
Escrita em Ascensão: Relatório de Estágio
Informações do documento
Autor | Laura Filipa Pires Costa Alves |
instructor | Professora Mestre Ana Júlia Marques |
Escola | Mestrado em Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico |
Curso | Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico |
Tipo de documento | Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 2.64 MB |
Resumo
I.Descrição da Escola e Recursos
O documento descreve uma escola composta por um edifício de dois pisos, contendo treze salas de aula, três salas de pequenos grupos, três salas de trabalho, uma sala de grandes grupos, além de espaços dedicados à educação musical, informática, ciências (biologia, física e química), biblioteca, cantina, reprografia e áreas administrativas. A infraestrutura suporta atividades práticas em laboratório e ainda dispõe de espaços de convívio para alunos e pessoal. Esta descrição detalhada dos recursos físicos da escola é importante para entender o contexto da aprendizagem e das atividades pedagógicas.
1. Edifício e Instalações
A escola é descrita como um único edifício de dois pisos (rés-do-chão e primeiro andar), com acesso pelo portão principal e mais três portões, um deles destinado a emergências. A infraestrutura inclui 13 salas de aula, proporcionando espaço para diferentes modalidades de ensino. Além disso, há três salas de pequenos grupos e três salas de trabalho, oferecendo ambientes diferenciados para atividades pedagógicas. A escola também dispõe de uma sala de grandes grupos, ideal para apresentações e atividades coletivas. A riqueza de recursos inclui ainda uma sala de Educação Musical, uma hemeroteca, uma sala de informática, quatro salas de Educação Visual/Tecnológica e uma sala de Ciências Gerais. Para aulas práticas, conta com um laboratório de Biologia e um laboratório de Física e Química, equipamentos essenciais para a aprendizagem experimental. A administração conta com um Gabinete do Espaço+, um Gabinete de Coordenação, um Gabinete para apoio ao Serviço de Psicologia e Orientação, e o Gabinete da Direção e um de apoio. Para o bem-estar dos alunos e funcionários, há uma cozinha, uma cantina, um bar e um espaço de convívio. Uma biblioteca, sala dos alunos, sala dos professores, serviços administrativos, uma sala de convívio para pessoal não docente, um gabinete para diretores de turma e atendimento aos encarregados de educação, e uma recepção completam a infraestrutura.
2. Recursos Pedagógicos e Tecnológicos
A descrição da escola enfatiza a variedade de recursos disponíveis para o processo de ensino-aprendizagem. Além das salas de aula, a presença de salas especializadas, como laboratórios de ciências (biologia, física e química) e uma sala de informática, indica um investimento em recursos tecnológicos para apoiar as aulas práticas e o acesso à informação. A existência de uma hemeroteca e uma biblioteca sugere a disponibilização de materiais de pesquisa e leitura para os alunos, promovendo o hábito da consulta e pesquisa em diferentes fontes de informação. Os espaços de convívio, incluindo uma sala para alunos, professores e pessoal não docente, contribuem para criar um ambiente escolar mais acolhedor e propício à interação social, tão importante para o desenvolvimento integral dos estudantes. A presença de uma sala de educação musical indica a valorização de diferentes áreas do conhecimento, enriquecendo o currículo escolar. Finalmente, a existência de recursos como reprografia/papelaria facilita a organização administrativa e o acesso a materiais didáticos.
II.Análise de Aulas e Metodologias de Ensino
São apresentadas duas observações de aulas: uma de matemática (adição de frações) onde se observa a revisão de conceitos e introdução de novos através de uma situação problemática e outra de ciências (observação de células), com enfoque em aprendizagem por descoberta e trabalho em grupos. A eficácia das metodologias de ensino é avaliada, considerando a aquisição de conhecimentos pelos alunos e a adaptação a imprevistos (inexistência de material).
1. Aula de Matemática Adição de Frações
A primeira aula analisada é de matemática, focando a adição de frações. A metodologia empregada pela professora incluiu a correção do trabalho de casa e uma breve revisão da aula anterior, facilitando a compreensão dos conteúdos. Para introduzir novos conceitos, a professora utilizou uma situação-problema envolvendo a adição de duas frações, um conceito já abordado de forma simplificada no 1º ciclo. Através do diálogo entre professora e alunos, a regra de adição de números racionais foi construída coletivamente, demonstrando uma abordagem colaborativa e centrada na construção do conhecimento. A facilidade com que os alunos resolveram a questão inicial sugere que o conhecimento prévio foi um fator determinante para o sucesso na aprendizagem deste conteúdo específico. O método demonstra a importância da revisão e da contextualização para garantir a efetividade da aprendizagem. A observação revela uma prática pedagógica que valoriza a interação e a construção compartilhada do conhecimento matemático.
2. Aula de Ciências Aprendizagem por Descoberta
A segunda aula observada é de ciências, com enfoque na aprendizagem por descoberta. A aula iniciou com a correção do trabalho de casa, seguida da parte prática em laboratório. A professora dividiu a turma em três grupos para realizar atividades experimentais, com a intenção de que cada grupo fizesse uma demonstração e explicação final. No entanto, um imprevisto ocorreu: a impossibilidade de realizar uma das atividades experimentais devido à inexistência de seres unicelulares na infusão. A professora adaptou a aula, rapidamente, utilizando as duas atividades restantes (observação de células do epitélio bocal e da epiderme da cebola) para todos os grupos. A metodologia, apesar do imprevisto, permitiu aos alunos observarem e concluírem sobre as experiências. A adaptação da professora demonstra flexibilidade e capacidade de resposta a situações inesperadas em sala de aula. A análise destaca a importância de orientar o processo de ensino e aprendizagem, fornecendo material adequado, questões/problemas a investigar e estimulando suposições intuitivas, sempre considerando situações novas do interesse dos alunos e relacionadas ao seu quotidiano. A diversidade de conhecimentos prévios dos alunos possibilitou diferentes intervenções, criando um clima de aprendizagem mais rico e dinâmico. O uso de recursos visuais (imagens, pequenos textos, esquemas e vídeos) foi considerado uma mais-valia para a motivação e a procura de conhecimento.
3. Recursos Visuais e Educação pela para a Imagem
A importância dos recursos visuais (imagens, textos, esquemas e vídeos) na aula de ciências é destacada. Estes recursos não apenas motivaram os alunos como intensificaram a vontade de aprender e a busca constante de conhecimento. A análise considera a distinção entre educação através da imagem e educação para a imagem, salientando a necessidade de formação dos professores e alunos para uma utilização pedagógica eficaz da imagem numa sociedade cada vez mais visual. A integração de diferentes recursos midiáticos na prática pedagógica é analisada no contexto da “sociedade da imagem”, conforme citado por Calado (1994, p. 27). A reflexão sobre a utilização estratégica de recursos visuais na sala de aula indica a preocupação da pesquisadora com a modernização e eficácia do processo de ensino-aprendizagem. A observação demonstra a consideração de novas tecnologias e a integração dos meios de comunicação digital no processo pedagógico.
III.O Desafio da Escrita no 2º Ciclo e a Importância da Família
O estudo foca as dificuldades de escrita de alunos do 2º ciclo, constatando a falta de hábitos regulares de escrita e limitações na produção textual. A pesquisa investiga a hipótese de que a colaboração entre família e escola pode melhorar as competências de escrita. A intervenção pedagógica inclui tarefas de escrita contextualizadas, em casa e na escola, buscando melhorar a ortografia, a coerência textual, e a criatividade dos alunos.
1. Diagnóstico Inicial Dificuldades na Escrita
Observações durante o estágio revelaram a ausência de hábitos de escrita regulares e grandes limitações no desenvolvimento dessa competência na maioria dos alunos. Essa constatação motivou a investigação, que visava melhorar a produção escrita. A pesquisa se justifica pela necessidade de intervenção em uma realidade observada: alunos com dificuldades significativas na escrita, manifestando-se através da falta de prática consistente, limitando-se à produção de textos apenas em avaliações ou em situações esporádicas. Essa situação aponta para a necessidade de intervenção, com o objetivo de promover o desenvolvimento de habilidades de escrita, reforçando a importância da prática regular. O diagnóstico inicial justifica a proposta de trabalho que se segue, integrando a colaboração entre a escola e a família para potencializar a melhoria nas competências dos alunos.
2. A Importância da Escrita e a Perspectiva Pedagógica
O documento enfatiza a importância da escrita na sociedade contemporânea, destacando a necessidade da escola em preparar os alunos para as diversas funções da escrita. Cita Barbeiro (1999) e Pereira (2008), que defendem a escrita como um processo gradual, não como um mero veículo de comunicação ou elemento de avaliação. A escrita, para estes autores, deve ser vista como um objeto de análise em seus elementos constituintes, o que implica uma organização didática que contemple o faseamento do ato de escrever e a definição de tarefas adequadas. A capacidade de produzir textos escritos é apresentada como uma exigência generalizada na vida em sociedade, reforçando a necessidade de os indivíduos demonstrarem capacidades de escrita em um leque alargado de gêneros textuais (Barbeiro e Pereira, 2007). A aprendizagem da escrita não é natural; exige intervenção programada e atividades que promovam a sua “vida própria” enquanto conhecimento processual, não se limitando à simples transmissão de saber declarativo para saber processual (Pereira, 2008). A escrita é um processo complexo que exige minuciosa análise de textos e atenção a fenômenos linguísticos e retóricos, antes mesmo do ato da escrita (Duarte, 1994).
3. A Colaboração Família Escola como Estratégias de Intervenção
Para superar as dificuldades na escrita, o estudo propõe a integração da família no processo de ensino-aprendizagem, combinando as realidades da escola e da casa. A observação de aulas de português, juntamente com diálogos com professores, revelou uma turma heterogênea em seu desempenho, com dificuldades notórias na ortografia, criatividade e produção textual. A pesquisa considera que a intervenção conjunta entre a escola e a família pode ser crucial para a superação das dificuldades. A ideia central é que a sinergia entre os dois contextos (escola e família) pode potencializar a aprendizagem da escrita, tornando o aluno mais confiante e motivado. A participação dos pais em atividades escolares conjuntas é apontada como fator determinante para o sucesso na aprendizagem, aumentando a autoestima das crianças e diminuindo a taxa de evasão escolar (Carvalho, 2001). Teixeira (2006) reforça o papel complementar da escola e da família no processo educativo, reconhecendo a especificidade de cada contexto, tanto em termos de conteúdos quanto de métodos utilizados. A integração desses dois mundos é vista como crucial para o sucesso escolar.
IV.Atividades de Escrita e Análise dos Resultados
Várias tarefas de escrita foram implementadas, como 'Linguagem Encenada' (texto dramático), 'Sonoridades Escritas' (narrativa inspirada em música) e 'Sou eu quem faz a história' (narrativa colaborativa). Os trabalhos foram avaliados considerando critérios como apresentação, ortografia, pontuação, coesão textual, e coerência textual. A análise dos resultados evidencia a importância do apoio familiar na melhoria das competências de escrita e na motivação dos alunos. Os resultados são apresentados de forma qualitativa, sem dados numéricos precisos sobre o desempenho dos alunos em cada atividade.
1. Atividade Linguagem Encenada
A atividade 'Linguagem Encenada', realizada em 15 de abril de 2015, focou o estudo do texto dramático. Após discussão sobre as características do gênero, os alunos compartilharam suas experiências teatrais. A avaliação individual considerou a apresentação (limpeza e caligrafia), ortografia, pontuação, coerência, correção e estrutura da mensagem, e a redação de frases e textos (simples/complexos, com ideias lógicas, elementos de ligação e vocabulário diversificado), demonstrando uma abordagem abrangente na avaliação da produção textual. A atividade utilizou o recurso de partilha de experiências pessoais para contextualizar a produção escrita. O objetivo da atividade foi a produção de textos dramáticos, explorando as características deste gênero textual e a articulação entre linguagem oral e escrita. A avaliação individual e os critérios utilizados permitem uma análise pormenorizada da produção escrita dos alunos, avaliando diferentes aspectos da competência comunicativa escrita. A atividade demonstra uma proposta de ensino que busca integrar a experiência pessoal com a produção textual.
2. Atividade Sonoridades Escritas
Com o objetivo de criar motivação e um momento prazeroso de produção textual, a atividade 'Sonoridades Escritas', em 20 de abril de 2015, utilizou a música “Balada para Adelina” de Richard Clayderman como estímulo para a escrita de uma narrativa. Os alunos, após a audição, criaram histórias inspiradas na melodia, explorando a conexão entre música e escrita. Esta atividade visava explorar a criatividade e a capacidade de expressar ideias através da escrita, utilizando um estímulo multissemiótico. A escolha da música como ponto de partida demonstra uma tentativa de tornar o processo de escrita mais lúdico e atrativo para os alunos. A atividade explorou a capacidade dos alunos de transformar elementos sensoriais (a música) em elementos narrativos escritos. O objetivo foi incentivar a produção textual de forma motivadora, utilizando um recurso diferente e pouco convencional. O enfoque aqui se deu na fluência e criatividade na construção narrativa.
3. Atividade Sou eu quem faz a história
A atividade 'Sou eu quem faz a história' ocorreu em dois momentos: individualmente em sala de aula (27 de abril de 2015) e colaborativamente com familiares (14 de maio de 2015). Os alunos construíram narrativas usando palavras fornecidas, exercendo suas competências linguísticas e criativas. A realização em dois momentos (individual e colaborativo) permitiu uma análise comparativa do desempenho dos alunos em diferentes contextos. A atividade permitiu observar a evolução da produção escrita com o apoio da família. A avaliação do trabalho individual mostrou predominância das classificações 'suficiente' e 'bom', com apenas um aluno classificado como 'insuficiente' em alguns parâmetros específicos (caligrafia, ortografia, coerência e uso de conectores). A atividade colaborativa com os familiares teve como objetivo ampliar a prática da escrita em um contexto diferente da escola e com o apoio familiar, buscando melhorar a produção textual e a capacidade narrativa.
4. Análise dos Resultados e Conclusões
A análise dos resultados das atividades de escrita indica a importância da prática regular e do apoio familiar para o desenvolvimento da competência escrita. A avaliação utilizou uma grelha que considerou critérios como apresentação, ortografia, pontuação, coerência e estrutura textual, e riqueza vocabular. A observação mostrou que a realização conjunta de tarefas, em família, motivou os alunos e potencializou a aprendizagem. A maioria dos alunos considerou a escrita importante para o seu futuro acadêmico e profissional, embora muitos relatassem escrever principalmente por obrigação. A sistematização de tarefas de escrita mostrou resultados positivos para a maioria dos alunos, evidenciando a necessidade da escola em criar oportunidades regulares para o desenvolvimento desta competência. A análise dos resultados demonstra a necessidade de atividades regulares e a importância do apoio familiar para o desenvolvimento das competências de escrita. A análise qualitativa dos dados destaca as melhorias observadas na produção textual dos alunos após as atividades propostas, ressaltando o papel da prática sistemática e da colaboração família-escola.
V.Conclusão e Reflexões sobre a Prática Docente
A pesquisa destaca a necessidade de uma intervenção pedagógica consistente e de longo prazo para o desenvolvimento das competências de escrita. A família surge como um agente fundamental neste processo. A autora reflete sobre sua prática docente, a importância da formação contínua, a necessidade de adaptação às particularidades de cada turma e a busca de metodologias de ensino eficazes para a promoção da aprendizagem significativa. A conclusão reforça a relevância da articulação entre escola e família para o sucesso escolar, especialmente na área de Português.
1. Importância da Participação Familiar e Trabalho Colaborativo
A conclusão enfatiza a importância da participação dos pais no processo de aprendizagem, confirmada pela totalidade das famílias envolvidas na pesquisa. O auxílio familiar foi considerado pertinente e motivador para o sucesso das atividades. A pesquisa demonstra que o trabalho colaborativo entre escola e família se mostrou eficaz na melhoria do desempenho dos alunos, fortalecendo a autoconfiança, o empenho e o interesse dos alunos. A análise das tarefas realizadas com o apoio dos pais revelou melhorias significativas em vários casos, reforçando a importância da parceria entre esses dois contextos para o sucesso escolar. A participação ativa das famílias foi fundamental para o alcance dos resultados positivos observados na investigação. A conclusão reforça o argumento de que a colaboração família-escola é um fator essencial para o sucesso dos alunos, impactando positivamente não apenas os resultados acadêmicos, mas também a motivação e a autoestima.
2. Reflexões sobre a Formação Docente e a Prática Pedagógica
A autora reflete sobre a sua experiência de estágio, destacando a necessidade de formação contínua para o bom desempenho profissional. A pesquisa ressalta a importância do domínio de componentes teóricas e práticas, bem como de técnicas, ferramentas e estratégias para uma atuação eficaz em sala de aula. O estágio é apontado como uma etapa crucial e enriquecedora, aliando teoria e prática. A autora afirma a importância de “fazer a mudança” e educar as crianças de acordo com suas crenças e valores, buscando formar cidadãos capazes de melhorar o mundo. A experiência em duas turmas do 5º ano (Português e Matemática em uma, e Ciências Naturais e História e Geografia de Portugal na outra) proporcionou a observação de diferentes dinâmicas de sala de aula, influenciando a sua prática, principalmente nos momentos iniciais de adaptação. A autora reconhece a complexidade da profissão docente, que exige não só o cumprimento dos currículos estabelecidos, mas também a capacidade de gestão em situações reais, interpretação crítica da própria ação, tomada de decisões acertadas e resolução de problemas práticos em interação com os alunos, sempre em busca do maior rendimento educativo possível.
3. Limitações da Pesquisa e Perspectivas Futuras
A pesquisa reconhece limitações, principalmente em relação à questão do tempo. O período de estágio curto e as múltiplas exigências do trabalho de investigação, planejamento, regência e reflexão sobre as diferentes áreas lecionadas, resultaram em tempo escasso para a implementação de todas as atividades planejadas. O tempo de aula se revelou insuficiente para, simultaneamente, trabalhar os conteúdos exigidos e intervir com maior persistência nas dificuldades específicas de cada aluno. Apesar dessas limitações, a pesquisa destaca a importância da prática da escrita, da colaboração família-escola e da formação contínua para o desenvolvimento da competência escrita dos alunos. A autora, finalmente, reafirma seu desejo de atuar na área da educação, demonstrando paixão e entusiasmo pela profissão. A pesquisa, apesar de suas limitações, serve como base para futuras investigações e reflexões sobre o ensino da escrita.