
Ensino de Ciências: Saberes Entrelaçados no 2º CEB
Informações do documento
Autor | Fátima Cristiana Azevedo Lima |
instructor | Professora Doutora Maria Luísa Vieira das Neves |
Escola | Mestrado em Ensino 1º e 2º CEB |
Curso | Ensino 1º e 2º CEB |
Tipo de documento | Relatório Final de Prática de Ensino Supervisionada |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 19.32 MB |
Resumo
I.Resumo do Estudo Integração da Educação para o Desenvolvimento ED em Ciências Naturais
Este estudo qualitativo, com metodologia interpretativa de estudo de caso, investigou a integração de temas de Educação para o Desenvolvimento (ED) nos conteúdos curriculares de Ciências Naturais (CN) do 6º ano de escolaridade. A pesquisa, realizada no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada (PES) de um Mestrado em Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, envolveu uma turma de 19 alunos. Foram utilizadas técnicas de recolha de dados como observação participante, análise de documentos e questionário. Os resultados demonstram a viabilidade de integrar a ED nas aulas de CN sem comprometer as aprendizagens previstas, promovendo a empatia e a sensibilização para as desigualdades sociais. As atividades foram bem recebidas pelos alunos.
1. Enquadramento do Estudo e Objetivos
O estudo teve como objetivo principal analisar a viabilidade e o impacto da integração de temáticas de Educação para o Desenvolvimento (ED) nos currículos de Ciências Naturais (CN) do 6º ano de escolaridade. A investigação se insere no contexto da Prática de Ensino Supervisionada (PES) de um mestrado, buscando contribuir para a formação de professores e a melhoria das práticas pedagógicas. A escolha do 6º ano justifica-se pela necessidade de introduzir a ED em idade em que os alunos já possuem uma base sólida de conhecimento, facilitando a construção de uma visão crítica sobre temas globais. O estudo utilizou uma metodologia qualitativa, de natureza interpretativa, com abordagem de estudo de caso, focando em uma turma de 19 alunos. As técnicas de recolha de dados incluíram observação participante, análise de documentos produzidos pelos alunos e um questionário. A pesquisa busca responder à problemática da pouca articulação entre temas de ED e outras áreas curriculares, apontando para um modelo de ensino que promova a empatia e a sensibilidade para as desigualdades sociais, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e ativos.
2. Metodologia de Investigação Abordagem Qualitativa e Instrumentos Utilizados
A investigação adotou uma metodologia qualitativa, com enfoque interpretativo, caracterizada por um estudo de caso. Essa escolha justifica-se pela necessidade de compreensão aprofundada do contexto de ensino-aprendizagem e das percepções dos alunos em relação à integração da ED. As atividades de recolha de dados incluíram a observação participante, permitindo a imersão da investigadora no ambiente da sala de aula para observação direta das interações e dinâmicas entre alunos e professor. A análise de documentos, como trabalhos escritos pelos alunos, permitiu analisar suas reflexões e compreensões sobre os temas trabalhados. Um questionário foi utilizado para complementar a recolha de dados, permitindo obter informações adicionais sobre as perspetivas e opiniões dos alunos sobre a integração da ED. A opção por múltiplos instrumentos de recolha de dados visa assegurar a triangulação de informações e a robustez dos resultados.
3. Análise dos Resultados Impacto da Integração da ED nas Aulas de CN
Os resultados obtidos demonstraram a viabilidade e o impacto positivo da integração de temas de ED nas aulas de Ciências Naturais. A análise dos dados revelou que a introdução da ED não comprometeu as aprendizagens curriculares previstas para a disciplina, mas sim proporcionou aos alunos o desenvolvimento de competências e valores relacionados à cidadania global. O estudo identificou um aumento da sensibilidade dos alunos para as desigualdades sociais, comprovado através de suas respostas no questionário e em trabalhos escritos. As discussões em sala de aula, enriquecidas pelos temas de ED, estimularam a empatia e a reflexão crítica sobre questões globais. As atividades desenvolvidas mostraram-se adequadas e bem recebidas pelos alunos, contribuindo para um ambiente de aprendizagem mais engajador e significativo. A análise evidencia a importância da integração da ED no currículo escolar para promover a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis.
II.Contexto e Justificativa A Necessidade da ED no Currículo
O estudo justifica-se pela necessidade de preparar alunos críticos e ativos, capazes de tomar decisões informadas que contribuam para o bem comum, em linha com os objetivos da Educação para a Cidadania Global (ECG). Apesar do reconhecimento da importância da ED pelos sistemas educativos europeus, as práticas docentes muitas vezes não refletem os pressupostos teóricos. A investigação focou-se na articulação da ED com outras áreas curriculares, neste caso, as Ciências Naturais, para superar essa lacuna.
1. A Importância da Educação para o Desenvolvimento ED no Mundo Atual
O documento inicia contextualizando a necessidade da Educação para o Desenvolvimento (ED) no cenário global atual, caracterizado por mudanças aceleradas e complexas que afetam a humanidade. Destaca-se a importância de formar estudantes capazes de refletir criticamente sobre essas mudanças, tornando-se cidadãos ativos e aptos a tomar decisões conscientes e informadas em prol do bem comum. Os sistemas de ensino europeus reconhecem essa necessidade, enfatizando a formação de alunos com tais características. Apesar do amplo consenso sobre a relevância da ED e da escola como espaço privilegiado para seu desenvolvimento, pesquisas demonstram que as práticas docentes frequentemente divergem dos pressupostos teóricos. A lacuna entre o que é proposto e o que é efetivamente implementado na prática constitui a principal justificativa para a realização deste estudo, que busca investigar como a ED pode ser integrada de forma eficaz no currículo escolar.
2. A Lacuna entre a Teoria e a Prática na Implementação da ED
Embora haja um reconhecimento unânime da importância da Educação para o Desenvolvimento (ED) e do papel da escola como espaço privilegiado para sua implementação, o estudo aponta para uma discrepância significativa entre os pressupostos teóricos e as práticas docentes. Apesar do papel crucial dos professores na compreensão das questões globais pelas crianças, a articulação de temáticas de ED com diferentes áreas curriculares é geralmente negligenciada. Essa falta de integração, segundo o texto, limita a efetividade da ED e a capacidade dos alunos de desenvolverem uma compreensão abrangente das questões mundiais. A pesquisa pretende, portanto, contribuir para superar essa lacuna, propondo e avaliando um modelo de integração da ED com os conteúdos curriculares de Ciências Naturais, analisando seu impacto na aprendizagem e na empatia dos alunos.
III.Metodologia e Recolha de Dados Abordagem Qualitativa
A metodologia adotada foi qualitativa, de cariz interpretativo, através de um estudo de caso. A recolha de dados incluiu observação participante, análise de documentos produzidos pelos alunos e aplicação de um questionário. O estudo decorreu durante três dias por semana (segunda, terça e quarta-feira) durante um período crucial para o contato com a realidade escolar e as relações entre os alunos.
IV.Resultados e Discussão Impacto da Integração da ED
Os resultados indicaram a possibilidade de integrar temas de ED nas aulas de CN sem prejuízo das aprendizagens previstas. Observou-se um aumento da sensibilidade dos alunos para as desigualdades sociais (ex: desigualdade no acesso à vacinação), alinhado com os objetivos da ED. As atividades e discussões foram apreciadas pelos alunos, demonstrando um impacto positivo na aprendizagem e empatia.
1. Viabilidade da Integração da ED em Ciências Naturais
Os resultados do estudo evidenciaram a possibilidade de integrar temáticas de Educação para o Desenvolvimento (ED) nas aulas de Ciências Naturais (CN) sem comprometer as aprendizagens curriculares previstas. A integração da ED não apenas não prejudicou o aprendizado dos conteúdos de CN, como também permitiu que os alunos alcançassem simultaneamente os objetivos previstos no referencial de ED. Este achado é crucial para demonstrar a viabilidade prática da proposta de integração curricular, mostrando que a ED pode ser trabalhada sem sobrecarregar a carga horária da disciplina ou comprometer a sua eficácia. A pesquisa refuta a ideia de que a inclusão da ED representa uma sobrecarga para o professor ou prejudica o processo de aprendizagem dos conteúdos específicos de CN. A experiência demonstra que ambos os objetivos – aprendizagem de CN e desenvolvimento de competências em ED – podem ser alcançados de forma integrada e complementar.
2. Impacto da Integração na Aprendizagem e Empatia dos Alunos
A integração da ED nas aulas de CN teve um impacto positivo na aprendizagem e na empatia dos alunos. Os alunos se tornaram mais sensíveis às desigualdades que atravessam a sociedade atual, demonstrando um aumento de consciência em relação às questões sociais e globais abordadas. As atividades e discussões realizadas em sala de aula foram bem recebidas pelos alunos, indicando que a metodologia empregada foi adequada e motivadora. A pesquisa constatou que a aprendizagem relativa à ED foi positiva, com a maioria dos alunos demonstrando compreensão das temáticas abordadas. A totalidade da turma, por exemplo, percebeu a desigualdade de acesso à vacinação, tema abordado no questionário. O sucesso desta integração corrobora a ideia de que a ED não deve ser tratada como um assunto isolado, mas sim integrada transversalmente ao currículo escolar, enriquecendo as diferentes áreas de conhecimento.
3. Considerações sobre a Avaliação e os Resultados Observados
Embora a pesquisa não detalhe especificamente os métodos de avaliação utilizados, os resultados demonstram a efetividade da integração da ED em Ciências Naturais. A observação participante e a análise de documentos revelaram uma compreensão e engajamento positivos dos alunos com as temáticas. A descoberta da desigualdade de acesso à vacinação por toda a turma, por exemplo, destaca o sucesso da abordagem na sensibilização dos alunos para as questões sociais. Apesar de a atividade relacionada à vacinação ter demandado tempo, o saldo foi positivo em termos de aquisição de saberes relativos à ED. A pesquisa sugere que, mesmo com restrições de tempo, a integração da ED em outras áreas curriculares é possível e benéfica para o desenvolvimento dos alunos, contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos e conscientes.
V.Reflexões sobre a Prática de Ensino Supervisionada PES
A PES foi fundamental para a formação da investigadora, permitindo o contacto direto com os alunos e a prática docente. A experiência destacou a importância do planeamento de aulas que contemplem os interesses dos alunos, a gestão de tempo e a capacidade de adaptação às suas necessidades. A investigadora refere a importância da observação, feedback e do trabalho colaborativo com colegas e professores orientadores para o aprimoramento da prática pedagógica.
1. A Prática de Ensino Supervisionada PES como Experiência Formativa
A Prática de Ensino Supervisionada (PES) é apresentada como uma etapa crucial na formação da professora, permitindo um contato direto e sistemático com os alunos e a realidade da profissão docente. A autora destaca a PES como a fase mais prazerosa de seu percurso na educação, por proporcionar uma imersão prática na docência. Embora trabalhosa, a experiência contribuiu significativamente para sua formação, proporcionando insights valiosos sobre os desafios, alegrias e dificuldades inerentes à profissão. Através da PES, a autora teve a oportunidade de vivenciar e refletir sobre a prática pedagógica, desenvolvendo competências essenciais para lidar com as múltiplas demandas da sala de aula. A experiência se mostra insubstituível na preparação para a atuação profissional.
2. Desafios e Aprendizagens na Gestão da Sala de Aula
Durante a PES, a autora enfrentou diversos desafios na gestão da sala de aula, especialmente no que concerne à organização do tempo e à atenção a cada aluno. A experiência no 1º ciclo do Ensino Básico (CEB) permitiu maior flexibilidade na adaptação dos planos de aula, enquanto no 2º CEB a rigidez da estrutura horária representou uma preocupação maior. A autora destaca a importância de um planeamento cuidadoso que leve em consideração os interesses dos alunos, bem como a capacidade de adaptação aos ritmos individuais de aprendizagem. A autora aprendeu a ouvir os alunos e a promover o diálogo entre eles, buscando resolver conflitos de forma colaborativa e construtiva, em vez de recorrer a castigos ou atribuições de culpas. A observação de colegas e o feedback dos professores orientadores foram cruciais nesse processo de aperfeiçoamento da prática pedagógica.
3. Reflexão sobre o Planejamento e a Avaliação
A autora reflete sobre a importância do planeamento detalhado das aulas, reconhecendo a necessidade de balancear a ambição com a realidade da carga horária disponível. A experiência demonstra que, mesmo com tempo limitado, é possível alcançar bons resultados com um planeamento estratégico que priorize os objetivos de aprendizagem. A autora destaca a diferença na gestão do tempo entre o 1º e 2º ciclos do Ensino Básico, onde a flexibilidade do 1º ciclo permitiu ajustes conforme a necessidade, enquanto no 2º ciclo a pressão do tempo era maior. A avaliação sumativa é mencionada como um fator de preocupação, principalmente no contexto do 2º CEB. A autora buscou estratégias para evitar que a matemática fosse vista como algo inalcançável, valorizando o processo de aprendizagem e a confiança dos alunos, em vez de se focar apenas nas notas.