
Inteligência Emocional e Desempenho Acadêmico
Informações do documento
Autor | Ana Paula Louro |
Escola | Instituto Superior Miguel Torga (ISMT) |
Curso | Gestão de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional |
Tipo de documento | Dissertação |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 648.31 KB |
Resumo
I.Metodologia da Pesquisa sobre Inteligência Emocional e Desempenho Acadêmico
Esta pesquisa investiga a relação entre a inteligência emocional (IE) e o desempenho acadêmico em 111 estudantes universitários portugueses. Utilizou-se o modelo misto para avaliar seis dimensões da IE: auto-encorajamento, compreensão das emoções próprias, autocontrole perante críticas, compreensão das emoções dos outros, empatia e contágio emocional, e autocontrole emocional. O desempenho acadêmico foi medido pelas médias do primeiro semestre de 2009/2010. O estudo analisou a correlação entre essas dimensões da IE e o desempenho, considerando também variáveis como género, idade, estado civil, situação profissional e carga horária de estudo.
1. Amostra e Variáveis
A pesquisa utilizou uma amostra de 111 estudantes universitários portugueses, focando-se na relação entre inteligência emocional (IE) e desempenho acadêmico. O desempenho acadêmico foi avaliado com base nas médias das classificações obtidas pelos estudantes no final do primeiro semestre do ano letivo 2009/2010. Para medir a inteligência emocional, foi adotado o modelo misto, que avaliou seis dimensões: auto-encorajamento (uso das emoções), compreensão das emoções próprias, autocontrole perante as críticas, compreensão das emoções dos outros, empatia e contágio emocional, e autocontrole emocional (regulação das emoções). A escolha do modelo misto, e a seleção destas dimensões específicas, justifica-se pela sua abrangência teórica e capacidade de capturar aspectos relevantes do processamento emocional, segundo os autores referenciados no estudo. A metodologia buscou analisar a relação entre cada uma dessas dimensões de IE e o desempenho acadêmico, abrindo caminho para uma compreensão mais profunda das nuances desta relação. A escolha do ano letivo 2009/2010 para a avaliação do desempenho acadêmico, embora não explicitamente justificada, provavelmente se relaciona com a disponibilidade de dados e a temporalidade da própria pesquisa.
2. Instrumentos de Medida e Análise de Dados
A pesquisa não detalha especificamente os instrumentos utilizados para a coleta de dados além da menção do modelo misto para avaliar as seis dimensões da inteligência emocional. Entende-se que questionários foram utilizados para a coleta de informações relacionadas às dimensões da IE e às variáveis demográficas e acadêmicas dos participantes. A análise estatística envolveu a investigação de intercorrelações entre a inteligência emocional e suas seis dimensões, bem como a relação entre a inteligência emocional e o desempenho acadêmico. Para testar a hipótese de que as competências de IE aumentam com o avançar da idade, utilizou-se o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, por não ter sido atendida a condição de normalidade dos dados para a análise de variância One-Way. O uso de testes não-paramétricos, como o Kruskal-Wallis, indica que os dados coletados não seguiam uma distribuição normal, o que impôs limitações à escolha dos testes estatísticos aplicáveis e, consequentemente, à interpretação dos resultados. Este detalhe metodológico é crucial para a compreensão da confiabilidade e generalização dos resultados obtidos. Além disso, a análise descritiva dos dados forneceu informações sobre médias, medianas e desvios padrão para as dimensões da IE, permitindo uma análise inicial da distribuição dos resultados. Observações sobre a simetria dos dados são fornecidas, embora não haja detalhes sobre outros tipos de análise exploratória realizados.
3. Variáveis Adicionais e Considerações Éticas
Além da inteligência emocional e do desempenho acadêmico, a pesquisa considerou outras variáveis, como género, idade, estado civil, situação profissional (trabalhador-estudante), motivação para o curso, expectativas de carreira, curso, ano curricular, suporte financeiro para os estudos e horas semanais dedicadas aos estudos. Essas variáveis foram incluídas para investigar possíveis influências no nível de inteligência emocional dos estudantes e como poderiam estar relacionados com o desempenho acadêmico. O estudo menciona a consideração de aspectos éticos na pesquisa, incluindo o consentimento informado dos participantes, a garantia do anonimato dos dados e a explicitação dos objetivos do estudo. A menção à confidencialidade dos dados é feita, reforçando o compromisso com a ética na pesquisa, com a garantia de que apenas os responsáveis pelo projeto teriam acesso aos dados brutos, e que os resultados obtidos seriam divulgados publicamente, mas de forma agregada, preservando a privacidade dos participantes. Essa ênfase na ética da pesquisa é fundamental para a credibilidade do estudo e garante a proteção dos dados dos participantes, o que é um ponto crucial em pesquisas que envolvem seres humanos.
II.Resultados da Análise da Inteligência Emocional
Os resultados mostraram que estudantes com melhor desempenho acadêmico tendem a apresentar níveis mais altos de inteligência emocional. No entanto, as associações significativas entre a IE e o desempenho acadêmico não foram consistentes, sugerindo a necessidade de mais pesquisas. A dimensão 'empatia e contágio emocional' apresentou a média mais alta (5,90), seguida do auto-encorajamento (5,56). Análises adicionais revelaram uma correlação positiva entre a idade e a IE global. Estudantes com maior carga horária de estudo mostraram níveis mais altos de inteligência emocional, particularmente em auto-encorajamento e compreensão das emoções dos outros.
1. Resultados Gerais da Inteligência Emocional e Desempenho Acadêmico
A análise inicial revelou uma tendência de alunos com melhor desempenho acadêmico apresentarem níveis superiores de inteligência emocional. Embora esta seja uma observação importante, o estudo salienta a ausência de associações estatisticamente significativas entre a inteligência emocional (IE) como um todo e o desempenho acadêmico. Essa constatação aponta para a complexidade da relação entre esses dois fatores e sugere a necessidade de pesquisas futuras mais aprofundadas para esclarecer essa relação, dado que diversos estudos na área não apresentam resultados convergentes. A pesquisa destaca a necessidade de aprofundamento da temática, especialmente considerando a natureza controversa e relativamente recente do estudo da inteligência emocional em contextos acadêmicos. Os resultados obtidos, mesmo sem significância estatística robusta, fornecem insights importantes que podem orientar pesquisas futuras e reforçam a importância de investigar essa relação com maior detalhe e metodologias mais robustas. A pesquisa destaca a necessidade de um maior aprofundamento desta área, especialmente em publicações em língua portuguesa, onde a produção científica ainda é considerada escassa.
2. Análise das Dimensões da Inteligência Emocional
A pesquisa examinou as seis dimensões da inteligência emocional individualmente. A estatística descritiva mostrou que a dimensão 'empatia e contágio emocional' obteve a maior média (5,90), seguida pelo auto-encorajamento (5,56), indicando uma forte presença dessas características na amostra estudada. As dimensões 'compreensão das emoções dos outros' e 'compreensão das emoções próprias' também apresentaram médias elevadas (5,23 e 5,20, respectivamente). Já a dimensão 'autocontrole perante as críticas' apresentou média inferior, sugerindo uma área onde os estudantes poderiam necessitar de maior desenvolvimento. A análise da distribuição dos dados sugere uma distribuição aproximadamente simétrica para as dimensões da IE, com médias e medianas próximas. A comparação dessas médias entre as dimensões demonstra diferenças significativas nas habilidades e competências emocionais dos estudantes, com alguns aspectos da IE mais presentes do que outros na amostra estudada. Essa análise detalhada das dimensões individuais da IE permite uma visão mais completa e diferenciada das habilidades emocionais dos estudantes, enriquecendo a interpretação dos resultados globais da pesquisa.
3. Influência da Idade na Inteligência Emocional
O estudo investigou a relação entre idade e inteligência emocional. Através do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, os resultados demonstraram uma correlação positiva entre a idade e as competências de inteligência emocional global. Observou-se um incremento gradual nas competências de IE com o avanço da idade, com uma ligeira queda entre 41 e 45 anos, mas uma forte recuperação e tendência de crescimento a partir dos 46 anos, atingindo o valor máximo a partir dos 50 anos. Essa correlação positiva sugere que a experiência de vida e o desenvolvimento pessoal ao longo dos anos contribuem para o aprimoramento das habilidades de inteligência emocional. A utilização de um teste não-paramétrico é relevante, uma vez que indica que os dados não apresentavam normalidade, o que influenciou a análise dos resultados. A análise da tendência central através do teste de Kruskal-Wallis permitiu verificar a relação entre a idade e a inteligência emocional, considerando a natureza não-normal dos dados. A interpretação dos resultados considera a influência da idade como um fator importante no desenvolvimento da IE.
III.Resultados Relativos às Variáveis Demográficas e Acadêmicas
A pesquisa investigou o impacto de variáveis demográficas e acadêmicas na inteligência emocional. Embora não tenha havido diferenças significativas entre inteligência emocional e género (exceto em autocontrole emocional, maior nos homens), os homens apresentaram médias mais altas de IE global. As mulheres, por sua vez, obtiveram médias mais altas em empatia. As expectativas de carreira após a conclusão do curso não mostraram correlação significativa com a IE global. Um dado relevante: 28% dos estudantes não tinham expectativas de carreira e apenas 36% esperavam trabalhar na área de formação.
1. Género e Inteligência Emocional
A análise da relação entre género e inteligência emocional revelou resultados interessantes. Embora não tenha havido diferenças estatisticamente significativas entre a inteligência emocional global e o género, exceto na dimensão 'autocontrole emocional', os homens mostraram uma média ligeiramente superior de inteligência emocional global. As mulheres, por outro lado, obtiveram médias mais altas na dimensão 'empatia e contágio emocional'. Esses resultados sugerem que, embora a inteligência emocional global não difira significativamente entre os sexos, há diferenças nas dimensões específicas. A maior capacidade de autocontrole emocional nos homens, e maior empatia e contágio emocional nas mulheres, podem estar relacionadas com as diferentes formas de lidar com as emoções e de interagir socialmente. Essa relação inversa entre autocontrole e empatia, observada em ambos os sexos, reforça a complexidade da estrutura da inteligência emocional, mostrando que algumas dimensões podem se equilibrar inversamente.
2. Idade e Expectativas de Carreira
A pesquisa confirmou a influência da idade na inteligência emocional, com um incremento gradual das habilidades de IE conforme a idade avança. Já a relação entre a inteligência emocional e as expectativas de carreira após a conclusão do curso não apresentou significância estatística. Apesar disso, um dado relevante surgiu: 28% dos estudantes não tinham expectativas de carreira, e somente 36% esperavam exercer atividade profissional na área de formação acadêmica. Este resultado pode estar relacionado ao contexto econômico desfavorável e às dificuldades no mercado de trabalho, levando os estudantes a um pessimismo em relação às perspectivas de futuro na sua área de formação. Isto indica que mesmo com investimento em formação superior, a falta de oportunidades de emprego pode afetar as expectativas e motivações dos alunos. Apesar da falta de correlação significativa, a observação sobre as expectativas de carreira demonstra uma realidade complexa e desafiadora no mercado de trabalho, impactando diretamente nas motivações e perspectivas de futuro dos estudantes.
3. Carga Horária de Estudo e Suporte Financeiro
A análise da relação entre carga horária de estudo e inteligência emocional revelou que estudantes com maior carga horária semanal tendem a ser mais emocionalmente inteligentes, com maior auto-encorajamento e capacidade de compreensão das emoções dos outros e de autocontrole emocional. No entanto, é importante considerar que a amostra estudada apresentava uma carga horária de estudo consideravelmente baixa, com 68% dos estudantes estudando no máximo cinco horas por semana, o que é insuficiente para o número de unidades curriculares cursadas. A conciliação entre trabalho e estudos em uma amostra majoritariamente composta por trabalhadores-estudantes (82%) pode ser um fator justificador para esse tempo reduzido de estudo. Em relação ao suporte financeiro, embora não tenha sido encontrada significância estatística entre a IE global e a estrutura de suporte para os estudos, uma análise mais detalhada demonstrou significância nas dimensões auto-encorajamento e autocontrole emocional. Estudantes com suporte de entidades patronais apresentaram maiores níveis de inteligência emocional global, auto-encorajamento e empatia e contágio emocional, seguidos pelos estudantes que arcam com seus próprios custos de estudo. Essa observação indica uma relação entre esforço financeiro e resultados acadêmicos, pois o alto nível de auto-encorajamento em ambos os grupos demonstra que o investimento, próprio ou da empresa, motiva o estudante a se esforçar mais pelos seus resultados.
IV.Limitações do Estudo e Conclusões
O estudo apresenta limitações, como o tamanho da amostra (111 estudantes, predominantemente mulheres e trabalhadores-estudantes – 82%), a utilização de um método de auto-relato (potencialmente enviesado) e a predominância de testes não-paramétricos devido à falta de normalidade dos dados. Apesar disso, a pesquisa contribui para o conhecimento da relação entre inteligência emocional e desempenho acadêmico no ensino superior português, especialmente ao destacar a necessidade de estudos futuros com amostras maiores e mais diversificadas, bem como a exploração de outros métodos de avaliação da inteligência emocional.
1. Limitações da Amostra e dos Métodos
O estudo reconhece diversas limitações. O tamanho da amostra, composta por apenas 111 estudantes, é considerado pequeno, o que reduz o poder estatístico e a generalização dos resultados para a população portuguesa. A amostra também apresenta um viés de gênero, com cerca de 70% de mulheres, e uma alta proporção de trabalhadores-estudantes (82%), o que pode influenciar os resultados, uma vez que o gênero feminino apresentou médias de inteligência emocional ligeiramente inferiores. A utilização de testes não-paramétricos, devido à falta de distribuição normal dos dados, limitou as opções de análise estatística e, consequentemente, a profundidade das conclusões. O método de auto-relato para medir a inteligência emocional, embora prático, pode introduzir vieses devido à subjetividade do autoconceito de cada indivíduo, pois a confiabilidade dos resultados depende da precisão da auto-análise. Apesar da intercorrelação significativa entre as dimensões da inteligência emocional, como um bom indicador da escala utilizada, essas limitações metodológicas precisam ser consideradas ao interpretar os resultados.
2. Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras
Apesar das limitações, o estudo contribui para a compreensão da relação entre inteligência emocional e desempenho acadêmico no ensino superior português, fornecendo dados adicionais aos já existentes. A pesquisa destaca a falta de consenso na literatura sobre essa relação e a escassez de publicações em língua portuguesa sobre a temática. Apesar de a hipótese principal de uma relação direta entre inteligência emocional e desempenho acadêmico não ter sido confirmada com o nível de significância esperado, outros resultados são considerados relevantes. A pesquisa sugere que estudos futuros devem utilizar amostras maiores e mais homogêneas em relação a gênero e à proporção de estudantes que trabalham, e também expandir a pesquisa para incluir outros contextos acadêmicos, como universidades públicas. A exploração de diferentes instrumentos de avaliação da inteligência emocional também é recomendada para complementar os resultados e minimizar o potencial viés do auto-relato.
V.Solicitação de Acesso a Dados
A pesquisa solicitou acesso aos dados de estudantes do Instituto Superior de Línguas e Administração de Leiria para ampliar a amostra. A justificativa inclui a escassez de estudos em língua portuguesa sobre inteligência emocional e desempenho acadêmico no ensino superior e o alinhamento com pesquisas prévias do Prof. Doutor José Henrique Dias.
1. Justificativa da Solicitação
O pedido de acesso aos dados de estudantes do Instituto Superior de Línguas e Administração de Leiria (ISLA) justifica-se pela necessidade de ampliar a amostra da pesquisa sobre a relação entre inteligência emocional (IE) e desempenho acadêmico. A pesquisa, inserida em um programa de mestrado do ISMT – Instituto Superior Miguel Torga, sob a orientação do Professor Doutor José Henrique Dias, busca contribuir para o enriquecimento da temática, ainda considerada recente e com resultados divergentes na literatura. O autor menciona a escassez de estudos em língua portuguesa sobre o tema no ensino superior, tornando o acesso aos dados do ISLA crucial para expandir o escopo da pesquisa e garantir uma amostra representativa. O autor expressa o interesse específico em aprofundar a temática da inteligência emocional, baseando-se em pesquisas prévias do Professor Doutor José Henrique Dias, em particular uma sugestão apresentada em seu artigo "Inteligência emocional: Contributos adicionais para a validação de um instrumento de medida", no capítulo de limitações e sugestões para futuras pesquisas. Essa referência a um trabalho específico destaca a intenção do pesquisador de contribuir para o avanço da área de estudo, seguindo uma linha de investigação já estabelecida.
2. Detalhes da Pesquisa e Metodologia Proposta
A pesquisa pretende cruzar o construto da inteligência emocional com o rendimento acadêmico em estudantes do ensino superior. A metodologia proposta envolve a aplicação de um questionário para coletar dados sobre as dimensões da inteligência emocional e variáveis como desempenho acadêmico, género, idade, etc. O cálculo do rendimento acadêmico se dará utilizando a fórmula descrita no estudo “Optimismo disposicional, sintomatologia psicopatológica, bem-estar e rendimento académico em estudantes do primeiro ano do ensino superior”, de Monteiro, Tavares & Pereira (2008). A menção deste estudo específico indica o rigor metodológico da pesquisa e demonstra que o autor se baseia em procedimentos estatísticos já validados. O objetivo é ampliar a amostra do estudo, incluindo estudantes da instituição solicitada para obter resultados mais robustos e representativos. O pedido é direcionado a Carlos Silva, Diretor Acadêmico do ISLA, demonstrando o conhecimento e o respeito pelas instâncias administrativas da instituição. A escolha do ISLA demonstra um conhecimento prévio da instituição e da sua relevância para a pesquisa.