Eutanásia e Envelhecimento: Um Estudo
Informações do documento
| Autor | Patrícia Alves Gomes |
| instructor | Doutora Marianela Ferreira |
| Escola | Escola Superior de Educação |
| Curso | Gerontologia Social |
| Tipo de documento | Dissertação |
| Idioma | Portuguese |
| Formato | |
| Tamanho | 837.27 KB |
Resumo
I. Representações Sociais da Eutanásia e do Fim da Vida em Estudantes de Gerontologia
Este estudo investiga as representações sociais da eutanásia, do suicídio medicamente assistido, e da morte em estudantes de cursos relacionados ao envelhecimento. A pesquisa, com taxa de participação de 76% (n=99, 97% mulheres), utilizou análise de conteúdo de questionários. Os resultados revelam três grandes temas: a morte (vista predominantemente de forma negativa, com 48% refletindo sobre a própria morte e 71% sobre a morte de familiares/amigos); a eutanásia (59% favoráveis, 65,34% a favor da legalização, mas com consideração de critérios e circunstâncias); e o suicídio medicamente assistido (50% recorreriam em caso de doença incurável e sofrimento). Observa-se simplificação de controvérsias em torno das questões de fim de vida.
1. Metodologia e Amostra
O estudo utilizou uma metodologia quantitativa, com análise de conteúdo aplicada a dados recolhidos através de questionários. A taxa de participação foi de 76% do total de inscritos (n=99), sendo a amostra composta majoritariamente por mulheres (97%). A escolha de questionários permitiu alcançar um grande número de participantes num curto espaço de tempo, porém, a complexidade do tema em estudo - as representações sociais da eutanásia e outros aspetos do fim de vida - indica que esta metodologia pode ter sido limitada. A amostra foi composta exclusivamente por estudantes de uma única instituição, representando uma limitação para a generalização dos resultados. Futuras pesquisas deveriam considerar uma amostra mais abrangente, incluindo estudantes de diversas instituições e, principalmente, a inclusão de pessoas idosas para enriquecer a análise das representações sociais em diferentes faixas etárias e experiências de vida, permitindo uma comparação mais robusta entre grupos etários contrastantes. Esta inclusão permitiria observar com mais clareza as mudanças nas representações sociais da eutanásia e da morte ao longo do processo de envelhecimento. A análise de conteúdo permitiu identificar três grandes temas: eutanásia, morte e suicídio medicamente assistido. A análise focou-se na identificação de temas principais e categorias específicas dentro de cada tema, usando uma combinação de análise dedutiva (à priori) e indutiva (à posteriori). A frase foi considerada a unidade de análise.
2. Representações da Morte
A análise revelou que a morte é percebida como um evento normativo na vida, mas predominantemente encarado de forma negativa. Um dado relevante é que 48% dos participantes pensam sobre a sua própria morte, enquanto 71% refletem sobre a morte de familiares e amigos. Esta percepção negativa da morte, amplamente presente na amostra, levanta questões sobre como a sociedade lida com o tema e a influência de fatores culturais e sociais na formação dessas representações. A análise também destaca a interligação entre a representação da morte e a forma como a sociedade envelhece, e como “vemos” os mais velhos. Alguns participantes evidenciaram o entendimento da morte como um processo natural, o fim de um ciclo inevitável para todos os seres humanos. No entanto, há uma percepção individual de cada ser humano quanto à morte, influenciada por herança cultural e formação pessoal. Existe, também, uma mistificação da morte, influenciada pelo convívio social e pelos meios de comunicação. A pesquisa revelou a existência de uma relação complexa entre a percepção da morte e o medo associado à finitude, mostrando a necessidade de maior diálogo e reflexão sobre o tema.
3. Representações da Eutanásia
Para os participantes, a eutanásia é, principalmente, uma opção voluntária e/ou consentida para pôr fim à vida (41,33%), uma prática médica que encerra a vida (20,01%), e um meio de acabar com a dor e o sofrimento (18,66%). Alguns a associaram a uma morte medicamente assistida (14,66%) e, em menor proporção, ao suicídio medicamente assistido (2,67%), demonstrando uma possível simplificação do assunto. A legalização da eutanásia, para os participantes, depende das circunstâncias (15,09%), refletindo a necessidade de critérios e condições específicas. Uma parcela significativa (53,34%) considera a eutanásia um tema tabu, enquanto 65,34% se mostra claramente a favor da sua legalização, o que demonstra uma complexidade de opiniões e percepções. A pesquisa destaca a influência da cultura e do contexto social na construção das representações da eutanásia, conforme apontado por Jylhänkangas et al. (2014). A ideia de que a eutanásia é uma construção cultural que evoluiu ao longo dos anos, dependendo do ambiente cultural e social, é relevante. Há ainda uma porcentagem de participantes que não tem opinião formada sobre o tema (4,10%).
4. Representações do Suicídio Medicamente Assistido
Os participantes associaram o suicídio medicamente assistido principalmente à ação da própria pessoa que toma medicamentos para morrer (26,03%), com acompanhamento médico. Uma parcela considerável (19,18%) dos participantes não distingue claramente entre eutanásia e suicídio medicamente assistido, demonstrando uma possível falta de informação precisa sobre as diferenças entre os dois conceitos. Uma porção significativa (10,95%) dos entrevistados revelou não conhecer o conceito, indicando a necessidade de maior divulgação de informações sobre o assunto. De acordo com a literatura, existe uma diferença crucial entre os dois atos: na eutanásia, a ação letal é realizada por terceiros, enquanto no suicídio medicamente assistido, é o próprio indivíduo que executa o ato final. A pesquisa evidenciou a necessidade de clareza conceitual para um debate mais informado sobre as questões de fim de vida, além de uma maior compreensão por parte da população em relação a estes termos e as suas implicações éticas e legais.
II. Envelhecimento Longevidade e a Questão da Morte Digna
O estudo contextualiza o debate da eutanásia e do fim de vida dentro do processo de envelhecimento e aumento da longevidade. Discute-se a distinção entre quantidade e qualidade de vida, e os limites do prolongamento indefinido da vida, especialmente quando não há esperança de recuperação. A morte é abordada como parte integrante da vida, mas com percepções diversas influenciadas pelo contexto social e familiar. O conceito de morte digna e a busca por uma boa morte, sem sofrimento, são centrais. A autonomia do indivíduo na tomada de decisões sobre a sua vida e fim de vida é enfatizada, incluindo o uso do Testamento Vital.
1. O Envelhecimento como Processo Multidimensional
O envelhecimento é apresentado como um processo multidimensional e progressivo, envolvendo mudanças biológicas, psicológicas e sociais, com ganhos e perdas ao longo da vida (OMS, 1999). A longevidade, duração da vida de um organismo, depende da progressão do envelhecimento, que impõe um limite (Zaterka, 2015). Zaterka (2015) destaca a diferença entre longevidade e saúde, quantidade e qualidade de vida, argumentando que há diferença entre o adiamento da morte (por regimes e drogas) e um prolongamento efetivo e saudável da vida. O texto questiona até que ponto devemos prolongar a vida e quais as consequências, alertando para os limites do prolongamento indefinido da vida, especialmente quando não há esperança de recuperação. A morte é definida como a cessação definitiva da vida, sendo um processo natural e previsível como o nascimento (Horta, 1999). A percepção da morte varia individualmente, influenciada por representações, conceções e crenças, bem como pelo contexto social e familiar (Gomes, 2013).
2. Morte Digna e a Evolução da Eutanásia
A eutanásia, como prática de morte assistida, é definida como uma boa morte, sem sofrimento e dor (Demarchi & Bastos, 2013). Suski (2012) a descreve como ato de liberdade para pessoas com doenças terminais e incuráveis, perto da morte, que consideram sua vida sem qualidade e dignidade, exercitando o direito de decidir pôr fim à sua vida. O suicídio medicamente assistido é apresentado como a ajuda solicitada pelo doente para executar sua morte. As descrições da eutanásia evoluíram ao longo dos anos, dependendo do ambiente cultural e social (Jylhänkangas et al., 2014). O texto enfatiza a importância de uma morte digna, sem sofrimento, respeitando os desejos do doente, e estabelecendo comunicação com a família e profissionais de saúde. A dignidade é vista como característica inerente ao ser humano, sendo o direito de viver em condições que permitam o amor-próprio (Demarchi & Bastos, 2013). O direito à morte digna inclui o direito de não ter a vida reduzida ou prolongada sem restrições, de viver seu tempo natural e receber o procedimento médico mais adequado para evitar a dor e o sofrimento (Demarchi & Bastos, 2013).
3. Autonomia e o Direito à Morte
A autonomia é definida como o respeito à vontade e ao direito de autogovernar-se, permitindo a participação ativa da pessoa nos cuidados à sua vida (Kovács, 2003). Correio e Gregolin (2016) consideram a autonomia como fundamento da dignidade humana, um princípio universal da moralidade, onde as pessoas autônomas devem ser tratadas como fins em si mesmas, capazes de autodeterminação. O respeito à autonomia implica capacitá-las a agir autonomamente, enquanto o desrespeito ignora ou degrada essa autonomia (Correio e Gregolin, 2016). A autonomia protege a capacidade de expressar caráter, valores e convicções, vivendo a vida de acordo com a personalidade individual. A eutanásia é vista por alguns (Pinto e Cunha, 2016) como caminho para evitar a dor e o sofrimento, uma escolha informada que reflete a autonomia absoluta do indivíduo. No entanto, o texto reconhece o medo de que a eutanásia possa ser apressada para os considerados excluídos, como pobres, idosos, deficientes e psicóticos. A legalização da eutanásia enfrenta o conflito entre a manutenção incitada da vida e o apressamento da morte.
III. Eutanásia Tipos Conceitos e Perspectivas
O texto explora diferentes tipos de eutanásia (eutanásia ativa, eutanásia passiva, eutanásia solutiva, eutanásia resolutiva, eutanásia libertadora, eugénica, e económica), destacando a eutanásia como opção voluntária e/ou consentida de pôr fim à vida. A distinção entre eutanásia e suicídio medicamente assistido é analisada, embora o estudo revele alguma confusão entre os conceitos por parte dos participantes. A autonomia individual e o alívio do sofrimento são argumentos recorrentes a favor da eutanásia e da sua legalização, com a ressalva de critérios e circunstâncias específicas. O papel dos profissionais de saúde (médicos) e religiosos na representação social da eutanásia também é mencionado, assim como a influência de fatores culturais e sociais.
1. Conceitos e Definições de Eutanásia
O texto apresenta diferentes perspectivas sobre o conceito de eutanásia, desde uma definição simples como uma boa morte, sem sofrimento e dor (Demarchi & Bastos, 2013), até uma visão mais complexa como um ato de liberdade para pessoas com doenças terminais e incuráveis, que consideram sua vida sem qualidade e dignidade (Suski, 2012). A eutanásia é descrita como uma prática de morte assistida, onde a pessoa, em exercício de sua autonomia, decide antecipar seu óbito com o objetivo de uma morte sem sofrimento extremo (Freitas e Pinto, 2018). O conceito moderno de eutanásia, segundo práticas médicas, consiste na ação ou omissão de cuidados para produzir a morte de um doente terminal, a fim de eliminar o sofrimento (Suski, 2012). Felix (2007) descreve a eutanásia como a prática que abrevia a vida de um doente em fase terminal, por ação ou omissão do médico, resultando numa morte sem sofrimento. O texto aponta ainda para a eutanásia como uma ação médica que abrevia a vida de doentes incuráveis em sofrimento extremo, a pedido do doente, buscando uma morte sem sofrimento extremo, conforme seus valores e dignidade pessoal. As descrições da eutanásia são construções culturais que evoluíram ao longo dos anos, dependendo do ambiente cultural e social (Jylhänkangas et al., 2014).
2. Tipos de Eutanásia Uma Classificação
O documento apresenta diferentes tipos de eutanásia, incluindo a eutanásia agónica (provocar a morte sem sofrimento em doente desenganado), eutanásia lenitiva (uso de fármacos para aliviar dor, podendo encurtar a vida), eutanásia suicida (o doente usa meios letais), eutanásia homicida (homicídio piedoso ou eutanásia por motivos econômicos ou sociais), e eutanásia negativa (omissão de tratamento). Gonçalves (2014) classifica a eutanásia em seis tipos, destacando as formas eugênica e econômica como imorais e criminosas. Outra tipologia diferencia a eutanásia solutiva (assistência para uma morte tranquila sem encurtar a vida) da eutanásia resolutiva (que abrevia o curso da vida), subdividida em eutanásia libertadora (por compaixão e solidariedade), eugênica (eliminação de doentes e deficientes) e económica (eliminação de doentes e idosos como carga para a sociedade). Esta última classificação enfatiza a importância de diferenciar as formas éticas das formas imorais e criminosas de eutanásia. A distinção entre eutanásia e suicídio medicamente assistido é relevante, uma vez que o agente causador da morte difere em cada situação. A eutanásia é realizada por terceiros, enquanto o suicídio medicamente assistido é realizado pelo próprio agente (Oliveira, 2012).
3. Perspectivas sobre a Legalização da Eutanásia
O estudo destaca a opinião dos participantes sobre a legalização da eutanásia, com 65,34% claramente a favor, mas com a ressalva de que devem ser considerados critérios e circunstâncias específicas. Para muitos participantes, a legalização permite aliviar o sofrimento dos doentes e familiares, dando ao indivíduo a possibilidade de escolha e liberdade (Kovács, 2003). A autonomia é apontada como argumento principal para a legalização, ou seja, as pessoas têm o direito moral de decidir sobre suas vidas, direito que a lei deve respeitar (Kovács, 2003). O texto também alerta para o risco de erros, abusos e desgaste da relação médico-paciente com a legalização. A importância de desenvolver diretrizes futuras, testamentos vitais e poderes legais, para decisões sub-rogadas quando a pessoa não pode mais se expressar, é ressaltada. A percepção da eutanásia como tema tabu (53,34%) versus controverso (38,66%) mostra a complexidade do debate, especialmente numa sociedade com valores católicos arraigados, como a portuguesa. Apesar da crescente discussão, a falta de informação precisa continua a ser um obstáculo. Um estudo de 2016 (EUROSONDAGEM para o Expresso) indica que 67,4% da população portuguesa defende a legalização da eutanásia.
IV. Teorias sobre o Envelhecimento e a Morte
O documento apresenta diversas teorias do envelhecimento, abordando perspectivas biológicas (teoria da seleção natural, teoria dos radicais livres, teoria da senescência evolutiva), psicológicas (teoria da otimização seletiva com compensação, seletividade socioemocional, teoria da integração dinâmica), e sociais (construção social da velhice, desigualdades económicas na população idosa, perspectiva life-course). A discussão inclui envelhecimento saudável, envelhecimento ativo, e envelhecimento bem-sucedido, com referência ao Modelo MacArthur. A relação entre envelhecimento, longevidade, dignidade, e a percepção da morte é analisada, destacando a importância do respeito à autonomia e do alívio do sofrimento.
1. Teorias Biológicas do Envelhecimento
A seção aborda diferentes teorias biológicas do envelhecimento, citando autores como Bengtson, Gans, Putney e Silverstein (2009). A formulação evolutiva tradicional, segundo Martin, sugere que genes desadaptativos responsáveis por declínios associados ao envelhecimento são expressos após a reprodução ou com funções positivas iniciais, com efeitos destrutivos posteriores. Woodruff-Pak, Foy e Thompson utilizam modelos para testar hipóteses sobre mecanismos relacionados à aprendizagem e memória, demonstrando variações na aprendizagem e perdas de memória relacionadas à idade. Gonidakis e Longo defendem que o envelhecimento é geneticamente programado como resposta adaptativa a mudanças ambientais, uma perspectiva que contrasta com abordagens estocásticas. O texto, portanto, apresenta uma visão multifacetada do envelhecimento biológico, incluindo a ideia de que os genes podem ter efeitos positivos no início da vida e negativos mais tarde, evidenciando a complexidade dos processos envolvidos.
2. Teorias Psicológicas e Sociais do Envelhecimento
O texto discute teorias psicológicas e sociais sobre o envelhecimento. Na área psicológica, são mencionadas a teoria da otimização seletiva com compensação, seletividade socioemocional, teoria da integração dinâmica e a perspectiva desenvolvimental life-span. No âmbito social, são consideradas as explicações teóricas da formação de políticas de envelhecimento, a perspectiva life-course, e a construção social da velhice com suas disparidades econômicas. Kail, Quadagno e Keene teorizam sobre como as desigualdades econômicas se acumulam ao longo da vida e são transmitidas entre gerações, influenciadas por fatores como gênero, raça e etnia. A abordagem integrativa proposta pelos autores destaca a influência da economia política, teorias feministas e o conceito de economia moral na formação das disparidades entre a população idosa. O documento também aponta para o reconhecimento da interação entre processos internos e externos no envelhecimento, inspirando abordagens multi-níveis. A interação de fatores individuais, constrangimentos sociais e instituições sociais são enfatizados como cruciais na análise das causas e consequências do envelhecimento.
3. Envelhecimento Bem Sucedido Ativo e Saudável
O texto resume diferentes modelos de envelhecimento bem-sucedido, ativo e saudável. O modelo de Rowe e Khan (2015) inclui baixo risco de doença e incapacidade, elevado funcionamento cognitivo e envolvimento na vida. Baltes, Saudinger e Lindenberger (1999) definem o envelhecimento bem-sucedido como maximização de ganhos e minimização de perdas, usando a Teoria SOC (Seleção, Otimização e Compensação). O envelhecimento saudável é caracterizado pela ausência de doença e manutenção/desenvolvimento de capacidades funcionais ao longo da vida. O envelhecimento ativo envolve equilíbrio social, biológico e psicológico, integrando o indivíduo em seu contexto social e mantendo suas capacidades e relações sociais. O Modelo MacArthur de Envelhecimento Bem-Sucedido é mencionado, destacando baixo risco de doença e incapacidade, manutenção de elevado funcionamento físico e mental e envolvimento ativo na vida. A discussão ressalta a complexidade do envelhecimento e a importância de considerar múltiplas dimensões para compreender e promover o envelhecimento de forma positiva.
V. Metodologia e Limitações do Estudo
A metodologia empregou análise de conteúdo em dados coletados por questionário. As limitações do estudo incluem a amostra restrita a estudantes de uma única instituição e a ausência de participantes idosos. Sugere-se, para estudos futuros, expandir a amostra, incluir idosos, e utilizar métodos complementares como entrevistas e grupos focais para aprofundar a compreensão dos aspetos legais, morais, religiosos, e éticos da eutanásia e do fim de vida.
1. Metodologia de Pesquisa
A pesquisa utilizou a análise de conteúdo como método principal, aplicada a dados obtidos através de questionários. A escolha pelo questionário permitiu a coleta de informações de um grande número de participantes (n=99, com 76% de taxa de participação) num curto período. A unidade de análise foi a frase, e a análise combinou abordagens dedutivas (categorias criadas a priori) e indutivas (categorias criadas a posteriori), permitindo uma análise abrangente dos dados. A metodologia de análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2011), envolveu três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados (inferência e interpretação). Guerra (2006) destaca a importância do confronto entre o quadro de referência do investigador e o material empírico recolhido, crucial para a validade da análise de conteúdo. Apesar da eficiência na coleta de dados, o uso exclusivo de questionários mostrou-se limitado pela complexidade do tema, sugerindo a inclusão de entrevistas individuais ou em grupo (grupos focais) em estudos futuros para aprofundar os aspetos legais, morais, religiosos e éticos relacionados ao tema.
2. Limitações da Amostra e Sugestões para Pesquisas Futuras
Uma limitação significativa do estudo reside na amostra, composta apenas por estudantes de uma única instituição, afetando a generalização dos resultados para outras populações. A ausência de pessoas idosas na amostra é outra limitação importante, pois são elas o grupo populacional mais afetado pelas questões de fim de vida e eutanásia em países onde a prática é legal. Para estudos futuros, recomenda-se a ampliação da amostra, incluindo estudantes de diversas instituições de ensino superior com cursos na área de Gerontologia e, crucialmente, a inclusão de pessoas idosas. A comparação entre diferentes grupos etários (jovens e idosos) permitiria analisar as mudanças nas representações sociais relacionadas ao envelhecimento e às questões de fim de vida, enriquecendo a compreensão do tema. A utilização de entrevistas individuais ou coletivas (grupos focais), em conjunto com questionários, poderia enriquecer a informação coletada, fornecendo dados mais detalhados e aprofundados sobre os aspetos legais, morais, religiosos e éticos da eutanásia e de temas relacionados ao fim da vida.
