UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Ciências Administrativas Curso Bacharel em Administração

Internacionalização do Ensino Superior

Informações do documento

Autor

Isadora Iannini Cota Dutra

Escola

Universidade Federal de Ouro Preto

Curso Administração
Tipo de documento Trabalho de Conclusão de Curso
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 0.98 MB

Resumo

I.Resumo da Pesquisa sobre Internacionalização do Ensino Superior

Esta pesquisa qualitativa, com uso de recursos quantitativos, investiga o nível de conhecimento de alunos de graduação em Administração de uma IFES brasileira sobre a internacionalização do ensino superior. O estudo busca compreender o grau de conhecimento, as possibilidades e barreiras à mobilidade acadêmica internacional, focando na experiência Brasil-Portugal. A hipótese principal é que, apesar da ampla disseminação do tema de internacionalização, a compreensão de sua efetividade é complexa e muitas vezes inacessível para os alunos. Uma amostra de 42 alunos foi analisada através de questionários semiestruturados.

1. Introdução à Pesquisa sobre Internacionalização

O resumo inicia estabelecendo a importância já consolidada da internacionalização do ensino superior em uma sociedade globalizada. Cita-se a influência de tratados internacionais, acordos econômicos e a redução de barreiras culturais como fatores que impulsionam a educação em um contexto multicêntrico. No Brasil, a internacionalização se apresenta como uma alternativa de formação para estudantes, embora o conhecimento efetivo sobre as possibilidades de mobilidade internacional entre os discentes seja baixo, na prática. Este estudo se propõe a analisar a familiaridade de alunos de graduação em Administração de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) com a temática da internacionalização, suas barreiras e possibilidades. A hipótese central é que, apesar da ampla difusão do tema, a compreensão da efetividade da internacionalização é mais complexa do que aparenta. A metodologia empregada é qualitativa, com recursos quantitativos, baseada na coleta de dados por meio de questionários semiestruturados, visando a um objetivo descritivo conclusivo. A pesquisa se concentra na compreensão do grau de conhecimento dos alunos sobre a internacionalização, suas possibilidades e barreiras, buscando estabelecer uma relação entre o que a literatura aponta sobre o tema e a experiência vivenciada pelos alunos de administração em uma IFES específica.

2. Contexto Brasileiro da Internacionalização e Programas Relevantes

O resumo destaca que diversas instituições de ensino no Brasil adotaram a internacionalização como alternativa de formação, abrangendo graduação e pós-graduação (Chinelato e Ziviani, 2017). A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) utiliza o grau de internacionalização como critério de avaliação institucional para cursos de stricto sensu, incluindo parcerias, publicações em journals e mobilidade estudantil (Morosini, 2011). O programa Ciência sem Fronteiras, financiado pelo governo federal, é citado como um exemplo de iniciativa que promoveu a mobilidade internacional de estudantes em diferentes níveis de ensino (Pinheiro e Finardi, 2014). Os benefícios da mobilidade internacional são considerados tanto a médio e longo prazo (criação de vínculos internacionais) quanto a curto prazo (novas experiências, metodologias e corpus teórico). A pesquisa destaca também a valorização da produção científica nacional por meio de uma divulgação mais eficaz das produções nacionais no campo da ciência, enfatizando o impacto positivo para o país. O aumento da taxa de migração em países ocidentais, especialmente para países de língua inglesa, é apresentado como um contexto importante para o tema da internacionalização.

3. Objetivo e Problema de Pesquisa

O estudo propõe-se a investigar o nível de conhecimento dos alunos de graduação em administração de uma IFES sobre a internacionalização do ensino superior. O problema de pesquisa centraliza-se na seguinte questão: qual o grau de conhecimento, as possibilidades e barreiras da internacionalização em relação aos alunos do curso de administração dessa IFES? O objetivo é compreender a relação entre o que a literatura acadêmica apresenta sobre a internacionalização e a percepção, vivência e conhecimento dos alunos sobre o assunto no contexto acadêmico. O estudo inclui uma breve ilustração da experiência de internacionalização Brasil-Portugal nessa IFES, considerando a língua portuguesa como um possível facilitador, embora na prática este não seja o caso, conforme aponta Cardoso (2014). A pesquisa destaca a importância da inserção do administrador, frente às grades curriculares que demonstram globalização, cultura e interculturalidade (Ferreira et al., 2016), na internacionalização para melhorar a tomada de decisão e os contatos globais. A pesquisa busca identificar uma possível dissonância entre um alto grau de interesse pela internacionalização e a busca por informações mais detalhadas sobre os programas, o que pode gerar improdutividade e frustração para estudantes e gestores. O realinhamento estratégico entre expectativas e metas é proposto como solução para que os programas de mobilidade alcancem seu público-alvo e concretizem seus objetivos.

II.Revisão da Literatura Perspectivas Acadêmicas sobre Internacionalização

A revisão de literatura aborda o debate acadêmico sobre a internacionalização como estratégia de desenvolvimento de IES em um mundo globalizado. Autores como Lima (2010, 2011, 2015), Araújo e Silva (2015), e outros, são citados para contextualizar a crescente importância da mobilidade acadêmica internacional, seus benefícios (enriquecimento cultural, aperfeiçoamento profissional, geração de capital acadêmico) e desafios (questões de financiamento, preparação linguística, etc.). A pesquisa também discute o conceito de hibridismo cultural e sua relação com a internacionalização, explorando as visões de Canclini (2011) e outros autores relevantes. São mencionados programas como o Ciência sem Fronteiras como exemplos de iniciativas de mobilidade acadêmica internacional no Brasil.

1. A Internacionalização como Estratégia de Desenvolvimento de IES

A revisão da literatura inicia contextualizando a internacionalização do ensino superior como uma estratégia de desenvolvimento das Instituições de Ensino Superior (IES), surgida a partir da década de 1980 como resposta ao mundo globalizado (Veiga, 2011). A crescente troca de experiências científicas e acadêmicas entre países é destacada como um dos pilares desse processo. Ferrari (2015) destaca o fluxo internacional de pessoas, informações e tecnologias como facilitador da troca de experiências e da interconexão do conhecimento, ultrapassando fronteiras e promovendo o entendimento de diferentes sistemas educacionais. A autora cita uma pesquisa de Galway (2000 apud Ferrari, 2015) que identifica três justificativas principais para o recrutamento de estudantes internacionais: geração de receita, diversidade no corpo discente e promoção de relações internacionais. A internacionalização é vista também como objeto de estudo para a avaliação da qualidade do ensino e da investigação (Araújo e Silva, 2015), e é conceituada como um processo que, em muitos casos, transcende a sua função utilitária para se tornar um fim em si mesmo, adquirindo um status performativo que 'faz uma realidade' (Araújo e Silva, 2015, p.85). O hibridismo cultural e a ampliação de experiências educacionais são apontados como fatores cruciais para o sucesso da internacionalização.

2. Benefícios Desafios e Visões Contrapostas da Internacionalização

A revisão discute os benefícios da internacionalização para as instituições de ensino e para os alunos, incluindo experiências sólidas, novos conhecimentos e melhoria da qualidade da educação, além de agregar valor ao currículo para o mercado de trabalho. A inovação na educação é vista como consequência da mudança de mentalidade de alunos e professores, criando um novo mercado de aprendizagem ainda não plenamente explorado. Autores como Araújo e Silva (2015) destacam a perspectiva da internacionalização como um processo complexo, quase alquímico, que pode ser mal compreendido e utilizado de forma superficial. A discussão sobre hibridismo cultural é aprofundada, apresentando diferentes perspectivas: enquanto alguns o veem como uma evolução natural dos idiomas e costumes (Cevasco, 2006), outros o percebem como resultado da imposição cultural de grupos dominantes sobre grupos dominados (Canclini, 2011). Canclini (2011) destaca a 'quebra das coleções culturais' e a 'quebra da territorialidade cultural' como processos importantes na hibridação cultural, exemplificando com a difusão de videogames e a utilização de celulares e internet. A internacionalização é também descrita como um processo que gera benefícios não apenas para as instituições e empresas envolvidas, mas também proporciona um enriquecimento cultural e técnico para os participantes (Aguiar, 2009), representando um investimento para o próprio país (Nogueira, Aguiar e Ramos, 2008).

3. Aspectos Motivacionais Impactos e Perspectivas Futuras

A 'imagem de destino', a necessidade de conhecimento e vivências em outras culturas e o desejo por novas experiências são apontados como fatores motivacionais para a participação em programas internacionais (Silva, Lima e Riegel, 2012; Ianni, 2005). O ensino superior é destacado como o principal fomentador de experiências internacionais no Brasil (Nogueira, Aguiar e Ramos, 2008), com um incremento nos intercâmbios após a Segunda Guerra Mundial (Nogueira, Aguiar e Ramos, 2008). Lima e Maranhão (2011) refletem sobre a influência da internacionalização na formação de currículos e apontam para a geração de vantagens para o setor privado. Stallivieri (2009) levanta questões sobre a absorção dos estudantes em processos de internacionalização, os benefícios reais para instituições e alunos, a preparação linguística, e o retorno social, cultural e profissional para os países de origem. Lima e Riegel (2015) comparam as motivações de estudantes brasileiros e colombianos em programas internacionais, identificando diferenças em relação ao trabalho e ao voluntariado. Chermann (1999) destaca a internacionalização não só como resultado, mas também como um fator que contribui para a globalização, com um legado para o ensino superior e uma tendência para instituições globais e virtuais. Batista (2000) discute o impacto dos processos globais na educação brasileira e a necessidade de um diálogo entre sociedade, entidades econômicas e o poder público. Santos (2006) alerta para os interesses capitalistas por trás dos incentivos à internacionalização, enquanto Teodoro (2003) enfatiza a importância do gerenciamento adequado, da preparação do corpo acadêmico e da consideração da voz do aluno. Finalmente, Freitas (2010) analisa a mudança de modelos de ensino superior na Europa a partir da década de 1980, com a transição de modelos centralizados para modelos mais avaliativos e eficientes.

III.Análise dos Dados Conhecimento e Percepção Estudantil sobre Mobilidade Acadêmica

A análise dos dados revela um baixo nível de conhecimento prático sobre mobilidade acadêmica internacional entre os alunos, apesar de 93% terem ouvido falar do tema. A maioria demonstra falta de clareza sobre programas e oportunidades. As principais barreiras citadas incluem a falta de informações precisas sobre os programas de internacionalização, dificuldades financeiras (financiamento), e a necessidade de proficiência em inglês ou francês (dependendo do programa). Alunos que participaram de programas de intercâmbio acadêmico destacaram benefícios como o aprendizado cultural e linguístico, melhoria curricular e desenvolvimento pessoal. A pesquisa indica a necessidade de ações como oficinas e palestras para melhorar a conscientização e o acesso a programas de mobilidade acadêmica internacional.

1. Nível de Conhecimento sobre Mobilidade Acadêmica Internacional

A análise dos dados coletados através de questionários semiestruturados com 42 alunos de graduação em Administração de uma IFES revela um baixo nível de conhecimento prático sobre mobilidade acadêmica internacional, apesar de 93% dos entrevistados afirmarem já ter ouvido falar sobre o assunto. Quando solicitados a definir o conceito, a maioria demonstrou falta de clareza e compreensão. Exemplos de respostas ilustram essa dificuldade: um aluno mencionou pouca informação, referindo-se à ausência do programa Ciência sem Fronteiras para o curso de Administração e a falta de atratividade de programas em Paris devido à exigência do idioma francês; outro aluno definiu mobilidade acadêmica como um recurso disponibilizado por universidades e governo para alunos interessados em estudar no exterior. Apesar da ampla difusão do tema, a efetiva compreensão de suas possibilidades e implicações parece ser limitada. Essa constatação reforça a hipótese inicial da pesquisa, que postula a existência de uma grande disseminação do tema, mas uma compreensão da sua efetividade muito mais complexa do que aparenta.

2. Barreiras e Aprendizados na Mobilidade Acadêmica

A pesquisa identificou as principais barreiras à participação em programas de mobilidade acadêmica internacional. Entre os alunos que nunca participaram, a falta de informações detalhadas sobre os programas foi apontada como a principal dificuldade, seguida da falta de recursos financeiros (financiamento) e da necessidade de proficiência em inglês ou francês. Os dados mostram que apenas 3% dos alunos atribuíram a falta de coragem ou domínio do inglês como razões para não participarem de programas internacionais. Em contraponto, alunos que já vivenciaram experiências de mobilidade internacional destacaram aprendizados significativos, como: respeito por outras culturas, tolerância, respeito às diferenças, melhoria no currículo, ampliação do aprendizado, aperfeiçoamento de novas línguas e aprendizado de novas culturas. Os resultados obtidos sobre as motivações para a internacionalização, a partir da adaptação de uma classificação em quatro categorias proposta por Veiga (2011, p.17-18), segundo Knight (2010 apud Veiga, 2011), mostram que os alunos de administração priorizam o motivo acadêmico, seguido do cultural e social. O motivo político foi escolhido por apenas 3% dos alunos. A pesquisa conclui que há uma grande lacuna no conhecimento e acesso a informações precisas sobre oportunidades de mobilidade acadêmica internacional.

3. Sugestões e Conclusões da Análise de Dados

Os resultados apontam para um baixo grau de conhecimento sobre as oportunidades de internacionalização entre os alunos. Como sugestão para superar essa deficiência, a pesquisa recomenda a inserção de oficinas e palestras sobre o tema desde o início do curso, aumentando as possibilidades de mobilidade acadêmica. Outra questão crucial é o financiamento, muitas vezes um impedimento para a participação dos alunos. Para isso, a pesquisa sugere a busca por parcerias para a criação de programas de financiamento que auxiliem financeiramente os discentes. A pesquisa de campo, com uma amostra de 42 indivíduos, confirma a hipótese inicial de que há uma ampla disseminação do tema da internacionalização, porém, a sua efetividade é percebida como muito mais complexa do que realmente é, como se a internacionalização estivesse fora do alcance dos alunos. Apesar das limitações da pesquisa, como a abrangência da amostra e a exploração inicial do tema, o estudo contribui para o debate sobre internacionalização na IFES em questão. A necessidade de pesquisas futuras com maior amplitude é ressaltada para uma melhor compreensão das relações entre os alunos e os programas de internacionalização do ensino superior.

IV.Conclusão e Limitações

A pesquisa conclui que, apesar da importância da internacionalização do ensino superior e da mobilidade acadêmica internacional, há um desconhecimento significativo entre os alunos de Administração da IFES estudada sobre as oportunidades e como acessar os programas. A pesquisa aponta a necessidade de investimentos em ações de divulgação e financiamento para aumentar a participação dos alunos em programas de intercâmbio acadêmico. Como limitações, o estudo destaca a pequena amostra e a necessidade de pesquisas futuras com maior abrangência para aprofundar a compreensão das relações entre alunos e programas de internacionalização.

1. Conclusões da Pesquisa sobre Internacionalização e Mobilidade Acadêmica

A pesquisa conclui que, apesar da importância reconhecida da internacionalização do ensino superior e da mobilidade acadêmica internacional, existe um desconhecimento significativo entre os alunos de Administração da IFES estudada sobre os programas e oportunidades disponíveis. A pesquisa reforça a necessidade de investimentos em ações estratégicas de divulgação e financiamento para promover o aumento da participação dos alunos em programas de intercâmbio acadêmico. Os resultados demonstram que, embora o tema seja amplamente difundido, a percepção de sua efetividade é complexa, criando uma barreira para a participação ativa dos alunos. A pesquisa evidencia uma lacuna entre a conscientização sobre a importância da internacionalização e o conhecimento prático sobre como acessar e participar dos programas disponíveis. A falta de informações detalhadas, as dificuldades financeiras e a necessidade de proficiência em línguas estrangeiras (como inglês e francês) surgem como obstáculos significativos para a participação estudantil.

2. Limitações da Pesquisa e Sugestões para Pesquisas Futuras

O artigo reconhece diversas limitações, principalmente em relação à abrangência da amostra utilizada. A pesquisa, embora tenha fornecido subsídios relevantes para o debate sobre internacionalização na IFES estudada, apresenta uma exploração inicial do tema, indicando a necessidade de pesquisas futuras com maior amplitude. A pequena amostra de 42 alunos limita a generalização dos resultados para outras instituições ou cursos. A pesquisa sugere como ponto de partida para futuras investigações a necessidade de aprofundar o entendimento do conhecimento dos alunos sobre programas de internacionalização, suas percepções sobre as oportunidades e barreiras, e seus reais motivos para (não) participar dessas iniciativas. Uma análise mais aprofundada das diferentes perspectivas sobre os benefícios e desafios da internacionalização, considerando a experiência de estudantes de diferentes perfis e contextos, também é recomendada para futuras pesquisas, visando um maior aprofundamento da compreensão sobre o tema.