
Ortografia no 1º Ciclo: Estratégias Metacognitivas
Informações do documento
Autor | Mariana Sá Da Torre |
instructor | Doutora Ana Raquel Da Costa Aguiar |
Escola | Escola Superior De Educação Do Instituto Politécnico De Viana Do Castelo |
Curso | Mestrado Em Educação Pré-Escolar E Ensino Do 1º Ciclo Do Ensino Básico |
Tipo de documento | Relatório Final De Prática De Ensino Supervisionada |
Local | Viana Do Castelo |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 7.83 MB |
Resumo
I.Metodologia e Objetivo da Pesquisa sobre Dificuldades Ortográficas no 1º Ciclo do Ensino Básico
Este estudo de caso qualitativo e descritivo, realizado em Viana do Castelo, Portugal, investigou as dificuldades ortográficas apresentadas por 9 alunos (8 meninos e 1 menina) do 2º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico. A pesquisa focou-se na aprendizagem da ortografia em português, analisando as dificuldades encontradas na escrita e buscando estratégias de intervenção pedagógica. Utilizando estratégias metacognitivas, como ditado interativo e jogos de memorização, o estudo analisou a eficácia dessas abordagens para melhorar a competência ortográfica dos alunos, com foco nas irregularidades ortográficas da língua portuguesa. Um aluno apresentava Necessidades Educativas Especiais (NEE).
1. Enquadramento da Pesquisa Ensino da Ortografia no 1º Ciclo
O estudo de investigação, realizado no âmbito da Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º ciclo do Ensino Básico da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, centra-se no ensino-aprendizagem da ortografia no 1º ciclo do ensino básico. A escolha do tema justifica-se pela importância do domínio da ortografia para o sucesso escolar, sendo uma competência essencial para que os alunos escrevam corretamente, respeitando as convenções ortográficas. O estudo destaca que, no final do 4º ano, espera-se que os alunos escrevam com correção ortográfica, especialmente em situações de ditado, com atenção a homófonas comuns. A pesquisa teve como ponto de partida as observações de incorreções ortográficas em alunos do 2º ano, evidenciando a necessidade de investigar as dificuldades e propor estratégias de intervenção pedagógica para aprimorar o ensino explícito da ortografia, particularmente em relação às dificuldades na escrita de palavras. O estudo reconhece a crescente relevância da escrita na sociedade atual, devido ao acesso à internet e às redes sociais, destacando que a sociedade evoluiu de leitores para leitores e escritores, exigindo a escrita correta.
2. Metodologia da Pesquisa Abordagem Qualitativa e Descritiva
A metodologia adotada é qualitativa e descritiva, seguindo um paradigma interpretativo, através de um estudo de caso. A recolha de dados foi realizada através de observações, registos audiovisuais, documentos (cadernos, exercícios, textos produzidos pelos alunos) e conversas com os participantes. O estudo foi guiado por quatro questões de investigação: 1) Quais as dificuldades ortográficas que os alunos apresentam na expressão escrita? 2) Quais as principais razões das dificuldades ortográficas encontradas nos textos dos alunos? 3) Quais as estratégias de intervenção a adotar para melhorar o ensino explícito da ortografia, nomeadamente as dificuldades na escrita das palavras? 4) Que respostas e melhorias apresentam os alunos após a intervenção pedagógica? Os resultados preliminares apontam para as irregularidades ortográficas da língua como principal dificuldade, enfatizando a necessidade de atividades ortográficas adequadas e de estratégias metacognitivas que facilitem a compreensão e a memorização das regras ortográficas. O estudo utilizou técnicas como observação participante e naturalista, análise de documentos dos alunos (testes, registos escritos) e meios audiovisuais (vídeo e fotografia).
3. Caracterização dos Participantes e Contexto da Pesquisa
A investigação ocorreu numa turma mista de 1º e 2º anos do 1º Ciclo do Ensino Básico, numa escola pública do concelho de Viana do Castelo, Portugal. O grupo de estudo compreendeu 9 alunos (8 do sexo masculino e 1 do sexo feminino), com idades entre sete e oito anos. Um dos alunos apresenta Necessidades Educativas Especiais (NEE) e demonstra dificuldades de aprendizagem em várias áreas curriculares, incluindo português. Observou-se que o grupo demonstra maior interesse por matemática e expressões artísticas e físico-motoras. A escola, com dimensões reduzidas e estrutura térrea, apresenta boas condições estruturais e físicas, com recreio, parque infantil, e um espaço interno organizado para as atividades pedagógicas, incluindo uma biblioteca e sala de atividades divididas por temas. A escola está localizada num meio rural, próximo a florestas e espaços naturais, recurso aproveitado em algumas atividades. A escola básica possui três docentes (uma educadora de infância e duas professoras do 1º ciclo) e dois assistentes operacionais, um motorista e uma cozinheira. O jardim de infância dispõe ainda de professora de música (um dia por semana) e psicóloga do agrupamento.
II.Análise das Dificuldades Ortográficas e Resultados da Intervenção
A pesquisa identificou que as maiores dificuldades ortográficas dos alunos estavam relacionadas com irregularidades ortográficas, como o uso de ‘há’, ‘à’, e a distinção entre fonemas como [i] (grafado como
1. Identificação das Principais Dificuldades Ortográficas
A análise das produções escritas dos alunos revelou que as maiores dificuldades em ortografia estavam concentradas nas irregularidades ortográficas da língua portuguesa. Observações em cadernos, exercícios de manuais e textos produzidos em sala de aula, corroboradas pela professora cooperante, indicaram que os alunos apresentavam incorreções ortográficas frequentes, consideradas aceitáveis para o nível de ensino (2º ano). As dificuldades se manifestavam em diferentes áreas, incluindo a memorização de palavras, falta de treino na escrita e, principalmente, o desconhecimento das regras que regem as irregularidades ortográficas. Especificamente, a pesquisa destaca a dificuldade em distinguir e utilizar corretamente palavras como “há”, “a” e “à”, bem como a confusão na grafia de palavras com o fonema /i/ representado pelos grafemas
2. Estratégias de Intervenção e seus Resultados
Para superar as dificuldades ortográficas identificadas, o estudo implementou uma intervenção pedagógica estruturada em três etapas: diagnóstico, intervenção e aferição. Essa intervenção ocorreu ao longo de cinco semanas, cada uma focada em uma determinada incorreção ortográfica. Em cada semana, as atividades seguiam as três etapas, permitindo identificar as dificuldades mais frequentes (diagnóstico), implementar atividades de consolidação e memorização ortográfica com estratégias adequadas (intervenção), e avaliar os resultados da intervenção (aferição). As estratégias incluíram atividades lúdicas e o uso de jogos de memorização, como o jogo dos ditongos, e o ditado negociado do poema “O Cavalinho Branco”, de Cecília Meireles, que ajudou a trabalhar a utilização do grafema
3. Análise de Resultados em Atividades Específicas
A análise de atividades específicas, como a identificação da sílaba tónica em palavras e a compreensão do conceito de família de palavras, revelou dificuldades significativas entre os alunos. Muitos alunos apresentaram dificuldades em identificar a sílaba tónica de palavras, demonstrando falta de conhecimento sobre este conceito gramatical. Da mesma forma, a compreensão do conceito de 'família de palavras' mostrou-se desafiadora para a maioria dos alunos, com muitos tendo dificuldades em associar palavras com a mesma raiz e afixos. A análise dos erros cometidos também apontou para dificuldades com a distinção entre fonemas e grafemas, especialmente em casos de irregularidades ortográficas, destacando a importância da via lexical (memorização visual) como complemento à via fonológica (associação som-letra). A pesquisa evidencia a necessidade de atividades que fortaleçam a consciência fonológica e morfológica, bem como a memorização de palavras irregulares e o desenvolvimento do léxico, como estratégias para a superação das dificuldades ortográficas.
III.Estratégias de Ensino Aprendizagem para a Ortografia
Para superar as dificuldades ortográficas, o estudo destaca a importância de uma abordagem que combine a vertente integradora (relação com outras competências) e a vertente metalinguística (consciência das regras). A pesquisa sugere a utilização de atividades que promovam a consciência fonológica e morfológica, o uso de recursos tecnológicos (computadores e internet) para tornar a aprendizagem da ortografia mais atrativa e a importância da via lexical (memorização visual) além da via fonológica (som-letra) para fixar a escrita correta de palavras irregulares. A utilização de ditados negociados e atividades de memorização, associadas ao conhecimento lexical, se mostrou promissora.
1. Vertentes da Aprendizagem Ortográfica Integradora e Metalinguística
O documento defende que o desenvolvimento da competência ortográfica requer uma abordagem que contemple duas vertentes: a integradora e a metalinguística. A vertente integradora visa promover a relação com a escrita e outras competências, considerando o processo de escrita na sua globalidade, e não apenas a representação gráfica da palavra. Já a vertente metalinguística foca-se na construção de um conhecimento consciente das regras ortográficas, permitindo a resolução de problemas específicos do sistema ortográfico. O estudo concentra-se principalmente na vertente metalinguística, buscando estratégias que promovam a reflexão consciente sobre as regras de ortografia. A aprendizagem das regras ortográficas necessita de ser um processo reflexivo por parte dos alunos, com o professor atuando como guia, indicando os erros e auxiliando na busca de diferentes formas de escrever as palavras. Esse processo evolui em três etapas: inicialmente o aluno não percebe a possibilidade de grafias alternativas; depois, consegue identificar a escrita incorreta; e finalmente, antecipa a dúvida antes mesmo de escrever a palavra, demonstrando um maior domínio ortográfico.
2. Importância da Consciência Fonológica e Morfológica
O estudo enfatiza a importância do desenvolvimento da consciência fonológica (percepção dos sons da fala) e morfológica (compreensão da estrutura das palavras) para a aprendizagem da ortografia. A pesquisa destaca que o treino das unidades do oral deve preceder a introdução das unidades do código alfabético, sendo a primeira tarefa da escola dar a conhecer aos alunos os aspetos fónicos da língua através de um treino sistemático. No entanto, a pesquisa identifica que alguns alunos conseguem decifrar o som, mas não a sua representação gráfica, devido à falta de memorização da forma específica das palavras ou à existência de múltiplas possibilidades de grafar um determinado som. As dificuldades com a consciência silábica, intrassilábica e fonémica, a serem trabalhadas nos primeiros anos de escolaridade, foram apontadas como fatores cruciais para a aprendizagem do princípio alfabético. A atividade com a família de palavras “casa”, por exemplo, demonstrou a dificuldade dos alunos em compreender esses conceitos básicos. A pesquisa menciona que o conhecimento lexical é fundamental para a grafia correta das palavras, sendo que uma riqueza lexical maior contribui para a velocidade e capacidade de compreensão leitora. Para fixar a ortografia de palavras irregulares, a via lexical é tão importante quanto a fonológica.
3. Utilização de Recursos Tecnológicos e Estratégias de Memorização
O estudo aponta para a importância da utilização de recursos tecnológicos, como computadores e internet, na aprendizagem da ortografia. O computador permite o processo de escrita, a revisão e correção de erros, além da partilha de trabalhos entre os alunos, promovendo a autonomia e o interesse pela escrita. A internet possibilita projetos e atividades em grupo, ampliando a comunicação e interação. O uso de multimédia é destacado como um elemento que auxilia na eficácia das tarefas. A pesquisa menciona estratégias específicas de memorização para palavras irregulares, como jogos de memorização (ex: jogo dos ditongos) e o ditado negociado (ex: poema de Cecília Meireles), que promovem a reflexão e a construção de regras ortográficas pelos próprios alunos. A pesquisa sugere que os alunos devem ser levados a refletir sobre a ortografia, sendo capazes de distinguir regularidades e irregularidades na escrita, memorizando as palavras irregulares mais frequentes. O uso do dicionário é proposto como recurso para a consulta e memorização da grafia correta de palavras desconhecidas.
IV.Contexto da Pesquisa Escola e Comunidade em Viana do Castelo
A pesquisa foi realizada numa pequena escola básica em zona rural próxima a Viana do Castelo, Portugal. A escola possui 3 docentes (uma educadora de infância e duas professoras do 1º ciclo) e 2 assistentes operacionais, além de motorista e cozinheira. O jardim de infância conta com professor de música (1 dia/semana) e psicóloga do agrupamento. A escola possui um espaço organizado em áreas de atividades, incluindo biblioteca, jogos, desenho, e áreas ao ar livre. A localização rural, próxima a florestas, foi aproveitada em algumas atividades pedagógicas. A freguesia apresenta patrimônio cultural, com igreja, capelas e locais turísticos como o Barco do Porto e o Monte de São Silvestre.
1. Caracterização da Escola Básica
A pesquisa ocorreu numa escola básica de pequenas dimensões, com estrutura térrea, localizada numa zona rural perto de Viana do Castelo, Portugal. A escola apresenta boas condições estruturais e físicas. O espaço exterior inclui um recreio com campo aberto para atividades desportivas e um parque infantil com escorrega, baloiços e outros equipamentos para crianças do pré-escolar e 1º ciclo. Existe ainda um espaço com relva e areia, um canteiro de flores e um compostor. No interior, encontra-se um hall de entrada com estante de livros infantis e livros sobre a freguesia, lavatório e cabides. Há também uma sala para as AECs, salas para o 3º e 4º anos e para o 1º e 2º anos, e uma sala para acolher as crianças de manhã ou em dias de mau tempo. Esta última sala possui televisão, jogos, mesas e outros elementos para as crianças. A sala de atividades está bem organizada e adaptável às necessidades das crianças, divida em áreas temáticas: casinha, biblioteca, relaxamento, jogos de chão, jogos de mesa, desenho, modelagem, colagem, pintura, ciências, música e computador. Cada área tem um número máximo de crianças e materiais acessíveis e bem organizados.
2. Recursos Humanos da Escola
A escola básica conta com três docentes: uma educadora de infância e duas professoras do 1º ciclo. Relativamente ao pessoal não docente, a escola tem duas assistentes operacionais (uma para o jardim de infância e outra para o 1º ciclo), que auxiliam os docentes e supervisionam os alunos no exterior. Há também um motorista, pertencente à junta de freguesia, responsável pelo transporte das crianças do jardim de infância, e uma assistente operacional que auxilia no transporte e no refeitório. O refeitório conta com uma cozinheira. O jardim de infância tem uma professora de música que trabalha um dia por semana e uma psicóloga do agrupamento que acompanha algumas crianças durante o ano letivo. A escola possui ainda um espaço específico para armazenamento de materiais de artes como tintas, marcadores e plasticina.
3. Contexto da Freguesia de Viana do Castelo
A freguesia onde se localiza a escola possui patrimônio cultural e edificado, incluindo a igreja paroquial e capelas de São Silvestre e do Senhor dos Passos. As festas e romarias incluem a da Senhora do Amparo (terceiro domingo de maio), do orago São Tiago (24 e 25 de julho) e de São Silvestre (30 e 31 de dezembro). Além disso, existem outros locais de interesse turístico, tais como o Barco do Porto (passagem do Rio Lima), praia fluvial e o monte e castro de São Silvestre. Este monte é uma área patrimonial importante, usada para religiosidade, convívio e lazer. No passado, São Silvestre era considerado um santo protetor dos animais, principalmente bovinos. A localização rural da escola, próxima a florestas e espaços naturais, foi um recurso positivo para a realização de algumas atividades pedagógicas durante o estágio, permitindo levar as crianças para além do seu contexto habitual e enriquecer a sua aprendizagem.