
Adaptação à Reforma: Um Estudo Qualitativo-Quantitativo
Informações do documento
Autor | Laura Cristina Rodrigues Gaspar |
Escola | Curso de Mestrado Gerontologia Social |
Curso | Gerontologia Social |
Tipo de documento | Dissertação de Mestrado |
Idioma | Portuguese |
Formato | |
Tamanho | 1.09 MB |
Resumo
I.O Conceito de Reforma e seu Impacto no Bem Estar
Este estudo investiga o processo de transição-adaptação à reforma em Portugal, analisando a experiência subjetiva associada a essa importante fase da vida. A reforma é definida como um fenómeno com dimensões individual e social, envolvendo perdas e ganhos que podem gerar bem-estar ou stress, dependendo de fatores como a motivação para a decisão. A entrada na reforma tem grande impacto no bem-estar psicológico e social dos indivíduos.
1. Definição de Reforma e suas Dimensões
O conceito de reforma é apresentado como multifacetado, contudo, há consenso de que envolve dimensões individual e social, representando um marco crucial na trajetória de desenvolvimento. Lachman (2001) destaca a transição para a reforma como um processo que acarreta perdas e ganhos, desencadeando percepções positivas e negativas, e podendo ou não ser acompanhado de estresse, dependendo da motivação que levou à tomada de decisão. Fonseca (2004, 2011) reforça o impacto significativo da entrada na reforma no bem-estar psicológico e social, ponto central deste estudo que visa descrever o processo de transição-adaptação à reforma e a experiência subjetiva inerente a este processo. A pesquisa adota uma abordagem mista (quantitativa e qualitativa) para uma análise mais aprofundada da experiência dos participantes.
2. A Reforma como Transição de Vida e Estágio de Vida
Simões (2006) define a pessoa reformada como alguém com história de emprego que experimentou, pelo menos, uma retirada parcial do trabalho, acompanhada de pensão. A reforma é concebida como uma transição de vida, podendo ser abrupta ou gradual, incluindo preparação e adaptação. Também é vista como um estágio de vida com mais liberdade para atividades preferenciais. Simões (2006) ainda considera a reforma como uma instituição social, com justificação cultural (baseada no ancião) e regras sobre a retirada da vida ativa e o financiamento da reforma. A perda de emprego implica não só a perda do trabalho em si, mas também o contato social. O significado da reforma é diverso: tempo de lazer, dedicação a outros, trabalho próprio, voluntariado ou cuidado com familiares mais jovens. A reforma é cada vez mais vista como um estágio de vida ativo, entre o fim do emprego e o início das incapacidades próprias da velhice (Atchley, 1996, citado em Simões, 2006).
3. Perspectiva do Ciclo de Vida e o Processo de Envelhecimento
O envelhecimento implica processos individuais, e a Perspectiva do Ciclo de Vida (Baltes, 1987) define o desenvolvimento como contínuo, multidimensional e multidirecional, com mudanças por influências biológicas e sociais (normativas e não normativas), marcadas por ganhos e perdas. Mudanças normativas são previsíveis (biológicas ou psicossociais, como a reforma), enquanto mudanças não normativas são imprevisíveis. A teoria do ciclo de vida (Baltes, 1980) propõe quatro princípios: desenvolvimento vitalício, dependência de história e contexto, multidimensionalidade e multidirecionalidade, e flexibilidade. As fases da idade adulta são consideradas: jovem adulto (auge físico), meia-idade (transições difíceis, cuidado com filhos e pais), e velhice (diminuição da saúde e capacidades, importância da plasticidade). A entrada na reforma é um acontecimento crucial para o bem-estar psicológico e social, exigindo adaptação gradual. A passagem à reforma não é só o fim da atividade profissional, mas de um longo período que marcou a vida (Fonseca, 2005), devendo ser analisada numa perspectiva desenvolvimental, considerando antecedentes e consequências (trabalho, satisfação, identidade social, ganhos e perdas).
4. Teoria da Transição de Schlossberg e a Adaptação à Reforma
A teoria da transição de Schlossberg é fundamental para a compreensão psicológica da adaptação à reforma. Schlossberg, Waters e Goodman (1995) propõem o modelo dos 4'S (Situação, Eu, Suporte, Estratégias) para analisar a capacidade individual de lidar com transições. Este modelo considera a transição como (a) contextual, (b) desenvolvimental, (c) de ciclo de vida e (d) transicional. Schlossberg (1981) destaca a ligação entre transição e crise, mas enfatiza que nem todas as transições são crises, preferindo o termo “transição psicossocial”. Seu modelo abrange acontecimentos com mais ganhos que perdas, ressaltando a capacidade de adaptação humana. A percepção individual da transição é crucial, e as transições não ocorrem de forma sequencial ou igual para todos. Cavanaugh (1997) afirma que a adaptação à reforma envolve reorganizações do estilo de vida para melhorar o bem-estar. A adaptação depende da percepção do equilíbrio entre recursos e défices, competência, bem-estar e saúde, e da semelhança entre a percepção de si mesmo e do meio.
II.Metodologia da Pesquisa sobre Envelhecimento e Reforma
A pesquisa utilizou uma abordagem mista (quantitativa e qualitativa) com 14 participantes (maioria mulheres) selecionados em uma Universidade Sénior e um Centro de Convívio, através de amostragem não probabilística. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas e o Inventário de Satisfação com a Reforma (Fonseca & Paúl, 1999). A amostra apresentou idade média de 69 anos (58-85 anos), com média de 11 anos de escolaridade. Os participantes estavam, em média, há 10 anos reformados.
1. Abordagem Metodológica Quantitativa e Qualitativa
O estudo utilizou uma abordagem metodológica mista, combinando métodos quantitativos e qualitativos para uma análise mais aprofundada da experiência dos participantes. Essa combinação permitiu uma compreensão mais rica e completa do processo de transição e adaptação à reforma. A escolha dessa metodologia justifica-se pela necessidade de descrever o processo e compreender a experiência subjetiva associada à transição para a reforma. Para isso, foram utilizados dois tipos de instrumentos de recolha de dados, complementares entre si.
2. Amostra e Recrutamento dos Participantes
Uma amostra de 14 participantes foi selecionada através de um procedimento não probabilístico, especificamente uma amostragem intencional (purposive sampling), conforme Teddlie e Tashakkori (2009). A escolha deste tipo de amostragem justifica-se pela procura de informações ricas e aprofundadas sobre o tema, focando-se em questões específicas. Os participantes foram recrutados em uma Universidade Sénior e em um Centro de Convívio, buscando diversidade de perfis relacionados ao envelhecimento. A amostra, com tamanho inferior a 30 elementos, como é comum em estudos que combinam abordagens quantitativas e qualitativas, apresentava características sociodemográficas como idade média de 69 anos (variando entre 58 e 85 anos), sendo a maioria mulheres e casadas, com 11 anos de escolaridade em média. A diversidade da amostra, embora limitada pelo tamanho, permitiu comparar experiências entre grupos com diferentes características.
3. Instrumentos de Recolha de Dados
A recolha de dados envolveu a aplicação de um protocolo de avaliação composto por uma ficha sociodemográfica e o Inventário de Satisfação com a Reforma, adaptado por Fonseca e Paul (Fonseca & Paúl, 1999), baseado no “The Retirement Satisfaction Inventory” (Floyd et al., 1992). Este inventário permitiu recolher informações sobre as razões para a reforma e a satisfação com a vida após a reforma, com uma perspectiva temporal. Além disso, utilizou-se uma entrevista semi-estruturada para aprofundar a experiência subjetiva de cada participante. A combinação da entrevista semi-estruturada e do questionário permitiu recolher dados quantitativos e qualitativos para uma análise mais completa do fenómeno estudado, fornecendo tanto dados numéricos como narrativas individuais.
4. Análise dos Dados
A análise dos dados utilizou métodos da estatística descritiva, considerando o tamanho reduzido da amostra. Foram calculadas frequências absolutas e relativas para variáveis categóricas, e média com desvio-padrão para variáveis métricas. Devido ao tamanho da amostra, comparações entre o grupo da Universidade Sénior e o grupo do Centro de Convívio foram feitas por meio de análise numérica, sem testes inferenciais. Para analisar as atividades dos participantes, foi criada uma matriz combinando número e tipo de atividades em um dia típico. Os resultados do Inventário de Satisfação com a Reforma foram padronizados, dividindo as pontuações médias pela pontuação máxima teórica, permitindo comparações mais rigorosas entre escalas e subescalas com amplitudes diferentes. O programa IBM SPSS Statistics 21 foi utilizado para a análise de dados.
III.Resultados da Pesquisa sobre Satisfação com a Reforma
Os resultados quantitativos indicaram que a insatisfação com as condições de trabalho e a idade limite foram os principais motivos para a reforma. As dimensões de segurança e saúde física foram as mais importantes na satisfação com a vida, enquanto a liberdade e controle pessoal foram os principais motivos de prazer. A análise qualitativa revelou que a experiência da reforma variou entre os participantes, mas o envolvimento em atividades pessoais promoveu o sentido de propósito e bem-estar. Diferenças significativas foram observadas entre o grupo da Universidade Sénior (média de 65 anos, 15 anos de escolaridade, rendimentos acima de 1000 euros) e o grupo do Centro de Convívio (média de 77 anos, 3 anos de escolaridade, rendimentos abaixo de 500 euros após a reforma).
1. Resultados Quantitativos Motivos para a Reforma e Satisfação com a Vida
A análise quantitativa revelou que a insatisfação com as condições de trabalho e o atingimento da idade de reforma foram os principais motivos que levaram os participantes a se aposentarem. Em média, os participantes estavam reformados há cerca de 10 anos. No que diz respeito à satisfação com a vida, as dimensões de segurança e saúde física se destacaram como as de maior peso na percepção de satisfação, com pontuação média de 14,4 pontos (dp=2,9), sendo ainda maior no grupo da Universidade Sénior. Observa-se que, embora a satisfação global com a vida fosse razoável, houve insatisfação em itens específicos como situação financeira (3 a 3,4 pontos) e segurança pessoal (3,9 pontos). A dimensão residência e vida familiar também teve grande importância (M=12,9, dp=3,5), com maior pontuação no grupo da Universidade Sénior. Neste aspecto, a relação com filhos e netos e a qualidade da residência foram os aspetos mais valorizados. A subescala de vida conjugal obteve menor pontuação (M=4,5, dp=4,3), influenciada pelo grupo do Centro de Convívio, onde nenhum participante era casado.
2. Resultados Qualitativos Experiência Subjetiva da Reforma
A análise qualitativa identificou a experiência com a reforma como tema comum, observando o posicionamento de cada participante em relação à preparação, transição e adaptação, além de estratégias e sugestões para lidar com essa transição. O estudo permitiu compreender o processo de transição-adaptação em diferentes grupos sociais, mostrando como os percursos de vida influenciam a vida durante a reforma e a adaptação a essa fase. Apesar de discrepâncias entre os participantes, o envolvimento em atividades relacionadas a centros de interesse pessoal se mostrou fundamental para promover o sentido de propósito e integridade, contribuindo para uma melhor adaptação à reforma. A análise das narrativas permitiu observar diferentes perspectivas sobre o período da reforma, contrastando as experiências entre aqueles que vivenciaram a reforma como positiva e aqueles que a vivenciaram como negativa ou monótona.
3. Comparação entre Grupos Universidade Sénior vs. Centro de Convívio
O estudo comparou dois grupos: participantes da Universidade Sénior e participantes do Centro de Convívio, revelando diferenças significativas em suas características e percepções da reforma. O grupo da Universidade Sénior apresentava média de 65 anos, 15 anos de escolaridade, maioria casados com dois filhos e profissões nas áreas científicas e de gestão, com boa avaliação de suas experiências profissionais e rendimentos entre 1000 e 2500 euros, mantidos após a reforma. Já o grupo do Centro de Convívio era composto exclusivamente por mulheres, com média de 77 anos, 3 anos de escolaridade, maioria viúvas com cerca de quatro filhos, vivendo sozinhas e tendo trabalhado como comerciantes ou operárias, com rendimentos inferiores a 1000 euros durante a vida ativa, diminuindo para menos de 500 euros após a reforma. Essas diferenças socioeconômicas e demográficas influenciaram as percepções e experiências de satisfação com a reforma entre os dois grupos.
4. Motivos para a Reforma e Expectativas
Os motivos para a reforma foram diversos, incluindo conjuntura política e econômica, limite de idade e previsão de perda de direitos se continuassem trabalhando. Alguns participantes pesaram vantagens e desvantagens, optando pela reforma mesmo com penalizações. Para outros, especialmente do Centro de Convívio, cansaço e problemas de saúde próprios ou familiares pesaram na decisão. A insatisfação com as condições de trabalho teve mais peso na decisão dos participantes da Universidade Sénior, enquanto a conclusão dos anos de serviço foi predominante no grupo do Centro de Convívio. Essa diferença pode estar relacionada à idade, escolaridade e profissões dos participantes da Universidade Sénior, que eram mais jovens, com maior escolaridade e profissões mais diversificadas. Fonseca (2011) sugere que indivíduos mais novos priorizam interesses pessoais como razão para a reforma, esperando mais tempo e espaço para concretizar esses interesses. Alguns participantes apresentavam visões negativas da reforma antes de se aposentarem, adiando a decisão e confirmando essas expectativas negativas após a reforma. Apenas um participante relatou planejamento prévio, o que contribuiu para uma transição mais positiva, corroborando estudos que indicam que o planejamento antecipado está associado a percepções mais positivas da reforma (Skoglund, 1980, citado em Neto, 2010).
IV.Fatores que Influenciam a Adaptação à Reforma
A adaptação à reforma é influenciada por diversos fatores, incluindo saúde, idade, redes sociais, segurança pessoal, situação financeira, gênero, estado civil, residência, família e condição financeira. Estudos anteriores (Fonseca, 2004, 2011; Schlossberg, 1981; etc.) são citados para apoiar a complexidade desse processo de envelhecimento e transição. As estratégias de coping e a preparação para a reforma são cruciais para uma transição positiva.
1. Variáveis Mediadoras da Adaptação à Reforma
A adaptação à reforma é um processo complexo influenciado por um conjunto de variáveis mediadoras. O texto destaca a importância de fatores como saúde (física e mental), idade, redes sociais, segurança pessoal e financeira, gênero, estado civil, residência, família e condição financeira na influência da satisfação com a vida após a reforma. Fonseca (2011) enfatiza a interação destas variáveis na experiência da reforma, sublinhando a necessidade de uma abordagem holística que considere as particularidades de cada indivíduo. A compreensão do impacto da reforma na satisfação com a vida exige a consideração desses fatores interligados, que podem modular positivamente ou negativamente a experiência da transição.
2. Estratégias de Coping e o Sucesso Adaptativo
Para lidar com os desafios da transição para a reforma, as estratégias de coping desempenham um papel fundamental no sucesso adaptativo. O documento menciona que o uso de estratégias de coping pode variar ao longo do processo, com algumas sendo utilizadas no início da reforma e outras posteriormente, de acordo com a evolução da vida e do processo de envelhecimento. Fonseca (2004) enumera estratégias que contribuem para o sucesso adaptativo, como: manter e enriquecer interesses pessoais, investir em novas atividades, aprofundar a vida conjugal e familiar, cuidar da saúde física e mental, garantir segurança econômica, combater o isolamento social, investir na aprendizagem, utilizar recursos comunitários, ter controle sobre a vida pessoal e manter o sentido de utilidade. Essas estratégias demonstram a importância da proatividade e do engajamento na construção de uma vida plena e significativa após a reforma.
3. Padrões de Transição Adaptação à Reforma Fonseca 2011
Fonseca (2011) propõe três padrões dominantes de transição-adaptação em reformados portugueses: 1) Padrão AG (Abertura-Ganhos): caracteriza-se por atitude positiva, abertura ao exterior e a si mesmo, permitindo ganhos desenvolvimentais; 2) Padrão VR (Vulnerabilidade-Risco): aumento progressivo da vulnerabilidade pessoal, relacional e social, com diminuição da satisfação com a vida e bem-estar, pondo em risco o desenvolvimento psicológico; 3) Padrão PD (Perdas-Desligamento): sucessão de perdas resultando em insatisfação com a vida, solidão e afastamento das atividades sociais. É importante notar que esses padrões não são necessariamente evolutivos, mas sim biográficos, podendo um indivíduo experienciar diferentes padrões ao longo do tempo. Os efeitos da passagem à reforma são gradualmente substituídos pelos efeitos do envelhecimento, o que implica que a satisfação com a vida pode mudar ao longo dos anos após a reforma.
4. Estudos Adicionais sobre Adaptação à Reforma
O documento cita diversos estudos que investigam a adaptação à reforma e seus fatores influenciadores. Fonseca e Paúl (2003) realizaram um estudo comparativo entre reformados e não reformados, não encontrando diferenças significativas na percepção de saúde, mas observando mais queixas de saúde entre os reformados nos meses seguintes à reforma. Outro estudo (mencionado no texto, sem citação completa) concluiu que a passagem para a reforma não é particularmente estressante nos primeiros anos, mas é influenciada pela história de vida, com indivíduos mais escolarizados, com profissões mais diferenciadas e maiores rendimentos tendendo a encarar a reforma com mais otimismo. Estudos adicionais sobre o impacto do conflito trabalho-família na adaptação à reforma, e a importância do voluntariado na satisfação com a vida, reforçam a complexidade e a multidimensionalidade dos fatores que afetam a transição para a reforma. A qualidade conjugal, saúde subjetiva e adequação de rendimento são também considerados fatores chave.
V.Conclusões e Limitações do Estudo sobre Envelhecimento e Reforma em Portugal
O estudo concluiu que a passagem para a reforma não é necessariamente um evento estressante, mas sim uma transição influenciada pela história de vida de cada indivíduo. A manutenção de interesses pessoais e o planeamento antecipado contribuem para uma adaptação mais positiva. As limitações do estudo incluem o tamanho reduzido da amostra (14 participantes) e o desequilíbrio entre os grupos (predominância feminina no grupo do Centro de Convívio). Apesar disso, o estudo oferece insights relevantes para a compreensão do processo de envelhecimento e reforma em Portugal, enfatizando a importância do bem-estar e da satisfação com a vida nessa fase.
1. Principais Conclusões sobre a Reforma em Portugal
O estudo conclui que a transição para a reforma em Portugal não é necessariamente um evento estressante, sendo influenciada por fatores relacionados à história de vida dos indivíduos. A satisfação com a vida após a reforma está fortemente ligada à manutenção e desenvolvimento de centros de interesse pessoais, além dos profissionais. Indivíduos com maior nível de escolaridade, profissões mais diversificadas e maiores rendimentos tendem a encarar a reforma com maior otimismo e a viver um período mais gratificante. A preparação antecipada para a reforma também parece estar associada a uma transição mais positiva e a maiores níveis de satisfação. A importância de manter e desenvolver interesses pessoais além dos profissionais, durante a vida ativa, é ressaltada como fator crucial para uma adaptação bem-sucedida à reforma, contribuindo para um maior sentido de propósito e integridade.
2. Limitações do Estudo e Sugestões para Pesquisas Futuras
Apesar dos resultados relevantes, o estudo apresenta algumas limitações. O tamanho reduzido da amostra (14 participantes), com desequilíbrio entre os grupos (predominância de mulheres no grupo do Centro de Convívio, sem mulheres casadas), é uma limitação significativa, podendo ter influenciado os resultados, especialmente na questão da satisfação conjugal. A diferença de idade entre os grupos (Universidade Sénior com participantes mais jovens) também pode ter contribuído para enviesar os resultados. Para pesquisas futuras, sugere-se aumentar o tamanho da amostra, buscando um equilíbrio mais representativo entre os grupos em termos de gênero e idade. A expansão da pesquisa para outros contextos e regiões de Portugal também seria valiosa para generalizar os resultados e obter uma visão mais abrangente da experiência da reforma na população portuguesa. Outras variáveis, não consideradas neste estudo, poderiam ser incluídas em pesquisas futuras para aprofundar a compreensão dos fatores que influenciam a adaptação à reforma.