
Peso de Suínos ao Nascimento e Abate
Informações do documento
Autor | Gustavo Parizotto Santian |
Escola | Universidade Federal de Santa Catarina |
Curso | Zootecnia |
Tipo de documento | Trabalho de Conclusão de Curso |
Local | Florianópolis |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.09 MB |
Resumo
I.Efeito do Peso ao Nascer no Desempenho de Suínos
Este estudo, conduzido pela Whiteshire Hamroc em Indiana, EUA, analisou o impacto do peso ao nascer (PESONASC) no crescimento e deposição de gordura de leitões das raças Duroc, Yorkshire, Landrace e Hampshire. A pesquisa utilizou dados de análise de variância e análise de regressão, considerando fatores como raça, sexo, granja, estação do ano, e classes de peso ao nascer (CLASPNAS). Resultados indicaram que leitões com maior PESONASC apresentaram maior peso ao desmame, aos 56 dias e ao final do Teste de Granja (PFIM), em todas as raças. A raça Yorkshire demonstrou maior taxa de crescimento que Duroc, Landrace e Hampshire. A variabilidade no PESONASC impactou significativamente o desempenho dos animais até o abate, demonstrando a importância deste parâmetro para a produtividade suína.
1. Objetivo e Metodologia do Estudo
O estudo realizado pela Whiteshire Hamroc, em Indiana (EUA), teve como objetivo principal analisar a influência do peso ao nascer de leitões de diferentes genótipos (Duroc, Yorkshire, Landrace e Hampshire) em sua taxa de crescimento e deposição de gordura, até o final do Teste de Granja. Utilizaram-se dados de duas granjas da empresa. A metodologia empregou análise de variância para comparar os efeitos de raça, gênero, granja, estação do ano e classe de peso ao nascer sobre o peso dos animais. A análise de regressão foi utilizada para avaliar o efeito da classe de peso ao nascer no desempenho dos animais de cada raça até o final do Teste de Granja. A coleta de dados incluiu pesos ao nascer (PESONASC), ao desmame (PDESM), aos 56 dias (P56DIAS) e ao final do teste (PFIM), além da espessura de toucinho (ETFIM). Os pesos originais, em libras, foram convertidos para quilogramas. Foram criadas cinco classes de PESONASC, considerando um desvio padrão entre elas. Na raça Hampshire, as classes inicial e final não foram consideradas devido à ausência de leitões nessas faixas de peso. As estações do ano foram classificadas de acordo com o clima do hemisfério norte.
2. Resultados Peso ao Nascer e Desempenho
Suínos das classes de maior peso ao nascer apresentaram maior peso ao desmame, aos 56 dias e ao final do Teste de Granja em todas as raças analisadas. Não houve interação significativa entre a classe de peso ao nascer e a raça. A raça Yorkshire exibiu uma taxa de crescimento significativamente maior do que as raças Duroc, Landrace e Hampshire durante todo o período de desenvolvimento. A análise estatística incluiu fatores como granja, estação do ano, sexo e interações entre esses fatores e a raça e a classe de peso ao nascer. Os dados foram analisados considerando animais com idade final no Teste de Granja entre 150 e 180 dias para minimizar a influência da variação de idade. A análise de variância para a raça Hampshire foi realizada separadamente devido ao número limitado de leitões em algumas classes de peso e estações do ano.
3. Discussão Implicações Econômicas e Fatores Influenciadores
O tempo necessário para um animal atingir o peso de abate ideal está diretamente ligado à rentabilidade da produção. Leitões com maior peso ao nascer tendem a apresentar maior sobrevivência e atingir o peso de abate mais rapidamente, reduzindo custos. A qualidade e quantidade de produtos obtidos são fortemente influenciadas pelas condições de gestação, lactação e creche dos leitões, refletindo no desempenho posterior. Leitões com baixo peso ao nascer, frequentemente resultado de baixo crescimento intrauterino, podem apresentar menor rendimento de carcaça e qualidade de carne, além de menor eficiência alimentar. A competição pelo leite materno é crucial, com leitões mais leves frequentemente prejudicados. A pesquisa discutiu a importância da homogeneidade no peso dos leitões dentro da leitegada para otimizar a produção e a qualidade da carne. A assistência prestada aos leitões nas primeiras horas de vida também é um fator importante, podendo afetar significativamente o desenvolvimento futuro. Embora o estudo tenha observado que leitões com baixo peso ao nascer em leitegadas de tamanho normal não apresentaram prejuízo no crescimento pós-natal em alguns casos, a competição pelo colostro e leite é crucial, e o baixo peso ao nascer pode prejudicar o desenvolvimento, principalmente em fêmeas.
II.Importância do Peso ao Nascer na Produtividade Suína
O peso ao nascer é um fator crucial para a rentabilidade na suinocultura. Leitões mais pesados apresentam maior taxa de sobrevivência, alcançam o peso de abate mais precocemente e, consequentemente, reduzem custos de produção. A pesquisa destaca a relação entre o peso ao nascer, o ganho de peso diário, e a eficiência alimentar. Leitões com baixo peso ao nascer enfrentam dificuldades na competição pelo leite materno, afetando seu desenvolvimento e o rendimento de carcaça. A qualidade da carne também pode ser afetada, com animais de baixo peso ao nascer apresentando menor quantidade de carne magra. O estudo reforça a necessidade de pesquisas na área de melhoramento genético para aumentar a homogeneidade das leitegadas e obter leitões com pesos mais uniformes ao nascer, maximizando a produtividade suína.
1. O Peso ao Nascer e a Rentabilidade na Suinocultura
O tempo que um suíno leva para atingir o peso de abate ideal impacta diretamente a rentabilidade da produção. Quanto mais tempo o animal permanece no sistema de produção, maiores os recursos consumidos. Este fato é particularmente relevante quando o produtor é pago pelo peso do leitão ao abate, e não por unidade vendida. O peso ao nascer (PESONASC) e o ganho de peso diário subsequente são, portanto, fatores cruciais. Leitões mais pesados, via de regra, apresentam maior taxa de sobrevivência e atingem o peso de abate mais precocemente, otimizando os lucros. A busca por produção com custos mínimos e alta produtividade é central, demandando inovações contínuas na suinocultura. Boas condições corporais ao nascer refletem cuidados na gestação, lactação e creche, influenciando diretamente o desempenho futuro e a produtividade. O peso e o tamanho da leitegada são indicadores essenciais de sucesso na criação de suínos (Pires et al., 2000).
2. Desempenho e Qualidade da Carne Impacto do Peso ao Nascer
Bérard et al. (2010) demonstraram a forte ligação entre o peso ao nascimento e as fases de crescimento e desenvolvimento subsequentes. Leitões com baixo peso ao nascer apresentam crescimento prejudicado em comparação aos mais pesados, comprometendo características econômicas importantes. A viabilidade de manter leitões de baixo peso no sistema produtivo permanece como uma questão em aberto (Almeida et al., 2015). Leitões com baixo peso ao nascer têm menor rendimento de carcaça e qualidade de carne, possivelmente devido a um baixo número de fibras musculares que sofreram hipertrofia acelerada durante o crescimento pós-natal. A deposição de gordura também é afetada; em suínos de baixo peso ao nascer, a energia é direcionada para a lipogênese em detrimento do crescimento muscular (Bee, 2007). A miogênese prejudicada em suínos com crescimento fetal retardado resulta em um menor número de células musculares, o que não é totalmente compensado por melhorias no aporte nutricional materno (Almeida et al., 2015). A seleção genética para maior homogeneidade de peso nas leitegadas se mostra como uma solução promissora para melhorar o crescimento muscular fetal e a qualidade da carne (Rehfeldt et al., 2008).
3. Fatores Adicionais e Boas Práticas na Suinocultura
Além do peso ao nascer, cuidados nas primeiras horas de vida são fundamentais para o desenvolvimento dos leitões (Furtado et al., 2012). Em leitegadas de tamanho normal (10 a 15 leitões), um peso ao nascer abaixo da média do rebanho (1,466 kg, desvio-padrão de 0,2 kg) não comprometeu o crescimento pós-natal em um estudo de Pardo et al. (2013), embora a variabilidade de gênero tenha tido maior impacto em leitegadas de baixo peso (<1,3 kg). A competição pelo leite, especialmente o colostro, é crucial para leitões menores que têm dificuldade em competir com seus irmãos maiores (Furtado, 2007). Suínos com baixo crescimento fetal não conseguem compensar o atraso em fases posteriores, resultando em menor quantidade de carne magra (Rehfeldt et al., 2008). A combinação de genética e nutrição é importante para aumentar o peso ao nascer e a uniformidade das leitegadas (Magnabosco et al., 2015). Leitões muito leves ao nascer, com baixa reserva energética, demoram mais para mamar efetivamente (Panzardi, 2010). O aumento no tamanho da leitegada está relacionado a maiores taxas de mortalidade, enquanto o aumento do peso médio ao nascer as reduz (Fraga et al., 2007).
III.Análise de Raças e Fatores Influenciadores do Desempenho
O estudo investigou o desempenho de quatro raças: Duroc (linhagem paterna, carne com alto teor de marmoreio), Landrace e Yorkshire (linhagens maternas, alta prolificidade e boa habilidade materna), e Hampshire (linhagem paterna, excelente qualidade de carcaça). A análise considerou a influência da granja, estação do ano, e sexo no peso ao nascer e no ganho de peso subsequente. Resultados mostraram que a raça influenciou significativamente alguns parâmetros, mas a interação entre raça e classe de peso ao nascer não teve efeito significativo. O sexo e a estação do ano também impactaram o desempenho dos animais, mostrando a complexidade dos fatores que influenciam o peso de abate e a eficiência na produção de suínos.
1. Desempenho das Raças Yorkshire Duroc Landrace e Hampshire
O estudo analisou o desempenho de quatro raças de suínos: Yorkshire, Duroc, Landrace e Hampshire. As raças foram selecionadas considerando suas características genéticas e sua utilização na produção. A raça Yorkshire se destacou por apresentar maior taxa de crescimento durante o desenvolvimento, superando Duroc, Landrace e Hampshire. A raça Duroc, conhecida por sua carne com alto teor de marmoreio, é frequentemente utilizada como linhagem paterna. Landrace e Yorkshire são comumente empregadas como linhagens maternas devido à sua alta prolificidade e boa habilidade materna. Hampshire, também uma raça paterna, é reconhecida por sua excelente qualidade de carcaça e precocidade. A análise de variância e regressão permitiu avaliar a influência da raça nos pesos ao nascer, ao desmame, aos 56 dias e ao final do teste de granja (PFIM), bem como na espessura de toucinho (ETFIM). Para as raças Duroc, Landrace e Yorkshire, a análise considerou os efeitos da raça, sexo, granja e estação do ano, além das interações entre esses fatores. A análise da raça Hampshire foi feita separadamente devido à menor quantidade de dados.
2. Fatores Influenciadores do Desempenho Granja Estação do Ano e Sexo
Além da raça, outros fatores foram considerados na análise do desempenho dos animais, incluindo a granja de origem, a estação do ano de nascimento e o sexo dos animais. As estações foram classificadas de acordo com o clima do hemisfério norte (inverno, primavera, verão e outono). Na região norte dos EUA, onde o estudo foi realizado, as estações apresentam características climáticas bem definidas, com invernos rigorosos e verões quentes. A análise de variância incluiu, sempre que possível, os efeitos de interações entre raça e estação do ano, raça e gênero, e raça e classe de peso ao nascer para explicar a variância nos dados. Covariáveis de idade (idade ao desmame, aos 56 dias e ao final do teste) foram incluídas nas análises de peso e ganho de peso para controlar a influência da idade nos resultados. A análise foi limitada a animais com idade final entre 150 e 180 dias para reduzir o efeito da grande amplitude de idade na população estudada. Granja, estação do ano e sexo mostraram efeitos significativos em diferentes variáveis analisadas, sublinhando a importância de controlar esses fatores em estudos de desempenho em suínos.
3. Análise da Espessura de Toucinho e Considerações Finais
A espessura de toucinho (ETFIM) foi influenciada significativamente por granja e estação do ano, com animais nascidos na primavera apresentando maiores valores. Fêmeas apresentaram maior ETFIM que machos, e Yorkshire e Landrace apresentaram valores maiores que Duroc. Contrariamente a alguns estudos, a classe de peso ao nascer não influenciou significativamente a ETFIM (Rehfeldt et al., 2008; Bee, 2007). Animais mais pesados ao nascer, sem distocia no parto, tendem a apresentar melhor desenvolvimento. Animais de classes de peso mais leve têm dificuldade de competir pelo leite materno, permanecendo mais leves até o abate (Furtado, 2007; Quiniou et al., 2002). Na raça Hampshire, o desempenho inicial foi menor para leitões mais leves, mas as diferenças diminuíram ao final do teste, possivelmente devido à menor variação no peso ao nascer desta raça. Os resultados reforçam a importância do peso ao nascer, com animais mais pesados mantendo vantagem em peso até o abate, impactando a rentabilidade do produtor.
IV.Recomendações para a Produção Suína
A pesquisa sugere que, embora leitões com maior peso ao nascer apresentem vantagens, não é necessário buscar pesos excessivos que possam comprometer a saúde da matriz. A prioridade deve ser a obtenção de leitegadas grandes e uniformes, com pesos viáveis ao nascer, permitindo a competição igualitária entre os leitões e um desenvolvimento mais homogêneo. A combinação de melhoramento genético e boas práticas de manejo é crucial para otimizar a produção suína, melhorando a sobrevivência de leitões, o ganho de peso, e a qualidade da carne, resultando em maior rentabilidade.
1. Peso Ideal ao Nascer Equilíbrio entre Quantidade e Qualidade
Embora leitões com maior peso ao nascer apresentem vantagens em termos de desenvolvimento e peso de abate, a pesquisa sugere cautela na busca por pesos excessivos. Pesos muito acima da capacidade da fêmea criadora podem ser contraproducentes. A recomendação principal é buscar a maior quantidade de leitões possível, respeitando a capacidade da porca, com peso ao nascer viável e mediano. Uma leitegada grande e uniforme é o ideal, pois garante que todos os animais tenham a oportunidade de competir de forma igualitária pelos recursos e ganhem peso de maneira equilibrada. Esta abordagem foca no balanceamento entre obter o maior número de leitões viáveis e garantir o desenvolvimento saudável de cada um, otimizando a produção e a rentabilidade. A uniformidade na leitegada minimiza perdas e garante que todos os animais atinjam seu potencial de crescimento.
2. Seleção Genética e Manejo Estratégias para Melhoria da Produção
A pesquisa destaca a importância de uma atuação conjunta entre genética e nutrição para atingir maiores pesos ao nascer e maior uniformidade nas leitegadas. O melhoramento genético é apontado como a ferramenta principal para selecionar animais superiores, com maior peso e melhor acabamento de carcaça, buscando um rendimento elevado de carne magra. Mudanças de manejo também são cruciais, contribuindo para uma produção mais eficiente. A melhoria da eficiência na produção suína está fundamentada no aumento do peso de abate, na eficiência na conversão alimentar em carne de qualidade, e no aumento do número de leitões por leitegada e por porca por ano. Investimento em melhoramento genético e ajustes no manejo têm demonstrado sucesso na obtenção de resultados produtivos e econômicos. A seleção para aumento do número de leitões, embora tenha seus benefícios, precisa levar em conta a uniformidade do peso para otimizar o uso dos recursos e garantir a sobrevivência dos animais.
3. Considerações sobre as Raças e Recomendações para Cruzamentos
O estudo utilizou as raças Duroc, Yorkshire, Landrace e Hampshire. Landrace e Yorkshire, raças de linhagem materna, demonstraram maior eficiência em termos de peso inicial, enquanto Duroc apresentou leitões mais pesados ao nascer, embora com menor taxa de crescimento. A raça Yorkshire se destacou no aumento do peso final do teste de granja (PFIM). Para cruzamentos, as raças Landrace e Yorkshire, consideradas como linhagens maternas, se mostram mais promissoras, para a obtenção de fêmeas F1, que posteriormente podem ser acasaladas com machos de raças paternas para otimizar o peso de abate e a qualidade da carne. Considerando os resultados, é necessário balancear a busca por animais mais pesados ao nascer com a capacidade da fêmea e a necessidade de leitegadas grandes e uniformes para garantir a eficiência e a rentabilidade da produção suína.