
Consumo de Água em Suínos
Informações do documento
Autor | Amanda Duwe Cória |
Escola | Universidade Federal de Santa Catarina |
Curso | Zootecnia |
Tipo de documento | Trabalho de Conclusão de Curso |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 829.44 KB |
Resumo
I.Objetivo da Pesquisa Otimizando o Consumo de Água na Suinocultura
Este estudo investigou o impacto de diferentes sistemas de comedouro/bebedouro no desempenho de suínos em crescimento. O objetivo principal foi comparar o consumo de água (litros/animal/dia), ganho de peso e conversão alimentar em três tratamentos: (1) comedouro conjugado com bebedouro, (2) comedouro conjugado com bebedouro + bebedouro pendular, e (3) comedouro conjugado com bebedouro + bebedouro ecológico. A pesquisa foi realizada na Granja Esser, em Jaguaruna – SC, com 240 suínos (machos castrados e fêmeas) durante o período de 28 de Julho a 13 de Outubro de 2015, sob a supervisão do Médico Veterinário Cleder Bartz e do proprietário, Engenheiro Agrônomo Fernando Esser.
1. Introdução A Importância da Eficiência Hídrica na Suinocultura
A introdução contextualiza a pesquisa destacando a crescente demanda por redução do desperdício de água na suinocultura, não apenas por parte dos produtores, mas também da sociedade em geral. A busca por soluções eficientes para o fornecimento de água e ração aos suínos é apresentada como uma necessidade premente. Menciona-se a possibilidade de se utilizar novos equipamentos, como bebedouros ecológicos e comedouros conjugados com bebedouros, para alcançar essa redução de gastos. A pesquisa, portanto, justifica-se pela necessidade de mensurar a efetiva redução no consumo de água (litros/animal/dia) proporcionada por esses equipamentos. O objetivo central do trabalho é avaliar o consumo médio diário de ração, ganho de peso médio diário e conversão alimentar, além do consumo de água, em um grupo de 240 suínos machos castrados e fêmeas na fase de crescimento. A metodologia envolve a divisão desses animais em três tratamentos distintos, cada qual associado a um tipo de associação comedouro/bebedouro: comedouro conjugado com acesso a ração e água; comedouro conjugado com acesso a ração e água, e com bebedouro tipo pendular na baia; e comedouro conjugado com acesso a ração e água com bebedouro tipo ecológico na baia. O experimento ocorreu entre 28 de julho e 13 de outubro de 2015, na Granja de Suínos Esser, localizada em Jaguaruna – SC.
2. Contexto da Suinocultura Mundial e Brasileira
O resumo apresenta a suinocultura mundial em constante crescimento e intensificação, ressaltando a importância de estudos e pesquisas para otimizar a produção. A alimentação representa de 70 a 80% dos custos totais, sendo 60% destinados à fase de crescimento e terminação. A busca por melhorias nos índices de conversão alimentar é crucial. O papel essencial da água na criação de suínos é destacado, considerando sua presença na composição corporal dos animais, participação nos processos metabólicos vitais e a relação direta entre consumo inadequado de água e comprometimento da conversão alimentar. Dados do IBGE (2013) mostram que a suinocultura brasileira ocupa lugar de destaque na produção mundial, representando 3,1% da produção e ocupando a quarta colocação em produção e exportação de carne suína. A região Sul do Brasil, especialmente Santa Catarina, concentra a maior parte da produção nacional. A ABPA (2013) reforça a concentração do rebanho suinícola na região Sul, com Santa Catarina tendo uma participação de 25,1% do total brasileiro. O processo de modernização da produção, iniciado na década de 90, permitiu grande aumento da produção de proteína animal em curto tempo. A alimentação é o maior custo da produção, destacando-se a importância do melhor aproveitamento dos nutrientes. Fatores como genética, sexo, temperatura ambiental e forma de alimentação impactam o desempenho. A fase de crescimento e terminação representa o maior consumo de ração (média de 280kg por suíno). A conversão alimentar é um indicador fundamental da eficiência da produção, influenciada por fatores genéticos, sanitários e ambientais. A forma de fornecimento de ração impacta diretamente a conversão alimentar e os custos.
3. Importância dos Equipamentos de Alimentação e o Consumo de Água
A revisão bibliográfica aborda a importância dos comedouros na suinocultura, por sua relação direta com o consumo de alimentos e o ganho de peso dos animais. A atenção à qualidade e quantidade de água utilizada na suinocultura tem aumentado, devido à preocupação com custos de armazenamento, distribuição e tratamento de efluentes. A necessidade de reduzir o consumo de água e a geração de efluentes é enfatizada. O consumo de água é influenciado por fatores como tipo e regulagem dos bebedouros, qualidade da água, temperatura ambiente e ingestão de alimentos. Na fase de terminação, a composição da dieta impacta fortemente a ingestão de água. Suínos normalmente consomem mais água do que necessitam, com ingestão diária correspondendo a 5 ou 6% do peso corporal. A escolha do comedouro adequado é fundamental para maximizar o consumo de ração e reduzir o desperdício. A associação de bebedouro ao comedouro é uma prática comum, buscando melhorar o ganho de peso. No entanto, há questionamentos sobre as vantagens do fornecimento de ração úmida, que pode aumentar o consumo de alimento, mas elevar o teor de gordura e reduzir a carne magra. Desperdícios de água em bebedouros tradicionais geram aumento de dejetos e estimulam a excreção em outras áreas da baia.
II.Metodologia Avaliação do Desempenho de Suínos e Consumo Hídrico
O experimento utilizou delineamento em blocos ao acaso, considerando o gênero (machos e fêmeas). O consumo de ração foi medido pelo volume total consumido por comedouro, dividido pelo número de animais. O ganho de peso foi determinado por pesagens individuais. O consumo de água foi monitorado diariamente com hidrômetros de precisão (Modelo ITRON Aquadis S). A análise estatística comparou os três tratamentos em relação ao consumo de água, ganho de peso médio diário (GPMD), consumo de ração médio diário (CMDR), e conversão alimentar (CA).
1. Localização e Duração do Experimento
O experimento foi conduzido no Setor de Crescimento e Terminação da Granja Esser, uma granja de suínos de ciclo completo localizada em Jaguaruna, Santa Catarina, Brasil. O período do estudo abrangeu de julho a outubro de 2015. A Granja Esser é propriedade do Engenheiro Agrônomo Fernando Esser, com supervisão do Médico Veterinário Cleder Bartz. Essa informação sobre a localização e a duração do experimento é crucial para a contextualização e replicabilidade do estudo. A especificação da Granja Esser como uma operação de ciclo completo sugere um controle maior sobre as variáveis envolvidas na produção. A menção dos nomes dos responsáveis pela granja (Fernando Esser e Cleder Bartz) adiciona credibilidade e permite contatos para informações complementares, se necessário.
2. Delineamento Experimental e Grupos de Tratamento
Foram utilizados 240 animais, sendo machos castrados e fêmeas, divididos em três tratamentos distintos, baseados no tipo de associação comedouro/bebedouro. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, considerando o gênero do animal (machos e fêmeas) como fator de formação de blocos. Cada tratamento contou com 4 repetições (baias), cada uma com 20 animais (10 machos e 10 fêmeas), totalizando 80 animais por tratamento. Os três tratamentos foram: (1) comedouro de acesso conjugado com bebedouro + bebedouro pendular; (2) comedouro de acesso conjugado com bebedouro (usual em produções intensivas); e (3) comedouro de acesso conjugado com bebedouro + bebedouro tipo ecológico. Essa metodologia de delineamento em blocos ao acaso permite controlar a variabilidade entre os animais e aumentar a precisão da análise estatística. A utilização de repetições em cada tratamento reforça a confiabilidade dos resultados, minimizando o efeito de variações aleatórias.
3. Mensuração do Consumo de Ração e Água e Ganho de Peso
A mensuração do consumo de ração foi feita através do volume total consumido por comedouro, dividido pelo número de animais em cada baia (duas baias por comedouro). As medições foram realizadas no mesmo período das pesagens. O ganho de peso foi obtido por pesagens individuais, com identificação dos animais por brinco numérico, possibilitando o acompanhamento do ganho de peso individual ao longo do experimento. Foram pesados 20 animais por tratamento, totalizando 60 animais em cada período de pesagem. O consumo de água foi mensurado diariamente usando hidrômetros de precisão (Modelo ITRON Aquadis S – Volumétrico Classe C), um para cada duas baias (repetições). A vazão medida em m³ foi convertida para litros, considerando o número de animais por baia. A utilização de hidrômetros de precisão garante maior acurácia na coleta de dados de consumo de água. A metodologia de pesagem individual, com identificação numerada, permite maior rigor na análise do ganho de peso de cada animal, minimizando erros e possibilitando a análise individual e por grupo de tratamento. O número de animais pesados em cada período (60) indica um balanço entre precisão e viabilidade prática.
III.Resultados Consumo de Água e Desempenho dos Suínos
O tratamento com comedouro conjugado e bebedouro pendular apresentou maior consumo de água (P<0,01) que os outros tratamentos. No entanto, o ganho de peso e a conversão alimentar não diferiram significativamente entre os grupos. Apesar do maior consumo de água no tratamento com bebedouro pendular, o peso final dos animais foi similar em todos os tratamentos. Dados simulados mostraram que a utilização de 240 animais no tratamento com bebedouro pendular resultaria em um consumo de água substancialmente maior comparado ao uso de bebedouro conjugado.
1. Resultados do Consumo de Água e Ganho de Peso na Fase de Crescimento I
A primeira fase experimental (Crescimento I), com duração de 34 dias, teve início com animais pesando 19,85 kg e término com peso médio de 49,23 kg. Os resultados, apresentados na Tabela 1, mostram que o ganho de peso médio diário e a conversão alimentar não diferiram significativamente entre os três tratamentos. Entretanto, o consumo hídrico médio diário foi significativamente maior (P<0,01) no tratamento com comedouro conjugado e bebedouro pendular, comparado aos demais. Apesar do maior consumo de água neste tratamento, o peso final dos animais foi semelhante aos outros grupos. Esta descoberta inicial sugere uma possível ineficiência hídrica do sistema com bebedouro pendular, sem prejuízo no ganho de peso. A similaridade no ganho de peso entre os tratamentos, apesar da diferença no consumo de água, é um ponto importante para análise posterior, indicando a necessidade de se considerar outros fatores além do consumo de água para avaliar a eficiência dos sistemas.
2. Resultados do Consumo de Água e Ganho de Peso na Fase de Crescimento II
A segunda fase experimental (Crescimento II) durou 43 dias. Os dados, apresentados na Tabela 2, mostram que, similarmente à fase I, o ganho de peso médio diário e a conversão alimentar não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos. O consumo hídrico médio diário do tratamento com comedouro conjugado e bebedouro pendular permaneceu significativamente maior (P<0,05) em comparação aos tratamentos com apenas comedouro conjugado ou com o bebedouro ecológico. Novamente, o peso final dos animais foi semelhante entre os tratamentos, mesmo com a diferença significativa no consumo de água. A constância da não significância da diferença no ganho de peso entre os tratamentos em ambas as fases reforça a necessidade de uma análise mais aprofundada, buscando outras variáveis que possam explicar o desempenho dos animais, além do simples consumo de água. Comparando-se os resultados das duas fases, observa-se uma tendência de aumento no consumo hídrico médio diário em ambos os tratamentos, o que pode estar relacionado ao maior peso dos animais ao longo do experimento.
3. Comparação e Discussão dos Resultados Implicações do Consumo Hídrico
A Tabela 3 simula o consumo hídrico se todos os 240 animais tivessem sido submetidos ao tratamento com comedouro conjugado e bebedouro pendular nas duas fases, evidenciando um consumo significativamente maior comparado ao tratamento com comedouro conjugado apenas. A diferença no consumo hídrico entre o bebedouro pendular e os outros modelos é discutida, referenciando trabalhos de Brustolini (2014) e Tavares, Oliveira & Filho (2012). O bebedouro ecológico, embora teoricamente mais eficiente, requer limpeza diária para evitar acúmulo de dejetos e restrição do acesso à água. A pesquisa indica que o tipo de bebedouro influencia diretamente o consumo de água, com implicações para a redução de custos e poluição na suinocultura, confirmando a conclusão de Bellaver (1998) quanto à menor quantidade de efluentes produzidos por kg de suíno com o uso de bebedouro conjugado. A conclusão é que, apesar da diferença significativa no consumo de água, o tipo de bebedouro não impactou o ganho de peso dos suínos. Este dado contraintuitivo exige análises mais aprofundadas.
IV.Discussão Implicações para a Eficiência na Suinocultura
Os resultados sugerem que a escolha do tipo de bebedouro influencia diretamente no consumo de água na criação de suínos, com impacto nos custos de produção. O bebedouro ecológico, apesar de apresentar menor consumo, requer limpeza diária. A utilização de comedouros conjugados com bebedouros auxilia na redução de dejetos, impactando positivamente o meio ambiente. A pesquisa reforça a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a otimização do fornecimento de água na suinocultura, considerando a eficiência de produção e a redução de custos.
1. Impacto do Tipo de Bebedouro no Consumo Hídrico
A discussão inicia com a análise do consumo hídrico, mostrando que o sistema com bebedouro pendular resultou em um consumo significativamente maior do que os outros dois sistemas. Isso corrobora a literatura que aponta para grandes desperdícios de água em bebedouros tipo chupeta (pendulares) quando comparados a outros modelos, como o relatado por Brustollini (2014), que observou um consumo 2,32 vezes menor em bebedouros tipo nível em comparação aos tipo chupeta, sem afetar o ganho de peso dos animais. A pesquisa destaca a importância da escolha do bebedouro adequado para otimizar o uso da água, impactando diretamente nos custos de produção e no manejo de efluentes. O bebedouro ecológico, apesar de apresentar menor consumo em outros estudos (Tavares, Oliveira & Filho, 2012), requer limpeza frequente, pois a sua estrutura facilita o acúmulo de dejetos, o que pode afetar a disponibilidade de água para os animais. A simulação apresentada na Tabela 3 demonstra o impacto do consumo elevado de água no sistema com bebedouro pendular, caso todos os animais fossem submetidos a esse tratamento, reforçando a importância da escolha do sistema de bebedouro para a gestão de recursos hídricos na suinocultura.
2. Desempenho dos Suínos e Eficiência da Produção
Um aspecto crucial da discussão é a constatação de que, apesar das diferenças significativas no consumo de água entre os tratamentos, o ganho de peso e a conversão alimentar não apresentaram variações significativas. Embora estudos anteriores (Lovatto et al., 2004; Moraes, Vieira & Mello, 2007; Gonyou & Lou, 2000) indiquem um maior ganho de peso e consumo de ração em animais com acesso conjugado a ração e água em comedouros conjugados, este estudo apresenta uma nuance importante: a otimização do sistema de fornecimento de água não se traduziu diretamente em melhor desempenho zootécnico nos parâmetros analisados. Isso aponta para a complexidade dos fatores que influenciam o desempenho de suínos, além do consumo hídrico, e ressalta a necessidade de pesquisas mais aprofundadas sobre o assunto. A discussão sugere que outros fatores, além do sistema de fornecimento de água, devem ser considerados para uma avaliação completa da eficiência na produção. A escolha do comedouro, seu estado físico e posicionamento, como apontado por Brustolini (2014), são fatores relevantes que não foram investigados detalhadamente nessa pesquisa.
3. Considerações Finais sobre a Eficiência Hídrica na Suinocultura
A discussão conclui que a escolha do tipo de bebedouro afeta significativamente o consumo de água na suinocultura, impactando diretamente os custos e a produção de efluentes. A utilização do bebedouro instalado diretamente no comedouro auxilia na redução da poluição, conforme Bellaver (1998), que indica redução na quantidade de efluentes gerados por kg de suíno. Apesar disso, os resultados do presente estudo destacam a necessidade de análises mais abrangentes para compreender a relação entre consumo de água, desempenho zootécnico e a eficiência na produção suinícola. Embora a redução do consumo hídrico seja um objetivo importante e alinhado com as práticas sustentáveis, este estudo mostra que a simples redução do consumo de água não garante automaticamente o aumento da eficiência da produção. O trabalho reforça a importância de uma avaliação holística dos fatores que influenciam o desempenho dos animais e a eficiência na suinocultura, incluindo aspectos nutricionais, genéticos, sanitários e ambientais, além da gestão de recursos hídricos.