
Literacia na Educação: Pré-escolar e 1º Ciclo
Informações do documento
Autor | Cláudia Sofia Da Costa Ventura |
instructor | Profª Doutora Maria Da Graça Borges Castanho |
Escola | Universidade Dos Açores, Departamento De Ciências Da Educação |
Curso | Educação Pré-Escolar E Ensino Do 1.º Ciclo Do Ensino Básico |
Tipo de documento | Relatório De Estágio |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.39 MB |
Resumo
I.A Importância da Literacia e da Leitura
Este documento aprofunda a temática da literacia em estreita relação com a leitura, competência transversal fundamental no currículo. A promoção do gosto pela leitura é crucial para a aprendizagem ao longo da vida, devendo ser um princípio adotado por todos os profissionais de educação. Desenvolver comunidades leitoras vitalícias é um processo complexo e exige motivação, esforço e prática de alunos e professores (Castanho, 2002).
1. A Literacia como Competência Transversal Fundamental
O documento inicia estabelecendo a literacia como tema central, intimamente ligada à leitura, uma competência transversal crucial para o currículo escolar. A importância da literacia e do ato de ler na aprendizagem ao longo da vida é enfatizada, salientando a necessidade de promover o gosto pela leitura. Este aspeto é considerado um princípio fundamental que todo profissional de ensino deve adotar. A pesquisa na área demonstra a imprescindibilidade de desenvolver comunidades leitoras vitalícias, capazes de desfrutar da leitura (Castanho, 2002). O documento sublinha a complexidade e a duração deste processo, que demanda motivação, esforço e prática contínua tanto do aluno quanto do professor. A promoção da leitura como chave para o sucesso na aprendizagem ao longo da vida é apresentada como um objetivo primordial, defendendo que tal promoção deve ser uma prioridade para qualquer educador.
2. A Importância de Comunidades Leitoras Vitalícias
Um ponto crucial do documento é a necessidade de criar e fomentar comunidades leitoras vitalícias. Esta ideia é reforçada pela citação de Castanho (2002), que destaca a importância de cultivar o hábito da leitura ao longo da vida. O documento reconhece o desafio inerente a essa construção, descrevendo o processo como complexo e demorado, exigindo motivação, esforço e prática constante de ambos os lados – tanto dos alunos quanto dos professores. A criação dessas comunidades leitoras é apresentada como um objetivo essencial para o sucesso educacional e para o desenvolvimento pleno dos indivíduos, numa sociedade que demanda o domínio da leitura e da interpretação de informações diversas e complexas. A aquisição desse hábito é apresentada como um processo que requer tempo, dedicação e um compromisso contínuo tanto por parte dos alunos quanto dos professores.
II. Literacia na Educação Pré Escolar e Ensino do 1º Ciclo
O estudo analisa as práticas de literacia em educação pré-escolar e ensino do 1º ciclo do ensino básico em Portugal. Aborda o desenvolvimento da linguagem oral e a abordagem à escrita, destacando a importância de evitar a introdução formal à leitura e à escrita, mas sim facilitar a emergência da linguagem escrita nas crianças. As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE) e as Metas de Aprendizagem para a Educação Pré-Escolar orientam as práticas dos educadores de infância.
1. Práticas de Literacia na Educação Pré Escolar
A seção analisa a implementação de práticas de literacia na educação pré-escolar, enfatizando o papel crucial da linguagem oral como base para o desenvolvimento da leitura e da escrita. O documento destaca que a abordagem à linguagem escrita deve ser feita de forma a aproveitar o conhecimento prévio da criança, focando-se na facilitação do surgimento natural da linguagem escrita, sem uma introdução formal e clássica à leitura e à escrita. As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE) e as Metas de Aprendizagem para a Educação Pré-Escolar, criadas em 2010, são apresentadas como documentos norteadores destas práticas, definindo condições favoráveis para o sucesso escolar e auxiliando os educadores de infância no planeamento de estratégias de progressão na literacia. O objetivo é que todas as crianças, antes de ingressarem no 1º ciclo do ensino básico, tenham alcançado as aprendizagens fundamentais para a continuidade do seu percurso educativo. O documento também aborda a importância de estimular as crianças para a leitura e escrita desde cedo, através de atividades lúdicas e significativas, que permitam uma aprendizagem abrangente e globalizante. A imitação da leitura e da escrita, em contextos de faz de conta, também é mencionada como reveladora de comportamentos de literacia e que podem conduzir progressivamente a uma evolução na escrita e na leitura (Pessanha, 2001).
2. Literacia no Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico
A análise estende-se ao ensino do 1º ciclo do ensino básico, abordando os objetivos desta fase do ensino obrigatório, conforme a Lei de Bases do Sistema Educativo (com alterações de 1997 e 2005). O documento destaca a importância de assegurar uma formação geral comum, desenvolver capacidades como raciocínio, memória, espírito crítico, criatividade e sensibilidade estética, sempre promovendo a realização individual e a harmonia com valores de solidariedade social. O Programa de Português do Ensino Básico (2009) é referenciado, sendo destacado o desenvolvimento da consciência fonológica e do ensino da decifração como condições essenciais para a aprendizagem da leitura e da escrita. O documento também menciona a evolução do conceito de literacia em Portugal, a partir da divulgação do Estudo Nacional de Literacia (1995) e a sua subsequente popularização (Silva, 2001; Martins, 2010; Benavente). O perfil profissional do professor do ensino básico, segundo o Decreto-Lei nº 240/2001, é apresentado, com ênfase nas dimensões profissional, social e ética; desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; participação na escola e relação com a comunidade; e desenvolvimento profissional ao longo da vida. A importância de ambientes de aprendizagem que promovam o prazer e a satisfação, e a abordagem transversal à língua portuguesa, são enfatizadas, mostrando a necessidade de os educadores e professores não se limitarem apenas à área de Expressão e Comunicação.
III.Objetivos da Educação Pré Escolar e Ensino do 1º Ciclo
A educação pré-escolar em Portugal, com início no século XIX, evoluiu em resposta a fatores sociais como a industrialização e a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho (Ministério da Educação, 2000). Os objetivos do 1º ciclo, segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, incluem assegurar uma formação geral comum, desenvolver capacidades de raciocínio, espírito crítico e criatividade, promovendo a realização individual e a solidariedade social. O Programa de Português do Ensino Básico (2009) enfatiza o desenvolvimento da consciência fonológica e da decifração como essenciais para a aprendizagem da leitura e da escrita.
1. Evolução Histórica e Fatores Sociais da Educação Pré Escolar em Portugal
A seção contextualiza a educação pré-escolar em Portugal, traçando sua evolução histórica desde o século XIX. Seu surgimento é associado a fatores sociais importantes como a ascensão da classe média, o progresso da industrialização, a migração para áreas urbanas, o acesso das mulheres ao mercado de trabalho e mudanças na estrutura familiar (Ministério da Educação, 2000, p. 17). Esses fatores contribuíram para o reconhecimento e a crescente procura pela educação pré-escolar. A intensificação dessas tendências no início do século XX, mesmo durante o período da monarquia, levou ao surgimento de diversas entidades dedicadas à educação de crianças em idade pré-escolar. A descrição histórica da educação pré-escolar em Portugal, destacando sua relação com as transformações socioeconômicas do país, serve como base para a compreensão dos objetivos atuais desta fase educacional. A evolução histórica demonstra a crescente importância dada à educação pré-escolar em função das mudanças sociais e econômicas em Portugal, destacando a sua importância para o desenvolvimento das crianças e a sua preparação para os desafios da vida.
2. Objetivos do Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico
O documento apresenta os objetivos do ensino do 1º ciclo do ensino básico, conforme o artigo 7º, secção II, capítulo II da Lei de Bases do Sistema Educativo (com as alterações das leis nº 115/1997 e 49/2005). Estes objetivos incluem assegurar uma formação geral comum a todos os portugueses, promovendo a descoberta e desenvolvimento de interesses e aptidões, bem como o desenvolvimento de capacidades de raciocínio, memória, espírito crítico, criatividade, sentido moral e sensibilidade estética. A formação visa promover a realização individual em harmonia com valores de solidariedade social. O documento cita o Programa de Português do Ensino Básico (2009), que destaca dois momentos no 1º ciclo: nos dois primeiros anos, o foco está no desenvolvimento de comportamentos verbais e não verbais adequados a diferentes situações comunicativas; nos anos seguintes, o desenvolvimento da consciência fonológica e o ensino da decifração são essenciais para a aprendizagem da leitura e da escrita (Reis et al., 2009, p. 22). A formação visa, portanto, a construção de uma base sólida para a aprendizagem contínua, integrando a dimensão social e o desenvolvimento integral do aluno.
IV.O Conceito de Literacia em Leitura
O conceito de literacia evoluiu com a sociedade, tornando-se crucial num mundo marcado pela informação escrita e pelas novas tecnologias. A literacia em leitura implica a capacidade de compreender e usar textos escritos para atingir objetivos pessoais, desenvolver conhecimentos e participar na sociedade (OECD, 2002; Cabral, 2004). O desenvolvimento da literacia requer a apropriação do poder das palavras e o desenvolvimento da capacidade de pensar, refletir, criticar e agir (Cabral, 2004). Estudos como o PISA avaliam os níveis de literacia em diferentes países. A literacia é um conjunto de competências que se aperfeiçoam ao longo da vida.
1. Evolução do Conceito de Leitura e sua Relação com a Literacia
A seção discute a evolução do conceito de leitura e sua relação com a literacia, reconhecendo que as mudanças na sociedade influenciaram profundamente a forma como entendemos a leitura e a escrita. Atualmente, vivemos numa sociedade de literacia, marcada pela ampla circulação de informação escrita e pelo acesso massivo às novas tecnologias. O avanço científico e tecnológico, a competitividade crescente e a necessidade de atualização constante de conhecimentos levaram à reformulação do conceito de leitura. Embora existam diversas definições, há consenso sobre dois elementos comuns na leitura: a descodificação de signos gráficos e a extração de sentido (Viana e Teixeira, 2002, p. 13). No entanto, a leitura também envolve a construção de sentido, exigindo um domínio complexo de operações mentais, atitudes, expectativas, comportamentos e competências específicas relacionadas com a linguagem escrita (Viana e Teixeira, 2002, p. 18). A capacidade de interpretar textos para integrar conhecimentos e atingir objetivos pessoais, desenvolvendo o conhecimento e potencial individual para participar na sociedade, é definida como literacia (OECD, 2002; Cabral, 2004). Essa capacidade implica a apropriação do poder das palavras e o desenvolvimento da capacidade de pensar, refletir, criticar e agir (Cabral, 2004).
2. Literacia como Conjunto de Competências em Evolução
A seção define a literacia como um conjunto de competências que se aperfeiçoam ao longo da vida. O conceito de literacia em leitura, segundo Gave (2001), consiste na capacidade individual de compreender, usar e refletir sobre textos escritos para alcançar objetivos, desenvolver conhecimentos e potencialidades, e participar ativamente na sociedade (Carvalho et al., 2009, p. 23). Cabral (2007, p. 13) amplia esse conceito, incluindo um conjunto diversificado de conhecimentos, capacidades e estratégias construídos pelos indivíduos através de suas múltiplas experiências de vida. A visão de Pinto (2002, p. 95) sobre o termo literacia é abordada, reconhecendo a multiplicidade de abordagens e interpretações devido às mudanças sociais constantes. A necessidade de investimento constante do cidadão e de abertura social para a atualização contínua deste conceito é enfatizada, mostrando a complexidade e a dinâmica do processo de aquisição e desenvolvimento da literacia. A literacia é, portanto, um processo contínuo de aprendizagem e adaptação às mudanças sociais e tecnológicas em constante evolução.
3. Avaliação da Literacia e Estudos Internacionais PISA
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), promovido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), é apresentado como um importante instrumento para avaliar os sistemas educativos a partir do desempenho dos alunos. Desde 2000, o PISA avalia conhecimentos e competências em matemática, leitura e ciências em jovens de 15 anos de diversos países. O objetivo é medir a capacidade dos jovens de aplicarem seus conhecimentos para enfrentar desafios da vida real, e não apenas avaliar o domínio de conteúdos curriculares específicos (GAVE, 2012; Bettencourt, 2013, p. 42). A inclusão do PISA no texto demonstra a importância da avaliação comparativa internacional dos níveis de literacia e a necessidade de melhoria contínua dos sistemas educativos, buscando preparar os jovens para os desafios de um mundo cada vez mais exigente em termos de domínio da informação e interpretação de textos diversos e complexos.
V.Práticas de Literacia e a Ação do Professor
O documento descreve práticas de literacia implementadas em estágios pedagógicos, incluindo atividades que promovem a consciência fonológica, a leitura em voz alta e a compreensão textual. A promoção de ambientes de aprendizagem ricos em oportunidades de interação com materiais literários é crucial. O papel do educador de infância e do professor do 1º ciclo é fundamental em proporcionar experiências significativas e adaptadas às capacidades das crianças e alunos, garantindo a compreensão adequada das tarefas e objetivos. A abordagem à literacia deve ser transversal a todas as áreas curriculares.
1. A Importância de Experiências Significativas de Literacia
Esta seção enfatiza a necessidade de que as experiências de literacia sejam significativas para crianças e alunos. A adaptação dos materiais às competências a serem desenvolvidas é crucial. Tanto o educador de infância quanto o professor devem assegurar a compreensão adequada das tarefas, objetivos e competências a serem alcançados. Isso garante o envolvimento de todos na aprendizagem e no desenvolvimento das competências (Azevedo, 2009, p. 9). A ênfase está na criação de experiências de aprendizagem que sejam relevantes e acessíveis a todos, considerando as necessidades individuais e promovendo a participação ativa em atividades que contribuam para o desenvolvimento da literacia. A adaptação dos materiais e a clareza na comunicação dos objetivos são fundamentais para garantir que todas as crianças e alunos possam participar e se envolver ativamente no processo de aprendizagem.
2. O Papel do Educador de Infância e do Professor no Desenvolvimento da Literacia
O documento destaca o papel fundamental do educador de infância e do professor do 1º ciclo na promoção do desenvolvimento da literacia. Eles devem criar ambientes de aprendizagem que promovam o prazer, a satisfação e ofereçam ricas oportunidades de interação com materiais literários. A ação educativa não deve se restringir à área de Expressão e Comunicação ou à área curricular de Português; a literacia deve ser trabalhada transversalmente em todas as áreas curriculares. O educador de infância, especificamente, deve organizar o tempo de forma flexível e diversificada, promover a segurança afetiva, envolver as crianças em atividades e projetos, e fomentar a sua curiosidade pelo mundo. No que diz respeito à área de Expressão e Comunicação (domínio da linguagem oral e abordagem à escrita), o educador de infância deve organizar um ambiente estimulante, promover o desenvolvimento da linguagem oral e facilitar o aparecimento de comportamentos emergentes de leitura e escrita através de atividades de exploração de materiais escritos. A formação contínua e reflexiva dos professores é apresentada como fator essencial para a qualidade do ensino da literacia (Leal, 2012, p. 121).
VI.Estudo de Caso sobre as Práticas de Literacia
Um breve estudo de caso, utilizando entrevistas semi-estruturadas com educadores de infância e professores do 1º ciclo da Escola Básica Integrada Roberto Ivens, em Ponta Delgada (São José, Açores), foi realizado para investigar as práticas de literacia. Os resultados indicam uma intencionalidade educativa na promoção da literacia, com utilização de materiais e atividades diversificadas. Os benefícios do ensino da literacia incluem o contato com o código escrito e o despertar para a leitura, escrita e oralidade.
1. Metodologia do Estudo de Caso sobre Práticas de Literacia
Para investigar as práticas de literacia em educadores de infância e professores do 1º ciclo, o estudo adotou uma abordagem de estudo de caso, justificada pela necessidade de um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de estudo, permitindo um conhecimento amplo e detalhado (Gil, 1999, p. 72; Bell, 1997, p. 22). A metodologia escolhida permitiu analisar em detalhe as práticas em tempo razoável. A recolha de dados foi feita através de entrevistas semi-estruturadas, consideradas um método direto para obter informações sobre um determinado fenómeno, através de questões dirigidas a pessoas envolvidas (Tuckman, 2000, p. 517). A condução das entrevistas teve o cuidado de apresentar os objetivos e a natureza do estudo, colocando os entrevistados à vontade. A análise dos dados utilizou a técnica de categorização, classificando os elementos de significado constitutivos da mensagem segundo critérios que permitiram introduzir ordem na informação recolhida (Bardin, 1977, p. 39). A definição das categorias foi um processo aberto e definido durante a análise do corpus documental, numa abordagem de 'leitura flutuante'.
2. Resultados e Conclusões do Estudo sobre as Práticas de Literacia
O estudo focou-se em três objetivos: conhecer a perspetiva dos docentes do 1º CEB sobre a literacia presente nos documentos norteadores; conhecer as práticas de literacia dos educadores de infância; e conhecer as práticas de literacia dos professores do 1º CEB. Os docentes do 1º CEB consideram que os documentos norteadores do ensino têm como intenção formar bons leitores e escritores. Os principais benefícios do ensino da literacia, segundo os docentes entrevistados, são o contato com o código escrito e o despertar para a leitura, escrita e oralidade. Os resultados revelam uma intencionalidade educativa por parte dos profissionais de ensino, que mencionaram materiais e atividades específicas para o desenvolvimento da literacia. Os educadores de infância referiram usar materiais diversificados, enquanto os professores do 1º ciclo foram mais contidos nos recursos utilizados. O estudo foi realizado numa escola do agrupamento da Escola Básica Integrada Roberto Ivens, envolvendo entrevistas com três educadores de infância e cinco professores do 1º ciclo. Este estudo permitiu ampliar o conhecimento sobre as concepções e práticas de literacia destes profissionais, contribuindo para a reflexão sobre práticas educativas.