Geografia econômica:  pesquisa e ensino na ação docente

Ensino de Geografia Econômica

Informações do documento

Autor

Aloysio Marthins De Araujo Junior

Escola

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Curso Geografia Econômica
Local Florianópolis
Tipo de documento Livro
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 4.91 MB

Resumo

I.O Ensino no Brasil Desafios e Reformas

Este estudo analisa o sistema educacional brasileiro, focando nos desafios do Ensino Fundamental e Ensino Médio, incluindo a Educação Profissional, Educação Especial, e a Educação de Jovens e Adultos. A pesquisa destaca a necessidade de reformas curriculares, baseadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais, para melhorar a qualidade do ensino e preparar os alunos para o mercado de trabalho. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) é analisada em seu impacto na estruturação do sistema. A baixa performance do Brasil no PISA evidencia a necessidade de investimentos em formação docente e melhores condições de trabalho para os professores. A implementação do Ensino Médio Integrado pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, com seus 31 Cefets, 75 Uneds, e outras instituições, é também examinada. A questão do abandono escolar e a importância de uma educação bilíngue e intercultural para povos indígenas são abordadas.

1. Ensino Fundamental e Médio Novas Estruturas e Desafios

O texto inicia discutindo a implementação do ensino de nove anos do Ensino Fundamental, conforme sugere o artigo 23 da LDB nº 9.394/96, que propõe uma nova nomenclatura, dividindo-o em Anos Iniciais (1º ao 5º ano) e Anos Finais (6º ao 9º ano). A pesquisa observa que nem todas as escolas adotaram essa estrutura. Além disso, são analisadas as diferentes modalidades de ensino, incluindo a Educação Especial para portadores de necessidades especiais, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), direcionada àqueles que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade apropriada, e a Educação Profissional, integrada ao trabalho, ciência e tecnologia, com o objetivo de desenvolver aptidões e capacidades para a vida produtiva. A oferta de educação escolar bilíngue e intercultural para comunidades indígenas também é destacada como componente da educação formal brasileira.

2. Educação Profissional e Ensino Médio Integrado

Uma modalidade de ensino crucial é o Ensino Médio Integrado, sob responsabilidade da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Seu principal objetivo é qualificar profissionais para diversos setores da economia, promover pesquisas e desenvolver novos processos e produtos em parceria com o setor produtivo. A rede conta com 31 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), 75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds), 39 escolas agrotécnicas, e sete escolas técnicas federais, além de outras instituições que oferecem cursos profissionalizantes em todos os níveis, incluindo dois Cefets, 25 escolas ligadas a universidades e uma universidade tecnológica (dados de 2012). O texto ressalta a importância dessa modalidade na formação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho brasileiro.

3. Avaliação da Educação Brasileira e o Desempenho do PISA

O documento cita a avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), realizado pela OCDE a cada três anos, como um indicador da qualidade da educação brasileira. Apesar de avanços em matemática, leitura e ciências, o Brasil se encontra entre as últimas posições entre 65 países avaliados. A metodologia do PISA, que se concentra na performance dos alunos sem considerar as condições de trabalho dos professores, é questionada. O texto argumenta que investir em novas tecnologias, como o programa "um computador por aluno", sem o devido investimento na formação e valorização dos professores, é ineficaz para a melhoria da educação. A precarização das condições de trabalho docente, com longas jornadas e baixos salários, contribui para a reprodução de situações, muitas vezes distantes da realidade regional e local, em vez da produção de novos conhecimentos. A pesquisa enfatiza a necessidade de valorização profissional e melhores condições para que os professores possam se dedicar à inovação e à formação de alunos mais capacitados.

4. Formação Docente e Desafios Contemporâneos

O texto destaca a necessidade de uma nova reorganização da escola e do ensino, avaliando sua qualidade e eficiência. A gestão escolar precisa se envolver com empresas e comunidade. A formação docente deve ser repensada para capacitar o professor a ser solucionador de problemas, buscar inovações e mobilizar recursos locais. A discussão se amplia para as teorias pedagógicas, passando por fases de teorias críticas que visavam transformar a sociedade, passando por análises que valorizam a cultura da escola e o profissionalismo docente. O ensino de Geografia é apresentado como um desafio: na escola básica, categorias trabalhadas pela geografia são reduzidas a 'saberes comuns', limitando a reflexão crítica dos alunos e professores. Abordagens sintéticas e analíticas no ensino de Geografia são analisadas e a precarização da profissão docente e sua consequência na qualidade do ensino são criticadas. Os desafios da formação docente e do ensino de Geografia num contexto de mundialização econômica e precarização do trabalho são enfatizadas.

II.A Geografia Econômica Evolução Conceitual e Aplicações

A pesquisa investiga a evolução da Geografia Econômica, desde a Geografia Tradicional até a Geografia Crítica. São analisadas abordagens como a Geografia Quantitativa e a Geografia Sistêmica, bem como as influências do Positivismo e do Marxismo na construção do conhecimento geográfico. A importância da divisão do trabalho na formação espacial é enfatizada, assim como o papel da Geografia na análise de processos econômicos e sociais em diferentes escalas. Conceitos-chave como território, espaço geográfico, e a relação centro-periferia são discutidos, considerando a influência da mundialização do capital. O estudo examina as contribuições de autores como Marx, Santos, e outros na compreensão das transformações espaciais sob o capitalismo. A aplicação de ferramentas como geoprocessamento e sistemas de informações geográficas no estudo da paisagem é mencionada.

1. Geografia Econômica Da Tradição à Crítica

O texto analisa a evolução da Geografia Econômica, contrastando a abordagem tradicional com a crítica. A Geografia Tradicional, influenciada pelo Positivismo, focava na descrição e investigação de paisagens, regiões e cidades, utilizando o método indutivo e a observação de fatos visíveis. Já a Geografia Crítica, surge em oposição à visão positivista, incorporando o Marxismo e a dialética marxista para analisar criticamente a realidade, buscando entender as relações de poder e as contradições sociais na organização do espaço. A Geografia Quantitativa e a Geografia Sistêmica, embora inovadoras em seus métodos (modelos matemáticos e sistêmicos), são criticadas por não criarem teorias próprias para a compreensão da realidade, servindo muitas vezes aos objetivos do Estado e dos governos. A discussão sobre o 'espaço' e o 'território' é central, com a Geografia Crítica definindo o território como uma organização social da produção, distribuição e consumo, além de um regime político com suas instituições e leis.

2. Influência de Teorias Econômicas na Geografia Econômica

O estudo explora a influência de teorias econômicas na Geografia Econômica. A Teoria do Estado Isolado de Von Thünen, a Teoria das Localidades Centrais de Christaller, a Teoria Centro-Periferia e a Teoria dos Pólos de Desenvolvimento de François Perroux são mencionados como exemplos de modelos utilizados na Geografia para fundamentar análises. A obra de Marx, com sua análise das forças econômicas como motor das transformações sociais, é destacada, enfatizando a divisão social do trabalho e a apropriação dos meios de produção. A contribuição de Milton Santos com o conceito de "Período Técnico-Científico-Informacional" é mencionada, destacando as mudanças nas relações de trabalho, produção e consumo. A discussão sobre a relação centro-periferia no sistema capitalista, a formação de oligopólios mundiais por empresas multinacionais e a subordinação dos países periféricos na divisão internacional do trabalho também são abordadas.

3. A Geografia Econômica e a Divisão do Trabalho Análise Espacial

A Geografia Econômica é analisada sob a perspectiva da divisão do trabalho, categoria crucial para a compreensão da formação espacial e da distribuição dos homens e das coisas no espaço terrestre. As divisões do trabalho ao longo da história criam novas atribuições aos territórios, transformando e recombinando as características de cada lugar, exigindo uma nova organização econômico-espacial. A mundialização do capital impulsiona uma redefinição dos espaços nacionais, regionais e locais e seus papéis na divisão territorial e social do trabalho, alterando os processos, constituições e significações. A "quebra" do poder do Estado em intervir no sistema produtivo e eliminar monopólios e oligopólios resulta em desigualdades e novas formas de gestão do território. Estudos sobre políticas públicas territoriais são mencionados como foco das pesquisas mais recentes. A análise da formação econômica e social brasileira, incluindo as teorias da CEPAL, da dependência e dos ciclos econômicos, são mencionadas, mostrando a complexidade da industrialização brasileira e sua inserção na divisão internacional do trabalho. A Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo também é referenciada, como base para discutir a especialização produtiva entre países.

III.A Crise Econômica Espanhola e seu Impacto na Educação

O trabalho analisa a recente crise econômica espanhola, destacando seu impacto no mercado de trabalho e na educação. O crescimento econômico da Espanha nas últimas décadas, impulsionado pela construção civil e pela entrada de imigrantes, é contrastado com o período de crise pós-2008. A entrada na União Europeia e a adoção do euro são considerados fatores relevantes. Empresas espanholas como Telefónica, Repsol, Endesa, Banco Santander, e Banco Bilbao Vizcaya Argentaria são mencionadas como exemplos de empresas com atuação internacional. A pesquisa discute a transição de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento e o papel da educação nesse contexto. Os objetivos do curso de Geografia na Universidade de Salamanca são apresentados como um exemplo das novas demandas profissionais no mercado de trabalho.

1. Crescimento Econômico e Crise na Espanha

O texto analisa a economia espanhola, destacando um período de crescimento sustentado por imigração, crescimento populacional e expansão do setor de construção civil. Esse crescimento, embora significativo, apresentou baixa produtividade e intensidade tecnológica. A entrada na União Europeia e a adoção do euro (início dos anos 2000) são apontados como fatores que influenciaram as mudanças estruturais. A partir de 2008, no entanto, a Espanha sofre uma grave crise econômica, com consequências sociais e políticas, que afeta a construção civil, setor-chave da economia espanhola. A crise econômica gerou um ciclo vicioso de redução de consumo e produção, devido ao endividamento das famílias e ao medo do desemprego. A alta taxa de desemprego acarreta uma forte contração do consumo, exigindo medidas políticas para solucionar o impasse. O texto menciona o papel de empresas espanholas de grande porte, como Telefónica, Repsol, Endesa, Banco Santander e Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, em sua inserção na economia internacional e em investimentos em países da América Latina.

2. Objetivos do Curso de Geografia na Universidade de Salamanca

O documento apresenta os objetivos do Título de Grado em Geografia da Universidade de Salamanca, que se baseiam na evolução recente da disciplina em nível internacional, nas demandas sociais relacionadas ao conhecimento, ordenação e desenvolvimento de territórios, e nas exigências profissionais do mercado de trabalho. A formação deve fornecer os conhecimentos básicos para atuação em áreas com forte vinculação com a Geografia e onde a disciplina possa contribuir para atender as demandas sociais. (Universidade de Salamanca, 2012).

3. Impacto da Crise Econômica na Educação

A crise econômica espanhola tem impacto direto no sistema educacional, afetando o acesso e a permanência na escola e no ensino superior. A transição para uma sociedade do conhecimento, impulsionada pela União Europeia e pela Espanha, exige um sistema educacional capaz de formar profissionais qualificados para um mercado de trabalho em transformação. O texto aponta a necessidade de políticas públicas que considerem a crise econômica e suas repercussões na educação, buscando garantir o acesso à formação e a competitividade do país em relação a outros países com melhor situação econômica. A crise impacta também a capacidade do sistema público estatal em prover aperfeiçoamento e renovação para seus professores, enquanto o sistema privado, dominado pela lógica de mercado, prioriza aspectos mercadológicos em detrimento da educação como valor social.