
Estágio Docência: Romantismo Brasileiro
Informações do documento
Autor | Ana Cláudia Fabre Eltermann |
instructor | Dra. Isabel De Oliveira E Silva Monguilhott |
Escola | Universidade Federal De Santa Catarina |
Curso | Letras – Língua Portuguesa E Literaturas Vernáculas |
Tipo de documento | Relatório Final De Estágio De Docência |
Local | Florianópolis |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 13.10 MB |
Resumo
I.Projetos Pedagógicos do Colégio de Aplicação da UFSC
O Colégio de Aplicação da UFSC possui diversos projetos pedagógicos que visam enriquecer a prática pedagógica, incluindo o projeto Córdoba (intercâmbio com a Escuela Manuel Belgrano da UNC), o projeto Coral (aulas de canto), Arte na Escola (parceria com o DAC da UFSC para formação de professores de artes), e o projeto Pés na Estrada (iniciação científica com visitas de campo, especialmente no nono ano). A iniciação científica é um pilar do currículo, implementada desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, com o objetivo de despertar o interesse pela ciência e suas relações com a vida, conforme o PPP (2012).
1. Projeto Córdoba Intercâmbio Internacional
O projeto Córdoba viabiliza um intercâmbio entre professores e estudantes do Colégio de Aplicação da UFSC e da Escuela Manuel Belgrano da UNC. Esse programa de intercâmbio promove a troca de experiências educacionais e culturais entre instituições de ensino superior, fomentando a cooperação internacional em âmbito acadêmico. A iniciativa visa expandir os horizontes dos alunos, expondo-os a diferentes metodologias de ensino, culturas e perspectivas, contribuindo para uma formação mais abrangente e globalizada. O sucesso do projeto depende da organização logística de viagens, da comunicação eficiente entre as instituições e do desenvolvimento de atividades conjuntas que promovam a integração entre os participantes. A experiência internacional enriquecerá o currículo dos estudantes, aumentando sua competitividade no mercado de trabalho e propiciando um desenvolvimento pessoal significativo. O projeto, portanto, foca na formação integral do estudante, além do aspecto acadêmico estritamente curricular.
2. Projeto Coral Desenvolvimento Artístico Musical
O projeto Coral oferece aulas semanais de canto para os alunos do Colégio de Aplicação. Essa iniciativa visa desenvolver habilidades musicais e artísticas nos estudantes, promovendo a expressão criativa por meio da música. Além do aprendizado técnico da prática vocal, o projeto tem um valor pedagógico considerável. A participação em um coral pode ajudar a desenvolver o trabalho em equipe, a disciplina, a autoconfiança e a coordenação motora. As apresentações públicas que o projeto normalmente contempla, também proporcionam a superação de obstáculos pessoais e desenvolvem a capacidade de comunicação e performance. Para um bom funcionamento, o projeto necessita de recursos como instrumentos musicais, espaço adequado para os ensaios e um professor qualificado. A avaliação dos resultados pode incluir a participação e envolvimento dos alunos durante as aulas e performances, o desenvolvimento técnico do canto e a melhora na performance ao longo do tempo. O projeto Coral se demonstra uma opção extracurrícular de grande valor para a formação dos alunos.
3. Arte na Escola Formação Docente em Artes
Em parceria com o DAC (Departamento Artístico Cultural) da UFSC, o Colégio de Aplicação desenvolve o projeto Arte na Escola. Este projeto tem como foco principal a formação continuada dos professores de artes da instituição, fornecendo-lhes ferramentas e recursos para aprimorar suas práticas pedagógicas. A parceria com o DAC, uma instituição renomada na área de artes, garante acesso a recursos e especialistas que podem contribuir significativamente para o desenvolvimento profissional docente. A iniciativa busca melhorar a qualidade do ensino artístico na escola, disponibilizando materiais e recursos pedagógicos modernos e atualizados. Para tanto, oficinas, workshops e palestras ministradas por profissionais da área são estratégias eficazes. A avaliação da eficácia do projeto pode ser medida através da percepção dos professores sobre a melhoria de suas habilidades, da qualidade das aulas de artes e do feedback dos alunos sobre o aprendizado. A atualização constante das práticas pedagógicas em artes é vital para a educação.
4. Projeto Pés na Estrada e Iniciação Científica Júnior Estimulando a Pesquisa Científica
O projeto Pés na Estrada visa estimular a pesquisa científica por meio de visitas de campo, integrando-se diretamente à Iniciação Científica Júnior. Este projeto direcionado, principalmente, aos alunos do nono ano, busca formar alunos pesquisadores, desenvolvendo habilidades de investigação e análise. As visitas de campo proporcionam experiências práticas e contextualizadas, permitindo que os alunos apliquem seus conhecimentos teóricos em situações reais. A Iniciação Científica Júnior, por sua vez, permite que os alunos desenvolvam um projeto de pesquisa, orientados por um professor da escola, culminando na escrita de um artigo científico. Segundo o PPP da escola (2012, p. 11), a prática da iniciação científica é um dos pilares do currículo, iniciando nos anos iniciais do Ensino Fundamental e contribuindo para o acesso ao conhecimento científico e o despertar do interesse pela ciência. A metodologia de ensino neste projeto exige recursos para as visitas de campo, orientação especializada para os alunos e um sistema de avaliação que leve em consideração a construção do conhecimento científico, a metodologia empregada e a apresentação escrita do trabalho final. O sucesso do projeto depende de uma gestão eficaz, coordenando as atividades de campo, a orientação dos alunos e a preparação dos artigos científicos.
II.A Prática Docente em Língua Portuguesa Abordagem Interacionista
A observação da prática docente de um professor de Língua Portuguesa no Colégio de Aplicação, com formação em Letras pela UFSC (mestrado e doutorado em literatura), revela uma abordagem interacionista, fundamentada nas teorias de Bakhtin, Vygotsky e Geraldi. O professor integra diferentes linguagens (literatura, artes visuais, cinema, música) ao ensino, promovendo análise linguística, produção textual (escrita e oral) e leitura em diversos gêneros textuais, buscando a produção de conhecimento e a reflexão sobre a língua, em linha com os PCNs e PCN+. A avaliação é contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos, respeitando as etapas da produção textual (planejamento, operação e revisão) e priorizando a reescrita. A carga horária semanal do professor (40h) é distribuída entre aulas (8h), planejamento (8h), administrativo (20h) e pesquisa (2h).
1. Formação e Experiência do Professor
O professor observado possui sólida formação em Letras - Português, com mestrado e doutorado pela UFSC, demonstrando profundo conhecimento em sua área, a literatura. Sua experiência de quatro anos como professor efetivo no Colégio de Aplicação, em dedicação exclusiva, e sua carga horária de 40 horas semanais (20h administrativas, 8h em sala de aula, 2h recuperação, 8h planejamento e 2h em projetos de pesquisa) indicam comprometimento e dedicação à instituição. A observação de dez horas-aula, combinada com uma entrevista, permitiu avaliar sua prática pedagógica. Ele se mostrou receptivo, apoiando e auxiliando o planejamento das estagiárias, contribuindo para um ambiente colaborativo. A descrição de sua rotina ilustra o compromisso do Colégio de Aplicação em fornecer aos professores tempo dedicado ao planejamento e à pesquisa, contrastando com a realidade de muitas outras escolas.
2. Abordagem Interacionista e Teorias da Linguagem
A prática docente se fundamenta em uma abordagem interacionista da língua, inspirada em teorias de Roland Barthes, Mikhail Bakhtin e Geraldi. A concepção de língua como um processo dialógico, onde o sujeito não é passivo, mas constrói significado na interação com o outro, permeia suas ações. O professor integra diferentes linguagens (literatura, artes visuais, cinema, música) nas aulas, alinhando-se à ideia do enunciado como unidade de interação (Bakhtin) e à produção de conhecimento como resultado de novas articulações entre conhecimentos disponíveis (Geraldi). A integração dessas diferentes linguagens visa enriquecer a compreensão e a apreciação textual, promovendo um aprendizado mais significativo e contextualizado. A citação de Antunes reforça a importância da fundamentação teórica sólida para uma prática eficiente. A utilização da perspectiva interacionista demonstra um ensino atualizado e alinhado às novas concepções pedagógicas.
3. Competências Linguísticas e Avaliação
O planejamento didático integra as competências de leitura, produção escrita, produção oral e análise linguística, com o objetivo de culminar numa produção textual em determinado gênero. O professor busca equalizar a quantidade de conteúdo com o tempo disponível, adotando um planejamento dinâmico e adaptável ao andamento das aulas. A avaliação é diversificada, utilizando diferentes modos e suportes, permitindo diversas formas de expressão dos alunos. A importância da reescrita dos textos, com a mediação do professor, é destacada, refletindo a crença de que o processo de escrita é contínuo e passível de aperfeiçoamento. As etapas de produção textual (planejamento, operação e revisão) são consideradas, garantindo uma avaliação formativa e contínua, como proposto por Antunes. A ênfase na revisão e reescrita demonstra a valorização do processo de construção textual e não apenas do produto final.
4. O Colégio de Aplicação e a Prática Docente
O Colégio de Aplicação se diferencia de outras escolas pela previsão de uma hora de planejamento para cada hora de aula, permitindo aos professores dedicação exclusiva ao planejamento e preparação de suas aulas, além de tempo para atividades administrativas ou de pesquisa e extensão. Esse modelo transforma o professor num pesquisador em constante atualização e produção de conhecimento, em contraste com a figura do mero reprodutor de conteúdo, preso ao livro didático. A carga horária do professor observado (40 horas semanais) reflete essa estrutura, com tempo significativo dedicado ao planejamento, pesquisa, e atividades administrativas. A escola, portanto, incentiva uma prática pedagógica que valoriza a pesquisa e o desenvolvimento profissional docente, permitindo a articulação teoria-prática e proporcionando um ambiente propício para um ensino de qualidade.
III.O Ensino da Poesia Romântica Brasileira Metodologia e Avaliação
O estágio focou no ensino da poesia romântica brasileira, explorando autores como Gonçalves Dias (Canção do Exílio), Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu. A metodologia utilizou recursos audiovisuais, intertextualidade (comparando versões de poemas como 'Canção do Exílio'), e atividades em grupo para promover a discussão e a participação ativa dos alunos. A avaliação buscou contemplar diferentes formas de expressão, incluindo apresentações, produção escrita (com reescrita) e atividades criativas, alinhadas à avaliação formativa preconizada pela LDB. A análise do poema 'Canção do Exílio' incluiu discussão sobre nacionalismo, idealização da natureza e relação com o Hino Nacional. Apesar da intenção de aulas diferenciadas, os alunos, acostumados a práticas inovadoras, não se mostraram tão motivados quanto esperado.
1. Metodologia de Ensino da Poesia Romântica
A metodologia empregada para o ensino da poesia romântica brasileira prioriza uma abordagem interativa e multidisciplinar. Aulas foram planejadas para explorar diferentes aspectos da poesia, incluindo análise de poemas de autores como Gonçalves Dias (Canção do Exílio), Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu. A leitura e discussão de poemas foram combinadas com o uso de recursos audiovisuais e atividades em grupo, estimulando a participação ativa dos alunos. A estratégia de intertextualidade foi usada para comparar diferentes versões de poemas, como a “Canção do Exílio” original com as versões de José Paulo Paes, Oswald de Andrade, Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade, propiciando a comparação de diferentes estilos e perspectivas. A análise contextual, incluindo o contexto histórico e social, contribuiu para uma compreensão mais profunda da obra. A utilização de outras linguagens, como música (Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque) e cinema (trecho de '500 dias com ela'), buscou criar conexões com o universo dos alunos, tornando o aprendizado mais significativo e relevante para sua realidade. Essa abordagem multidisciplinar e interativa visa a criar um ambiente de aprendizado mais dinâmico e engajador.
2. Aspectos Temáticos e Contextuais da Poesia Romântica
O estudo da poesia romântica brasileira abrangeu diferentes temas, incluindo o nacionalismo, amor, morte, infância e questões sociais. A análise da 'Canção do Exílio' de Gonçalves Dias, por exemplo, focou em aspectos poéticos, temáticos e contextuais, incluindo sua relação com o Hino Nacional Brasileiro. A discussão sobre o sofrimento amoroso e a idealização feminina foi abordada através da análise de poemas de Álvares de Azevedo ('Pálida à luz' e 'É ela! É ela! É ela! É ela!'). A inclusão de poemas com diferentes temáticas objetivou uma abordagem abrangente do período romântico, explorando a riqueza e diversidade de suas manifestações poéticas. A relação entre a poesia romântica e a cultura contemporânea foi explorada por meio de questionamentos sobre a permanência de elementos românticos na cultura atual, conectando o passado ao presente. A intenção pedagógica foi a de contextualizar a produção literária do período, explicando as escolhas temáticas em seu contexto histórico e social.
3. Avaliação da Aprendizagem Abordagem Formativa
A avaliação do aprendizado da poesia romântica se deu de forma diversificada, seguindo a perspectiva da avaliação formativa. A metodologia incluiu diferentes atividades pedagógicas, contempladas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, como a avaliação contínua e cumulativa do desempenho, com ênfase em aspectos qualitativos. Atividades práticas, tais como a criação de paródias e a elaboração de imagens que relacionassem poemas românticos com a realidade dos alunos, demonstraram a preocupação em avaliar diferentes formas de expressão. A perspectiva de Irandé Antunes (2006), que vê a produção textual como um processo contínuo e não apenas como um produto final, norteou a metodologia avaliativa. A possibilidade da reescrita dos trabalhos demonstra a importância dada à revisão e ao aprimoramento da produção textual. A avaliação contemplou a análise dos poemas, a compreensão contextual e a capacidade dos alunos de criar conexões entre diferentes linguagens, integrando literatura, artes visuais e outras manifestações culturais. A avaliação formativa buscou, portanto, acompanhar o desenvolvimento individual dos alunos ao longo do processo de aprendizagem.
IV.Projeto Extraclasse Adaptação de O Santo e a Porca
Um projeto extraclasse, utilizando a peça teatral 'O Santo e a Porca' de Ariano Suassuna (selecionada para o vestibular da UFSC), foi proposto para alunos de 10 a 15 anos. A metodologia incluiu dinâmicas (mímica, encenação, trabalho em grupo) para explorar a peça, mas encontrou dificuldades devido à sobrecarga de atividades dos alunos e ao fato do projeto ter sido inicialmente concebido para o Ensino Médio. Apesar dos desafios, a experiência resultou em grande envolvimento e aprendizado para os participantes, com destaque para a adaptação das atividades para um aluno com deficiência, com o apoio da escola e seus professores especializados.
1. Escolha da Peça e Justificativa
A peça teatral escolhida para o projeto extraclasse foi 'O Santo e a Porca' (1957), de Ariano Suassuna (1927-2014). A seleção se justificou pela inclusão da obra na lista de leituras do vestibular da UFSC daquele ano, visando potencialmente aumentar o interesse dos alunos, principalmente os do terceiro ano, na participação do projeto. Além do benefício para a preparação para o vestibular, a atividade extraclasse contribuiria para o desenvolvimento dos alunos, proporcionando contato com elementos do gênero discursivo peça teatral e promovendo a interação por meio das dinâmicas propostas. A escolha estratégica do texto buscou conciliar o aprendizado com um objetivo prático de preparação para o vestibular, estimulando o engajamento dos participantes.
2. Metodologia e Dinâmicas
A metodologia do projeto incluiu dinâmicas para promover a interação entre os alunos e a familiarização com a peça. Iniciando com apresentações e uma dinâmica de apresentação pessoal com gestos, buscando criar um ambiente acolhedor e informal, seguiu-se uma exposição sobre Ariano Suassuna e a obra. A leitura conjunta da peça, em versão adaptada, foi intercalada com dinâmicas como uma atividade em duplas onde um aluno vendado era guiado por outro, estimulando a confiança e a cooperação. Outra dinâmica envolvia comandos de movimento e expressão corporal no palco. A distribuição dos papéis dos personagens e as funções de produção (figurino, cenário, maquiagem) foram realizadas por consenso ou sorteio, estimulando o trabalho em grupo e a responsabilidade individual. A ênfase na entonação, sotaques e expressão emocional durante a leitura demonstra a preocupação com a interpretação e a performance teatral. O planejamento incluía a prática com figurinos e cenários na aula seguinte, mostrando a preocupação com a construção do resultado final.
3. Desenvolvimento do Projeto e Desafios Encontrados
O projeto foi desenvolvido com 13 alunos de 10 a 15 anos na Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, divididos em dois grupos com acompanhamento de três estagiárias cada. A necessidade de espaços separados para os grupos evidenciou desafios logísticos. Apesar de uma metodologia planejada para incentivar a participação, o projeto extraclasse não obteve o mesmo sucesso do trabalho em sala de aula, possivelmente devido à sobrecarga de atividades dos alunos do Colégio de Aplicação, como aulas de recuperação e educação física. A escolha da peça, mesmo sendo um texto relevante para o vestibular da UFSC, não foi suficiente para motivar os alunos de forma plena, revelando a importância de se considerar a faixa etária e o contexto de aprendizagem na escolha do material didático. Apesar disso, os alunos demonstraram interesse pela peça e pelas dinâmicas, indicando a relevância da proposta, mesmo que com ajustes necessários para uma maior adesão. Um dos maiores desafios foi adaptar a atividade para a faixa etária dos alunos, sendo o projeto inicialmente idealizado para o Ensino Médio, mas adaptado para alunos mais novos com sucesso.
V.Reflexões sobre a Experiência de Estágio
A experiência de estágio revelou desafios relacionados ao conteúdo (poesia romântica), à organização temporal das aulas, e à participação dos alunos. A necessidade de domínio teórico aprofundado e a dificuldade em engajar alguns alunos nas discussões orais foram pontos cruciais. Apesar da boa infraestrutura do Colégio de Aplicação (datashow, ar condicionado, espaços diversos), o sobrecarregamento de atividades dos alunos impactou a participação no projeto extraclasse. A comparação entre os estágios I e II destaca a diferença na relação com a escola e os alunos, com o estágio II apresentando maior dificuldade em criar laços mais próximos.
1. Desafios do Estágio II Conteúdo e Perfil da Turma
O estágio II apresentou-se como um grande desafio, tanto em relação ao conteúdo (poesia romântica brasileira) quanto ao perfil da turma. A necessidade de profundo domínio teórico sobre a poesia romântica para o desenvolvimento das aulas foi um fator crucial. Paralelamente, a observação prévia indicou que a turma era composta, em sua maioria, por alunos que não participavam ativamente das discussões, o que gerou frustração, pois a interação com o outro é considerada fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. A falta de engajamento por parte de alguns alunos, evidenciada pela pouca participação oral, contrastou com a expectativa de um diálogo aberto e a construção coletiva do conhecimento. A experiência destacou a importância não só do domínio do conteúdo, mas também da capacidade de envolver e estimular a participação de todos os alunos.
2. Comparação com o Estágio I e a Realidade do Colégio de Aplicação
Comparando o estágio II com a experiência do estágio I, observa-se uma diferença significativa na relação com os discentes e a equipe escolar. Enquanto o estágio I favoreceu uma relação dialógica mais próxima, o estágio II dificultou a criação de laços com a escola e os alunos. Essa diferença é atribuída ao funcionamento interno do Colégio de Aplicação, que, embora possua diversos projetos educativos e uma rica cultura escolar, apresenta, segundo a percepção das estagiárias, um sobrecarregamento de atividades para os alunos. Esse excesso de tarefas pode ter contribuído para a menor interação no projeto extraclasse e uma menor disponibilidade para aprofundar nas discussões e atividades propostas, apesar da boa estrutura física da escola e a qualificação dos professores. A sobrecarga de atividades, portanto, tornou difícil criar um elo mais próximo com a turma.
3. Resultados da Produção Escrita e a Questão da Educação Inclusiva
Apesar do envolvimento dos alunos nas atividades propostas, a produção escrita revelou resultados negativos. A escrita dos alunos se apresentou confusa, descontextualizada e com problemas estruturais, apesar da boa estrutura do Colégio de Aplicação e da formação dos professores. A dificuldade em relacionar dois gêneros textuais (poesia romântica e ficção contemporânea) demonstrou a necessidade de maior prática e reflexão sobre a produção textual. A falta de aprofundamento e de interesse em melhorar os textos, mesmo com a possibilidade de reescrita, destacou um desafio a ser enfrentado. A presença de um aluno com deficiência em sala de aula representou outro desafio. Embora o Colégio de Aplicação tenha oferecido suporte necessário e professores especializados, a experiência ressaltou a necessidade de maior formação na área de educação inclusiva para melhor atender às necessidades individuais dos alunos. A experiência com este aluno, porém, foi positiva em relação à integração e acolhimento da turma.
4. Reflexões Finais A Importância do Diálogo e da Organização Temporal
A experiência do estágio II foi resumida como um desafio, tanto em relação ao conteúdo (poesia romântica) como ao perfil da turma. A necessidade de domínio do conteúdo teórico e a frustração pela falta de participação ativa dos alunos em discussões orais foram pontos importantes. A dificuldade em conciliar o tempo disponível para as atividades propostas em aula foi outro ponto destacado. A autora destaca uma importante questão de planejamento: aprofundar um ponto específico ou abranger superficialmente diversos pontos. A experiência vivenciada reforça a crença na importância da interação para o processo de ensino-aprendizagem e a necessidade de um planejamento cuidadoso que contemple as características da turma e as necessidades individuais dos alunos. A autora finaliza apontando o contraste entre a expectativa de alunos com formação diferenciada, dado os recursos do CA, e a realidade observada.