Continuidades y rupturas del Batllismo dentro del escenario político uruguayo: migración de dirigentes batllistas del Partido Colorado hacia el Frente Amplio

Batllismo no Uruguai: Migração para o Frente Amplio

Informações do documento

Autor

Augusto Garofali Patrón

instructor Prof. Dr. Flavio Alfredo Gaitán UNILA
Escola

Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Curso Ciência Política e Sociologia – Estado, Sociedade e Política na América Latina
Tipo de documento Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
Idioma Portuguese
Formato | PDF
Tamanho 1.12 MB

Resumo

I.O Batllismo e a Saída de Dirigentes do Partido Colorado 1971 em diante

Esta pesquisa analisa os motivos da saída de dirigentes batllistas do Partido Colorado para outros partidos políticos no Uruguai, principalmente a partir de 1971, com foco na formação do Frente Amplio. Utilizando a metodologia de Process Tracing, o estudo investiga se as saídas foram por iniciativa própria, “ofertas” de outros partidos, decisão partidária ou outras razões. A figura de José Batlle y Ordóñez e seu legado (Batllismo) são centrais, analisando-se a influência da fundação do Frente Amplio e a busca pela representação dos ideais batllistas na atualidade. A pesquisa inclui entrevistas semiestruturadas e análise de propostas políticas, buscando compreender as continuidades e rupturas dos princípios batllistas ao longo do tempo, considerando a trajetória de figuras-chave como Zelmar Michelini, Luis Batlle Berres, Jorge Batlle Ibáñez, e a influência do herrerismo.

1. Introdução O Problema de Pesquisa e Objetivos

A pesquisa investiga os motivos da saída de dirigentes batllistas do Partido Colorado para outros partidos políticos, principalmente após 1971. O objetivo principal é identificar e analisar esses motivos, considerando possibilidades como iniciativa própria, ofertas de outros partidos, ou decisões internas do Partido Colorado. Objetivos secundários incluem analisar as propostas políticas do Frente Amplio em sua fundação e sua influência na saída dos batllistas, e identificar qual partido político atual melhor representa os ideais batllistas. A metodologia empregada é o Process Tracing, escolhida por sua utilidade na articulação de diferentes fatores causais em fenômenos sociais complexos e historicamente delimitados, permitindo a construção e teste de hipóteses sobre os mecanismos causais envolvidos. O trabalho utiliza entrevistas semi-estruturadas e revisão teórica sobre partidos políticos, sistemas partidários na América Latina e fragmentação partidária, combinando-os com estudos sobre o batllismo, José Batlle y Ordóñez e a relação dos dirigentes com o partido.

2. O Batllismo Origens Princípios e Evolução

O estudo define o Batllismo como uma corrente político-ideológica surgida no Uruguai no início do século XX, dentro do Partido Colorado, mas com raízes no final do século XIX. A figura e o pensamento de José Batlle y Ordoñez são cruciais para sua compreensão, representando um conjunto de ideias, princípios e orientações políticas que marcaram a sociedade uruguaia. O Batllismo priorizava a inclusão social através da educação, emprego e cidadania, defendendo um Estado forte e regulador, comprometido com a justiça social e o republicanismo. As reformas econômicas e sociais de Batlle y Ordoñez, incluindo reformas social, rural e fiscal, são analisadas, destacando a construção da democracia política e de um Estado social como pilares da identidade batllista. A pesquisa acompanha a evolução do Batllismo dentro do Partido Colorado, mostrando sua hegemonia até os anos 60, quando a União Colorada e Batllista (seção de direita do partido) assume o controle, marcando uma mudança ideológica no partido. A pesquisa destaca também a continuidade e adaptação do Batllismo através do tempo em diferentes interpretações e lideranças.

3. As Crises Internas do Partido Colorado e a Ascensão do Frente Amplio

O texto analisa as crises internas do Partido Colorado, iniciadas antes de 1962, como previstas por César Di Candia, que observou o resquebrajamento do partido mesmo com a liderança incontestável de Batlle y Ordóñez. As disputas internas entre as listas 14 e 15 do Partido Colorado refletem diferentes interpretações do Batllismo, com a Lista 15 (mais tarde chamada “luisistas”, em referência a Luis Batlle Berres) buscando continuar o projeto batllista e a Lista 14 utilizando o batllismo como discurso político oportunista. As crises econômicas e sociais (1956), as mobilizações trabalhistas e estudantis, somadas às disputas internas, contribuíram para a derrota do Partido Colorado em 1959, marcando o fim de quase um século de hegemonia. A análise demonstra como a crise interna, a falta de unidade e as divergências ideológicas contribuíram para a fragilização do Partido Colorado. O contexto de crise econômica e política torna o cenário favorável para a formação de um novo partido político, o Frente Amplio, representando a esquerda e os ideais batllistas deixados de lado pelo Partido Colorado.

4. A Representação do Batllismo na Política Uruguaia Contemporânea

A pesquisa discute a atual representação do Batllismo na política uruguaia, focando na disputa entre o Frente Amplio e o Partido Colorado. A formação do Frente Amplio em 1971, com lideranças batllistas que deixaram o Partido Colorado, é um ponto central. A figura de Líber Seregni, primeiro presidente do Frente Amplio, é destacada como um importante representante dos valores batllistas. A análise aborda as campanhas eleitorais recentes e a apropriação do discurso batllista por ambos os partidos, exemplificada pelas candidaturas de Julio María Sanguinetti e Ernesto Talvi pelo Partido Colorado, que utilizaram a imagem de um “pequeno país modelo” como estratégia. A controvérsia sobre quem melhor representa o Batllismo se intensifica com a participação de Fernando Amado e o grupo UNIR no Frente Amplio, levando a uma disputa legal perante a Corte Eleitoral. A pesquisa finaliza observando a ironia da aliança entre os herdeiros do Batllismo e o Herrerismo (historicamente antagonista ao Batllismo), demonstrando a complexidade da interpretação e apropriação do legado batllista na política uruguaia contemporânea. O estudo ressalta a necessidade de adaptar o Batllismo aos desafios atuais, enquanto se reconhece a continua disputa por sua herança ideológica.

II.O Partido Colorado Origens e Crises Internas

O estudo traça a história do Partido Colorado, desde sua fundação com o General José Fructuoso Rivera em 1836, passando pela era de José Batlle y Ordóñez e a consolidação do Batllismo, um movimento político-ideológico que influenciou profundamente o Uruguai. A pesquisa destaca as crises internas do partido, especialmente as disputas entre as listas 14 e 15, e a perda de hegemonia do setor batllista na década de 1960. A crise econômica e social na década de 1950, com figuras como Luis Batlle Berres, contribuiu para o enfraquecimento do Partido e a ascensão do Partido Nacional.

III.A Formação do Frente Amplio e a Migração de Batllistas

A pesquisa aprofunda a formação do Frente Amplio, destacando a influência da crise política e democrática no Uruguai, a oposição às Medidas Prontas de Segurança (MPS) do governo de Jorge Pacheco Areco, e a união de forças de esquerda. Analisa o papel de dirigentes batllistas como Zelmar Michelini, Alba Roballo, Enrique Rodríguez Fabregat e Enrique Martínez Moreno, que deixaram o Partido Colorado por discordâncias ideológicas e políticas, buscando representar os valores do Batllismo em um novo contexto político. A pesquisa examina como o Frente Amplio incorporou e reinterpretou os princípios batllistas.

1. O Contexto da Crise Democrática e as Medidas Prontas de Segurança MPS

Este trecho analisa o contexto de crise democrática no Uruguai que antecede a formação do Frente Amplio, caracterizado pela implementação das Medidas Prontas de Segurança (MPS) pelo governo de Jorge Pacheco Areco. As MPS, apoiadas pela maioria do Parlamento, tanto do Partido Colorado quanto do Partido Nacional, representavam uma política de “mão dura” contra a guerrilha armada (MLN-T), sindicatos e movimento estudantil. A repressão política, incluindo a ilegalização de grupos de esquerda, gerou forte oposição e resistência de diversos setores da sociedade. A pesquisa descreve o clima de tensão e polarização política, com o governo de Pacheco Areco contando com amplo apoio partidário para suas ações repressivas. Esta atmosfera de crise e repressão contribuiu significativamente para a insatisfação e a busca por alternativas políticas por parte de grupos contrários ao governo.

2. A Insatisfação dos Batllistas e a Busca por uma Nova Alternativa Política

A seção descreve a crescente insatisfação dos dirigentes batllistas dentro do Partido Colorado frente à política repressiva do governo e a falta de espaço para seus ideais progressistas. Após tentativas frustradas de unificar a ala progressista dentro do Partido Colorado e a recusa de adesão ao Partido Nacional (partido historicamente opositor ao batllismo e liderado por um setor conservador), esses dirigentes decidem buscar uma nova alternativa política. A pesquisa destaca figuras-chave como Zelmar Michelini (ideólogo e impulsor principal), Alba Roballo, Enrique Rodríguez Fabregat e Enrique Martínez Moreno, que lideraram esse movimento de saída do Partido Colorado. A impossibilidade de conciliar suas visões progressistas com a postura conservadora do Partido Colorado em ascensão, frente a forte crise democrática em curso, impulsionou a formação do Frente Amplio.

3. A Formação do Frente Amplio Um Partido sem Precedentes

A pesquisa caracteriza a formação do Frente Amplio como um momento único na história política uruguaia, sem precedentes na época. A união de forças de esquerda, incluindo grupos do Partido Colorado, representava um fenômeno inédito. O texto identifica a presença de valores batllistas na formação do Frente Amplio, como o compromisso com a justiça social, a busca por mudanças democráticas e progressistas, e o republicanismo. Esses valores, segundo a pesquisa, haviam sido abandonados pelo Partido Colorado, levando os dirigentes batllistas a buscar uma nova plataforma política. A criação do Frente Amplio, por sua vez, é apresentada como a concretização do projeto político de lideranças batllistas que visavam a reinterpretação e a difusão da filosofia batllista para um novo cenário político, sem a rigidez ideológica do Partido Colorado.

IV.O Golpe de Estado de 1973 e o Legado do Batllismo

O contexto do golpe de Estado de 1973 no Uruguai é analisado, destacando o governo de Juan María Bordaberry e sua visão antagônica ao Batllismo. A pesquisa demonstra como a crescente influência das Forças Armadas e a repressão política contribuíram para o fim da democracia e o impacto sobre os movimentos sociais e a esquerda uruguaia. A posterior ditadura militar e a sua relação com a crise interna do Partido Colorado e a consolidação do Frente Amplio são contextualizadas. A figura de Líber Seregni como primeiro presidente do Frente Amplio também é analisada em seu papel e relação com o Batllismo.

1. Turbulência Política e a Emergência de um Novo Cenário

O período que antecede o golpe de Estado de 1973 no Uruguai é descrito como de grande turbulência política. A migração de dirigentes dos partidos tradicionais para uma nova formação política representava a união das esquerdas, algo antes impensável. Dentro do Partido Nacional, surge uma ala progressista liderada por Wilson Ferreira Aldunate, em oposição ao Herrerismo. No Partido Colorado, a ala progressista havia migrado para o Frente Amplio, deixando um partido predominantemente conservador. Esse movimento demonstra uma profunda ruptura no sistema político uruguaio e indica uma crescente polarização ideológica, com o surgimento de novas forças políticas em resposta à crise e à repressão governamental. O texto ressalta a mudança significativa na estrutura partidária do Uruguai, preparando o terreno para o golpe de Estado iminente.

2. A Figura de Bordaberry e a Antítese do Batllismo

O texto cita Gerardo Caetano (2019) para caracterizar Juan María Bordaberry como uma figura diametralmente oposta ao batllismo. Sua origem no ruralismo, seu catolicismo integrista e sua visão ultraconservadora da história são apresentados como antíteses do pensamento batllista. Bordaberry defendia o fim da democracia liberal e a substituição por um modelo neo-corporativo, com o poder centralizado no exército. Mesmo adotando um modelo econômico liberal a partir de 1974, sua visão política contrasta fortemente com as propostas históricas do batllismo. Essa análise destaca a profunda incompatibilidade ideológica entre Bordaberry e as bases do batllismo, preparando o leitor para entender o golpe como um evento que marca a extinção do pensamento político batllista dentro do governo.

3. O Caminho para o Golpe Influência Militar e Crise Social

A crescente influência das Forças Armadas, principalmente do Exército, na política uruguaia é apresentada como fator crucial para o golpe de Estado. A população rejeitava essa influência, em parte devido ao caos social e à crise política observados na Argentina e no Brasil, onde os militares estavam no poder. Entretanto, havia também aqueles que se opunham à guerrilha, aos movimentos sociais e às manifestações estudantis e operárias. A nomeação de Antonio Francese como Ministro da Defesa Nacional, e sua posterior renúncia devido à oposição da cúpula do Exército, demonstra a crescente instabilidade política e a influência militar no governo de Bordaberry. O texto destaca o clima de tensão e insegurança que culminou no golpe de Estado, que sucedeu ao período de turbulência política e represão. O contexto internacional, com os golpes militares no Brasil e na Argentina, fornece um contexto importante para entender o golpe uruguaio.

4. Legado do Batllismo após o Golpe Resistência e Reinterpretação

O texto menciona brevemente o período da ditadura (1973-1985), chamando-o de “ditadura transicional”, e contrasta-o com o período de “transição democrática” (1985-1989). O plebiscito de 1980, rejeitado pela maioria da população, é apresentado como um marco importante na preparação para a queda da ditadura. A resistência à ditadura, através de movimentos sociais e políticos, culminou na transição para um regime democrático em 1984. O texto aponta que o período vivenciou um momento singular na política uruguaia, marcando uma clara mudança no cenário político nacional após a repressão da ditadura. Apesar do golpe, o legado do batllismo não desapareceu completamente, manifestando-se na continua luta por justiça social e democracia, herdada pelos movimentos de oposição à ditadura e que se reacenderam durante a transição democrática.

V.O Batllismo na Atualidade Política Uruguaia

O estudo analisa a influência contínua do Batllismo na política uruguaia contemporânea. A disputa entre o Partido Colorado e o Frente Amplio pela representação dos ideais batllistas é analisada. Figuras políticas atuais como Julio María Sanguinetti, Ernesto Talvi, e a participação de grupos como UNIR (Fernando Amado) e suas relações com o Batllismo são discutidas. A pesquisa demonstra como o Batllismo é utilizado como discurso político pelas diferentes correntes e partidos, e como seus princípios são adaptados ao contexto atual.

1. A Persistência do Batllismo no Discurso Político Uruguaio

O Batllismo mantém uma presença significativa no discurso político uruguaio contemporâneo, aparecendo nos programas de partidos como o Partido Colorado, o Frente Amplio e o Partido Independiente. Essa influência, apesar de não ser nova, tem gerado debates recentes, especialmente no contexto das eleições presidenciais de 2019 (30 de junho, 27 de outubro e 24 de novembro). A disputa pela representação dos ideais batllistas é central, principalmente entre o Frente Amplio e o Partido Colorado, com o Partido Independiente também se inserindo nesse debate. A pesquisa destaca a persistência da ideologia batllista no cenário político uruguaio, apesar das mudanças e transformações ocorridas ao longo do tempo, e como esta ideologia continua a ser um fator determinante na disputa política.

2. A Disputa pela Representação do Batllismo Frente Amplio x Partido Colorado

A análise centra-se na disputa entre o Frente Amplio e o Partido Colorado pela representação do batllismo na política atual. Essa disputa, que se intensificou desde a formação do Frente Amplio em 1971, é abordada como um tema recorrente e central na pesquisa. O Partido Colorado, com figuras como Julio María Sanguinetti e Ernesto Talvi, reivindica o Batllismo como herança própria, propondo um “pequeno país modelo” em suas campanhas, enquanto o Frente Amplio, com sua fundação liderada por figuras batllistas que saíram do Partido Colorado, como o General Líber Seregni, apresenta uma visão diferente, considerando que o Batllismo não deve ser entendido simplesmente como uma herança histórica do Partido Colorado. O texto aborda a formação acadêmica e trajetória política de Talvi, contrastando com a visão do Frente Amplio, que o vê distante dos ideais batllistas.

3. A apropriação do Legado Batllista e a Controvérsia Recente

A pesquisa discute a apropriação do legado batllista por diferentes partidos políticos, destacando a controvérsia ocorrida durante as eleições de 2019, envolvendo o ex-dirigente colorado Fernando Amado e o grupo UNIR, que passaram a apoiar o Frente Amplio. O uso de imagens de figuras historicamente ligadas ao Partido Colorado, como José Batlle y Ordóñez, na campanha de Amado, gerou uma denúncia do Partido Colorado à Corte Eleitoral. A decisão da Corte, favorável ao Partido Colorado, proibiu o uso de figuras de outros partidos nas campanhas, evidenciando a forte disputa pela representação do Batllismo. A pesquisa conclui que a apropriação e a interpretação do Batllismo seguem como pontos centrais no debate político uruguaio. O texto relembra a histórica rivalidade entre o batllismo e o herrerismo, salientando a ironia de uma possível coalizão entre eles contra o Frente Amplio, especialmente considerando a candidatura de um dirigente do Partido Socialista, tradicionalmente próximo às ideias batllistas.

4. O Batllismo no Século XXI Adaptação e Novos Desafios

A pesquisa finaliza enfatizando a necessidade de adaptação do batllismo aos novos desafios sociais, políticos e econômicos do século XXI. O batllismo contemporâneo não é mais o mesmo do início do século XX, precisando se adaptar às novas realidades e demandas da sociedade. O exemplo do apoio dos setores Ciudadanos e Batllistas (liderados por Talvi e Sanguinetti) à “coalizão multicolor” nas eleições de 2019, encabeçada pelo Herrerismo e pelo Partido Nacional, ilustra essa capacidade de adaptação e a complexidade das alianças políticas. O texto conclui que, embora o Batllismo tenha sido profundamente afetado por eventos históricos como o golpe de estado e a formação do Frente Amplio, sua ideologia e princípios continuam a influenciar o debate político uruguaio contemporâneo.