
Identidades Açorianas: Palestras de Carreiro da Costa
Informações do documento
Autor | Francisco António Grandão Gonçalves |
instructor | Professor Doutor Carlos Alberto da Costa Cordeiro |
Escola | Universidade dos Açores |
Curso | Património, Museologia e Desenvolvimento |
Tipo de documento | Dissertação de Mestrado |
Ano de publicação | 2023 |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.77 MB |
Resumo
I.A Consciência Açoriana e o Americanismo
Este estudo analisa a 'consciência açoriana' e a crítica à onda desnacionalizadora, causada pelo 'americanismo' (influência cultural dos EUA através da emigração), que impactou a cultura dos Açores no início do século XX. Autores como Carlos Cordeiro e Armando Côrtes-Rodrigues destacam a perda da tradição e da identidade açoriana como consequência dessa influência, afetando a linguagem, o vestuário, e o sentimento popular. A perda da tradição representava, segundo esses autores, uma ameaça ao modo de vida e à própria alma do povo açoriano. Palavras-chave: Açores, consciência açoriana, americanismo, cultura açoriana, identidade açoriana, tradição açoriana.
1. A Consciência Açoriana e a Ameaça Desnacionalizadora
O texto introduz o conceito de ‘consciência açoriana’ e sua relação com o nacionalismo português. Carlos Cordeiro é citado, descrevendo o impacto negativo do ‘americanismo’ nos Açores, resultante da emigração para os Estados Unidos. Cordeiro destaca a penetração do americanismo em vários aspectos da vida açoriana, alterando a linguagem, o vestuário, a mobília, os utensílios domésticos, o uso de símbolos nacionais como a bandeira, e, principalmente, o sentimento popular. A análise enfatiza a percepção, compartilhada por Cordeiro e com base no trabalho de Armando Côrtes-Rodrigues, de que esse processo de ‘desnacionalização’ causaria profundas mudanças no modo de vida da população insular. A frase chave, ‘À perda da tradição correspondia a perda da personalidade, ou seja, da alma do povo que, desenraizado, caminharia para o aniquilamento’, resume o temor central: a perda da identidade cultural açoriana levaria a um processo de aniquilamento da cultura e do povo. A análise inicia a exploração do impacto do americanismo na identidade e cultura dos Açores, lançando as bases para uma discussão mais ampla sobre a preservação da cultura açoriana frente a influências externas.
2. Armando Côrtes Rodrigues e o Estudo da Cultura Açoriana
A seção apresenta Armando Côrtes-Rodrigues (1891-1971), intelectual açoriano relevante para o estudo da consciência açoriana, e sua contribuição para a compreensão da influência do americanismo. Sua formação em Filologia Românica em Lisboa, seu contato com Fernando Pessoa e participação no grupo de Orpheu são mencionados, contextualizando sua trajetória intelectual. O retorno aos Açores em 1917 marcou o início de seus estudos sobre etnografia açoriana, com foco na literatura oral e popular, cantigas populares e adágios. Sua fundação do Instituto Cultural de Ponta Delgada e direção da revista Insulana demonstram seu comprometimento com a preservação e divulgação da cultura açoriana. Côrtes-Rodrigues é apresentado como uma figura chave na análise do impacto do americanismo na identidade açoriana, não só por seu trabalho acadêmico, mas também por sua atuação direta na promoção da cultura local. A sua expertise em etnografia açoriana torna suas observações sobre a perda da tradição e da identidade cultural particularmente significativas no contexto da discussão do americanismo.
II.O Movimento Pró Açores Inícios do século XX
No início do século XX, emergiu um movimento pela unidade e confraternização açoriana, impulsionado por jornais como 'Pelos Açores' e 'O Repórter'. A ideia central era fortalecer as relações entre as ilhas através de visitas e congressos. Este movimento inicial focou-se em problemas urgentes, como o turismo, obras públicas, e comunicações, antecipando debates sobre a necessidade de uma maior autonomia dos Açores e de uma representação mais forte perante o poder central em Lisboa. Palavras-chave: Açores, movimento autonomista, confraternização açoriana, congressos açorianos, obras públicas, comunicações.
1. O Surgimento da Ideia de Confratenização Açoriana
O início do século XX testemunhou o aparecimento de um movimento pró-Açores, com foco na união e confraternização entre as ilhas. A publicação de "Pelos Açores", em junho de 1908, por Luiz Bettencourt de Medeiros e Câmara, marcou um ponto inicial nesse movimento. A ideia central era incentivar as visitas de açorianos de diferentes ilhas, promovendo assim a união regional. Em 1912, o jornal "O Repórter", dirigido por Alfredo da Câmara, retoma essa ideia de confraternização açoriana, reiterando a importância do intercâmbio entre as diferentes ilhas do arquipélago. A iniciativa visava superar o isolamento geográfico das ilhas, aproximando os açorianos entre si e fortalecendo o sentimento de comunidade e de pertença a uma mesma região. A proposta transcende o simples ato de visitar outras ilhas; buscava-se uma conexão mais profunda, baseada no compartilhamento de experiências e na criação de uma identidade açoriana mais unificada.
2. Da Confratenização aos Congressos A Busca por Soluções
O jornal "O Tempo", de Angra do Heroísmo, expandiu a ideia da confraternização açoriana, propondo a realização de congressos para discutir temas relevantes para a realidade açoriana. Para coordenar esse esforço, foi formada uma comissão composta quase que integralmente por diretores de jornais açorianos, demonstrando a importância da imprensa na disseminação dessas ideias. A iniciativa ganhou força, levando Governadores Civis, Juntas Gerais e Câmaras Municipais a se reunirem para discutir assuntos como turismo, obras públicas, comunicações, transportes marítimos e cabotagem. As digressões entre as ilhas nos anos de 1912 e 1913 demonstram a efetivação prática dessas propostas iniciais, com o objetivo de estreitar laços e construir uma identidade açoriana mais forte. Este movimento demonstra a crescente consciência da necessidade de tratar questões comuns às diferentes ilhas e a crescente necessidade de maior interação e cooperação entre as diversas partes do arquipélago.
III.O Grémio dos Açores e o I Congresso Açoriano 1938
A criação do Grémio dos Açores (1927), impulsionada por esforços anteriores para criar uma federação insular, visava defender os interesses dos açorianos em Lisboa e no Continente. O I Congresso Açoriano (1938) reuniu açorianos de todo o país, debatendo questões cruciais como a geologia, o clima, a geografia humana, a história, o património cultural (arquitetônico e arqueológico), e a justiça. A participação de figuras como Francisco Carreiro da Costa e Armando Narciso foi fundamental. Apesar do contexto do Estado Novo, o congresso levantou problemas urgentes e propôs soluções para os poderes públicos. Palavras-chave: Grémio dos Açores, I Congresso Açoriano, geologia açoriana, património cultural açoriano, historiografia açoriana, economia açoriana, Juntas Gerais, Estado Novo.
1. A Formação do Grémio dos Açores Um Longo Processo
A criação do Grémio dos Açores em 1927 foi o culminar de um esforço que se estendeu por décadas. Segundo o texto de Carreiro da Costa, a ideia inicial surgiu em novembro de 1884, com um convite no Diário de Notícias aos açorianos e madeirenses de Lisboa para uma assembleia na Sociedade de Geografia. O objetivo era estudar a criação de uma Federação Insulana, mas a comissão formada não prosseguiu com o projeto. Somente em 1907 houve novos esforços, desta vez para a criação de um grêmio exclusivamente açoriano. No mesmo ano, foram aprovados os estatutos da "Sociedade de Estudos Açorianos", porém, um congresso planejado não se concretizou. Em 1925, a ideia de uma Agremiação Regional Açoriana ressurgiu, culminando na primeira reunião da Comissão Organizadora do Grémio dos Açores em novembro daquele ano. Após cerca de dois anos de preparação, os estatutos foram aprovados em assembleia geral em 27 de março de 1927, marcando a fundação oficial do Grémio, que passou a realizar diversas atividades relacionadas com os Açores. A criação do Grémio representa um esforço contínuo para a união e representação dos interesses açorianos, especialmente perante o poder central em Lisboa.
2. O I Congresso Açoriano 1938 Temas e Objetivos
O texto destaca o I Congresso Açoriano, realizado de 8 a 15 de maio de 1938, como resultado da ação do Grémio dos Açores. O congresso visou reunir açorianos residentes no continente e nas ilhas em torno dos interesses do arquipélago. A discussão incluiu diversos temas, demonstrando a abrangência das preocupações da época. A geologia açoriana foi abordada, não só pela sua importância científica, mas também pela sua utilidade prática, na arquitetura e na exploração de recursos como pozolanas vulcânicas, basalto e águas minerais. A necessidade de melhorar os observatórios meteorológicos foi destacada para o melhor aproveitamento do clima em benefício local. O estudo das condições geográficas e da geografia humana, até então carentes de apoio oficial, foi também enfatizado. A divulgação de trabalhos inéditos de historiografia insular, ligada à história dos descobrimentos e à evolução política de Portugal, bem como a preservação do património arqueológico, foram pontos importantes da agenda. O congresso destacou a importância de promover os Açores no continente e no estrangeiro.
3. O Papel do Grémio e o Congresso no Contexto do Estado Novo
O Grémio dos Açores desempenhou um papel crucial na defesa dos interesses açorianos, atuando como um elo entre o arquipélago e o poder central em Lisboa, devido à distância geográfica e às dificuldades de deslocamento. A sua atuação facilitou a interlocução com os ministérios em defesa dos interesses das ilhas. O I Congresso Açoriano, embora realizado em sintonia com o Estado Novo, abordou amplamente os aspetos económicos, sociais, políticos, culturais e religiosos da vida açoriana. Apesar da sintonia com o regime, o congresso serviu para levantar problemas insulares urgentes e apresentar propostas de resolução aos poderes públicos. A necessidade de um Congresso Açoriano, enfatizada por Armando Narciso, presidente do Grémio dos Açores, demonstra a busca por uma maior organização e representatividade para a resolução dos problemas açorianos e demonstra a complexa interação entre os objetivos regionalistas e as restrições políticas do Estado Novo.
IV.As Palestras Radiofónicas de Francisco Carreiro da Costa
Francisco Carreiro da Costa proferiu 1528 palestras radiofônicas (1945-1974), arquivadas na Universidade dos Açores, abordando temas como a história, etnologia, e turismo nos Açores. Suas palestras refletem um forte patriotismo e moralidade, alinhado com o Estado Novo, mas também apresentam uma visão abrangente da história e cultura açoriana. Ele discute temas como o povoamento das ilhas, a ação de Gonçalo Velho e Jácome de Burges, a influência flamenga, e a emigração. Suas palestras são referências importantes para o estudo da história dos Açores. Palavras-chave: Francisco Carreiro da Costa, palestras radiofônicas, história dos Açores, etnologia açoriana, turismo nos Açores, Estado Novo, povoamento dos Açores.
1. O Legado Radiofônico de Francisco Carreiro da Costa Extensão e Acesso
Francisco Carreiro da Costa deixou um vasto legado através de 1528 palestras radiofônicas, proferidas no Emissor Regional dos Açores em Ponta Delgada, durante 29 anos (abril de 1945 a maio de 1974). Este período coincide com o Estado Novo, e as palestras refletem um forte patriotismo e moralidade, sendo Carreiro da Costa um declarado apoiador do regime. As palestras, arquivadas nos Serviços de Documentação da Universidade dos Açores, estão dactilografadas e intituladas "Tradições, Costumes e Turismo nos Açores". Além disso, o Arquivo Audiovisual da Rádio e Televisão Portuguesa/Açores, em Ponta Delgada, possui cópias dactilografadas e três gravações em áudio: duas sobre contos de Natal e uma sobre a história dos Açores (16 minutos). O acesso a este material é crucial para o estudo da história e etnologia açoriana, uma vez que abrange diversos temas da cultura açoriana.
2. Temas Recorrentes História e Etnografia Açoriana
As palestras de Carreiro da Costa demonstram um profundo interesse em vários temas, sobretudo aqueles relacionados com a história e etnologia açoriana. A ocupação dos arquipélagos dos Açores e da Madeira nos séculos XV e XVI, ilustrando a expansão marítima portuguesa, é um tema recorrente. Em 1960, Carreiro da Costa abordou o povoamento das ilhas em duas palestras: "Do povoamento das ilhas" e "Os Açores e o Infante". Na primeira, ele contesta a opinião de Gaspar Fructuoso sobre a descoberta de São Miguel, e na segunda, ele descreve as características naturais das ilhas e os elementos populacionais que as povoaram, enfatizando a manutenção de características nacionais das regiões de origem dos colonos. A análise da obra de Carreiro da Costa demonstra sua perspectiva sobre a construção da identidade açoriana e sua relação com a história nacional portuguesa.
3. Aspectos da História Açoriana nas Palestras
Carreiro da Costa, nas suas palestras, apresenta uma abordagem pedagógica da história açoriana, desde referências antigas ao aproveitamento económico das ilhas. Ele destaca o esforço no desbravamento das ilhas, os revezes climáticos, e os desmandos administrativos. As palestras comemoram eventos históricos açorianos como a Batalha da Salga (1581), a Batalha naval de Vila Franca do Campo (1582), a chegada de D. António, Prior do Crato (1582), e o heroísmo açoriano na Restauração (1640), incluindo figuras como Frei Diogo das Chagas, Francisco Ornelas da Câmara, Margarida da Silveira e Violante do Canto. A Batalha da Ladeira da Velha (1830-1831), ligada à luta entre liberais e miguelistas em São Miguel, também é narrada. Carreiro da Costa enfatiza o providencialismo divino no achado das ilhas e o heroísmo português na sua ocupação, fornecendo uma narrativa detalhada desses eventos históricos e mostrando a importância desses acontecimentos para a construção da identidade açoriana.
V.Aspectos Políticos e Administrativos Autonomia Açoriana
O documento discute a luta pela autonomia açoriana, destacando a figura de Aristides Moreira da Mota e seu projeto de lei sobre a autonomia (1892). Analisa os conceitos de centralização, descentralização e desconcentração administrativa, mostrando a evolução dos poderes locais e o papel das Juntas Gerais. A busca por um estatuto próprio para as Juntas Gerais, com maior poder de decisão sobre assuntos locais, é um tema central. A obra de Luís da Silva Ribeiro sobre administração pública é referenciada. Palavras-chave: Aristides Moreira da Mota, autonomia dos Açores, Juntas Gerais, administração pública, centralização, descentralização, desconcentração, Luís da Silva Ribeiro.
1. Aspectos Políticos e Administrativos Centralização vs. Descentralização
Esta seção explora as questões administrativas nos Açores, contrastando diferentes modelos de governança: centralização, desconcentração e descentralização. A centralização, onde decisões são tomadas em Lisboa, é contrastada com a descentralização, onde decisões são tomadas nos Açores por representantes eleitos localmente, dentro dos limites da lei. A desconcentração, um modelo intermediário, é apresentada como a resolução de problemas nos Açores por indivíduos nomeados em Lisboa. Luís da Silva Ribeiro é citado, definindo estes conceitos e apontando para a autonomia política como um estágio avançado de descentralização, com maior amplitude de poderes. A análise compara os modelos de governo, focando a busca por um sistema que melhor atenda as necessidades específicas dos Açores, considerando o seu isolamento geográfico e a necessidade de maior controle sobre as suas próprias decisões.
2. Aristides Moreira da Mota e a Luta pela Autonomia Açoriana
A figura de Aristides Moreira da Mota (1855-1942) é central nesta seção, destacando seu papel na luta pela autonomia açoriana. Sua formação jurídica em Coimbra, sua atuação como advogado e professor, e seu envolvimento na imprensa republicana são mencionados. Sua passagem pela Câmara Municipal de Ponta Delgada (1884-1887) e seu projeto de lei sobre a autonomia dos Açores, apresentado em 1892, demonstram seu compromisso com a causa. Sua participação na Comissão Autonómica do Distrito de Ponta Delgada (1893) e na redação do jornal "A Autonomia dos Açores" reforçam seu papel de liderança neste movimento. Após o decreto descentralizador de 2 de março de 1895, Mota foi eleito procurador na Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada, assumindo cargos de vice-presidente e presidente. Sua adesão ao Partido Regenerador-Liberal e sua breve passagem como governador civil de Angra do Heroísmo também são destacados, evidenciando sua trajetória política. A trajetória de Mota ilustra os esforços pela autonomia açoriana e a busca por uma maior participação local na tomada de decisões.
3. Juntas Gerais e a Busca por um Estatuto Próprio
A seção discute a busca por um estatuto próprio para as Juntas Gerais, buscando maior autonomia administrativa. Uma petição da Junta Geral de Ponta Delgada, com base em quatro pontos-chave, é analisada. A petição propunha um estatuto próprio, subordinado à organização administrativa nacional, mas com composição independente de influências locais, visando o interesse coletivo distrital. Era proposta a ampliação das funções e concessão de novas, para impulsionar o desenvolvimento económico, moral e social das ilhas. Para isso, defendia-se um aumento de receitas para financiar melhoramentos na viação, desenvolvimento do turismo, organização de serviços de assistência, e fomento da economia agropecuária, bem como investimento em educação profissional e agrícola. Por fim, a petição defendia a devolução ao Estado de serviços como a Polícia de Segurança Pública e a Sanidade Marítima, reforçando assim a autonomia administrativa das Juntas Gerais. A análise dessa petição evidencia a complexidade do processo de busca pela autonomia, equilibrando os anseios locais com a estrutura administrativa nacional.
VI.Emigração Açoriana e o Contexto Histórico
O texto aborda a emigração açoriana, particularmente para o Brasil, caracterizando-a como um fenómeno do século XIX, diferente das migrações coloniais anteriores. O estudo destaca a relação entre a atividade profissional dos emigrantes e suas origens insulares (Mareantes vs. Camponeses) e os destinos da emigração, considerando as rotas baleeiras norte-americanas como importantes para a emigração de certas ilhas. Palavras-chave: Emigração açoriana, Emigração para o Brasil, história da emigração, Mareantes, Camponeses, rotas baleeiras.
1. Emigração Açoriana para o Brasil Um Fenômeno Oitocentista
A seção analisa a emigração açoriana para o Brasil, com base no trabalho de Carlos Riley. Riley caracteriza essa emigração como um fenômeno especificamente oitocentista, distinto de migrações anteriores da fase colonial brasileira. Ele considera que a motivação e a origem da emigração variam entre as atividades profissionais dos emigrantes. Os homens ligados às atividades marítimas formam, em regra, a primeira onda migratória, enquanto os camponeses, numa fase posterior e mais estabilizada, representam um contingente superior, por vezes incluindo parte do agregado familiar. Riley estabelece correlações geográficas entre a ilha de origem e o destino da emigração: mareantes, principalmente das ilhas dos grupos central e ocidental (Flores, Corvo, Faial e Pico), seguiam rotas baleeiras norte-americanas (Nova Inglaterra e Califórnia). A análise de Riley oferece uma perspectiva sobre as diferenças entre as ondas migratórias e suas relações com as características geográficas e socioeconômicas das ilhas de origem.
2. Factores da Emigração Açoriana Contexto Económico e Social
Embora o documento não detalhe extensivamente os fatores da emigração açoriana além do trabalho de Carlos Riley, a conclusão do texto aponta para uma emigração impulsionada por fatores morais, sociais e estritamente econômicos. Esse ponto final sugere que as dificuldades económicas e sociais que assolavam a sociedade açoriana, discutidas em outras seções, funcionaram como importantes fatores de impulso para a emigração. A combinação desses fatores, possivelmente incluindo a falta de oportunidades no arquipélago, levou muitos açorianos a buscar melhores condições de vida em outros lugares, como o Brasil e os Estados Unidos. A emigração é apresentada, portanto, não como um evento isolado, mas sim como uma consequência de um contexto de crise económico-social, que impulsionou os açorianos a buscar melhores oportunidades em outros locais. O documento indica a necessidade de aprofundar a análise das causas e motivações da emigração.