
Soft Skills na Indústria 4.0
Informações do documento
Autor | Juliana De Rezende Penhaki |
Escola | Universidade Tecnológica Federal do Paraná |
Curso | Tecnologia e Sociedade |
Tipo de documento | Dissertação |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.73 MB |
Resumo
I.
Esta pesquisa investiga a importância das soft skills no contexto da Indústria 4.0, explorando a lacuna conceitual existente e a necessidade de alinhamento entre as habilidades humanas e as demandas da transformação digital. A pesquisa, realizada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), foca no conceito germânico de Indústria 4.0, definido por Hermann, Pentek e Otto (2016) como um modelo de indústria habilitado pela comunicação entre pessoas, máquinas e recursos. A análise considera as características da Indústria 4.0, como interoperabilidade, virtualização e descentralização, e seu impacto na transformação do trabalho e na necessidade de novas competências. O estudo analisa diversas perspectivas teóricas sobre soft skills, incluindo sua definição e classificação, para então identificar e caracterizar as soft skills cruciais para o sucesso na Indústria 4.0.
1. O Impacto da Automação e os Desafios da Indústria 4.0
A seção inicia abordando a crescente sofisticação dos robôs industriais, com Frey e Osbourne (2013) prevendo a substituição de tarefas manuais não rotineiras nas próximas décadas. Schwab (2015) destaca os desafios da Indústria 4.0: distribuição justa dos benefícios da disrupção tecnológica; contenção de externalidades; e empoderamento humano pelas tecnologias emergentes, evitando o controle por elas. A pesquisa se justifica pela necessidade de entender e se preparar para essa transformação. O impacto da automação na força de trabalho é apresentado como um fator motivador da pesquisa, com a necessidade de se adequar às novas demandas e o potencial de diminuição de empregos remanescentes na produção. A Indústria 4.0, como um novo paradigma industrial, focado em produtos e processos inteligentes, através de máquinas e sistemas ciberfísicos integrados a tecnologias como Internet das Coisas, Internet de Serviços, big data e computação em nuvem, representa um potencial e gera impactos na cadeia de valor, exigindo alterações nos requisitos de educação e transformações no ambiente de trabalho (Pereira; Romero, 2017).
2. A Relevância das Soft Skills no Contexto da Indústria 4.0
Esta parte argumenta a importância das soft skills no ambiente de trabalho moderno, citando Jimenez, King e Tan (2012), que as consideram essenciais para lidar com a expansão tecnológica, mudanças organizacionais e integração de negócios globais. A pesquisa busca um conceito claro e consensual de soft skills que atenda às demandas da Indústria 4.0, buscando elencar as habilidades mais importantes para facilitar o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento ao longo da vida profissional. Apesar de diversos estudos já realizados (Assunção; Goulart, 2016; Bancino; Zevalkink, 2007; Banco Mundial, 2018a; Spinks; Silburn; Birchall, 2006), a falta de taxonomia e consenso sobre a definição de soft skills motivou esta pesquisa. O objetivo é identificar um conceito que atenda às demandas da Indústria 4.0 e elencar soft skills relevantes, facilitando seu desenvolvimento em formações profissionais acadêmicas e industriais. A contribuição da pesquisa é direcionada para o planejamento do desenvolvimento de competências na academia e indústria, com foco na empregabilidade, produtividade e competitividade do capital humano, considerando-o como a nova riqueza das nações (Banco Mundial, 2018a).
3. Justificativa e Contribuições da Pesquisa
A seção justifica a pesquisa enfatizando sua relevância para o desenvolvimento do conhecimento científico e sua contribuição para os objetivos do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) da UTFPR. A pesquisa alinha-se aos preceitos e princípios do PPGTE, atendendo às demandas da academia e da sociedade. O tema proposto contribui para reflexões e ocupa um espaço na comunidade acadêmica, visando o desenvolvimento contínuo e sustentável do território, considerando os aspectos social, ambiental e econômico. A pesquisa está diretamente relacionada à linha de pesquisa 'Tecnologia e Desenvolvimento' do PPGTE, envolvendo estudos de futuro, tecnologia, inovação, territorialidade e desenvolvimento. A pesquisa também se baseia em autores como Landes (2005), que descreve o progresso da industrialização com base em três princípios de inovações: substituição da habilidade humana por máquinas; substituição de fontes de energia animadas por inanimadas; e utilização de matéria-prima nova e mais abundante. Esses aperfeiçoamentos levaram a um aumento sem precedentes na produtividade (Landes, 2005), intensificando-se ao longo do século XIX (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, 2016; Landes, 2005). A transição entre a terceira e quarta revoluções industriais é marcada por avanços em fábricas inteligentes, mudanças na criação de valor, na forma como as pessoas trabalham e na comunicação (Ghislieri; Molino; Cortese, 2018). O estudo se centra no conceito germânico de Indústria 4.0, utilizando como base os trabalhos de Hermann, Pentek e Otto (2016), que definem este modelo de indústria como aquele habilitado pela comunicação entre pessoas, máquinas e recursos.
II.Definição e Caracterização das Soft Skills
O estudo aborda as diferentes definições de soft skills, destacando a falta de consenso na academia e o contraste com uma definição mais pragmática no mercado de trabalho. As soft skills são analisadas sob diferentes perspectivas: como habilidades, competências, traços de personalidade, e habilidades interpessoais. A pesquisa busca definir um conceito de soft skills que atenda às necessidades do mundo do trabalho na Indústria 4.0, identificando as mais importantes para o profissional do futuro. A metodologia incluiu análise bibliométrica para identificar a frequência de termos relacionados a soft skills e Indústria 4.0 em diferentes bases de dados, como o Portal Periódicos Capes e o Google Acadêmico.
1. A Multiplicidade de Definições de Soft Skills
A seção inicia reconhecendo a falta de consenso na definição de soft skills, tanto na academia quanto no mercado de trabalho. O termo é descrito com diferentes denominações e apresenta diversas definições, ora como habilidades, ora como competências, ora como traços de personalidade. Essa ambiguidade é um dos fatores que impulsionou a pesquisa, buscando estabelecer um conceito mais claro e consistente. A pesquisa destaca a necessidade de se chegar a um entendimento unificado, pois a diversidade de interpretações dificulta a criação de propostas alinhadas e concisas para o desenvolvimento dessas habilidades. A pesquisa busca elucidar essas lacunas conceituais, identificando um conceito de soft skills que atenda às demandas da indústria 4.0 e que seja útil para o desenvolvimento profissional. Diversos autores são citados, mostrando a amplitude e a falta de uniformidade na definição do termo: Assunção; Goulart (2016), Bancino; Zevalkink (2007), Banco Mundial (2018a), Spinks; Silburn; Birchall (2006), entre outros. O estudo, portanto, propõe-se a contribuir para a clareza conceitual e a construção de uma taxonomia mais consistente.
2. Soft Skills como Habilidades Perspectivas Teóricas
Nesta parte, o estudo aprofunda a discussão sobre as diferentes perspectivas teóricas sobre soft skills. O texto argumenta que para esta pesquisa, as soft skills serão entendidas como habilidades. São discutidas as competências e os domínios que constituem as soft skills: conhecimentos, habilidades e atitudes. A pesquisa menciona autores como Heickman e Kautz (2012), que caracterizam soft skills como atributos pessoais, e Phillips e Phillips (2015), que diferenciam habilidades facilmente absorvidas e de impacto direto nos negócios de soft skills que desenvolvem liderança, comunicação e trabalho em equipe. A pesquisa utiliza a perspectiva de diversos teóricos para fundamentar o entendimento de soft skills, incluindo o modelo organizacional proposto por Durand (1998a), que ilustra competência como uma transformação de ativos e recursos em rentabilidade. Outros autores relevantes citados são Zarifian (1999), Fleury e Fleury (2001a, p. 184; 2001, p. 188a), e Dutra (2011), que trazem diferentes abordagens sobre o conceito de competência e habilidade.
3. Metodologia da Análise Bibliométrica de Soft Skills
A seção descreve a metodologia empregada na análise bibliométrica para identificar e caracterizar as soft skills. A pesquisa utilizou palavras-chave em português e inglês, incluindo variações no singular e plural, com e sem hífen, para garantir uma busca abrangente em bases de dados como o Portal Periódicos Capes e o Google Acadêmico. A escolha da utilização de termos em inglês se deve à predominância da literatura científica nessa língua, com exceção do termo 'Industrie 4.0' em alemão, por razões históricas. A análise comparou a representatividade percentual do uso do singular e do plural das palavras-chave relacionadas às soft skills, buscando identificar a melhor forma de busca para o trabalho. Termos como 'socioemotional skills' e 'soft competency' não apresentaram representatividade relevante e foram desconsiderados. A pesquisa resultou na identificação de 135 referências (artigos, livros e teses), com a identificação e tratamento de referências duplicadas, devido a replicação em diferentes bases de dados ou por diferentes combinações de palavras-chave. O processo de análise utilizou o operador booleano 'AND' sem filtros de localização ou horizonte temporal.
III. Habilidades para o Novo Cenário Industrial
A pesquisa caracteriza as soft skills essenciais para a Indústria 4.0, considerando as novas demandas do ambiente de trabalho. São analisadas habilidades como comunicação, liderança, criatividade, motivação e flexibilidade, adaptando-as ao contexto da interoperabilidade, virtualização e descentralização da produção. O estudo destaca a necessidade de desenvolvimento e aperfeiçoamento dessas habilidades tanto pelas instituições de ensino quanto pelas indústrias, focando na empregabilidade, produtividade e competitividade. As novas soft skills, como Comunicação 4.0 e Liderança 4.0, são analisadas em relação às tecnologias e desafios da Indústria 4.0, considerando a interação homem-máquina e a necessidade de tomada de decisões rápidas e assertivas. A pesquisa enfatiza a importância da sensibilidade humana no contexto da automação e da inteligência artificial.
1. Soft Skills Necessárias na Indústria 4.0 Uma Análise Contextual
Esta seção detalha a caracterização das soft skills essenciais no contexto da Indústria 4.0, considerando as transformações tecnológicas e suas implicações no ambiente de trabalho. A pesquisa identifica e descreve habilidades consideradas cruciais para o sucesso profissional nesse novo cenário industrial. A análise considera as características da Indústria 4.0, como interoperabilidade, virtualização e descentralização, e como estas impactam a necessidade de novas competências. As soft skills são analisadas não como um conjunto estático, mas como habilidades adaptáveis às mudanças constantes do ambiente de trabalho na era digital. O texto destaca a influência da tecnologia na transformação do trabalho e a necessidade de se adaptar a novas formas de operar, interagir e comunicar, considerando a integração homem-máquina. A pesquisa propõe uma nova compreensão de soft skills, adaptando-as às demandas e soluções de situações contemporâneas, como a capacidade de lidar com grandes volumes de dados e a tomada de decisões rápidas e éticas.
2. Habilidades chave Comunicação Liderança e Criatividade 4.0
A seção apresenta uma análise mais detalhada de algumas soft skills consideradas cruciais para a Indústria 4.0: comunicação, liderança e criatividade. A comunicação na Indústria 4.0 é descrita como um processo transformado, envolvendo interlocutores humanos e máquinas inteligentes, exigindo novas formas de interação e linguagens diversas. A liderança na Indústria 4.0 precisa ser compartilhada, descentralizada e distribuída para lidar com a complexidade e a tomada de decisões rápidas e assertivas. A criatividade 4.0 é apresentada como uma habilidade multidisciplinar e holística, capaz de integrar o mundo real e o mundo virtual para criar produtos e serviços inovadores. O texto sugere que a motivação e a flexibilidade são também habilidades-chave, e que o sucesso na Indústria 4.0 dependerá da capacidade de se reinventar e inovar constantemente. A seção enfatiza que, apesar de outras habilidades também serem importantes, o estudo se concentrou em algumas por conta do recorte metodológico aplicado, reconhecendo que a lista não é exaustiva e que outras soft skills podem ser igualmente relevantes dependendo do contexto.
3. Implicações para Empresas e Instituições de Ensino
Finalizando a seção, o estudo apresenta as implicações da pesquisa para empresas e instituições de ensino. A pesquisa destaca a importância do desenvolvimento e aperfeiçoamento das soft skills para garantir a produtividade e o sucesso na implementação das tecnologias da Indústria 4.0. As empresas são incentivadas a investir no desenvolvimento dessas habilidades em seus colaboradores. As instituições de ensino devem incluir e aprimorar em seus currículos o desenvolvimento destas habilidades para atender às demandas do mercado. O texto sugere que a consideração das soft skills no processo de adequação à Indústria 4.0 é crucial para garantir bons resultados em produtividade e competitividade. A falta de univocidade no conceito de soft skills é ressaltada como uma dificuldade para o desenvolvimento de novas propostas e a necessidade de um maior alinhamento entre a academia e o mercado de trabalho é enfatizada. A pesquisa, portanto, contribui para uma melhor compreensão da importância das soft skills para o sucesso profissional e empresarial no contexto da Indústria 4.0.
IV.Conclusão e Limitações
A pesquisa conclui que as soft skills são fundamentais para o sucesso na Indústria 4.0, sendo imprescindíveis para alavancar a produtividade e lidar com a complexidade do novo ambiente de trabalho. O estudo destaca a falta de univocidade na definição de soft skills, uma limitação metodológica que afeta a taxonomia e o consenso sobre o tema. A análise bibliométrica, com o uso de termos sinônimos e derivações, resultou numa variedade de contextos e definições, sugerindo que, em futuras pesquisas, a busca deve ser mais focada nos termos específicos para obter resultados mais robustos. Apesar das limitações, a pesquisa contribui para o desenvolvimento do conhecimento científico sobre a relação entre soft skills e Indústria 4.0, proporcionando elementos para reflexões e discussões futuras.
1. Conclusões da Pesquisa sobre Soft Skills e Indústria 4.0
A pesquisa conclui que as soft skills são habilidades imprescindíveis para o sucesso na Indústria 4.0, atuando como um fator-chave para alavancar a produtividade e lidar com a complexidade do novo ambiente de trabalho. O estudo destaca a importância de se considerar o aspecto humano do trabalho, especialmente em um contexto de crescente automação e digitalização. As soft skills analisadas, como comunicação, liderança, criatividade, motivação e flexibilidade, são apresentadas como essenciais para a adaptação às mudanças e para a obtenção de resultados positivos. A pesquisa reforça a necessidade de desenvolvimento e aprimoramento contínuo dessas habilidades tanto por parte das empresas, investindo em seus colaboradores, quanto pelas instituições de ensino, adaptando seus currículos às novas demandas do mercado. A conclusão enfatiza a necessidade de um alinhamento entre o desenvolvimento das soft skills e a implementação das tecnologias da Indústria 4.0 para garantir bons resultados em produtividade.
2. Limitações Metodológicas e Sugestões para Pesquisas Futuras
A seção discute as limitações metodológicas encontradas durante a pesquisa, principalmente a falta de univocidade no conceito de soft skills. A diversidade de termos e definições encontradas na literatura dificultou a criação de uma taxonomia e um consenso sobre o tema. A análise bibliométrica, que utilizou termos sinônimos e derivados, resultou em uma ampla variedade de contextos e definições, o que poderia ter sido minimizado com uma busca mais focada nos termos propriamente ditos. A pesquisa sugere que futuras investigações evitem o uso de termos sinônimos ou derivados, concentrando-se nos termos específicos para obter resultados mais robustos e conclusões mais assertivas. A limitação metodológica reforça a necessidade de um maior alinhamento conceitual na área, tanto na academia quanto no mercado de trabalho, para que se possa construir uma base mais sólida para futuras pesquisas e propostas de desenvolvimento de soft skills.