Espaço e tempo no ensino da história e geografia de Portugal

Ensino de História e Geografia

Informações do documento

Autor

Teodoro Martinho Gomes De Freitas

instructor Doutor Henrique F. Rodrigues
Escola

Mestrado em Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico

Curso Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico
Tipo de documento Relatório Final de Prática de Ensino Supervisionada
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 2.42 MB

Resumo

I.A Prática de Ensino Supervisionada PES no Mestrado em Ensino

Este documento descreve a experiência de uma professora em Prática de Ensino Supervisionada (PES), integrada no Mestrado em Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, conforme o Decreto-Lei nº 43/2007. A PES, também conhecida como estágio, é uma unidade curricular crucial para a formação de professores profissionalizados, permitindo a aplicação prática dos conhecimentos teóricos da Didática. A experiência foi estruturada em PES I e PES II, focando-se no desenvolvimento da identidade do mestrando como professor. O contexto geográfico abrange as freguesias de Aldreu, Balugães, Durrães, Fragoso, Palme e Tregosa, no distrito de Braga, com Fragoso (1394 hectares) apresentando maior contraste campo/monte.

1. A Prática de Ensino Supervisionada PES como componente do Mestrado

A Prática de Ensino Supervisionada (PES) é apresentada como parte integrante do plano de estudos do Mestrado em Ensino do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, criado pelo Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro. Este mestrado visa formar professores profissionalizados para ambos os ciclos do ensino básico. A PES, também referida como 'estágio', é introduzida no segundo ano do curso. A sua importância reside na possibilidade de os mestrandos aplicarem na prática os conhecimentos teóricos de Didática, adquiridos ao longo do mestrado, contribuindo para a construção da sua identidade profissional como professores. O modelo da ESE-IPVC, por exemplo, estrutura a PES em dois níveis: PES I e PES II, permitindo uma progressão na experiência prática de ensino.

2. Contexto Geográfico da PES A Área de Influência do AVEF

O documento descreve o contexto geográfico da PES, especificando que a escola (AVEF) está localizada no extremo noroeste do distrito de Braga e serve as freguesias de Aldreu, Balugães, Durrães, Fragoso, Palme e Tregosa. A região caracteriza-se por uma dualidade campo/monte, sendo a atividade agrícola predominante nos vales das colinas circundantes. A freguesia de Fragoso destaca-se pela maior regularidade deste contraste, com uma extensão de 1394 hectares. A escola está bem adaptada às necessidades da comunidade letiva, embora a construção de um pavilhão gimnodesportivo seja uma questão pendente que gera alguma consternação na comunidade escolar desde a sua abertura.

II.Desafios na Aprendizagem e Estratégias de Ensino em Português Matemática e Ciências Naturais

O trabalho de campo identificou dificuldades dos alunos do 5º ano em diversas disciplinas. Em Português, a interpretação de textos e enunciados se mostrou desafiadora. Em Matemática, a principal dificuldade residiu no pensamento matemático e na resolução de problemas. Nas Ciências Naturais, a dificuldade na análise de textos científicos e o léxico reduzido foram obstáculos à aprendizagem. Apesar de não ter sido relatada pelos alunos como área problemática, o Ensino da História revelou deficiências na análise documental e na compreensão da relação espaço-temporal. O documento destaca a utilização de estratégias pedagógicas diversificadas, incluindo vídeos, jornais e a participação ativa dos alunos, para superar esses desafios.

1. Dificuldades de Aprendizagem em Português

A turma apresentava dificuldades significativas em Português, principalmente na interpretação de textos e enunciados. Os alunos demonstravam incapacidade de extrair informações relevantes dos textos para responder às questões propostas. Essa dificuldade não se limitava a esta disciplina, afetando transversalmente outras áreas curriculares, comprometendo a compreensão das instruções e levando a respostas inadequadas. A falta de métodos de trabalho e estudo eficazes contribuiu para esse cenário, evidenciando a necessidade de intervenções pedagógicas que promovam a aquisição de tais métodos. A observação detalhada dessa dificuldade permitiu o planejamento de atividades voltadas à melhoria da interpretação textual.

2. Desafios na Aprendizagem de Matemática

Em Matemática, a principal dificuldade identificada estava relacionada com o pensamento matemático, a análise e a interpretação de problemas. Os alunos demonstravam dificuldades em compreender os problemas e desenvolver estratégias de resolução adequadas. A falta de habilidades nesse domínio impedia o progresso na disciplina, tornando necessário o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que promovessem o raciocínio lógico-matemático e a capacidade de análise e interpretação. A integração de recursos visuais e atividades práticas pode auxiliar na superação dessas dificuldades.

3. Obstáculos na Aprendizagem de Ciências Naturais

A dificuldade em Ciências Naturais apresentava similaridades com as dificuldades em Português. A incapacidade de analisar textos científicos, combinada com um léxico reduzido, dificultava a apropriação de novos conhecimentos. Essa observação demonstra a necessidade de estratégias que melhorem a compreensão da linguagem científica e o desenvolvimento do vocabulário específico da área. A contextualização dos conceitos científicos e o uso de recursos visuais e experimentais podem ser recursos eficazes para auxiliar os alunos na aprendizagem e na compreensão de textos científicos.

III.Planificação e Implementação de Aulas em História e Geografia de Portugal

Na disciplina de História e Geografia de Portugal (HGP), o objetivo principal foi despertar o fascínio pela história, construindo o saber histórico através da interatividade. Utilizou-se visitas virtuais (VEV) em 360º a monumentos como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos para superar limitações logísticas de visitas de estudo. O foco foi a compreensão histórica, particularmente as dimensões espaço-temporais, utilizando mapas e outras ferramentas pedagógicas para uma aprendizagem significativa. A importância da didática e a necessidade de adaptar metodologias de ensino à faixa etária e ao nível intelectual dos alunos foram fortemente enfatizados. A experiência incluiu análise documental, observações e questionários.

1. O Ensino de História e Geografia de Portugal HGP Instilando Fascínio pelo Passado

O principal objetivo do planeamento das aulas de História e Geografia de Portugal (HGP) era incutir nos alunos o fascínio pela História, privilegiando a construção do saber histórico por parte dos alunos, com o professor atuando como guia na estruturação do pensamento. Procurava-se uma abordagem interativa para enriquecer o espaço letivo. O tema abordado foi "Do século XIII à União Ibérica e Restauração (séc. XVII)". A metodologia incluiu o uso de novas tecnologias, especificamente visitas virtuais em 360º a monumentos como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, para proporcionar uma experiência "quase in loco", compensando a impossibilidade de visitas de estudo presenciais, reconhecidas como momentos fulcrais para a consolidação dos conteúdos e para a conexão entre passado e presente.

2. Compreensão Histórica Abordagem das Dimensões Espaço Temporais

A compreensão histórica, com foco nas dimensões espaço-temporais, é discutida, citando Kant e Walter Benjamin para enfatizar a importância desses conceitos para a construção do pensamento histórico. Embora o espaço e o tempo sejam importantes, a ênfase recai na condição histórica específica de cada acontecimento, que varia dependendo do tempo e do espaço. A complexidade desses conceitos é reconhecida, mas o objetivo é transmitir aos alunos que os eventos históricos são resultados de circunstâncias específicas, incluindo o tempo e o espaço, categorias independentes que se fundem na realidade. O uso de mapas como ferramenta pedagógica para o reconhecimento do espaço, iniciando com o espaço mais próximo dos alunos, é destacado.

3. Didática e Ensino da História Superando a Dualidade e Promovendo a Aprendizagem

A didática, definida como a arte ou técnica de ensinar, é discutida, reconhecendo que muitos fatores condicionam a aprendizagem, mas a formação dos professores é um dos principais. O papel do professor vai além da transmissão de conhecimento; ele deve criar um clima que favoreça a participação ativa dos alunos na construção do seu próprio saber, vendo-os como parte integrante do processo. Isso é crucial no ensino da História, que se encontra condicionado pelo nível etário e intelectual dos alunos. Em turmas de alunos com cerca de 10 anos, é importante considerar seus curtos períodos de concentração. O uso de estratégias lúdico-pedagógicas é importante para captar a atenção dos alunos, especialmente quando há imaturidade cognitiva e desinteresse nos conteúdos.

IV.Resultados da Pesquisa e Análise de Dados

A pesquisa utilizou questionários aplicados a três turmas do 5º ano (A, B e C), totalizando 55 alunos, para avaliar a percepção dos alunos sobre a disciplina de HGP. A análise de dados envolveu a interpretação de respostas sobre preferências de conteúdo, dificuldades na compreensão e opiniões sobre a didática da professora. Os resultados indicaram variações nas preferências dos alunos, com alguns temas (como os primeiros povos ibéricos) sendo mais populares que outros. Os dados demonstram a importância de uma avaliação completa para identificar as necessidades dos alunos. Além disso, foram analisados os trabalhos dos alunos e instrumentos de avaliação para corroborar os resultados do questionário. Uma análise da influência do ensino de HGP na compreensão histórica dos alunos também foi conduzida.

1. Metodologia de Recolha de Dados Questionários e Análise Documental

A recolha de dados para a análise incidiu na aplicação de questionários a três turmas do 5º ano, complementada por análise documental, incluindo instrumentos de avaliação (testes) e trabalhos realizados pelos alunos. O questionário foi validado em duas turmas (B e C) antes de ser aplicado na turma principal (A). A turma A tinha 20 alunos, a turma B 18 (dos quais 17 responderam), e a turma C 17 alunos. Esta estratégia de validação e ampliação da amostra permitiu uma análise mais robusta dos resultados, buscando maior rigor e valor científico para o estudo. A análise documental serviu como ferramenta complementar para corroborar os dados recolhidos através do questionário, oferecendo uma visão mais completa do desempenho dos alunos.

2. Análise das Respostas sobre a Disciplina de HGP Percepções e Preferências

A análise dos questionários focou-se na percepção dos alunos em relação à disciplina de História e Geografia de Portugal (HGP). Na turma B, 47% dos alunos gostaram muito da disciplina, 41% gostaram pouco, e 12% não gostaram nada. As razões para a desaprovação frequentemente incluíam dificuldades de compreensão dos conteúdos e falta de esclarecimentos por parte do professor. Observações semelhantes foram registadas na turma A. Em relação à questão sobre o motivo de gostar da disciplina, os alunos da turma A destacaram o contacto com fontes antigas, enquanto os da turma B valorizavam a possibilidade de conhecer eventos passados. A turma C demonstrou preferência pelo caráter bélico da disciplina, mostrando interesse por batalhas e suas descrições. A análise demonstra a heterogeneidade de opiniões e a importância de estratégias de ensino diversificadas.

3. Análise das Preferências de Conteúdo em HGP Turma A

A análise da turma A revela preferência pelos conteúdos iniciais do ano letivo, especificamente os primeiros povos da Península Ibérica e a formação do Reino de Portugal. Curiosamente, alunos do sexo masculino demonstraram interesse em temas do 6º ano, como o Estado Novo e Portugal nos dias de hoje, enquanto as alunas demonstraram preferência pelo tema do 25 de Abril e o regime democrático. Embora essa preferência por temas de anos letivos posteriores seja inusitada, pode ser explicada pelas comemorações anuais do 25 de Abril e pelas conversas em casa sobre o tema, o que também remete para o período do Estado Novo, mesmo sem a maturidade cognitiva suficiente para uma compreensão completa desse período histórico. A análise destaca a importância de considerar as influências externas à sala de aula na construção do conhecimento histórico dos alunos.

V.Reflexões sobre a Prática de Ensino e Recomendações

A experiência da PES II destacou a importância da gestão de sala de aula, da adaptação às necessidades dos alunos e da criação de um clima favorável à aprendizagem significativa. A formação teórica, embora necessária, não preparou completamente para a complexidade da realidade da sala de aula. A professora enfatiza a importância da planificação de aulas, da flexibilidade e da dedicação para alcançar o sucesso escolar dos alunos, levando em conta a crescente heterogeneidade do sistema educativo e a necessidade de promover uma educação abrangente, crítica e reflexiva. A necessidade de estratégias lúdico-pedagógicas para alunos do primeiro e segundo ciclo foi também um fator relevante na experiência da professora.

1. Resultados do Questionário sobre a Disciplina de HGP

A pesquisa utilizou questionários aplicados a três turmas do 5º ano para avaliar a perceção dos alunos sobre a disciplina de História e Geografia de Portugal (HGP). A análise das respostas revelou diferentes níveis de satisfação com a disciplina. Enquanto algumas turmas apresentaram uma percentagem significativa de alunos que gostaram muito da disciplina, outras mostraram uma proporção considerável de alunos que gostaram pouco ou não gostaram nada. As razões para a insatisfação frequentemente incluíam dificuldades na compreensão dos conteúdos lecionados e a falta de esclarecimentos por parte do professor, apontando para a necessidade de estratégias de ensino mais inclusivas e de maior clareza na apresentação da matéria. A análise comparativa entre as turmas permitiu identificar tendências e padrões nas opiniões dos alunos, fornecendo insights valiosos para a melhoria do ensino de HGP.

2. Análise das Preferências de Conteúdo na Disciplina de HGP

Uma análise mais detalhada das respostas do questionário permitiu identificar as preferências dos alunos quanto aos conteúdos programáticos de HGP. Observa-se uma tendência para a preferência por temas abordados no início do ano letivo, como os primeiros povos da Península Ibérica e a formação do Reino de Portugal. Entretanto, também se notou um interesse inesperado por temas relacionados a períodos posteriores, inclusive fora do programa do 5º ano, variando de acordo com o género dos alunos. Essa disparidade sugere a influência de fatores externos à sala de aula na formação das preferências dos alunos, como o conhecimento prévio obtido em casa ou em outros contextos. A análise demonstra a necessidade de considerar esses fatores na elaboração de estratégias de ensino que capturem o interesse de todos os alunos, independentemente de suas preferências pré-existentes.

3. Exemplo de Atividade de HGP e Análise do Desempenho do Aluno

O documento apresenta um exemplo de atividade proposta pela professora estagiária de HGP, focada na chegada dos portugueses à África, Ásia e América. A turma foi dividida em grupos, cada um responsável por analisar um determinado continente e responder a questões orientadoras. O exemplo ilustra a necessidade de adaptação das metodologias de ensino às particularidades de cada turma e aluno, buscando a construção do conhecimento de forma significativa para cada um. A análise do exemplo ressalta a importância de utilizar uma variedade de recursos pedagógicos, de forma a estimular diferentes estilos de aprendizagem e atingir o máximo de sucesso escolar.