência de tentar utilizar o data-show e os desafios encontrados refletem a realidade de muitas escolas que precisam lidar com equipamentos com defeito ou falta de manutenção adequada, comprometendo o planejamento e o desenvolvimento das aulas. A capacidade de improvisação da professora e a busca por soluções alternativas demonstram sua competência e dedicação.
3. Projeto Cronicurtando e outras atividades
As aulas incluíram o trabalho com o projeto Cronicurtando, uma parceria entre a professora Nádia e um cineasta local. A integração de um cineasta local demonstra uma preocupação em conectar a sala de aula com a comunidade externa e promover uma interação entre diferentes áreas de conhecimento. Os alunos deveriam levar material previamente produzido para trabalhar em sala, mostrando a continuidade e integração de projetos. A incorporação deste projeto ao cronograma escolar demonstra uma articulação entre diferentes atividades e metas pedagógicas. A integração do projeto com a matéria sobre crônicas demonstra uma proposta pedagógica que busca relacionar diferentes áreas do conhecimento e promover a aprendizagem de maneira contextualizada. A menção ao cronograma da escola indica a existência de um planejamento institucional para o desenvolvimento das atividades pedagógicas ao longo do ano letivo.
V.Manifestações Sociais e Análise de Cartazes
As aulas exploraram a análise de cartazes de manifestações sociais, como o movimento Marchas das Vadias e protestos de professores, conectando a linguagem com o contexto social. A análise focou na morfologia, sintaxe e semântica das frases, incluindo o estudo do modo imperativo e suas variações em Português Brasileiro. A música "Cálice" foi mencionada como um exemplo de expressão social, mostrando a relação entre música, protesto e linguagem. A análise textual dos cartazes também é um exemplo de como trabalhar estudos da linguagem na sala de aula.
1. Análise de Cartazes de Manifestações
A aula utilizou cartazes de manifestações como material didático, conectando a linguagem com o contexto social. Os cartazes, provavelmente selecionados pela professora, foram analisados pelos alunos. A análise se concentrou na morfologia, sintaxe e semântica das frases presentes nos cartazes, demonstrando a aplicação prática dos conceitos gramaticais aprendidos em sala de aula. A atividade promoveu a participação ativa dos alunos, que surpreenderam a professora com suas respostas, indicando uma boa compreensão do conteúdo. A escolha de cartazes de manifestações como material didático demonstra uma intenção pedagógica de conectar a linguagem com o contexto social e político, estimulando a reflexão crítica e a percepção da linguagem como ferramenta de expressão social. A análise morfológica, sintática e semântica das frases, conduzida pela professora, demonstra um enfoque na compreensão dos mecanismos da linguagem, e a boa resposta dos alunos indica a eficácia da metodologia.
2. O Modo Imperativo e a Linguagem dos Cartazes
A professora chamou atenção para o uso predominante do modo imperativo nos verbos dos cartazes, explicando seu significado (expressão de desejo ou ordem). Ela destacou a variação do modo imperativo no Português Brasileiro, comparando-o com o Português Europeu e as gramáticas tradicionais, mostrando as variantes do indicativo (cantA, bebE, partE) e do subjuntivo (cantE, bebA, partA) para a segunda pessoa do discurso. Essa análise demonstra a compreensão da professora sobre a variação linguística e sua capacidade de explicar conceitos gramaticais complexos de maneira acessível aos alunos. A análise do modo imperativo nos cartazes demonstra uma abordagem pedagógica que integra a teoria gramatical com a análise de textos reais, extrapolando os limites do livro didático e conectando a gramática com o contexto social das manifestações. A comparação entre o português brasileiro e o português europeu, com a explicação das variantes do modo imperativo, demonstra um enfoque na variação linguística e na compreensão do português como uma língua viva e dinâmica, e não apenas como um conjunto de regras fixas.
3. Música Cálice e Contexto das Manifestações
A professora menciona a intenção de usar a música “Cálice” como elemento complementar da aula, mas a impossibilidade de acesso à internet impediu a execução. A professora optou por analisar os cartazes, adiando a música para o final da aula. A menção à música “Cálice”, conhecida por sua mensagem de protesto e resistência, demonstra a intenção de conectar a linguagem escrita (nos cartazes) com a linguagem musical e o contexto sociopolítico das manifestações. A impossibilidade de acesso à internet, resultando na mudança de planos, demonstra a dependência de recursos tecnológicos em ambientes educacionais, e a capacidade de adaptação da professora para reorientar a aula e garantir o desenvolvimento do conteúdo proposto. A escolha da música “Cálice” como um complemento pedagógico demonstra uma estratégia de integrar diferentes linguagens e contextos ao processo de aprendizagem, valorizando a perspectiva crítica e a relação da arte com a realidade social.
VI.O Estágio Docente Reflexões e Descobertas
A estagiária Michelle relata sua experiência, destacando a importância de integrar a teoria com a prática, utilizando autores como Paulo Freire e Mikhail Bakhtin como referenciais teóricos. Ela enfatiza a troca de saberes entre professora e alunos, a necessidade de uma pedagogia crítica que não oprima, e a importância de considerar o contexto social na prática docente. O conceito de “Porta Negra” é utilizado como metáfora para os desafios e escolhas enfrentadas na profissão docente.
1. A Primeira Aula e a Porta Negra
A estagiária Michelle descreve sua primeira aula como professora, relatando nervosismo e a sensação de encarar um desafio significativo, metáforicamente comparado ao dilema entre a “porta negra” (o desconhecido, o medo) e o “pelotão de fuzilamento” (a segurança do conhecido, mas possivelmente sufocante). A experiência revela a complexidade emocional do início da carreira docente e a necessidade de lidar com inseguranças. A metáfora da “porta negra” e do “pelotão de fuzilamento” ilustra a tensão entre a insegurança e o conforto da zona de segurança, uma situação comum para iniciantes em qualquer profissão, mas especialmente desafiadora na docência. A descrição da primeira aula, com seus desafios e inseguranças, demonstra a realidade de muitas pessoas que iniciam suas carreiras, e a necessidade de resiliência e adaptação para superar os obstáculos iniciais.
2. Teoria e Prática A Importância do Diálogo
Michelle contrapõe a teoria aprendida na graduação com a prática docente. Ela destaca a importância de não apenas expor conteúdos, mas também de dialogar e ouvir os alunos, promovendo uma troca de saberes. A experiência prática reforçou sua convicção em seguir a carreira docente. A troca de saberes é apresentada como uma característica essencial da prática educativa, onde o professor também aprende com os alunos. O aprendizado prático, segundo a estagiária, é complementar ao conhecimento teórico obtido na academia. A experiência destacou que o ensino não é meramente exposição de conteúdo, mas um processo dialógico e de troca entre professor e aluno.
3. Reflexões sobre a Prática Docente e o Poder
A estagiária demonstra preocupação em repassar conhecimentos de forma que instrumentalize os alunos diante do poder, sem opressão ou exclusão. Ela reflete sobre a neutralidade dos enunciados, reconhecendo que todo enunciado está inserido em formações discursivas, obedecendo a regras históricas e afirmando verdades de um tempo. Esta preocupação com a dimensão social e política da educação destaca a responsabilidade do educador em preparar os alunos para o exercício da cidadania crítica. A preocupação em não oprimir ou excluir os alunos demonstra uma consciência crítica da dimensão social e política da educação. A reflexão sobre a neutralidade dos enunciados e sua inserção em formações discursivas históricas destaca a importância de uma pedagogia crítica que problematize o poder e as relações de força na sociedade.
VII.UFSC Espaço e Monumentos
Uma breve descrição do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é apresentada, incluindo o paisagismo de Roberto Burle Marx e monumentos como o Monumento às Vítimas do Descobrimento da América e a Concha Acústica. O Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC (MArquE) é mencionado, destacando seu acervo e importância para a cultura catarinense. Este é um breve exemplo de patrimônio cultural e seu impacto em um ambiente universitário.
1. Paisagismo de Roberto Burle Marx
O projeto paisagístico do campus da UFSC, desenvolvido por Roberto Burle Marx e apresentado em 1970, é elogiado por sua beleza e detalhamento. O projeto incluía uma Praça Cívica inteiramente pavimentada, da qual partiam caminhos sinuosos conectando os diversos setores da universidade, utilizando espécies de árvores nativas. Anos depois, a Praça da Cidadania (anteriormente Praça Cívica) foi modificada para melhorar a circulação interna de veículos, com a construção de eixos viários que a cortaram, atualmente fechados por cancelas. A menção ao paisagismo de Burle Marx destaca a integração de arte e natureza no projeto do campus. A alteração posterior da Praça Cívica para Praça da Cidadania, com a construção de eixos viários, indica uma adaptação do espaço para atender às necessidades de circulação de veículos, mesmo que isso tenha impactado o projeto original. A descrição do projeto paisagístico de Burle Marx evidencia a preocupação com a integração da natureza ao ambiente universitário, enquanto a alteração posterior demonstra a necessidade de adaptação do espaço físico para atender às demandas de mobilidade. O contraste entre o projeto original e as modificações posteriores reflete a evolução do campus e a adaptação do espaço físico às mudanças ocorridas ao longo do tempo.
2. Monumento às Vítimas do Descobrimento da América
Instalado em 1995, o monumento representa a ruptura cultural ocorrida com o encontro entre ameríndios e europeus. O processo de criação envolveu um concurso com cerca de 80 trabalhos, resultando na vitória de Ivens Fontoura, Márcia Simões e Aurora Mendes, com uma obra feita em sucata de ferro oxidado e concreto revestido por material cerâmico. As imagens remetem a símbolos de diferentes momentos da história das populações da América, com uma caixa metálica representando o sol acima do bloco principal. A descrição do monumento evidencia sua importância como representação da história e da cultura das populações da América. O processo seletivo para a criação do monumento, com a participação de 80 trabalhos, demonstra a busca por uma obra representativa e a importância dada ao processo criativo. A utilização de sucata de ferro oxidado e concreto revestido por material cerâmico indica uma escolha estética que, além da representação histórica, carrega um significado simbólico em relação à história da colonização e suas consequências.
3. Concha Acústica e Museu de Arqueologia e Etnologia MArquE
A Concha Acústica, com aproximadamente 70m², destina-se a apresentações artísticas da UFSC e da comunidade. O MArquE (Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC) é aberto à comunidade e possui um importante acervo de arqueologia pré-colonial e histórica, e de etnologia indígena. O museu também guarda mais de 2.700 peças do artista Franklin Cascaes, pesquisador da cultura açoriana e folclorista, ceramista, gravurista e escritor brasileiro. A descrição da Concha Acústica e do MArquE destaca a importância da UFSC como espaço cultural aberto à comunidade. A existência de um museu com acervo de arqueologia e etnologia destaca a valorização da história e da cultura local. A menção a Franklin Cascaes e seu acervo no museu evidencia a importância da preservação do patrimônio cultural. A descrição dos espaços evidencia a multifuncionalidade do campus da UFSC, como espaço para atividades culturais, artísticas e de preservação do patrimônio histórico e cultural.