
Memorial de Atividades Acadêmicas
Informações do documento
Autor | Paulo Belli Filho |
Escola | Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
Curso | Engenharia Sanitária e Ambiental |
Local | Florianópolis |
Tipo de documento | Memorial de Atividades Acadêmicas |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 4.21 MB |
Resumo
I.Formação Acadêmica e Experiência Profissional
O pesquisador, natural de Florianópolis e autodenominado "manezinho", possui sólida formação em Engenharia Sanitária pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), com mestrado em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos e doutorado pela Ecole Superieure de Chimie de Rennes, França. Sua trajetória acadêmica e profissional é marcada por um profundo compromisso com o saneamento ambiental e a sustentabilidade, especialmente na área de suinocultura.
1. Formação Básica e Início na UFSC
A trajetória acadêmica do pesquisador se iniciou em Florianópolis, em instituições públicas, culminando na formação superior. Proveniente de família humilde, com pai mecânico e mãe costureira, ele se orgulha de sua origem como 'manezinho'. O ensino médio incluiu formação técnica em Edificações na Escola Técnica Federal de Santa Catarina (atual Instituto Federal de Santa Catarina). Em 1977, ingressou na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no curso de Matemática, mudando em 1978 para Engenharia Sanitária, por meio de vestibular. Este último curso representou uma mudança significativa na formação de engenheiros no Brasil, segundo o relato. A graduação na UFSC, concluída em fevereiro de 1983, foi uma das primeiras turmas formadas no país naquela área, e a primeira na UFSC. Durante a graduação, o pesquisador contribuiu para a consolidação do curso, superando dificuldades como a falta de professores, limitações de infraestrutura e o contexto político da época, fatos que moldaram sua formação política e ética, e seu compromisso com o Brasil.
2. Mestrado Doutorado e Pesquisa
Após a graduação em Engenharia Sanitária, o desejo de atuar no ensino superior o levou à busca por formação em pesquisa. Realizou mestrado em Hidráulica e Saneamento na Escola de Engenharia de São Carlos, sob orientação do Professor Eugênio Foresti, defendendo em 1985 a dissertação "Remoção de Coliformes e de Carga Orgânica em um Reator Anaeróbio", uma das primeiras pesquisas brasileiras com reator UASB. Essa tecnologia é, atualmente, uma das mais utilizadas no país para o tratamento de águas residuárias. Em 1991, iniciou seu doutorado na Ecole Superieure de Chimie de Rennes, na França, orientado pelo Professor Guy Martin, defendendo a tese em 1995. A pesquisa, fruto de acordo de cooperação internacional CAPES/COFECUB (título: Stockage et Odeurs des Dejections Animales Cas du Lisier de Porc), contribuiu para estudos sobre desenvolvimento sustentável da suinocultura, impulsionando a criação de um grupo de pesquisa no CNPQ focado em sustentabilidade da suinocultura e a implantação de estudos nesta área no Programa de Pós-Graduação de Engenharia Ambiental (PPGEA) da UFSC. A formação em Rennes contribuiu para o desenvolvimento de estudos em sustentabilidade da suinocultura, através do PPGEA da UFSC e grupo de pesquisa CNPQ.
3. Atuação na UFSC e Foco em Inclusão Social
As atividades do pesquisador na UFSC se destacaram pela cooperação com diversos setores da sociedade, com ênfase em projetos de inclusão social. Um marco importante foi o Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (TSGA), iniciado em 2007 e patrocinado pela Petrobras, em parceria com a EMBRAPA e EPAGRI. O TSGA, coordenado pelo pesquisador, integra pesquisa e extensão, apoiando o ensino em diversas regiões de Santa Catarina. O trabalho com o TSGA incluiu também a docência da disciplina Gestão da Água, em conjunto com o Professor Daniel José da Silva. As ações do projeto TSGA se estendem por várias regiões de Santa Catarina: Extremo Sul, Vale do Rio Tubarão, Urubici, Ituporanga, Concórdia, Chapecó e Grande Florianópolis, evidenciando o compromisso com a abrangência estadual e a inclusão social. O projeto contou com o apoio da Odotech, empresa pioneira em medições de odores e modelagem matemática, resultando em contatos com pesquisadores e tomadores de decisão, inclusive com o Ministro do Meio Ambiente de Quebec e o Presidente da Federação dos Produtores de Animais de Quebec. Sugestões foram apresentadas para o Laboratório de Controle da Qualidade do Ar (LCQAR) da UFSC, coordenado pelo Professor Henrique de Melo Lisboa.
II.Pesquisas em Sustentabilidade da Suinocultura
As pesquisas desenvolvidas em parceria com a EMBRAPA Suínos e Aves e a EPAGRI, focam no desenvolvimento sustentável da suinocultura em Santa Catarina, integrando tecnologias para a gestão de dejetos de suínos, tratamento de efluentes líquidos, e biogás, visando a preservação do meio ambiente e a inclusão social. Projetos em propriedades pilotos em Braço do Norte (SC) avaliam metodologias e tecnologias para o tratamento de dejetos, com foco na redução do consumo de água e na mitigação do impacto ambiental. O projeto “Validação de Metodologias e Tecnologias para Dejetos de Suínos” (EPAGRI, EMBRAPA, UNOESC e UFSC) é um exemplo crucial desta linha de pesquisa.
1. Parcerias e Foco na Sustentabilidade
A pesquisa em sustentabilidade da suinocultura é realizada em forte colaboração com a EMBRAPA Suínos e Aves (Concórdia) e a EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina). O objetivo principal é o desenvolvimento de pesquisas que promovam a sustentabilidade do setor suinícola brasileiro, integrando a produção suinícola à gestão de bacias hidrográficas e a formação de pessoal. As parcerias incluem também proprietários de animais, o Sindicato da Indústria de Carne de Santa Catarina (SINDICARNE) e a Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), demonstrando um compromisso com a integração entre pesquisa, setor produtivo e políticas públicas. O trabalho visa contribuir para políticas públicas na área de produção animal, buscando soluções que contemplem os aspectos ambientais e socioeconômicos da atividade.
2. Estudos em Propriedades Piloto e o Projeto TSGA
Desde 2001, o pesquisador realiza estudos em duas propriedades suinícolas piloto em Braço do Norte, sul de Santa Catarina. Essa parceria nasceu do projeto "Validação de Metodologias e Tecnologias para Dejetos de Suínos", coordenado pela EPAGRI (Engº Hugo Adolfo Gosmann), com unidades demonstrativas (UD) também em Concórdia, Videira e Joaçaba (EPAGRI, EMBRAPA, UNOESC e UFSC). Essas instalações permitiram a evolução de pesquisas e o desenvolvimento de novas iniciativas, como o projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (TSGA), patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental. As pesquisas buscam soluções para os complexos desafios da sustentabilidade da suinocultura, considerando as relações entre produção animal, ambiente, sociedade e economia. O contexto da suinocultura brasileira, comandado pela agroindústria e agronegócio, impõe dificuldades para pequenos produtores em se adequarem às exigências ambientais e de mercado, especialmente quanto à redução do consumo de água. Pesquisas conjuntas UFSC/EMBRAPA, associadas ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da UFSC, visam desenvolver propostas de redução no consumo de água na suinocultura.
3. Grupo de Pesquisa e Integração com outras Instituições
Um grupo de pesquisa em Sustentabilidade da Suinocultura, liderado por Paulo Belli Filho e Rejane Helena Ribeiro da Costa, desenvolve metodologias e tecnologias para a sustentabilidade do setor. As ações se baseiam em tecnologias, métodos e processos de pesquisa; gestão ambiental integrada com planejamento, educação ambiental e comunicação; e formação interdisciplinar em graduação e pós-graduação na UFSC. O grupo tem forte integração com a EMBRAPA Suínos e Aves de Concórdia e o Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas da UFSC, demonstrando um esforço colaborativo para a solução dos problemas ambientais e sociais relacionados à suinocultura. A complexidade das relações entre a produção animal, o ambiente, a sociedade e o interesse econômico é reconhecida, buscando-se a construção de uma suinocultura mais sustentável.
III.Pesquisas em Saneamento Ambiental
O pesquisador possui ampla experiência em saneamento ambiental, com destaque para pesquisas em reatores anaeróbios, gestão de odores, e biodesodorização, financiadas pelo PROSAB/FINEP/CNPQ e pela Rede Saneamento Ambiental e Habitação/FINEP. Metodologias de análise de odores e tratamento com biofiltros foram desenvolvidas e consolidadas, com aplicações em estações de tratamento de esgotos (como a de Orleans). O projeto FINEP sobre o desenvolvimento de um biofiltro automatizado em módulos, comercializado pela Multiagua, destaca a transferência de conhecimento para o setor privado. Participação em projetos relacionados ao biogás e energia, incluindo a Rede BIOGÁS/FINEP, para geração de energia elétrica a partir de aterros sanitários, também é um ponto relevante.
1. PROSAB e o Desenvolvimento de Metodologias
As pesquisas em saneamento ambiental se destacam pela participação em redes nacionais, com financiamento do Programa Nacional de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB)/FINEP/CNPQ. O pesquisador participou dos editais PROSAB I (pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios) e PROSAB II (digestão anaeróbia de lodos, resíduos sólidos e desodorização). O PROSAB permitiu o desenvolvimento e consolidação de metodologias para análise de odores e tratamento por biodesodorização usando biofiltros com turfa. Essa tecnologia se mostra eficaz para a realidade brasileira, e o PROSAB foi fundamental para sua consolidação e disseminação. Estudos sobre gestão de lodos de tanques sépticos integrados a resíduos sólidos orgânicos para co-digestão anaeróbia também foram realizados. Após o término do PROSAB, as pesquisas continuaram na Rede Saneamento Ambiental e Habitação/FINEP, mostrando a continuidade e impacto do trabalho desenvolvido.
2. Biogás Energia e a Rede BIOGÁS FINEP
Atualmente, o pesquisador integra a rede BIOGÁS/FINEP, focada no desenvolvimento de soluções tecnológicas a partir do biogás produzido em sistemas de tratamento de esgotos e aterros sanitários para geração de energia elétrica. Na UFSC, o trabalho se concentra em quatro subprojetos: avaliação do potencial de produção de metano em aterros sanitários; purificação de biogás com óxido de ferro; geração de energia elétrica a partir de biogás; e avaliação de uma rede piloto de energia elétrica a partir de biogás de aterro sanitário. Engenharias Sanitária e Ambiental e Mecânica da UFSC integram essa pesquisa. A integração interdisciplinar demonstra um novo foco no controle de poluição através de soluções inovadoras e sustentáveis.
3. Biofiltros Parcerias e Comercialização
Um projeto financiado pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2004) implantou e avaliou uma unidade demonstrativa de biofiltro em escala real para tratar odores em uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) em Orleans (SC), referência em saneamento para comunidades de pequeno porte. Baseado em pesquisas PROSAB/FINEP, o projeto evoluiu para uma parceria com a empresa Multiagua, resultando em um biofiltro com controle operacional automatizado e construção em módulos, submetido a edital de subvenção da FINEP para fins de comercialização. A parceria com a Multiagua demonstra a transferência de tecnologia para o setor privado, mostrando o potencial de impacto econômico e social das pesquisas. O desenvolvimento de um biofiltro com controle operacional automatizado e construído em módulo permitiu a valorização dos resultados obtidos através dos estudos e experiência da aplicação tecnológica.
4. Outras Iniciativas em Saneamento Ambiental
Além dos projetos mencionados, o pesquisador destaca a participação em uma rede estadual de pesquisa em Biogás e Energia (FAPESC, 2014), a colaboração em projetos do Núcleo de Excelência – Projeto PRONEX (UFSC e FURB, 2011-atual) focado em tecnologias inovativas para a sustentabilidade do saneamento básico em Santa Catarina, e o projeto de filtros plantados com macrófitas (wetlands construídos) para tratamento descentralizado de esgotos (2012-atual). Esses projetos abordam temas como saneamento descentralizado coletivo, tratamento avançado de água (considerando a problemática dos agrotóxicos), e aproveitamento de gases gerados em aterros sanitários. A pesquisa em saneamento ambiental engloba diversas iniciativas, mostrando a amplitude do trabalho desenvolvido pelo pesquisador.
IV.Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água TSGA
O projeto TSGA (EMBRAPA/EPAGRI/UFSC), patrocinado pela Petrobras, destaca-se pela disseminação de tecnologias sociais para gestão de água e saneamento básico rural em diversas regiões de Santa Catarina. O projeto inclui ações de pesquisa, extensão e formação, com unidades demonstrativas e materiais pedagógicos disponíveis no portal (http://tsga.ufsc.br/). O CETRAGUA, um centro de tecnologias sociais para gestão da água, financiado pela Petrobras, representa a consolidação deste trabalho.
1. Objetivos e Parcerias do TSGA
O Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (TSGA) é uma iniciativa executada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em conjunto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e o Centro Nacional de Pesquisas em Suínos e Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (CNPSA/EMBRAPA). Iniciado em 2007, o projeto é patrocinado pela Petrobras através do Programa Socioambiental. A colaboração entre essas instituições públicas se baseia em sua experiência e compromisso com o desenvolvimento de tecnologias para gestão de recursos hídricos em Santa Catarina. O principal objetivo do TSGA é disseminar experiências de sucesso sobre o uso eficiente da água na produção de alimentos e saneamento básico rural. A primeira etapa do projeto ocorreu entre 2007 e 2010, focando em regiões-piloto de Santa Catarina. O projeto visa disseminar tecnologias sociais para saneamento básico rural, através de unidades demonstrativas para captação, armazenamento e tratamento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos. Também busca fortalecer a formação e capacitação, incluindo atividades de Educação a Distância (EaD), sobre o uso eficiente da água e preservação de recursos hídricos, priorizando alunos do ensino fundamental e técnicos das comunidades e organizações parceiras.
2. Implementação e Resultados do TSGA
O projeto TSGA se destaca pela sua abrangência em diferentes regiões de Santa Catarina, incluindo o Extremo Sul do Estado, o Vale do Rio Tubarão, Urubici, Ituporanga, Concórdia, Chapecó e a Grande Florianópolis, demonstrando um amplo alcance geográfico. O projeto produziu e disponibilizou publicamente 8 manuais técnicos para capacitação, cobrindo temas como saneamento básico rural, qualidade do solo e da água, gestão social de bacias hidrográficas, geotecnologias, educação e mudanças climáticas, e os três geos (geoconservação, geoturismo e geoparques). Estes manuais estão disponíveis para acesso livre no portal do projeto. A experiência do TSGA motivou a participação do pesquisador na formação de indígenas, lecionando a disciplina Gestão da Água juntamente com o Professor Daniel José da Silva. Um exemplo específico de trabalho é o TCC do acadêmico WoieLa Kano, sobre Gestão da Água na Terra Indígena Ibirama Laklãnõ. A experiência com o TSGA foi fundamental para a formação de indígenas e o empoderamento de comunidades, mostrando um forte componente de inclusão social e extensão universitária.
3. CETRAGUA e LABEFLU Infraestrutura e Apoio
Como parte do projeto TSGA, está em construção o Centro de Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (CETRAGUA), patrocinado pela Petrobras, fruto da aprovação em edital do Programa Petrobras Ambiental. O CETRAGUA consolida um dos objetivos do TSGA. Sua implantação, prevista para março de 2016, contou com apoio complementar da UFSC e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). O Laboratório de Efluentes Líquidos e Gasosos (LABEFLU), implantado em 2001 e supervisionado pelo pesquisador e pela Professora Rejane Helena Ribeiro da Costa, apoia as pesquisas coordenadas por ambos. Localizado no Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC, o LABEFLU abriga pesquisadores de diversas formações e regiões, e está previsto para integrar-se à estrutura do CETRAGUA.
V.Orientação e Supervisão
O pesquisador possui vasta experiência em orientação de estudantes de graduação, mestrado e doutorado, com destaque para projetos de iniciação científica (PIBIC) e trabalhos de conclusão de curso na área de Engenharia Sanitária e Ambiental. A quantificação de orientações inclui 16 projetos PIBIC, 18 TCCs, 25 dissertações de mestrado e 7 teses de doutorado concluídas.
1. Orientações na UFSC Números e Áreas
As atividades de orientação e supervisão na UFSC abrangem diversos níveis: pesquisadores diplomados, estudantes de mestrado e doutorado, acadêmicos em iniciação científica, estágios e trabalhos de conclusão de curso (TCCs), além de projetos do Programa Institucional. A quantidade de orientações é significativa, incluindo 16 projetos contemplados pelo PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica), 18 TCCs em Engenharia Sanitária e Ambiental, 25 orientações de mestrado e 7 teses de doutorado concluídas. Além disso, o pesquisador orientou dois especialistas com doutorado, mostrando uma ampla experiência em formação de recursos humanos em diferentes estágios da carreira acadêmica. A orientação de projetos de pesquisa abrange várias áreas, como saneamento ambiental, suinocultura sustentável, e gestão de recursos hídricos, refletindo a diversidade das pesquisas desenvolvidas pelo orientador e sua equipe.
2. Disciplinas Implantadas e Formação de Engenheiros
A contribuição profissional, técnica e científica do pesquisador resultou na implantação de disciplinas optativas em cursos de Engenharia. Duas disciplinas são destacadas: Processo Anaeróbio de Despejos (PAD) e Saneamento Ambiental no Meio Rural (SAMR). A PAD complementa disciplinas obrigatórias de tratamento de águas residuárias e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, enquanto a SAMR fornece aos engenheiros uma visão do meio rural, abordando questões sociais, ambientais e produtivas, incluindo saneamento básico rural e produção de alimentos. A criação destas disciplinas demonstra o compromisso com a formação de engenheiros capacitados a lidar com os desafios específicos de cada região e a necessidade de se trabalharem aspectos regionalizados sobre meio ambiente, saneamento ambiental e sociedade. A ênfase em desenvolvimento sustentável local e global é uma mensagem central transmitida aos alunos.
VI.Extensão e Cooperação Internacional
Além da pesquisa, o pesquisador participa ativamente de atividades de extensão universitária, incluindo a organização de eventos (como o III EFAMUC em Araranguá), produção de manuais técnicos e projetos de cooperação internacional, como o projeto CAPES/COFECUB (2013-2014) em gestão de odores em parceria com a Ecole de Mines d’Ales (França).
1. Atividades de Extensão na UFSC
As atividades de extensão incluem ações de cooperação, cursos de capacitação, organização de eventos, consultoria técnica, editoração de revista e coordenação de projetos de cooperação internacional. O Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água (TSGA) é destacado separadamente por integrar ensino, pesquisa e extensão, com foco na inclusão social e empoderamento tecnológico. A organização do III EFAMUC (Encontro de Formação Ambiental da Universidade do Contestado) em Araranguá (SC), região afetada pelo furacão Catarina em 2004, é mencionada como exemplo. Os objetivos específicos do III EFAMUC foram dar voz às comunidades afetadas por eventos climáticos extremos; conscientizar e sensibilizar as populações sobre fenômenos naturais; promover debates sobre prevenção e adaptação às mudanças climáticas; disseminar informações sobre riscos e medidas preventivas; capacitar lideranças sociais; elaborar documentos para os governos; e disseminar iniciativas socioambientais. A extensão universitária se mostra como um pilar fundamental na atuação do pesquisador, buscando sempre a integração com a comunidade e a busca por soluções práticas e inclusivas.
2. Cooperação Internacional e Produção de Materiais
Entre 2013 e 2014, o pesquisador coordenou um projeto de cooperação internacional apoiado pela CAPES e pelo COFECUB (Comité Français d'Evaluation de la Coopération Universitaire avec le Brésil), com o número 775/2013, intitulado "Desenvolvimento de metodologias de avaliação de impacto odorante para uma melhor qualidade de vida e um ambiente mais saudável". A parceria incluiu a Ecole de Mines d’Ales (França), UFSC, Universidade Federal do Espírito Santo e UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná). O pesquisador esteve envolvido na produção de 10 manuais técnicos para capacitação de pessoal, 8 deles patrocinados pelo projeto TSGA e disponíveis para acesso livre em seu portal (http://tsga.ufsc.br/). Os temas dos manuais foram definidos em conjunto com as comunidades e incluem saneamento básico no meio rural, qualidade do solo e da água, gestão social de bacias hidrográficas, geotecnologias, educação e mudanças climáticas, e os três geos (geoconservação, geoturismo e geoparques). A produção de materiais didáticos e o trabalho colaborativo em projetos internacionais demonstram o comprometimento do pesquisador com a difusão do conhecimento e a cooperação acadêmica.