Educação financeira e matemática - proposta didática para alunos do 3.º e 4.º anos de escolaridade

Educação Financeira: Matemática no 3º e 4º ano

Informações do documento

Autor

Mariana Costa Bettencourt

instructor Professora Doutora Lina Fonseca
Escola

Universidade (Nome da universidade não especificado no documento)

Curso Mestrado em EPE e Ensino do 1º CEB
Tipo de documento Relatório Final de Prática de Ensino Supervisionada
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 6.20 MB

Resumo

I.Objetivos da Pesquisa sobre Educação Financeira

Este estudo qualitativo, com metodologia de estudo de caso, investigou a relação entre Educação Financeira (EF) e Matemática. O objetivo principal foi avaliar se a apresentação de conceitos de EF em situações do dia a dia, integrada com conteúdos de matemática, promove a aprendizagem de literacia financeira em alunos do 3º e 4º anos do Ensino Básico. As questões de investigação focaram os conhecimentos prévios dos alunos sobre aspetos financeiros, suas estratégias de resolução de problemas matemáticos envolvendo dinheiro, as dificuldades encontradas e como tomam decisões financeiras, justificando-as. A pesquisa foi realizada numa escola com jardim de infância e 1º ciclo do Ensino Básico, envolvendo uma turma específica de alunos do 3º e 4º ano.

1. Tema Principal e Objetivo Geral

O estudo centra-se na Educação Financeira (EF) e sua relação com a matemática, buscando compreender se os alunos aprendem melhor conceitos de EF quando apresentados em situações cotidianas, integrados com conteúdos matemáticos. O objetivo principal é avaliar se essa abordagem, que visa abrir novos horizontes e fomentar o gosto pela temática financeira, é eficaz na aprendizagem de alunos. O estudo pretende, portanto, analisar a eficácia de uma metodologia que conecta a educação financeira prática à aplicação de conceitos matemáticos, esperando-se uma melhoria na compreensão e internalização dos conceitos financeiros pelos estudantes.

2. Questões de Investigação

Para atingir o objetivo principal, o estudo formulou três questões de investigação: 1) Que conhecimentos os alunos demonstram em relação a aspetos financeiros? Esta questão busca avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre finanças antes da intervenção pedagógica, servindo de base para a comparação com os resultados após a aplicação das atividades. 2) Como os alunos resolvem problemas de matemática envolvendo dinheiro e que dificuldades manifestam? Esta questão investiga as estratégias de resolução de problemas financeiros pelos alunos e identifica as dificuldades encontradas. A análise das estratégias e dificuldades permitirá direcionar a intervenção pedagógica e aperfeiçoar os métodos de ensino. 3) Como os alunos tomam decisões em relação a situações financeiras e como as justificam? Esta questão explora o processo de tomada de decisão financeira dos alunos, analisando suas justificativas. A compreensão deste processo contribui para a avaliação da eficácia da metodologia na promoção da tomada de decisão consciente e responsável em questões financeiras.

3. Metodologia e Instrumentos

A pesquisa adotou um paradigma interpretativo com metodologia qualitativa, utilizando o método de estudo de caso com foco numa turma específica. A recolha de dados ocorreu através de diversos instrumentos: registos dos alunos (trabalhos escritos), observação direta das atividades, questionários (para avaliar a aprendizagem e a percepção dos alunos sobre as atividades) e meios audiovisuais (vídeo, áudio e fotografia), permitindo uma análise mais completa da intervenção. Foram criadas sete tarefas que articulavam temas de Educação Financeira com conteúdos matemáticos. A combinação de métodos de recolha de dados assegura uma análise mais abrangente e rica da experiência dos alunos com a aprendizagem da educação financeira, integrando diferentes perspectivas sobre o processo.

4. Contexto da Pesquisa

O estudo foi conduzido em dois contextos: Educação Pré-Escolar (1º semestre) e 1º Ciclo do Ensino Básico (2º semestre), especificamente numa turma com alunos do 3º e 4º anos. A escola onde ocorreu a intervenção dispunha de infraestruturas adequadas, incluindo salas de aula equipadas com quadro interativo, biblioteca, espaço exterior com áreas verdes e recreativas. A descrição detalhada do contexto escolar é importante para contextualizar os resultados e compreender as possíveis influências do ambiente de aprendizagem na experiência dos alunos com a educação financeira e a sua relação com a matemática. A caracterização da turma, incluindo o desempenho e comportamentos dos alunos, fornece dados relevantes para a análise e interpretação dos resultados, permitindo uma compreensão mais profunda do impacto da intervenção no contexto específico.

II.Metodologia da Pesquisa em Educação Financeira

A recolha de dados utilizou registos de alunos, observações, questionários e meios audiovisuais (vídeo, áudio e fotografia). Sete tarefas foram criadas, relacionando temas de Educação Financeira com conteúdos de matemática, explorando conceitos como contagem de dinheiro, poupança, tomada de decisões financeiras, e cálculo de percentagem e descontos, e gestão de orçamentos. A análise de dados focou-se na interpretação qualitativa das respostas e comportamentos dos alunos, permitindo avaliar o impacto da integração da Educação Financeira no currículo de matemática.

1. Abordagem Metodológica

O estudo utilizou uma abordagem qualitativa, enquadrada no paradigma interpretativo, com o método de estudo de caso aplicado a uma turma específica de alunos do 3º e 4º anos do Ensino Básico. Essa escolha metodológica justifica-se pela necessidade de uma análise aprofundada da experiência dos alunos com a integração da Educação Financeira (EF) no contexto da matemática. A metodologia qualitativa permite uma compreensão mais profunda e contextualizada dos processos de aprendizagem, bem como das dificuldades enfrentadas pelos estudantes durante a resolução de problemas que envolvem conceitos financeiros e matemáticos. A opção pelo estudo de caso foca-se na compreensão da dinâmica específica desta turma, permitindo um estudo detalhado dos comportamentos e estratégias individuais e grupais, enriquecendo a análise dos dados recolhidos.

2. Recolha de Dados

A recolha de dados foi multifacetada, buscando diferentes perspectivas sobre a aprendizagem dos alunos em Educação Financeira. Foram utilizados múltiplos métodos para garantir a riqueza e a profundidade da análise. Os métodos incluíram a análise dos registos dos alunos, ou seja, seus trabalhos escritos relacionados às atividades propostas. A observação direta em sala de aula permitiu registar comportamentos e estratégias de resolução de problemas. Questionários foram aplicados para recolher informações sobre a percepção dos alunos sobre as atividades e o seu grau de aprendizagem. Por fim, o recurso a meios audiovisuais, como gravações em vídeo, áudio e fotografias, forneceu um registo complementar das atividades, enriquecendo a análise qualitativa. A combinação destes métodos garante uma maior fiabilidade dos resultados e permite triangulas as informações recolhidas para uma interpretação mais completa da eficácia da intervenção.

3. Desenvolvimento das Tarefas

Para auxiliar a investigação, foram elaboradas sete tarefas que integravam conceitos de Educação Financeira e conteúdos matemáticos, apresentando situações do quotidiano. Estas tarefas foram cuidadosamente desenhadas para promover a aprendizagem prática e a aplicação de conceitos matemáticos num contexto real e significativo para os alunos. A criação dessas tarefas teve como foco facilitar a compreensão de temas financeiros através da resolução de problemas concretos e o uso de recursos matemáticos. A complexidade das tarefas foi graduada, permitindo a observação do desenvolvimento da compreensão dos alunos sobre os conceitos de Educação Financeira em diferentes níveis de dificuldade. A análise das estratégias de resolução das tarefas pelos alunos foi crucial para a compreensão do impacto da intervenção pedagógica na aprendizagem de conceitos financeiros.

III.Resultados da Intervenção em Educação Financeira

Os resultados mostraram uma melhoria significativa nos conhecimentos dos alunos sobre Educação Financeira, apesar de algumas dificuldades persistirem, principalmente na resolução de problemas que envolviam cálculo de percentagem e interpretação de informações complexas (como em tarefas de orçamento familiar). Os alunos demonstraram familiaridade com notas e moedas, mas revelaram dificuldades na gestão de orçamentos e na compreensão de conceitos mais abstratos. A análise destacou a importância do contexto familiar na formação da literacia financeira, com a necessidade de uma abordagem integrada na escola e em casa. A pesquisa também revelou que a maior parte dos alunos preferia trabalhar individualmente, em vez de em grupo.

1. Melhoria Geral no Conhecimento de Educação Financeira

Os resultados da intervenção pedagógica mostraram uma melhoria significativa no conhecimento dos alunos em Educação Financeira. Apesar das dificuldades demonstradas em algumas tarefas, houve um progresso notável na compreensão e aplicação de conceitos financeiros básicos. Essa melhoria demonstra a eficácia da metodologia utilizada, que integrava situações cotidianas e a resolução de problemas matemáticos. A observação da evolução dos alunos permitiu concluir que a abordagem prática, combinada com a matemática, foi um fator crucial para a internalização dos conceitos de educação financeira. A pesquisa, assim, evidencia a importância de conectar os ensinamentos teóricos às experiências concretas dos alunos, facilitando a assimilação dos conteúdos.

2. Dificuldades na Resolução de Problemas

Embora tenha ocorrido uma melhoria geral, o estudo identificou dificuldades específicas dos alunos na resolução de problemas matemáticos envolvendo dinheiro. A maior dificuldade observada foi a relacionada com o cálculo de percentagem e a interpretação de informações complexas em situações que exigiam o processamento de dados numéricos, como na elaboração de um orçamento familiar. A confusão entre casas decimais e inteiras, nas operações com valores monetários, também se mostrou recorrente. Estas dificuldades destacam a necessidade de uma atenção especial na progressão dos conhecimentos matemáticos, de modo que os alunos possuam as ferramentas matemáticas necessárias para resolver problemas de educação financeira. A identificação dessas lacunas permite direcionar ações pedagógicas específicas para fortalecer essas habilidades matemáticas essenciais.

3. Análise das Tarefas e Desempenho dos Alunos

A análise das sete tarefas implementadas revelou padrões interessantes no desempenho dos alunos. Em tarefas mais simples, como identificar notas e moedas e efetuar operações básicas com dinheiro, os alunos demonstraram bom domínio. No entanto, em tarefas que exigiam maior raciocínio, como a criação de uma refeição com um orçamento limitado ou a elaboração de um orçamento de viagem, surgiram dificuldades, especialmente na gestão de recursos e na tomada de decisões financeiras conscientes. A observação indicou que a falta de atenção à relação custo-benefício, e a dificuldade em contabilizar todos os valores (como a viagem de volta), contribuíram para erros no cálculo final do orçamento. A análise detalhada do desempenho em cada tarefa forneceu informações valiosas para a compreensão das estratégias de resolução, dificuldades encontradas e a eficácia da metodologia utilizada na aprendizagem de literacia financeira.

IV.Conclusão e Implicações da Pesquisa sobre Literacia Financeira

O estudo demonstra a viabilidade da integração da Educação Financeira no currículo de matemática, utilizando metodologias ativas e contextualizadas. Os resultados sugerem a necessidade de um reforço da abordagem pedagógica, focando a compreensão de conceitos como percentagem, gestão de orçamento e tomada de decisões financeiras conscientes. A promoção da literacia financeira deve ser uma preocupação contínua, envolvendo a escola, a família e a comunidade. A pesquisa destaca a importância de abordar a Educação Financeira desde cedo, preparando os alunos para tomarem decisões financeiras informadas e responsáveis no futuro. Futuras pesquisas podem aprofundar os impactos de longo prazo desta intervenção e explorar diferentes abordagens pedagógicas para a Educação Financeira.

1. Viabilidade da Integração da Educação Financeira

A pesquisa demonstra a viabilidade e a importância da integração da Educação Financeira (EF) no currículo escolar, especificamente no contexto da matemática. Os resultados positivos, apesar das dificuldades encontradas pelos alunos em algumas tarefas, indicam que a abordagem utilizada, que relaciona conceitos financeiros com situações do dia a dia e com a resolução de problemas matemáticos, é eficaz na promoção da aprendizagem de literacia financeira. A metodologia aplicada mostrou-se adequada para alcançar os objetivos propostos, evidenciando a necessidade de um currículo que não se limite à teoria, mas sim, que utilize a prática como ferramenta fundamental para a internalização dos conceitos. A conclusão reforça a importância de integrar a EF de forma criativa e contextualizada no ensino.

2. Necessidades de Reforço Pedagógico

Apesar dos resultados positivos, a pesquisa identificou áreas que necessitam de reforço pedagógico na educação financeira. A compreensão de conceitos como percentagem, gestão de orçamentos e a tomada de decisões financeiras conscientes mostraram-se pontos desafiadores para os alunos. As dificuldades observadas na resolução de problemas mais complexos, que envolvem a interpretação de informações e o cálculo de valores, apontam para a necessidade de estratégias pedagógicas mais eficazes para desenvolver essas habilidades. É fundamental garantir que os alunos desenvolvam não apenas o conhecimento teórico, mas também a capacidade de aplicar esses conhecimentos em situações reais e complexas. O estudo sugere a implementação de atividades práticas e contextualizadas que promovam o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e a capacidade de tomada de decisão em situações financeiras.

3. Abordagem Integrada e Papel da Família

A pesquisa destaca a necessidade de uma abordagem integrada da educação financeira, envolvendo a escola, a família e a comunidade. Os resultados sugerem que o sucesso da aprendizagem de literacia financeira está fortemente relacionado com o envolvimento da família e a sua própria compreensão dos conceitos financeiros. A conscientização dos pais e responsáveis sobre a importância da educação financeira desde cedo é crucial. A integração de diferentes contextos de aprendizagem, tanto na escola quanto em casa, contribui para a construção de uma base sólida de conhecimentos e habilidades financeiras. A promoção de literacia financeira, portanto, exige uma ação conjunta, colaborativa e consistente em diferentes ambientes. O estudo recomenda a criação de programas que envolvam os pais e responsáveis, equipando-os com as ferramentas necessárias para apoiar os filhos na sua educação financeira.