
Memorial Acadêmico: Promoção à Titular
Informações do documento
Autor | Humberto Gracher Riella |
Escola | Universidade Federal de Santa Catarina |
Tipo de documento | Memorial de Atividades Acadêmicas |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.46 MB |
Resumo
I.Formação Acadêmica e Experiência Profissional em Materiais Nucleares
O memorial descreve a trajetória acadêmico-profissional do autor, focando em sua experiência com materiais nucleares. Após a graduação em 1975, iniciou um projeto de pesquisa no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN/CNEN-SP, culminando em um mestrado sobre “Análises de gases residuais em pastilhas de óxido de urânio” (UO2). Posteriormente, realizou um estágio na Degussa (Hanau/Alemanha) em 1985, contribuindo para a fabricação do primeiro combustível nuclear brasileiro para o reator IPEN-MB/01. Seu doutorado na Universidade de Karlsruhe (1983) se concentrou na quantificação da solução sólida UO2-PuO2 em combustíveis nucleares, utilizando análise radiográfica e desenvolvimento de um programa computacional. Atuou como Gerente de Projeto Combustível Nuclear na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), coordenando a produção de combustível para o reator IEA-R1, com o uso de núcleo UAlx e enriquecimento de 20% em U-235. Em 1994, iniciou sua carreira como professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Departamento de Engenharia Química, especializando-se na área de materiais. Realizou trabalhos de consultoria para o Ministério da Marinha no projeto ARAMAR, envolvendo plantas de reconversão de urânio e fabricação de combustíveis nucleares. Recebeu o prêmio de Publicação do Ano da Latin American Section em 1989 pelo trabalho sobre o processo de redução de Ammonium-Uranyl Tricarbonate para UO2 em leito fluidizado. Sua trajetória demonstra expertise em engenharia de materiais, combustíveis nucleares, e processos de fabricação.
1. Mestrado e Iniciação em Pesquisa Nuclear
Em 1975, após a graduação, o autor recebeu uma bolsa para mestrado em Engenharia Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entretanto, participou do Curso de Nivelamento em Energia Nuclear no Instituto de Energia Atômica (IEA), atual IPEN/CNEN-SP, em janeiro e fevereiro de 1976. Ainda em fevereiro de 1976, foi convidado pelo Dr. Claudio Rodrigues (IEA) para um projeto de pesquisa de mestrado, financiado pelo IEA. Em março de 1976, iniciou oficialmente o curso de pós-graduação no IEA, abandonando a bolsa da UFRJ. Esse projeto resultou na montagem de uma unidade de controle de qualidade de pastilhas de UO2, combustível nuclear para reatores PWR como Angra 1 e 2. Seu trabalho de conclusão de mestrado foi intitulado “Análises de gases residuais em pastilhas de óxido de urânio”. A descrição dessa fase inicial destaca a sua imersão precoce no campo da pesquisa nuclear e o foco no desenvolvimento de tecnologia para o combustível nuclear.
2. Doutorado e Desenvolvimento de Combustível Nuclear Brasileiro
A defesa da tese de doutorado ocorreu em novembro de 1983 na Universidade de Karlsruhe, com o trabalho intitulado “Ermittlung der Plutonium-Konzentrationsverteilung In Uran-Plutoniumdioxiden Mit Hilfe Der Röntgenographischen Analyse”. Neste trabalho, foi desenvolvido um programa computacional para quantificar a formação da solução sólida UO2-PuO2 e determinar o tamanho dos cristalitos e tensões residuais nas pastilhas de combustível nuclear. Em janeiro de 1984, retornou ao IPEN, no Departamento de Metalurgia, e em 1986 foi nomeado Gerente de Projeto Combustível Nuclear pela CNEN, coordenando a fabricação do primeiro combustível nuclear brasileiro para o reator IPEN-MB/01. Um estágio de 45 dias na Degussa (Hanau, Alemanha) em 1985 foi crucial para essa empreitada, em cooperação com o Ministério da Marinha, visando capacitar técnicos e desenvolver tecnologia nacional para a produção de pastilhas de UO2 com enriquecimento em U-235 de 4,3%. Em março de 1989, o combustível desenvolvido no Brasil foi entregue ao reator IEA-R1, utilizado na produção de radioisótopos para medicina nuclear. Este projeto destacou a capacidade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do autor na área nuclear, culminando na produção de combustível nacional para reatores de pesquisa.
3. Carreira Acadêmica e Consultoria em Engenharia de Materiais
Em 1994, foi convidado como professor visitante (adjunto) do Departamento de Engenharia Química (ENQ) da UFSC, com recursos do CNPq, atuando no Laboratório de Materiais e Corrosão. O processo 23080.000889/94-50 aprovou sua contratação por doze meses (contrato assinado em 05/06/95). Assumiu as atividades em 14/09/95 (ofício nº 104/ENQ/95) e, em 18 de setembro de 1995 (ofício nº 820/DDRH/95), o cargo de professor visitante, iniciando sua carreira no ensino superior. Em setembro de 1996, tornou-se professor adjunto após concurso na área de materiais. A partir de 1º de janeiro de 1991, trabalhou na Empresa Gerencial de Projetos Navais (Ministério da Marinha), no Centro de Tecnologia Nuclear (Projeto ARAMAR, Iperó/SP), em atividades relacionadas à montagem de plantas de reconversão de urânio e fabricação de combustíveis nucleares (óxidos e metálicos), e montagem de laboratório para caracterização físico-química de materiais. Essa etapa destaca a transição para a carreira acadêmica e a continuidade da experiência profissional em projetos de engenharia e tecnologia de materiais, particularmente na área nuclear.
4. Prêmios e Reconhecimento Internacional
Em 15/06/1989, recebeu o prêmio de Publicação do Ano da Latin American Section pelo trabalho “Development of a Reduction process for Ammonium-Uranyl Tricarbonate to UO2 in a Fluized Bed”, divulgado no Jornal O Núcleo (CNEN, junho de 1989). Esse reconhecimento demonstra a relevância internacional de suas contribuições para a área de processamento de combustível nuclear. A premiação ressalta a qualidade e impacto da pesquisa realizada, consolidando sua reputação na comunidade científica internacional, principalmente no campo da tecnologia nuclear.
II.Produção Científica e Inovação em Materiais
Entre 2005 e 2015, o autor publicou 154 artigos em periódicos nacionais e internacionais, além de 3 livros, 8 capítulos de livros, 5 patentes e registros, e diversos trabalhos em anais de eventos. Suas pesquisas abrangem diversas áreas, incluindo o desenvolvimento de materiais cerâmicos (como a utilização de óxido de zinco (ZnO) e bentonita), materiais poliméricos com propriedades antimicrobianas (incorporando compostos como triclosan), e estudos sobre a interdifusão em sistemas de óxidos de urânio, demonstrando um amplo conhecimento em ciência e engenharia de materiais. Diversas publicações destacam-se pela sua relevância na área de engenharia nuclear e tecnologia de materiais. Alguns exemplos incluem estudos sobre as propriedades elétricas de compósitos de polianilina/cerâmica supercondutora e a proteção de células-tronco da crista neural contra a aflatoxina B1 utilizando bentonita. Diversas publicações foram apresentadas em congressos como o CBECIMAT e em eventos internacionais, como o World Fertilizer Congress.
1. Produção Científica Quantidade e Diversidade
O período entre 2005 e 2015 foi marcado por uma considerável produção científica, com um total de 154 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Além disso, foram publicados 3 livros (1 no Brasil e 2 no exterior), 8 capítulos de livros, 5 patentes e registros. A divulgação do trabalho também ocorreu em outros meios, incluindo 11 textos em jornais, 17 artigos em revistas, 267 textos integrais e resumos, e 9 expandidos em anais e eventos. Essa extensa lista demonstra um comprometimento consistente com a publicação e disseminação de resultados de pesquisa em diversas plataformas e formatos, indicando uma ampla gama de trabalhos realizados e um alcance significativo na comunidade acadêmica e científica.
2. Temas de Pesquisa em Materiais Abordagens e Aplicações
A pesquisa abrange diversos materiais e aplicações. Exemplos incluem estudos sobre as propriedades elétricas de compósitos de polianilina/cerâmica supercondutora, a influência do tamanho de partícula e concentração de AgNO3 no processo de troca iônica em vidros antimicrobianos, o efeito de diferentes precursores na síntese química de nanocristais de ZnO, e estudos de fase no sistema UO2-Gd2O3. Outras pesquisas investigaram o uso de bentonita na proteção de células-tronco, o desenvolvimento de polímeros bactericidas, e a aplicação de vidros bactericidas em compósitos poliméricos. A diversidade de materiais estudados (cerâmicos, poliméricos, compostos de óxidos) e as aplicações investigadas (medicina, energia, meio ambiente) demonstram uma abordagem multidisciplinar e a busca por soluções inovadoras em diferentes setores.
3. Publicações em Periódicos e Anais de Congressos
Diversas publicações em periódicos de renome são mencionadas, incluindo o Journal of Alloys and Compounds, Applied Clay Science, Materials Research, e Journal of Nuclear Materials, entre outras. A participação em congressos nacionais e internacionais, como o CBECIMAT, Congresso Brasileiro de Cerâmica, e o Latin American Congress of Artificial Organs and Biomaterials, demonstra a busca por disseminação e colaboração com a comunidade científica global. A apresentação de trabalhos em eventos como o World Fertilizer Congress e o European Research Reactor Conference também evidencia a amplitude do alcance e a colaboração em projetos de grande porte e impacto.
III.Coordenação de Projetos e Orientação de Alunos em Engenharia de Materiais
O autor coordenou projetos de pesquisa, ensino e extensão, com financiamento de órgãos como FAPESC, CAPES, CNPq e FINEP, além de parcerias com empresas. Os recursos foram investidos em formação de recursos humanos e melhoria da infraestrutura do Laboratório de Materiais e Corrosão (LABMAC) da UFSC. Atuou em bancas de concursos, mestrado e doutorado, promovendo a troca de conhecimento com outras instituições. A orientação de alunos em temas de engenharia química, ciência dos materiais e tecnologia nuclear demonstra um compromisso com a formação de novas gerações de pesquisadores na área.
1. Coordenação de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento
O autor coordenou diversos projetos de pesquisa, ensino e extensão, com financiamento de órgãos como FAPESP, CAPES, CNPq e FINEP, além de parcerias com empresas privadas. Esses recursos foram cruciais para a formação de recursos humanos e a melhoria significativa da infraestrutura do Laboratório de Materiais e Corrosão – LABMAC do EQA/UFSC. A coordenação desses projetos demonstra a capacidade de liderança e gestão de recursos do autor para conduzir pesquisas complexas, integrando diferentes fontes de financiamento e expertise para alcançar objetivos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. A menção a parcerias com empresas privadas indica uma forte ligação entre o meio acadêmico e o setor produtivo, buscando aplicação prática dos resultados das pesquisas.
2. Participação em Bancas Examinadoras e Formação de Recursos Humanos
A participação em bancas de concursos, mestrado e doutorado é destacada como uma atividade gratificante, permitindo interação e aprendizado com colegas e grupos de diferentes instituições brasileiras, além da própria UFSC. Essa experiência proporcionou uma rica troca de informações e conhecimentos, contribuindo para o aprimoramento da avaliação de pesquisas e a formação de novos pesquisadores. A participação em bancas demonstra o reconhecimento da expertise do autor pela comunidade científica, reforçando seu papel como formador de recursos humanos e difusor de conhecimento na área de materiais e engenharia. A atividade é vista como fundamental para a construção e consolidação da comunidade científica na área de materiais.