Ciências Contábeis: Presencial x EAD

O estudo se propõe a analisar a evasão acadêmica e a integralização curricular no curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), abrangendo as modalidades presencial e a distância. A pesquisa utilizou como amostra 312 alunos ingressantes no segundo semestre de 2009, acompanhando sua trajetória por 12 semestres, até 2015/1. Os dados foram coletados por meio de relatórios das coordenadorias do curso e tratados quantitativamente. O objetivo principal é comparar a eficácia de cada modalidade de ensino (presencial e a distância) na conclusão do curso e identificar as taxas de evasão em cada uma. A metodologia adotada é descritiva, baseada em pesquisa documental, com o intuito de fornecer informações relevantes para a UFSC sobre o desempenho acadêmico e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes.

A justificativa para a pesquisa se baseia no crescimento exponencial de estudos sobre evasão em instituições de ensino superior, tanto públicas quanto privadas, nas últimas duas décadas. A evasão representa um custo significativo para as instituições, pois os recursos investidos na formação do aluno são perdidos se este não conclui o curso. Em instituições públicas, como a UFSC, o impacto da evasão é ainda maior, representando um desperdício de recursos públicos. A manutenção dos alunos é crucial, uma vez que eles são a razão de ser das instituições de ensino superior, responsáveis pela produção e disseminação do conhecimento. A pesquisa busca, portanto, entender a evasão em ambas as modalidades (presencial e a distância) para identificar qual modalidade apresenta melhor aproveitamento e quais são os fatores que contribuem para a evasão e a demora na integralização curricular, podendo subsidiar ações de melhoria.

O estudo se limita aos alunos ingressantes no segundo semestre de 2009 no curso de Ciências Contábeis da UFSC, nas modalidades presencial e a distância. Essa delimitação permite uma comparação mais precisa entre as duas modalidades, considerando que o ingresso ocorreu no mesmo semestre e que já houve tempo suficiente para a integralização curricular. Os prazos estabelecidos para integralização curricular são de 16 semestres para o ensino presencial e 10 semestres para o ensino a distância. Alunos que não concluem o curso dentro desses prazos são considerados jubilados. A pesquisa analisa as taxas de evasão em cada modalidade, considerando os diferentes prazos de conclusão, e busca identificar padrões e possíveis causas para a evasão em cada modalidade de ensino, especialmente no que diz respeito ao tempo de integralização do currículo e as diferenças entre os modelos presencial e a distância.

A pesquisa empregada na monografia é descritiva, buscando analisar e comparar características da evasão acadêmica e da integralização curricular em diferentes modalidades de ensino. A abordagem metodológica é quantitativa, utilizando dados numéricos para análise e comparação. Foram analisados dados de 312 alunos ingressantes no curso de Ciências Contábeis da UFSC no segundo semestre de 2009, acompanhados por 12 semestres. A coleta de dados se deu através de relatórios gerados pelas coordenadorias do curso, uma abordagem documental que, segundo Laville e Dionne (1999), apresenta baixo custo e facilidade de acesso. Os dados, por serem diretos e facilmente quantificáveis, permitiram uma análise confiável, utilizando técnicas estatísticas conforme Reis (2008). A organização dessas informações, segundo Beuren (2009), se transformou em uma fonte de pesquisa confiável e relevante para o estudo.

A coleta de dados se deu por meio de pesquisa documental, utilizando relatórios gerados pelas coordenadorias do curso de Ciências Contábeis da UFSC. Essa metodologia, de acordo com Laville e Dionne (1999), é vantajosa por seu baixo custo e facilidade de acesso. A análise documental permitiu a obtenção de informações que foram ponderadas para agregar valor à pesquisa. Os dados obtidos foram tratados de forma quantitativa, por se tratarem de questões diretas e facilmente quantificáveis, permitindo uma análise confiável. Como afirma Reis (2008), a pesquisa quantitativa se caracteriza pelo uso da quantificação na coleta e tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas. As técnicas de coleta de dados, conforme Lakatos e Marconi (2000), representam um conjunto de preceitos e processos utilizados pela ciência para a obtenção de seus propósitos.

A pesquisa focou na análise de 312 alunos ingressantes no segundo semestre de 2009 no curso de Ciências Contábeis da UFSC, considerando as modalidades presencial e a distância. Este grupo específico foi escolhido para permitir uma comparação justa entre as duas modalidades de ensino, uma vez que o ingresso ocorreu no mesmo semestre e houve tempo suficiente (12 semestres) para observar a progressão acadêmica e as taxas de evasão até o primeiro semestre de 2015. A escolha dessa amostra permitiu uma análise quantitativa da integralização curricular e da evasão em um período determinado, considerando as especificidades de cada modalidade de ensino, oferecendo uma base sólida para comparar o desempenho dos alunos em cada modalidade, dentro do contexto temporal estabelecido.

A análise dos resultados revela uma disparidade significativa nas taxas de evasão entre as modalidades presencial e a distância (EaD). Observa-se uma taxa de evasão de 83% no ensino a distância, praticamente o dobro da taxa de 41% observada no ensino presencial. No EaD, 81% da evasão concentrou-se nos seis primeiros semestres, com o pico de 49% no quinto semestre (83 alunos). Já no ensino presencial, a maior evasão ocorreu nos dois primeiros semestres (23% no primeiro e 18% no segundo), período em que são oferecidas as disciplinas básicas de Contabilidade I e II. Essa diferença sugere que a falta de identificação com o curso pode levar ao abandono precoce no ensino presencial. A pesquisa indica que a presença do professor em sala de aula e a troca de experiências podem ser fatores de motivação relevantes na retenção de alunos no modelo presencial, em contraponto à maior sensação de isolamento no EaD, como sugerido por Maia e Meirelles (2005).

No que se refere à integralização curricular, o estudo destaca a diferença nos prazos estabelecidos para cada modalidade: 16 semestres para o ensino presencial e 10 semestres para o EaD. Até o primeiro semestre de 2015, 39% dos alunos ingressantes no presencial (42 alunos) concluíram o curso, enquanto apenas 17% dos alunos do EaD (35 alunos) o concluíram. A diferença nos percentuais de conclusão se deve, em parte, ao fato de que o prazo para conclusão do curso no EaD já havia se encerrado em 2015/1, enquanto que os alunos do presencial ainda tinham mais 4 semestres para concluir (até 2017/2). Observa-se que no EaD, nenhum aluno concluiu em 8 ou 9 semestres, com as primeiras integralizações ocorrendo somente no primeiro semestre de 2014, indicando possíveis dificuldades na organização do tempo e no planejamento da conclusão do curso nessa modalidade. A resolução CNE/CES 2/2007 estabelece que as instituições de educação superior devem fixar tempos mínimos e máximos de integralização curricular, baseados na carga horária total do curso.

A análise por gênero revela uma distribuição equilibrada de homens e mulheres entre os ingressantes, considerando ambas as modalidades. No entanto, analisando separadamente, observa-se maior ingresso de homens (52%) no presencial e de mulheres (53%) no EaD. Entre os alunos formados, o percentual de mulheres é superior ao de homens em ambas as modalidades (66% no EaD e 57% no presencial). Em relação aos semestres de evasão, no ensino presencial, a maior concentração ocorre nos dois primeiros semestres, coincidindo com as disciplinas básicas de Contabilidade, sugerindo que a identificação com o curso desde o início é crucial para a permanência dos estudantes. No EaD, o maior índice de evasão ocorre no quinto semestre (49%), possivelmente devido ao sistema de abandono automático após a não confirmação de matrícula a partir desse semestre. A pesquisa demonstra que a evasão no EaD é consideravelmente maior (83%) do que no ensino presencial (41%), e entre os alunos que não concluíram o curso no EaD, 71% eram homens e 29% mulheres.

A pesquisa revela uma taxa de evasão significativamente maior no ensino a distância (EaD) em comparação com o ensino presencial. Essa diferença acentuada (83% no EaD versus 41% no presencial) aponta para a necessidade de investigações mais aprofundadas sobre as causas desse fenômeno. A concentração da evasão no EaD nos primeiros semestres, com pico no quinto, sugere a existência de fatores específicos a essa modalidade que impactam a permanência dos alunos. A hipótese levantada, baseada em Maia e Meirelles (2005), é que a falta de interação presencial e a menor sensação de pertencimento a uma turma podem desestimular os estudantes no EaD. A alta taxa de evasão implica em custos elevados para a instituição, representando um desperdício de recursos, especialmente em uma universidade pública como a UFSC, conforme apontado por Assunção, Soares e Caldeira (2000). A análise indica a importância de estratégias para a retenção de alunos no ensino a distância.

A comparação entre as taxas de evasão e os tempos de integralização curricular nas modalidades presencial e a distância evidencia desafios distintos em cada uma. Enquanto o ensino presencial apresenta maior evasão nos primeiros semestres, possivelmente devido à falta de identificação com o curso, o EaD demonstra taxas mais elevadas ao longo de todo o curso, com um pico no quinto semestre. Essa diferença sugere a necessidade de intervenções específicas para cada modalidade, considerando suas peculiaridades. A diferença nos prazos de integralização (16 semestres para o presencial e 10 para o EaD) também influenciou os resultados, com um percentual significativamente maior de conclusão no ensino presencial até o período analisado (2015/1). A pesquisa evidencia a complexidade do fenômeno da evasão, conforme destacado por Veloso (2000), e a necessidade de se considerar diferentes fatores para compreender as causas e propor soluções eficazes.

A pesquisa demonstra que a evasão acadêmica é um problema relevante na UFSC, com taxas significativamente diferentes entre as modalidades presencial e a distância. Os resultados apontam para a necessidade de estratégias de retenção de alunos, especialmente no ensino a distância, considerando as particularidades dessa modalidade de ensino. A presença do professor em sala de aula, no modelo presencial, parece ser um fator de motivação e retenção, corroborando as ideias de Kotler e Fox (1994) sobre a importância da satisfação do aluno. A alta taxa de evasão acarreta custos significativos para a instituição, representando um desperdício de recursos públicos. Estudos futuros poderiam aprofundar as causas da evasão, investigando aspectos como perfil socioeconômico dos alunos, suporte acadêmico oferecido e satisfação com o curso, buscando identificar fatores que contribuem para a evasão e propor intervenções mais eficazes.